Primeira Leitura: Análise das 32 franquias no Draft 2016

Não faz muito sentido avaliar o Draft de uma franquia quando ele acabou de acontecer. Primeiro porque nós não sabemos como foram as entrevistas dos jogadores com os times – as quais podem explicar quedas e subidas no Draft, notoriamente como deve ter acontecido na queda de Connor Cook. Um caso clássico em relação a isso aconteceu no Draft de 1998: ao início do processo de recrutamento e de scout, os Colts gostavam muito do que viam em Ryan Leaf. A cada nova entrevista com o prospecto o amor por ele foi diminuindo e o por Peyton Manning aumentando.

Ainda, é muito difícil avaliar prospectos de terceira rodada em diante. Raros são os casos nos quais pudemos ver esses jogadores ao vivo em campo – quando se trata de um prospecto de universidade pequena, então, nem se fala. Assim, faremos esta avaliação das franquias de modo diferente. Até ano passado com The Concussion, dedicávamos todo o mês de maio para essa análise que, no final das contas, se for levada muito a sério, pode ser muito falha. É muito melhor dar a essa análise uma roupagem que lhe é merecida: de projeção.

Sendo assim, Primeira Leitura desta semana estará toda dedicada hoje a apenas um assunto: falar um pouco sobre o Draft de todas as franquias no último Draft. Falaremos de modo breve em três tópicos: “a que pode ser a melhor escolha”, “a que pode dar errado” e “no final das contas”. Assim podemos conversar de maneira mais correta sobre o recrutamento e não com bola de cristal. Vamos lá então, em ordem alfabética.

Arizona Cardinals

A escolha que pode ser a melhor: Marqui Christian, escolha de quinta rodada, é um safety do jeito que os Cardinals gostam: jogou no “box” durante sua carreira universitária, sendo praticamente um híbrido de linebackerstrong safety. Além disso, ele teve um desempenho acima da média no Combine, sobretudo no tiro de 40 jardas (se comparado ao que se esperava dele.

A escolha que pode dar errado: Robert Nkemdiche na primeira rodada. Aparte de questões extra-campo com drogas (com as quais os Cardinals já estão acostumados, vide a escolha recente de Tyrann Mathieu) o defensive tackle foi muito inconstante no College quando jogava por Ole Miss. Alternou jogos excelentes e alguns apagados.

No final das contas: A análise do Draft dos Cardinals não sai e é precipitada enquanto não soubermos o que Nkemdiche vai ser na NFL. Se ele jogar com vontade todos os snaps e ficar longe das drogas, vai ter sido um Draft brilhante.

Atlanta Falcons

A escolha que pode ser a melhor: Deion Jones, na segunda rodada. Era uma das escolhas que eu esperava, tanto que acabei colocando no meu Draft Simulado de 2ª rodada. Jones fez um bom trabalho em LSU contra tight endsrunning backs no jogo aéreo – fator desesperador para o torcedor de Atlanta no ano passado.

A que pode dar errado: Se a segunda rodada foi sólida, a primeira pode dar errado se o jogador não estiver de acordo com o que Dan Quinn tinha em mente. Keanu Neal, de Florida, é visto como um prospecto que tem semelhanças com Kam Chancellor – coisa que já falamos bastante aqui, aliás. Considerando que Quinn veio de Seattle, sendo seu ex-coordenador defensivo, a escolha fez sentido. Resta saber se vai dar certo, porque foi reach.

No final das contas: A equipe adicionou velocidade na defesa e também um tight end no meio do recrutamento para ajudar Matt Ryan – que teve seus melhores anos quando o time tinha um tight end de fato em Tony Gonzalez, guardadas as devidas proporções.

Baltimore Ravens

A escolha que pode ser a melhor: Listo aqui três escolhas, e não apenas uma. Na segunda e na terceira rodada os Ravens adicionaram dois jovens talentos em pass rush: Kamalei Correa, outside linebacker de Boise State, e Bronson Kaufusi, defensive end de BYU. O time foi um desastre ano passado no setor, sobretudo após a lesão de Terrell Suggs na primeira semana. Além dessa escolha, meu destaque vai para Kenneth Dixon na quarta: eu achava que ele ia acabar em New England. O motivo? É o melhor running back recebendo passes deste Draft.

A que pode dar errado: Embora o “miolo” do Draft tenha sido interessante, não acho que os Ravens fizeram bem em passar Laremy Tunsil na primeira rodada. Ronnie Stanley é um sólido jogador de linha ofensiva, mas Tunsil tem mais teto de talento.

No final das contas: Mais um draft sólido e com a cara de Ozzie Newsome. O foco foi o pass rush e a linha ofensiva, dois setores nos quais Baltimore teve problemas no ano passado.

Buffalo Bills

A escolha que pode ser a melhor: Cardale Jones é um diamante extremamente bruto – como aliás já falamos nesta coluna. Considerando que Greg Roman, coordenador ofensivo, fez um bom trabalho com Colin Kaepernick quando estava no San Francisco 49ers e que ajudou a elevar o nível de jogo de Tyrod Taylor no ano passado – ambos móveis como Jones – é possível que Cardale seja bem lapidado.

A que pode dar errado: Pessoalmente falando gosto muito de Shaq Lawson, ele era a âncora da defesa de Clemson no ano passado. Mas tem gente que não gosta muito e acha que pass rushers estão sendo tão superestimados quanto quarterbacks em termos de posição no Draft. Mas vou em outra direção aqui: por melhor que Reggie Ragland tenha jogado em Alabama, ele ainda tem muito a melhorar quando o assunto é cobertura contra o passe. Quando você joga duas vezes por ano contra Rob Gronkowski, isso é problema.

No final das contas: Depois da queda de produtividade do Buffalo Bills na temporada passada, sob o aspecto defensivo, Rex Ryan recebeu ajuda no front six. Resta saber como as peças, algumas bastante questionáveis por muitos analistas (como Lawson/Ragland) vão desempenhar.

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Carolina Panthers

A escolha que pode ser a melhor: O que acontece quando você perde um cornerback com quase 30 anos – Josh Norman – cuja principal virtude é marcar em zona? Você escolhe outro com as mesmas características, só que mais jovem. Foi o que os Panthers fizeram com Zack Sanchez no meio do recrutamento. Outra sólida escolha veio na primeira rodada, com Vernon Butler – defensive lineman comparado por alguns analistas a Mo Wilkerson.

A que pode dar errado: Escolhido na segunda rodada, James Bradberry é uma aposta de Carolina. O defensive back originalmente está listado como safety, mas faria mais sentido como cornerbackEle ainda precisa de muita lapidação e jogou de maneira inconstante – o que os analistas de Draft chamam de ugly tape.

No final das contas: Em realidade, Dave Gettleman parece que largou o namoro e tá passando o rodo ao escolher vários defensive backs para a equipe. Pode parecer, mas não é só por conta de Norman que os Panthers foram atrás de jogadores na posição. Não se esqueça das lesões de Bene Benwilkere e Charles Tillman ao final da temporada passada.

Chicago Bears

A escolha que pode ser a melhor: Jonathan Bullard, na terceira rodada, foi um verdadeiro steal. Para mim era o jogador mais importante de Florida no ano passado e é um jogador que pode entrar em várias techniques na linha – embora acredite que ele deva jogar como DE no 3-4 de Vic Fangio. Como esse jogador no esquema do coordenador defensivo dos Bears é mais voltado em conter o jogo terrestre, Bullard caiu como uma luva.

A que pode dar errado: Leonard Floyd, escolha de primeira rodada, é o tipo de jogador rotulado como “besta ou bestial”. Ou ele vai ser um grande pass rusher ou vai desagradar a torcida. Seu eventual problema é a falta de versatilidade – apenas 5-tech – e não ser tão pronto para conter o jogo terrestre. Considerando que Aldon Smith tinha problemas semelhantes e no final das contas não acabou importando ao ter Fangio como coordenador, a probabilidade maior é dele ir bem na adaptação.

No final das contas: É difícil analisar o draft de Chicago quando a avaliação acaba ficando em função do desempenho de Floyd. De toda forma, o general manager dos Bears, Ryan Pace, fez um bom trabalho reforçando a defesa – de longe o pior setor de uma franquia com tradição tão forte no lado defensivo da bola.

Cincinnati Bengals

A escolha que pode ser a melhor: Andrew Billings era considerado por muitos uma escolha de primeira rodada mas acabou caindo para a quarta rodada. Lesão? Jogador muito cru? Muitos defensive tackles no Draft? Não importa, ele não precisa ser titular amanhã. Pode ser lapidado aos poucos para ser titular quando Domata Peko não tiver mais gasolina no tanque. Os Bengals conseguiram um valor inacreditável ao escolher o defensive tackle na quarta rodada.

A que pode dar errado: Lá no fundo eu ainda acredito que os Bengals escolheram William Jackson para que os Steelers não pudessem ter a oportunidade de selecionar o cornerback na escolha seguinte. A estratégia de “se reforçar ao não deixar seu principal adversário fazê-lo” pode dar bastante certo, mas ainda assim acredito que havia outras necessidades na primeira rodada. Afinal de contas, os Bengals draftaram uma penca de cornerbacks em primeira rodada nos últimos anos.

No final das contas: Foi uma classe sólida. A adição de Tyler Boyd na segunda rodada foi excelente, ele é um dos melhores executadores de rotas nesta classe de recebedores. Acaba sendo um ótimo complemento como recebedor Z em oposição a A.J Green do outro lado como recebedor X.

Cleveland Browns

A escolha que pode ser a melhor: Vou ousar aqui e ousar bastante. No meio de todo aquele moneyball de Paul DePodesta, uma decisão “por instinto” foi tomada após pedido de Hue Jackson: a escolha de Cody Kessler. Jackson fez um excelente trabalho com Andy Dalton, outrora questionado, como coordenador ofensivo dos Bengals.

A que pode dar errado: Cody Kessler. É, eu não estou sendo original colocando o quarterback aqui de novo. Mas de toda forma pode acabar sendo um problema o fato de Cody não ter experiência em fazer os chamados “pro-throws” – lançamentos para mais de 15 jardas com precisão. Escolher um cara assim na terceira rodada pode ter seu preço.

No final das contas: Falei de Kessler e tão somente ele porque João Henrique Macedo já fez uma extensa análise do Draft de Cleveland neste texto. Impossível fazer trabalho semelhante em apenas algumas linhas, então dê uma lida.

ziki

Dallas Cowboys

A escolha que pode ser a melhor: Gostei muito da escolha de Dak Prescott no meio do Draft. Dentre os quarterbacks da “zona da confusão” – ou seja, depois da terceira rodada, aqueles diamantes mais crus – acredito que seja o melhor. Como os Cowboys têm tempo de desenvolver Prescott enquanto a carreira de Romo apresenta seus últimos três ou quatro anos, foi uma escolha sólida.

A que pode dar errado: Jaylon Smith, outside linebacker de Notre Dame, tem um joelho que ninguém sabe como se portará numa temporada de 17 semanas. O dano no nervo é um problema e ele estava cotado como terceira rodada – não duvido que os Cowboys pudessem escolhe-lo ao início dessa rodada. Então foi um risco, mas se Dallas confia em seu departamento médico, quem sou eu para discordar. Espero que dê certo, porque Smith é um talento inquestionável. Saudável, seria o melhor prospecto do Draft para mim.

No final das contas: a exemplo do draft de Chicago, a análise do recrutamento de Dallas está em função da escolha de Ezekiel Elliott no topo da primeira rodada. Se ele for calouro ofensivo do ano e elevar o desempenho da equipe, ajudando os Cowboys a chegar na pós-temporada, foi ótimo. Se ele jogar mal e a secundária idem – ao mesmo tempo que Jalen Ramsey detonar em Jacksonville – aí complica.

Denver Broncos

A escolha que pode ser a melhor: Sinceramente, eu não acreditava que Paxton Lynch fosse durar tanto tempo no board a ponto de Denver ter uma bala para tentar trocar para cima sem hipotecar a franquia. Mas foi o que aconteceu. John Elway adora quarterbacks altos e móveis – exatamente como Brock Osweiler era, aliás. Então Lynch deve ser um encaixe óbvio no sistema de Gary Kubiak – mas não de pronto, isso deve demorar algum tempo até que ele seja mais lapidado.

A que pode dar errado: No caso, a não-escolha de linebackers de calibre para suplementar a perda de Danny Trevathan (ILB) na free agency. Elway parece ter sido criativo ao escolher Justin Simmons, safety de Boston College que eventualmente pode atuar como híbrido – ou seja, jogando no box e fazendo as vezes de inside linebacker.

No final das contas: Mais um draft impossível de se avaliar hoje, em maio de 2016. Teremos que esperar para ver se a escolha de Paxton Lynch na primeira rodada vai render frutos ou não. De toda sorte, a situação de quarterbacks PARA 2016 continua sem solução (até porque Mark Sanchez… Bem, vocês sabem).

Detroit Lions

A escolha que pode ser a melhor: Taylor Decker, offensive tackle de Ohio State é uma adição bastante interessante na primeira rodada. Os Lions tiveram problemas gravíssimos na temporada passada quando o assunto era jogo terrestre – era notável como as chamadas de screen muitas vezes faziam as vezes de corrida. Decker pode ser um tackle mais pronto nesse sentido do que Jack Conklin, escolhido acima por Tennessee.

A que pode dar errado: sabe o que me incomodou um pouco? A ausência de mais recebedores escolhidos. Caso você tenha esquecido, Calvin Johnson aposentou ao final da temporada passada e para seu lugar os Lions contrataram Marvin Johnson. Detroit não escolheu nenhum. Não lhes julgo, a classe era realmente fraca na posição – ainda mais em termos de “recebedor X” como Johnson. Mas usar uma das 10 escolhas em algum palpite não faria mal.

No final das contas: foi um recrutamento bastante voltado para as trincheiras. As duas primeiras escolhas foram jogadores de linha defensiva ou ofensiva. No caso da segunda rodada, me agradou que Detroit tenha escolhido A’Shawn Robinson. Ele não é uma potência para o pass rush, mas é sólido contra a corrida – coisa que Detroit precisava endereçar no miolo da linha após a saída de Nick Fairley e Ndamukong Suh.

Green Bay Packers

A escolha que pode ser a melhor: as duas escolhas de jogadores para a linha ofensiva. Não que fosse uma necessidade de talento gritante – mas quando houve lesões no setor, o nível de jogo de Aaron Rodgers acabou tendo uma ligeira queda. Assim, Jason Spriggs – que na segunda rodada tinha muito valor, sobretudo por sua extensa experiência em Indiana – e Kyle Murphy ao final da sexta – sendo para mim um prospecto de quinta – são dois bons valores.

A que pode dar errado: Acho que os Packers poderiam ter investido em recebedores e inside linebacker um pouco mais cedo no Draft. Blake Martinez, de Stanford, ILB, veio apenas na quarta rodada e um recebedor apareceu só na quinta. Sim, eu sei que wide receiver não era uma necessidade tão grande, mas a lesão de Jordy Nelson mostrou no ano passado que Green Bay precisa de profundidade de talento na posição.

No final das contas: Mais um clássico recrutamento de Ted Thompson. Muitas escolhas voltadas para necessidades e para que a equipe não recorra à free agency em anos vindouros. A escolha de primeira rodada, em tempo, é minha preferida, com Kenny Clark – que, em tese, vem para ajudar na substituição de B.J Raji.

Houston Texans

A escolha que pode ser a melhor: Você pode pensar que eu vou colocar os dois recebedores escolhidos pelos Texans para ajudar a vida de DeAndre Hopkins aqui né? Não, não foi a escolha que acho que pode dar mais certo. Foi a de segunda rodada, Nick Martin. Embora muitos times o vejam como guard, o produto de Notre Dame supre uma necessidade gritante de Houston na posição de center. Considerando que é cada vez mais raro achar centers prontos assim no Draft – e que não jogaram só em shotgun – foi uma boa escolha.

A que pode dar errado: também vem de Notre Dame. Na primeira rodada ainda acho que valeria mais a pena que os Texans investissem em Josh Doctson, de TCU – e não no wide receiver Will Fuller, a máquina de drops desta classe. Houston se apaixonou pelas big plays de Fuller, então vamos ver no que isso dá.

No final das contas: Foi um draft que ajudou muito o ataque e deu peças para proteger e ajudar Brock Osweiler. Talvez tenha sido um dos recrutamentos mais sólidos em 2016.

Acompanhe mais da nossa cobertura do Draft de 2016.

Indianapolis Colts

A escolha que pode ser a melhor: a de dúvidas a escolha de primeira rodada em Ryan Kelly, center de Alabama. Kelly era o melhor linha ofensivo interior do recrutamento – justamente o setor mais frágil da linha dos Colts nos últimos anos. Andrew Luck deve ter contrato novo em breve e um protetor do calibre de Kelly é essencial. O que Jeff Saturday foi para Peyton Manning, Kelly pode acabar sendo para Luck. Jogador extremamente inteligente e apto para começar a Semana 1 como titular.

A que pode dar errado: T.J Green, que começou sua carreira originalmente como recebedor no college, é um jogador cru demais para ser escolhido na segunda rodada. Como Indianapolis precisava de ajuda na secundária, acabou sendo um reach.

No final das contas: Um draft extremamente voltado para as trincheiras, o que achei ótimo. Além da escolha de primeira rodada em Kelly, os Colts usaram a de quarta em Hassan Ridgeway, jogador com talento que acabou caindo por conta de lesões. Ryan Grigson, general manager de Indianapolis, fez um bom trabalho.

Jacksonville Jaguars

A escolha que pode ser a melhor: É difícil escolher. Foi a melhor classe do Draft de 2016. Jalen Ramsey eleva o nível da secundária desde o primeiro dia e Myles Jack, se saudável, pode ser um dos melhores inside linebackers da NFL e jogar no nível de Luke Kuechly. Sheldon Ray na quarta rodada foi excelente também, é um jogador que deveria ter saído antes e só não o foi muito por conta da oferta “exagerada” de defensive tackles neste ano. Em CNTP ele era terceira rodada quando muito.

A que pode dar errado: A gente torce para que não por conta de seu talento, mas o joelho de Myles Jack foi considerado por muitos analistas uma bomba-relógio. Então como escolha de segunda rodada, pode dar errado.

No final das contas: E equipe precisava de ajuda na defesa e conseguiu. Foi um recrutamento sólido do início ao fim.

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Kansas City Chiefs:

A escolha que pode ser a melhor: A franquia não teve escolha de primeira rodada porque fez trade down. Mas na primeira geral dos Chiefs veio uma peça importante em Chris Jones, defensive end de Mississippi State. É um jogador forte que faz sentido no sistema dos Chiefs – que sofreu com lesões nos últimos anos e precisava de profundidade de talento.

A que pode dar errado: Ainda considero wide receiver uma necessidade alta nos Chiefs. Trocar para baixo quando ainda havia alguns sólidos Y disponíveis pode “assombrar” a franquia daqui alguns anos. Mas a oferta de San Francisco, ainda mais considerando que Kansas City havia sido punida pela NFL e não tinha escolha de terceira rodada, foi tentador demais – por isso não julgo tanto.

No final das contas: Situação parecida com Carolina: foram três escolhas em cornerbacks. O problema, como frisei acima, foi que as duas escolhas de recebedores podem ter sido “tarde” demais.

Los Angeles Rams:

A escolha que pode ser a melhor: Não vou colocar Jared Goff aqui porque ele ainda e cru e pode virar um Tim Couch 2.0 – semelhanças não faltam. Os Rams trocaram escolha de segunda e terceira rodada e mesmo assim conseguiram endereçar a principal necessidade do ataque – fora quarterback, óbvio – na quarta com Pharaoh Cooper. Ele pode jogar no slot na Semana 1 e ter a mesma produtividade que teve no College.

A que pode dar errado: os diversos problemas de Jared Goff – como não chamar jogadas e executar poucos ajustes na linha de scrimmage durante sua carreira universitária – podem ser problemas para uma franquia que quer vencer a NFC West e que ganhou 75% dos jogos contra Seattle e Arizona (somados) na temporada passada. Ainda é cru, como disse.

No final das contas: Sem quarterback você não vai a lugar nenhum na NFL. Por mais que a classe na posição fosse fraca, não consigo julgar os Rams em pelo menos ter tentado fazer algo. É arriscado hipotecar escolhas e o futuro em curto prazo por isso, mas era um preço a ser pago. Ou isso ou pagar milhões a Brock Osweiler, e Los Angeles (de modo correto) achou melhor investir num jovem e moldá-lo ao seu sistema.

Miami Dolphins:

A escolha que pode ser a melhor: É inacreditável que os Dolphins, que saíram da oitava para a décima-terceira escolha do Draft por conta de trocas com os Eagles, conseguiram escolher o que pode ser o melhor prospecto ofensivo da classe de 2016 em Laremy Tunsil. É um jogador extremamente talentoso e que pode ajudar – e muito – Ryan Tannehill.

A que pode dar errado: Havia muitos boatos sobre os eventuais problemas extra-campo de Tunsil com drogas – mesmo ele não tendo sido pego em nenhum anti-doping. O vídeo dele com um mask bong foi chocante e fez com que ele caísse porque as franquias não tinham ideia de quão velho (ou novo) era aquele vídeo dele fumando maconha. Laremy será olhado de perto pela liga e, de uma forma ou de outra, é um risco.

No final das contas: Falando de outras escolhas, foi um board sólido para Miami. Kenyan Drake tem teto de talento e a franquia tinha necessidade de running backs. A secundária também foi endereçada com Xavien Howard no início do segundo dia, jogador que naquela altura era o melhor cornerback disponível.

Tunsil

Minnesota Vikings

A escolha que pode ser a melhor: O ataque dos Vikings precisava de um wide receiver mesmo com a surpreendente temporada de Stefon Diggs no ano passado. A escolha de Laquon Treadwell na primeira rodada é útil nesse sentido, portanto. “Ah, mas ele não é bom em profundidade”. Tá, e quantas vezes você viu Teddy Bridgewater passando em profundidade no ano passado? Pois é.

A que pode dar errado: Não sei até que ponto cornerback era uma necessidade em segunda rodada. Os Vikings vem queimando muitas escolhas no setor nos últimos anos e Mackensie Alexander é um jogador cru e questionado por muitos.

No final das contas: Alexander é um talento e teve uma carreira sólida em Clemson, mas o grande ponto positivo foi a escolha de Treadwell. Os Vikings, após o recrutamento, se portam como co-favoritos na NFC North.

New England Patriots

A escolha que pode ser a melhor: Cyrus Jones na segunda rodada. Pode ter sido (um pouco) um reach na segunda rodada, ainda mais quando o assunto é questionamento quanto a lesões. Mas Jones é um cara que pode ser versátil na secundária de New England e esse é um setor que recebe ajuda de um jogador marcando no slot.

A que pode dar errado: Um quarterback na terceira rodada em Jacoby Brissett quando você tem Tom Brady e acabou de escolher Garoppolo na segunda rodada há pouco tempo. Sim, eu sei que Brady está suspenso nos quatro primeiros jogos, mas para mim não justifica gastar escolha assim.

No final das contas: Outra escolha bastante bem-vinda que acabei não mencionando foi Malcolm Mitchell, de Georgia. O wide receiver de longe era a única peça produtiva no jogo aéreo da equipe e, acima de tudo, é um playmaker que pode ajudar o corpo de recebedores de New England – que tanto sofreu com lesões no ano passado. Foi um recrutamento sólido, aparte da escolha alta de quarterback, ainda mais se lembrarmos que dois guards foram escolhidos e essa era uma necessidade dos Patriots.

New Orleans Saints

A escolha que pode ser a melhor: Sheldon Rankins na primeira escolha, sem sombra de dúvidas. O melhor defensive tackle do Draft quando o assunto era contenção de jogo terrestre.

A que pode dar errado: A aposta da quarta rodada, o defensive tackle David Onyemata. Ele jogou em Manitoba, Canadá. Vale lembrar que a zona neutra no futebol canadense é uma jarda maior, então se um jogador já tem problemas de adaptação do College Football para a NFL, imagine do Canadian College Football para a NFL.

No final das contas: Um draft com poucas escolhas – apenas 5 – mas a maioria foi bem usada. A de primeira rodada, como dito, foi excelente. Na segunda, um wide receiver excelente na execução de rotas em Michael Thomas, de Ohio State. Ainda dos Buckeys, Vonn Bell pode ser uma adição importante à secundária. Bell tem problemas na contenção do jogo terrestre, mas se jogar como cornerback isso não seria um problema tão grande.

New York Giants

A escolha que pode ser a melhor: Sterling Shepard, wide receiver de Oklahoma, era um legítimo playmaker dos Sooners e reputado como um dos melhores executadores de rota do Draft 2016. Numa classe rica em recebedores Y e com a situação de Victor Cruz ainda questionável por conta de lesão, a escolha de Shepard pode render frutos. Tanto diretamente com ele tanto indiretamente para Odell Beckham Jr, por desonerar seu protagonismo de “uma andorinha só” no corpo de recebedores.

A que pode dar errado: Até agora não entendi a escolha de Eli Apple na primeira rodada, sendo que ele pode ser um gigantesco produto do sistema de Ohio State – por conta do talento com quem jogava junto. Os Giants acabaram de gastar um caminhão de dinheiro com Janoris Jenkins. Outro cornerback não era necessário aqui.

No final das contas: Foi uma classe que começou fazendo o torcedor coçar a cabeça mas que depois teve adições fantásticas. Aparte de Shepard, a escolha de Paul Perkins na quinta rodada foi um verdadeiro steal – o running back de UCLA estava cotado para a primeira. O linebacker B.J Goodson na quarta rodada também foi uma escolha com muito valor e supre uma necessidade do time.

New York Jets

A escolha que pode ser a melhor: Darron Lee, outside linebacker de Ohio State, era um jogador bastante subestimado devido à presença de Joey Bosa no time. Foi uma sólida escolha de primeira rodada e a posição era uma necessidade do time.

A que pode dar errado: Eu preciso perder a saudade daquele Christian Hackenberg que conheci calouro, que jogou tão bem com Bill O’Brien em Penn State. Os outros anos dele foram terríveis e ele regrediu. Ainda guardo carinho… To parecendo ex-traído falando dele, eu entendo. Mas lá no fundo ainda acho que pode dar certo. De toda forma, para segunda rodada, escolher o quarterback pode ter sido um risco e tanto.

No final das contas: Houve outras boas escolhas além de Lee, como Brandon Shell, linha ofensiva de South Carolina e bastante experiente. Mas o recrutamento será determinado como boom or bust em função do que virar de Hackenberg em Nova York. O caráter chiliquento dele não ajuda, dada a cidade ser o maior polo de tablóides do mundo. Ele precisará ter sangue de barata.

Oakland Raiders

A escolha que pode ser a melhor: Sheldon Rankins seria uma escolha tão, tão boa que parecia boa demais para acontecer. Foi o que tivemos na primeira rodada, com os Raiders tendo que fazer um pequeno reach em Karl Joseph. A secundária, de toda forma, era uma necessidade e Joseph – se saudável – pode ser o melhor safety da classe.

A que pode dar errado: Derek Carr é um tanque de guerra e não precisa de um reserva de luxo. Por mais que os Raiders possam pensar em colocar Connor Cook para render na pré-temporada e depois tentar ganhar escolha de Draft por ele, Oakland teve que subir para fazê-lo na quarta rodada. Não é um cara que eu queria ter no meu vestiário.

No final das contas: Houve boas escolhas ao longo do recrutamento, como Jihad Ward e Shilique Calhoun (ambos defensive ends de valor apropriado no meio do Draft). A escolha de DeAndre Washington é boa também, profundidade de talento na posição de running back sempre é bem-vinda.

Philadelphia Eagles

A escolha que pode ser a melhor: Carson Wentz na primeira rodada. Wentz foi muito subestimado por jogar na FCS (“segundona” do College), mas era o quarterback mais pronto sob o aspecto mental do jogo. Poucos se atentaram a isso.

A que pode dar errado: Adivinha? Carson Wentz. Por mais interesante que ele seja sob o aspecto mental, Wentz ainda tem alguns vícios bizarros para um jogador de NFL: por exemplo segurar a bola demais no pocket. Ele precisará de pelo menos um ano para ser lapidado.

No final das contas: É mais um recrutamento que só poderemos avaliar de acordo com quanto a aposta no quarterback render. De toda sorte houve outras boas escolhas. Isaac Seumalo, offensive lineman, jogou muito bem contra DeForest Buckner quando em Oregon State. Na última rodada, Jalen Mills, cornerback de LSU, também foi um baita steal.

Pittsburgh Steelers:

A escolha que pode ser a melhor: Se Karl Joseph tivesse caído até a escolha de Pittsburgh, na parte final da primeira rodada, teria sido escolhido dada a necessidade da franquia por safeties. Mas na segunda rodada veio um a calhar: Sean Davis, embora listado como cornerback, ele começou a carreira como safety e foi uma adição interessante dada a necessidade da equipe no setor.

A que pode dar errado: Os Steelers poderiam ter feito alguma movimentação na primeira rodada para buscar os melhores cornerbacks ainda disponíveis. Artie Burns é físico, mas foi um reach naquele momento.

No final das contas: Necessidade principal era secundária e ela foi endereçada nas duas primeiras rodadas com dois jogadores talentosos. Então a nota tem que ser sólida para os Steelers.

San Diego Chargers

A escolha que pode ser a melhor: Como não gostei da escolha de Joey Bosa na primeira rodada, vamos cavar mais fundo aqui. Os Chargers precisavam de alguma ajuda no corpo de linebackers e ele veio com Jatavis Brown na quinta rodada. Pode ser um steal e tanto. Talento físico ele tem, só precisa de mais técnica.

A que pode dar errado: Joey Bosa é defensive end de 4-3 e os Chargers jogam no 3-4. Não sei o que isso vai virar.

No final das contas: Faltou ajuda na secundária. O time acabou de perder Eric Weddle, um dos melhores safeties da liga, e não endereçou o setor. Outra escolha que foi um tanto quanto questionada foi Hunter Henry na segunda rodada – mas não tinha o que fazer, Antonio Gates não dura para sempre.

San Francisco 49ers

A escolha que pode ser a melhor: DeForest Buckner era o melhor pass rusher de 3-4 disponível os 49ers, em reconstrução, precisam de ajuda no setor – que outrora foi um dos melhores da liga. Em termos de prospecto é um excelente talento.

A que pode dar errado: Não importa que os 49ers tinham uma, duas, duzentas escolhas. Quanto mais dardos você jogar no alvo, mais fácil de acertar e sair algo. Trocar para cima no final da primeira rodada para escolher um guard, Joshua Garnett, que nem o melhor prospecto da posição era… Bom, é questionável. Bastante.

No final das contas: Ainda estou inconformado com o trade up para escolher Garnett – que não é atlético o suficiente para o esquema de Chip Kelly. No mais, já falei o suficiente sobre.

Seattle Seahawks

A escolha que pode ser a melhor: Brandon Mebane não está mais no time e de qualquer forma já tinha 31 anos. Em algum momento Seattle precisaria substituí-lo e acabou sendo agora com Jarran Reed na segunda rodada. Os Seahawks deram sorte que a classe de defensive tackles era muito profunda em talento e acabaram tendo a chance de escolher um jogador forte e atlético para o miolo da linha, exatamente como Mebane era.

A que pode dar errado: C.J Prosise, running back de Notre Dame, vem de lesão que lhe tirou da temporada passada – então seu status é um questionamento. Será que ele volta à forma de 290382 jardas por carregada com o Fighting Irish? Talvez terceira rodada tenha sido um pouco cedo demais.

No final das contas: Se Prosise der errado, tem Alex Collins, escolhido na quinta rodada e que pode ser tão bom (ou melhor) que o produto de Notre Dame. Collins foi extremamente produtivo em Arkansas e era o melhor jogador do ataque de Bret Bielema. Se tudo der certo o torcedor não vai sentir falta de Marshawn Lynch.

Tampa Bay Buccaneers

A escolha que pode dar certo: Noah Spence era muito bem cotado até ser expulso do time de Ohio State por conta do uso de ecstasy. Depois disso, ele encontrou refúgio em Eastern Kentucky e pode ajudar o time se ficar fora de problemas. Desde o episódio do ecstasy ele vem constantemente, por conta própria, testando para doping e está “limpo” desde então. Considerando que era um setor – o pass rush – que precisava de ajuda em Tampa, pode dar muito certo.

A que pode dar errado: Roberto Aguayo, foto abaixo, um kicker na segunda rodada. Já falamos bastante sobre aqui

No final das contas: O time endereçou a necessidade de secundária ao longo do Draft, o que foi ótimo – especificamente com Vernon Hargreaves na primeira rodada e Ryan Smith, de North Carolina Central, na quinta. Foi um recrutamento sólido – mas ainda coço a cabeça para a escolha de Aguayo tão alto.

aguayo

Tennessee Titans

A escolha que pode dar certo: destaco duas necessidades latentes dos Titans: secundária e linha. A primeira foi bem endereçada com Kevin Byard na terceira rodada. A segunda o foi na primeira – embora ache que Taylor Decker era uma opção melhor que Jake Conklin – e na quinta rodada com o guard Sebastian Tretola – que era bem produtivo no sistema terrestre de Arkansas.

A que pode dar errado: Depois de trocar por DeMarco Murray você escolhe um running back na segunda rodada em Derrick Henry quando seu time tinha tantas outras necessidades? Sério?

No final das contas: os Titans puderam se dar ao luxo de arriscar com algumas escolhas, como Kevin Dodd no início da segunda rodada e Henry ainda na segunda. O motivo? Uma penca de escolhas devido a troca com os Rams. Se as apostas derem certo, os Titans saem (muito) no lucro.

Washington Redskins

A escolha que pode dar certo: Mais um membro da família Fuller na NFL e mais um cornerback, Kendall Fuller é talentoso – mas tem problemas no joelho. Por isso ele acabou caindo no recrutamento. Pode ser uma boa adição para o slot, dada a chegada de Josh Norman.

A que pode dar errado: Quantos recebedores Washington pretende ter no elenco em 2016? A equipe já contava com DeSean Jackson e Pierre Garçon e mesmo assim escolheu na primeira rodada… Outro recebedor em Josh Doctson. Ele era o melhor do recrutamento, mas pode ser uma gordura desnecessária aqui.

No final das contas: Doctson era o melhor jogador no board de Scot McCloughan, o general manager da franquia. Considerando seu talento de transformar jogadas em grandes ganhos, pode ser útil na NFC East – uma divisão tomada por questionamentos na secundária das equipes.

Primeira Resposta: seu feedback!

Seu feedback é sempre importante para nós. Participe, então, da seguinte forma:

a) Comentando com o DISQUS lá embaixo

b) Mandando perguntas para meu twitter, @CurtiAntony – com a “#PL” só para eu saber que você quer que a pergunta venha para cá.

c) E-mail para curti@profootball.com.br. Aliás, pode mandar qualquer tipo de feedback para esse email.

Lembrando, claro, que ao enviar perguntas você autoriza a publicação delas aqui em ProFootball.

Hello, Goodbye!

Meu leitor de longa data vai se lembrar que no embrião desta coluna, ainda em The Concussion e mais off-topic do que qualquer coisa (a AC/DC), eu mencionei que existe algo que todo jogador de FIFA que se preze tem que fazer na vida:

Pegar um time da quarta divisão da Inglaterra (a League 2) e subir para a Premier League. Após o feito do Leicester, voltei a esse plano. Ainda em 2013, no PlayStation 3, eu levei o Oxford United FC à segunda divisão quando acabei enjoando. Agora o projeto volta no PS4. Irei falar mais sobre em breve. Questão de honra. Hehe.

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