Como funcionam os contratos dos calouros pós-CBA 2011?

Alguns dias após o término do Draft, evento no qual as franquias da NFL selecionam talentos vindos do College Football para reforçar seus times, começa um momento importante do ano: o período de assinatura de contrato dos calouros. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, sobretudo quem acompanha o esporte há pouco tempo, um jogador não assina um vínculo logo que o seu nome é anunciado no microfone por Roger Goodell, comissário da liga. Isto acontece porque certos termos do pacto entre o atleta e a equipe precisam ser negociados.

Na verdade, atualmente pouquíssimos termos são negociáveis. Em 2011, a NFL e a NFLPA (associação de jogadores) firmaram um novo acordo coletivo-trabalhista (collective bargaining agreement, ou simplesmente CBA) que mudou de maneira drástica como os contratos de calouro são feitos. Resumindo, os jovens perderam praticamente todo o seu poder de barganha, pois os vínculos são “pré-fabricados” pela liga de modo que quase nada possa ser discutido. Além disso, chegou ao fim a era dos contratos monstruosos dados às escolhas mais altas do Draft, como, por exemplo, o oferecido à Sam Bradford em 2010: seis anos e 78 milhões de dólares (50 deles garantidos).

Neste texto, vamos explicar em detalhes a situação dos rookies pós-CBA 2011, contudo, antes de prosseguirmos, é importante lembrar como as coisas funcionavam no passado.

Contratos gigantescos e prioridade absoluta às escolhas de primeira rodada

Do mesmo modo que ocorre hoje, antigamente as franquias possuíam um limite máximo de dinheiro para gastar com as escolhas do Draft – o chamado Entering Player Pool. A diferença é que, segundo Andrew Brandt, ex-executivo dos Packers e atual colunista do site MMQB, cabia ao time decidir como repartir o montante. Com isso, as seleções de primeira rodada ficavam com a maior fatia do bolo, totalizando de 55 a 60% do pool total.

O resultado era um poder de barganha imenso para agentes e jogadores escolhidos no topo do Draft na hora de negociar os acordos. Esta é uma das razões para aberrações como o contrato de Bradford de 2010 ou o de Matthew Stafford de 2009 (seis anos e 72 milhões de dólares, sendo 41 deles garantidos). Pior ainda, entretanto, quando um contrato deste porte era dado para uma farsa como JaMarcus Russell – o quarterback assinou em 2007 com os Raiders por seis anos e 68 milhões.

Porém, como já dissemos acima, as coisas mudaram com o novo CBA – o próprio exemplo de Russell provavelmente foi decisivo no processo de transformação.

Acordos pré-fabricados, pouca negociação e rapidez para assinar com os calouros

Desde 2011, tanto o valor quanto o tempo de duração dos contratos dos calouros são pré-determinados pelo CBA. Todos os atletas draftados assinam vínculos de quatro anos e os seus salários são definidos pela posição de escolha. A fórmula exata utilizada para calcular isso não é muito clara, contudo basta termos em mente duas coisas: picks mais altas obviamente ganham mais dinheiro e a remuneração atual não é nem sombra do que era antes. Por exemplo, Cam Newton, o primeiro a sentir no bolso os efeitos do novo CBA, assinou com os Panthers por “apenas” 22 milhões de dólares em 2011 – uma pechincha se comparado ao custo de Sam Bradford.

Sobre a duração dos acordos, vale explicar uma exceção à regra. Se assim quiserem, as equipes têm o direito de adicionar um ano extra aos contratos das suas escolhas de primeira rodada. Esta é famosa opção de quinto ano, ou fifth-year option – confira aqui quais times usaram o recurso em 2016. Caso decida não exercer seu direito, a franquia verá seu jogador se tornar um free agent após a quarta temporada de vínculo. A remuneração desse ano extra também é pré-determinada, sendo calculada da seguinte forma: escolhas top 10 recebem a média dos 10 maiores salários da sua posição, enquanto que as picks inferiores recebem a média do terceiro ao 25º maior salário da posição.

Este novo modelo de contrato praticamente extinguiu as negociações entre calouros e franquias, pois os principais pontos já estão previamente estabelecidos. Claro, ainda existem pequenos detalhes burocráticos a serem discutidos, como, por exemplo, a linguagem ou os termos de pagamento de bônus, mas estes são aspectos apenas estruturais e de menor importância. O cerne do acordo, no caso a duração e o valor, só pode ser renegociado depois do jogador completar sua terceira temporada regular na liga.

Outra consequência do novo CBA foi o fim das greves (holdouts) de calouros. Ora, não faz sentido algum um atleta fazer greve tentando conseguir um contrato mais valioso se não existe possibilidade de negociação. Holdouts como os de JaMarcus Russell ou Michael Crabtree parecem ser coisas do passado. Além disso, hoje em dia, no geral, é muito mais simples e rápido para as franquias assinarem com as suas escolhas. Segundo Andrew Brandt, antigamente o período mais movimentado com assinatura de vínculos de calouros era pouco antes dos training camps, em julho. Já na atualidade, vemos vários jogadores selando acordos ainda no mês de maio – de fato, esta é a situação de algumas escolhas de primeira rodada do último Draft.

Em suma, o acordo coletivo-trabalhista firmado em 2011 revolucionou a NFL tirando poder dos calouros e favorecendo as franquias, as quais ficaram mais protegidas contra eventuais farsas como JaMarcus Russell ou Ryan Leaf. Ademais, os veteranos provavelmente também sentiram-se satisfeitos, visto que quantias absurdas de dinheiro deixaram de ser dadas à atletas que nunca disputaram uma partida como profissional.

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