10 previsões para a Free Agency e para o Draft 2016

Dos produtores que trouxeram a você o sucesso Acabou a Dinastia, vamos tentar ousar um pouco aqui para animar este segundo final de semana sem NFL de intertemporada. O intuito aqui é se divertir e ser ponto de partida de um debate. Se eu acho que isso tudo vai acontecer? Pff, longe disso. São apenas cenários – alguns mais plausíveis, outros bem difíceis de se tornar realidade – para que aos poucos a gente possa aquecer os motores de modo definitivo para o mercado aberto de jogadores sem contrato – ou, na língua de Shakespeare, Free Agency. Ah sim, uma ou outra previsão diz respeito ao Draft também – embora nossa cobertura só aqueça daqui um tempo nesse aspecto.

Ou seja: seremos ousados – mas não muito – aqui para que possamos conversarmos sobre o mercado da NFL. Nos comentários você pode e deve dar sua opinião. Às vezes uma previsão que consideramos ousada pode ser algo plenamente plausível para os leitores. Claro: antes de tudo, vamos estabelecer uma regra básica aqui: a gente sabe que existe teto salarial e necessidades para as franquias. Não vamos colocar Ndamukong Suh nos Patriots “porque sim e porque os Patriots são um time vencedor”, por exemplo. O fio condutor são os jogadores com contrato pendente e os principais prospectos do Draft 2016 da NFL.

Kirk likes that

Uma das pendências mais importantes nesta intertemporada faz referência ao líder em porcentagem de passes completos da NFL no ano passado. Tom Brady? Cam Newton? Russell Wilson? Não, nenhum deles. Kirk Cousins é o cara em Washington, apresentando uma nítida melhora em relação a 2014 e aos outros anos de sua carreira. Para o azar de Scot McCloughan, o general manager, isso indica que o quarterback originalmente da classe de 2012 tem seu contrato finalizado justamente em seu melhor ano. Isso quer dizer… Dindin!

Cousins “vazou” das negociações na semana passada. Muito provavelmente porque a franquia não lhe ofereceu dinheiro garantido o suficiente. De uma forma ou de outra é bastante difícil que Cousins saia de Washington – nosso palpite é que ele receba um contrato de 4 anos e 80 milhões de dólares, com pelo menos metade garantido.

Pass rush de Atlanta recebe mais um gigante

Osi Umenyiora jogou a maior parte da carreira em Nova York com os Giants e a finalizou por dois anos com o Atlanta Falcons, um time carente de jogadores para pressionar o quarterback adversário. Curiosamente três anos depois, o problema persiste nos Falcons – tanto que a primeira escolha da franquia no Draft do ano passado foi Vic Beasley Jr, produto de Clemson.

Beasley Jr. pode ter companhia para reforçar a defesa e facilitar a vida de Dan Quinn. É bastante difícil que o New York Giants renove o contrato de Jason Pierre-Paul – ainda mais depois do stress que os Giants tiveram na intertemporada com o episódio de 4 de julho (quando Jason perdeu dedos da mão ao manusear fogos de artifício). Assim, ele se tornaria agente livre – considerando que uma das equipes mais carentes de jogadores na posição seja Atlanta, faria um pouco de sentido.

Indianapolis ajuda Luck com Martin

A prioridade do Indianapolis Colts no Draft 2016 deve ser em reforçar sua linha ofensiva. Andrew Luck terá seu contrato findo em breve e provavelmente vem aí uma renovação digna de hipotecar o Lucas Oil Stadium. Assim, nada mais natural que sejam empregadas escolhas em sua proteção. Mas investir em linha ofensiva não é o único caminho para que Luck não tenha mais rins dilacerados.

Se formos considerar que os Colts são o 27º time da liga em jogo terrestre desde que Luck chegou em 2012, faria sentido um investimento em running back. Explicamos: quando o jogo terrestre é fraco (como o caso de Indianapolis) a defesa pode não se preocupar tanto com a corrida – voltando seus esforços para o passe e o neutralizando com mais eficácia. Mais: pode se dar ao luxo de empregar inside linebackersstrong safety em pass rush (jogadores que normalmente estariam focados em parar a corrida). O resultado é o quarterback apanhando mais. Ou seja: o ataque tem que funcionar como uma engrenagem nesse sentido, é necessário equilíbrio e fazer com que a defesa esteja sempre pensando uma, duas, três, mil vezes no que vai acontecer.

Quem seria esse running back? Bom, Doug Martin, atualmente em Tampa Bay, tem uma chance razoável de estar no mercado agora em março. Os Colts têm 23 milhões de dólares ainda disponível no teto salarial. E a boa notícia para o torcedor é que Martin teve números sólidos mesmo jogando com linhas ofensivas terríveis nos Buccaneers. Então ele já estaria acostumado à situação que vai encontrar. Sabendo que Frank Gore está muito provavelmente no ano final de sua carreira, pode ser algo interessante.

Marcus Mariota apanhou em 2015 mais do que Rocky Balboa nos 56 filmes que Stallone estrelou.
Marcus Mariota apanhou em 2015 mais do que Rocky Balboa nos 56 filmes que Stallone estrelou.

Protejam Mariota – ou alguém pode pagar caro por isso (ele ou outro time?)

Marcus Mariota foi a segunda escolha geral do Draft de 2015. Por mais que a maioria considere que o ano passado se desenvolveu de maneira bastante esperada para o calouro, o grande problema não foi a montanha russa de estatísticas – alguns jogos brilhantes, como a primeira semana contra Tampa Bay e o calouro Jameis Winston, e outros pífios. O problema foi que Mariota chegou a perder jogos por lesão na temporada passada – e ele não tinha esse histórico no College em Oregon.

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Reforçar a linha ofensiva de Tennessee é uma prioridade de urgência. Com Mariota ou sem, os Titans foram o time que mais cedeu sacks na temporada passada, foram 54 ao todo. Dispondo da primeira escolha geral no Draft de 2016 por ter a pior campanha de 2015, Tennessee pode: a) Querer trocar essa escolha por múltiplas escolhas inferiores porque b) Tem muito time precisando de quarterback e eventualmente querendo garantir Jared Goff e c) Por mais que Laremy Tunsil (OT, Ole Miss) seja um prospecto sólido, pessoalmente não gosto da ideia de que um time tenha que draftar um tackle nas cinco primeiras escolhas. Com a expansão de sistemas spread no College, é cada vez mais doloroso o processo de amadurecimento de jogadores de linha ofensiva para a NFL. Talvez trocar essa escolha e pegar um linha de talento paralelo no meio da primeira rodada – com o bônus de reforçar mais um elenco cheio de buracos – pode ser uma boa. Mas no final os Titans vão acabar escolhendo Tunsil mesmo.

Imposto de Renda do Super Bowl 50

Uma das dificuldades de se montar uma dinastia de títulos do início da década de 1990 para cá é a questão da free agency e do teto salarial. Quando um time é campeão, existe um processo inflacionário em jogadores coadjuvantes da equipe – que acabam saindo. Foi assim com o Seattle Seahawks, quando sempre o Ringo Starr da Legion of Boom (ou seja, o defensive back menos talentoso, leia-se sem sobrenome Sherman/Chancellor/Thomas) acabava se dando bem no mercado quando seu contrato acabava – Brandon Browner, Byron Maxwell e Walter Thurmond para citar alguns exemplos.

O mesmo processo pode acontecer com o Denver Broncos, igualmente no setor mais forte da defesa – e não se trata da secundária como em Seattle, mas do front seven. Sabendo que a equipe tem vários jogadores importantes para renovar – notoriamente Von Miller e Brock Osweiler – pode não sobrar dinheiro para manter todos. Denver tem 11 milhões disponível ainda no teto salarial. Não é muita coisa. Quem pode acabar pulando fora nessa história é Malik Jackson, um dos coadjuvantes no front seven. Isso pode desembocar em outras consequências, como o Houston Texans contratá-lo – e quem sabe haver uma aposentadoria de Vince Wilfork no processo.

Dec 21, 2014; St. Louis, MO, USA; St. Louis Rams cornerback Janoris Jenkins (21) reacts after not intercepting a pass against the New York Giants during the second half at the Edward Jones Dome. New York defeated St. Louis 37-27. Mandatory Credit: Jeff Curry-USA TODAY Sports
Calma, Janoris, você vai ser bem pago ficando com os Rams ou achando outra equipe. Aliás bem que o pessoal podia voltar com esse uniforme clássico né?

Janoris iPhone

Por muito tempo eu tive um iPhone e agora o troquei por um celular Android. Mais barato, com bateria que dura mais e, bem, compensou. A maioria dos produtos Apple tem sua demanda inflacionada pelas pessoas – é o caso de vários jogadores na free agency ano após ano. Detesto quando um time se reforça tentando neutralizar a maior necessidade do elenco por meio do mercado ao invés do Draft, moldando um jogador desde início ao seu sistema. Raramente dá certo.

Neste ano, o mais forte candidato a ser mais inflacionado que Coca-Cola em restaurante chique de São Paulo é Janoris Jenkins, cornerback de Los Angeles. Os Rams se livraram de 24 milhões no teto salarial cortando Chris Long, James Laurinaitis e Jared Cook, mas pode ser que Jenkins mesmo assim não seja renovado (claro, se ele não quiser e quiser buscar grana no mercado, a decisão é dele). Num palpite, aponto que Jacksonville – que precisa desesperadamente de reforços na secundária – pode ser o comprador Apple da vez.

Los Angeles Osweilors

Uh, acho que estávamos muito medrosos de ousar um pouco aqui. Para esquentar as coisas um pouco, vamos imaginar que Brock Osweiler seja humano e fique de saco cheio. O cara está esperando desde 2012 por uma chance e aí quando a teve foi pro banco de novo. Tem que ter muito sangue frio para aguentar isso e, digamos, Osweiler resolve lucrar com a situação – considerando que ele é um dos poucos quarterbacks sólidos disponíveis no mercado (para variar), ele certamente lucraria bastante com isso.

Pense numa equipe que acabou de liberar 24 milhões de dólares no salary cap – curiosamente a quantia que Osweiler ganharia, em média, num primeiro ano de contrato. Essa equipe é o Los Angeles Rams, como já dissemos acima. Se a novela Testas da Paixão continuar se desenvolvendo na primeira semana de março sem Peyton se aposentar, eu não duvidaria nada que Brock resolvesse tomar as rédeas de seu destino para si e não eternamente nas mãos de Manning e Elway. Caso isso aconteça, o destino mais provável pode ser os Rams – pela grana disponível, pelo mercado consumidor de Los Angeles e principalmente pelo novo paradigma que isso significaria na carreira de Osweiler: uma franquia numa cidade nova com um quarterback novo, definitivamente saindo da sombra do camisa 18.

Christian Hackenberg “reata” com seu treinador do ano de calouro

Jared Goff (Cal), Paxton Lynch (Memphis) e Carson Wentz (North Dakota State) são os nomes fortes dentre os quarterbacks neste ano. Provavelmente são os três que sairão na primeira rodada – mas da segunda pra frente existe muita imprevisibilidade. Ao início da segunda, dois nomes são fortes – curiosamente dois quarterbacks da Big Ten. Connor Cook, de Michigan State, e Christian Hackenberg, de Penn State.

Hackenberg apresentou uma linha de crescimento diferente (para seu azar) do que os demais quarterbacks: seu melhor ano foi justamente o primeiro pelos Nittany Lions, não o último. Isso se deu, sobretudo, porque a linha ofensiva de Penn State era uma peneira bizarra – ele foi de longe o quarterback mais sackado do College Football. E, bem, pelo menos não se machucou nesse processo (estou tentando ser otimista). Não curiosamente, Christian teve um técnico em seu primeiro ano e outro – James Franklin – nos demais. Esse treinador em seu ano de calouro é Bill O’Brien, agora técnico do Houston Texans que, vejam só: a) Precisa de um quarterback b) Não deve ir atrás de um na Free Agency c) Tem a 22ª escolha na primeira rodada d) Que não deve ser o suficiente para escolher Goff/Lynch/Wentz e) Porque eles já devem ter sido escolhidos. Assim, na segunda rodada Hackenberg pode estar disponível e se juntar novamente a O’Brien – de todos na NFL, ele deve ser o que mais conhece o prospecto.

Cena comum nos jogos de Penn State, Christian Hackenberg correndo para sobreviver
Cena comum nos jogos de Penn State, Christian Hackenberg correndo para sobreviver

Hard Knocks?

Confesso a você que o reality show da HBO já foi melhor. Para quem não conhece, é como se fosse um Big Brother da NFL. A NFL Films e a HBO ficam o tempo todo com um time na pré-temporada, acompanhando os principais jogadores, os calouros tentando estar no elenco de 53 ao final do training camp, enfim, é bacana. Mas as duas últimas temporadas (Texans e Falcons) foram bem minguadas. Que tal Dallas? Neste momento, a franquia não preencheria um dos requisitos (não ter ido aos playoffs nos últimos dois anos). Mas o potencial seria grande o suficiente para que a NFL levantasse essa regra para “não ter ido aos playoffs na temporada anterior. Explicamos;

Há dois potenciais Kardashians (desculpem pela alusão) para entupir a Home Box Office de audiência: Robert Griffin III assinando com os Cowboys e Jerry Jones renovando com Greg Hardy. Embora este seja um imbecil fora de campo (desculpe pelo palavreado, mas qualquer um que bate em mulher é imbecil), é um jogador de nível técnico considerável e um personagem que iria atrair audiência. A Saga de Griffin de volta aos campos justamente no maior rival de Washington, idem.

O Draft de 2016 terá mais trocas – e será mais divertido que o de 2015

Ano passado vimos um recrutamento bem minguado para os padrões estabelecidos nos últimos anos. A princípio porque não havia drama nenhum quanto a quem seria a primeira escolha: Lovie Smith já tinha professado juras de amor múltiplas vezes a Jameis Winston e, de fato, ele era mais pro ready que Marcus Mariota. Ao mesmo tempo, na segunda escolha, Tennessee até tentou fazer uma graça querendo trocar a segunda escolha – mas pedia tanto em retorno que seria mais fácil uma outra franquia cair no esquema de pirâmide da TelexFree a se sujeitar aos desejos dos Titans.

Neste ano as coisas podem ser diferentes e podemos ter mais trocas, aliás. No ano passado a primeira troca foi apenas na 15ª escolha, quando os 49ers trocaram sua escolha com San Diego – que escolheu Melvin Gordon. Isso, aliás, era mais do que esperado e cheguei até a colocar (e surpreendentemente acertar) no Mock Draft. A maioria dos analistas acertou entre 8 e 9 escolhas nos Mocks – e isso é um número alto, só prova que realmente o Draft não foi imprevisível e cinematográfico como de costume. Já em 2016, mais incertezas pairam. Tennessee vai trocar? Será que alguém tenta trocar para cima, para evitar que o Cleveland Browns escolha Jared Goff? Aliás, quem sai primeiro, é Goff mesmo, dentre os quarterbacks? Ainda estamos em fevereiro, mas a chance do Draft 2016 ser mais movimentado que o de 2015 é grande.

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