Laremy Tunsil é um linha ofensivo digno de primeira escolha geral do Draft?

Existe uma dificuldade de adaptação de jogadores de linha ofensiva do College para a NFL? Em 2015, 13 jogadores de linha ofensiva foram escolhidos nas duas primeiras rodadas do Draft. Destes, apenas dois (Ereck Flowers e Brandon Scherff) conseguiram se firmar como titulares em suas equipes. Mesmo com o espaço amostral teoricamente sendo pequeno, dá para afirmar com relativa certeza que sim, isso se deve, principalmente, à dificuldade que a maioria dos jogadores de linha ofensiva tem em se adaptar ao estilo de jogo da NFL. Por dedução podemos chegar a essa conclusão.

No futebol americano universitário, é raro encontrarmos equipes que utilizem sistemas táticos ofensivos parecidos com os usados pelos times profissionais. Em sua maioria, os ataques universitários se encaixam na categoria das spread offenses – ataques que utilizam três ou mais wide receivers em sua formação, com a intenção de “espalhar” a defesa horizontalmente, com o quarterback normalmente recebendo snaps na posição de shotgun. Isso não acontece por acaso no College: as linhas de marcação (hashmarks) são mais largas no nível universitário, o que faz com que haja um jogo menos centralizado. Com isso, os recebedores espalhados são beneficiados.

A primeira dificuldade de adaptação encontrada por esses jogadores é no bloqueio para corridas. Como as spread offenses tendem a enfatizar o jogo aéreo (chegando a substituir partes do jogo corrido por passes de screen), os jogadores de linha ofensiva oriundos desses sistemas se acostumam a alinhar numa postura de dois apoios, ao contrário da de três apoios mais usada na NFL. Em termos práticos, eles têm que aprender uma nova postura e novos movimentos corporais, para que não tenham uma desvantagem no movimento de “alavanca” usado contra defensores profissionais.

As dificuldades, entretanto, não se restringem às jogadas de corrida. Acostumados a proteger quarterbacks que se livram rapidamente da bola e fazem muitos de seus lançamentos em movimento, fora do pocket, esses jovens atletas não estão acostumados a terem que sustentar seus bloqueios por mais do que dois segundos. Os passes de drop back, quando o quarterback se afasta cinco ou sete passos para trás da linha de scrimmage requerem todo um novo conjunto de técnicas que os universitários nunca chegam a desenvolver. E esses passes são parte fundamental dos ataques da NFL.

Dessa forma, esperar que um jogador de linha ofensiva se torne um titular eficiente em sua primeira temporada como profissional é uma proposição um tanto quanto arriscada. E isso nos leva a Laremy Tunsil.

Qual o veredito?

Tunsil é cotado por muitos analistas como o principal candidato a se tornar o primeiro jogador selecionado no Draft de 2016. Ser considerado o melhor entre seus pares não é novidade para o jogador de 21 anos. Considerado o melhor offensive tackle do país durante o processo de recrutamento das universidades americanas, Tunsil foi disputado por diversas instituições. Acabou por escolher a universidade do Mississippi, também conhecida como Ole Miss, e defenderia os Rebels por toda sua carreira no College Football.

No campo de jogo, Tunsil demonstra uma agilidade incrível para alguém de seu tamanho (1,98 m e 138 kg) e uma capacidade atlética igualada por poucos em sua posição. Ele até marcou um touchdown em seu último jogo – Sugar Bowl, conforme foto acima. Laremy possui equilíbrio acima da média – virtude importante para um offensive tackle – e bom controle corporal para lidar com defensores rápidos e fortes no ponto de ataque. Ele se destaca principalmente na proteção ao quarterback, com muita rapidez no trabalho de pés e agressividade nas mãos, tendo permitido apenas três sacks em 28 jogos pelos Rebels.

Sua atuação em jogadas de corrida também não deixa a desejar. Apesar de não ter ainda o peso necessário para atropelar os jogadores de linha defensiva adversários, o jovem tackle também não se deixa dominar, e é especialista em bloqueios de segundo nível, agindo como um míssil teleguiado ao perseguir linebackers.

Há pontos negativos? Bom, como toda virtual escolha de primeira rodada, esses jogadores são escrutinados ao máximo. Então é difícil que não haja. Em 1983, o quarterback John Elway, considerado por muitos o melhor prospecto da história do Draft da NFL, era tido como um cara que “lançava muito forte” e que poderia “ir jogar beisebol”. Resta saber: é algo que atrapalhe?

Quanto a Tunsil, ele pode ganhar um pouco mais de massa e tem certa dificuldade em ancorar defensores que partem diretamente para cima dele no perímetro do pocket. Esses dois pontos estão interligados e podem facilmente ser corrigidos na NFL. Seus outros pontos negativos não se referem à sua habilidade como jogador, mas a seu comportamento extra-campo. Tunsil foi preso em junho de 2015, após uma briga com seu padrasto. As acusações foram retiradas, mas o incidente levou a uma investigação da NCAA, que acabou por suspender o jogador pelos primeiros sete jogos da temporada, por aceitar “benefícios” de agentes. Além disso, Tunsil se encontrava no mesmo quarto de hotel que o colega de equipe Robert Nkemdiche na noite em que o mesmo foi preso por posse de drogas.

Essas preocupações, entretanto, não serão o suficiente para mantê-lo longe do topo do Draft. Todos os times da NFL sonham com um jovem left tackle com as características de Laremy Tunsil, que já chegará à liga pronto para ser titular e com potencial para se tornar um dos melhores de sua posição. O Tennessee Titans sem dúvida sonha, após ver seus quarterbacks receberem 54 sacks na temporada passada, o pior número da liga. Para que Marcus Mariota possa ter o sucesso que é esperado dele, ele precisa ser protegido. E é difícil imaginar uma melhor dupla de jovens tackles para isso do que Taylor Lewan e Laremy Tunsil.

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