Nem Indiana, nem Colorado: Tennessee foi o primeiro estado fã de Manning

Muita coisa já aconteceu na carreira de Peyton Manning, indiscutivelmente um dos melhores jogadores da história da NFL. Mas antes de seus dois Super Bowls, antes dos seus cinco prêmios de MVP, antes dos inúmeros recordes quebrados e antes de ser amado em Indianapolis e Denver, ele foi ídolo de outra cidade: Knoxville. Na verdade, não seria exagero nenhum dizer que ele foi ídolo em todo o estado quando jogou pela Universidade do Tennessee entre 1994 e 1997.

Ainda no ensino médio, suas impressionantes estatísticas na Isidore Newman School em Nova Orleans fizeram com que várias universidades com programas atléticos de renome lhe oferecessem bolsas de estudo. Mesmo não sendo o recruta número um de sua classe (esta “honra” pertence ao esquecido Josh Booty, que preferiu jogar beisebol logo após o ensino médio), sua escolha ficou entre Michigan, Ole Miss, Florida e Tennessee.

Seu pai, Archie Manning, fora uma lenda em Ole Miss – um dos melhores jogadores da história do college football – e seu irmão mais velho, Cooper Manning, também fora para lá antes de descobrir uma doença que o incapacitaria de jogar futebol americano. Muitos achavam que Peyton escolheria a alma mater da sua família (sua mãe também estudara lá), mas ele surpreendeu todo mundo ao escolher Tennessee – a chegada de David Cutcliffe era algo que agradava o jovem quarterback.

A organização e a preparação características dele vêm mais ou menos dessa época – o que lhe rendeu bons frutos já na sua primeira temporada com os Volunteers: no começo do seu freshman year, ele era apenas o terceiro quarterback no plantel da equipe, mas quando o titular Jerry Colquitt e o reserva Todd Helton ambos sofreram lesões, o então camisa 16 acabou tendo sua chance e mostrou serviço. Após uma breve competição com o também calouro Branndon Stewart, Manning não voltou mais para o banco.

Nos seu quatro anos em Knoxville, ele lançou 89 touchdowns e teve 11.201 jardas aéreas – além de estabelecer praticamente todos os recordes de passe da universidade. Também quebrou sete recordes da conferência SEC[note]Jardas aéreas na carreira – 11.201; passes completos – 863; jardas líquidas totais – 11.020; porcentagem de passes completos – 62,49; porcentagem de interceptações – 2,39%; mais jogos com 300+ jardas – 18; temporada com menor porcentagem de passes interceptados (1995) – 1,05% (4 de 380 tentativas).[/note] e dois recordes nacionais[note]Temporada com menor porcentagem de passes interceptados (1995) – 1,05% (4 de 380 tentativas) e menor porcentagem de interceptações na carreira – 2,39% (33 de 1381).[/note]. Sem dúvidas ele teve uma prolífica carreira universitária, mas faltaram os dois troféus mais importantes de todos na sua coleção: o de campeão nacional e o Heisman.

Se Tennessee não conquistou nenhum título nacional com Peyton Manning under center, Florida é uma das principais culpadas: Gators e Volunteers eram as maiores potências da SEC nos anos 90 e os jogos entre as duas sempre foram decisivos para o cenário nacional. Os Vols sofreram cinco derrotas consecutivas para a equipe então comandada pelo fanfarrão Steve Spurrier entre 1993 (antes da chegada de Manning) e 1997 (seu último ano) – apesar disso, foram todos jogos muito bons, já que eram duas das melhores equipes do cenário nacional.

Foi nessa época que começaram a surgir os primeiros indícios de que Manning seria “amarelão”, embora saibamos que este não seja de facto o caso. O próprio Spurrier colocava lenha na fogueira. Certa vez, disse numa entrevista “You can’t spell Citrus without UT” (Você não consegue soletrar Citrus sem UT), se referindo ao fato de que Tennessee nunca conseguia se classificar para o Sugar Bowl (disputado pela campeã da SEC) e sempre acabava no Citrus Bowl, uma espécie de jogo de consolação para a segunda melhor equipe da conferência.

Quando Manning resolveu não ir para o Draft da NFL em 1997 e retornou para Knoxville, o Ol’ Ball Coach disse “I know why Peyton came back for his senior year. He wanted to be a three-time star of the Citrus Bowl” (Eu sei por que Peyton voltou para seu último ano. Ele queria ser a estrela do Citrus Bowl pela terceira vez). Por uma ironia do destino, em 1997 Tennessee foi campeã da SEC e Florida – mesmo com uma vitória sobre os Vols – é que jogou o Citrus Bowl…

O ano foi, inclusive, aquele em que Manning chegou mais perto dos dois troféus não conquistados. Após derrotar Auburn no SEC Championship Game, Tennessee estava ranqueada em #3 e foi para o Orange Bowl contra #2 Nebraska. Uma vitória no jogo combinada com uma derrota de #1 Michigan (que jogaria contra #8 Washington State no Rose Bowl) daria o título de campeão nacional aos Vols, mas a defesa da equipe não foi páreo para Nebraska, que venceu o jogo por 42-17. Além disso, Manning terminou em segundo lugar na votação do Troféu Heisman, atrás apenas de Charles Woodson, o faz-tudo de Michigan.

Apesar disso, o camisa 16 conquistou vários prêmios individuais após a temporada, incluindo o Maxwell Award (melhor jogador universitário do ano), Davey O’Brien Award (melhor quarterback) e Johnny Unitas Golden Arm Award (melhor quarterback senior).

Sua carreira universitária se assemelha em vários aspectos à sua carreira profissional: mesmo não tendo conquistado inúmeros campeonatos, ele com certeza foi um dos melhores da história e, de certa forma, revolucionou o jogo. Tennessee nunca teve outro jogador tão bom quanto Manning, nem antes nem depois dele – prova viva de que nem só de títulos vive o esporte.

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