Dropback: Packers e Panthers brigam NO SALDO DE PONTOS por vaga nos playoffs

1999. Muitos de vocês talvez mal se lembrem desse ano. Afinal, já se passaram mais dezessete. Entre a guerra no Kosovo, terremoto na Turquia e Fernanda Montenegro no Oscar, quem se lembra da NFL? A gente sempre lembra! Em 99, um curioso episódio marcou a última semana da temporada da NFL. Vários times chegaram à semana 17 com chance de classificação aos playoffs.

Mas nada se compara ao que viveram os torcedores de Green Bay Packers e Carolina Panthers. As equipes, cada uma em sua partida, tentavam marcar o maior número de pontos possível, para superar o adversário em saldo de pontos. Sim, é possível que uma vaga nos playoffs seja decidida pelo saldo de pontos, isso não é algo exclusivo do futebol. Hoje vamos relembrar os eventos deste inesquecível dois de janeiro de 2000 (já em 2000, mas referente à temporada 1999). Antes disso, vamos dar um passeio rápido pelos outros momentos marcantes daquela temporada.

Se você quiser acompanhar em vídeo, ao final do texto colocamos um registro histórico do fato – até para provar que não estamos inventando isso! Ao final dos jogos da tarde e antes do Sunday Night Football – numa época onde highlights na televisão ainda faziam sentido num mundo sem smartphones – a ESPN americana transmitia o programa Primetime. Chris Berman, com música épica de fundo, gritando WE NEED MORE POINTS é simplesmente fantástico.

A Temporada 1999

Antes do domingo louco sobre o falaremos a fundo mais à frente, muita coisa interessante e diferente aconteceu na NFL na temporada 99. Primeiro, foi o ano do retorno do Cleveland Browns à liga após 3 anos de ausência. O “renascimento” da equipe animava os torcedores para o promissor futuro da franquia. Bem… deixemos isso pra lá por enquanto. Além disso, Tennessee deixou o nome de Oilers (oriundo do período da franquia em Houston), assumindo-se a partir de então como Titans. Ao começarem os jogos propriamente ditos, nada se destacou mais que o desempenho do ataque do St. Louis Rams. Comandado pelo técnico Dick Vermeil, pelo coordenador ofensivo Mike Martz, e pelo até então desconhecido quarterback Kurt Warner, a equipe apresentou um dos mais potentes sistemas ofensivos da história da liga, que viria a ser chamado de “Greatest Show on Turf” (Melhor espetáculo na grama artificial – sim, com a tradução perde-se a magia…). Fato é que a equipe teve uma performance excelente, chegando ao Super Bowl.

A coluna “Dropback” é uma das metas que já foi batida no nosso programa de Sócios e Benefícios para os leitores. Ainda há muitas outras metas a serem batidas! Quer nos ajudar a produzir ainda mais conteúdo para você? Saiba mais clicando aqui.

Já na pós-temporada, outros eventos merecem destaque. No jogo de wild card entre Buffalo e Tennessee, os Titans viraram um jogo que parecia perdido com um touchdown de retorno de kickoff de Kevin Dyson, que contou até com passe lateral do tight end Frank Wycheck. Esta jogada ganhou para sempre o nome de “Music City Miracle” (o milagre da cidade da música). Na semana seguinte, o grande quarterback Dan Marino fez seu último jogo na liga. E os Jaguars carimbaram essa aposentadoria, ganhando dos Dolphins de Marino por 62 a 7. No fim das contas, St. Louis Rams e Tennessee Titans se enfrentaram no Super Bowl XXXIV, em Atlanta. Os Rams venceram por 23 a 16, com os Titans tendo a chance de empatar o jogo no último segundo, só para ver seu recebedor derrubado na linha de uma jarda. Como podemos ver, a temporada 99 teve muitos momentos impactantes, com vários entrando para a história da NFL. Agora falaremos sobre talvez o mais curioso deles: a disputa entre Dallas Cowboys, Green Bay Packers e Carolina Panthers por uma vaga nos playoffs.

02/01/2000 – a corrida pelos pontos

Ao chegarem na última semana da temporada 99, Cowboys, Packers e Panthers tinham 7 vitórias e 8 derrotas cada um. Brigavam, portanto, pela última vaga nos playoffs. Dallas tinha vantagem nos critérios de desempate, tanto contra Green Bay (por confronto direto) quanto contra Carolina (por vitórias em jogos dentro da conferência). Já Packers e Panthers estavam empatados em todos os critérios de desempate válidos à época (confronto direto, vitórias dentro da conferência, vitórias dentro da divisão, vitórias em jogos contra os mesmos oponentes). Desta forma, chegavam ao critério seguinte: saldo de pontos em todo o campeonato. É claro que, se Dallas ganhasse seu jogo, nada feito para as outras equipes, que estariam eliminadas. Entretanto, Dallas jogaria contra os Giants apenas no segundo horário de jogos do domingo, enquanto Green Bay e Carolina jogariam no primeiro horário (contra Arizona Cardinals e New Orleans Saints, respectivamente). Assim, para ter uma chance de classificação, cada uma destas equipes, além de ganhar, precisava terminar a temporada com saldo de pontos  maior que o da outra.

No início das partidas, os Packers tinham 18 pontos de vantagem com relação aos Panthers no saldo. Assim, Carolina começava seu jogo com a necessidade de marcar pontos (e rápido). Após o término do primeiro tempo, Carolina liderava os Saints por 24 a 0. Como Green Bay vencia Arizona por  14 a 3, os Packers seguiam em vantagem. Mas ainda tinha muito jogo (e muito vai e vem) pela frente.

3o quarto – Touchdown Packers – Dorsey Levens

Packers vencendo por 21 a 3 – diferença no saldo: Packers +12

3o quarto – Touchdown Panthers – Steve Beuerlein para Patrick Jeffers

Panthers vencendo por 31 a 0 – diferença no saldo: Packers +5

3o quarto – Touchdown Cardinals – Jake Plummer para Frank Sanders

Packers vencendo por 21 a 10 – diferença no saldo: Panthers +2

3o quarto – Touchdown Packers – Basil Mitchell (retorno kickoff)

Packers vencendo por 28 a 10 – diferença no saldo: Packers +5 Entramos então no último período da temporada para Carolina Panthers e Green Bay Packers. E o ritmo nos dois jogos seguia acelerado.

4o quarto – Touchdown Saints – Jake Delhomme para Eddie Kennison

Destaque para a participação do quarterback Jake Delhomme que, posteriormente, obteria grande sucesso jogando no próprio Carolina Panthers, liderando inclusive a equipe ao Super Bowl. Panthers vencendo por 31 a 7 – diferença no saldo: Packers +12

4o quarto – Touchdown Panthers – Michael Bates (retorno kickoff)

Panthers vencendo por 38 a 7 – diferença no saldo: Packers +5

4o quarto – Touchdown Packers – Dorsey Levens

Packers vencendo por 35 a 10 – diferença no saldo: Packers +12

4o quarto – Touchdown Cardinals – Mario Bates

Packers vencendo por 35 a 17 – diferença no saldo: Packers +5 Neste ponto estamos na metade do último quarto, e os times seguem correndo atrás de mais pontos (e os “coadjuvantes” Saints e Cardinals não querem ficar atrás)

4o quarto – Touchdown Panthers – Steve Beuerlein para Patrick Jeffers

Panthers vencendo por 45 a 7 – diferença no saldo: Panthers +2 Quase ao mesmo tempo, o cornerback Mike McKenzie salvou os Packers interceptando um passe de Jake Plummer na endzone, evitando o aumento da diferença a favor de Carolina. Ainda assim, agora os Packers estavam com a bola na sua linha de uma jarda, faltando menos de três minutos para o fim do jogo, precisando de pontos para ultrapassar Carolina. Entra em ação Brett Favre, comandando a campanha de Green Bay, que culminou em…

4o quarto – Touchdown Packers – Brett Favre para Bill Schroeder

Packers vencendo por 42 a 17 – diferença no saldo: Packers +5

4o quarto – Touchdown Saints – Jake Delhomme (correndo)

O técnico dos Saints, Mike Ditka, provavelmente irritado com o número de pontos que sua equipe estava tomando, resolveu tentar a conversão de dois pontos, mas não foi bem-sucedido. Panthers vencendo por 45 a 13 – diferença no saldo: Packers +11

4o quarto – Touchdown Saints – Jake Delhomme para Mac Cody

Packers vencendo por 42 a 24 – diferença no saldo: Packers +4 Apesar do touchdown dos Cardinals, a situação parecia impossível para Carolina, pois faltavam menos de 30 segundos em sua partida e os Saints iriam chutar o kickoff. Mas aí vem Mike Ditka, mais uma vez surpreendendo, e vai para o onside kick. Ao falhar, deu aos Panthers mais uma chance para a “virada” sobre os Packers. Green Bay por sua vez, estava gastando o tempo do relógio para preservar seu saldo, quando chegou a informação do onside kick falho dos Saints. Como os Panthers estavam com a bola, os Packers tinham então que tentar ampliar sua vantagem, voltando a atacar agressivamente. A campanha dos Panthers não deu em nada, enquanto Green Bay marcou o último touchdown do nosso artigo de hoje.

4o quarto – Touchdown Packers – Dorsey Levens

Packers vencendo por 49 a 24 – diferença no saldo: Packers +11

Balde de água fria

Apesar da “vitória” dos Packers sobre os Panthers, de maneira emocionante, mais tarde veio o balde de água fria. O Dallas Cowboys ganhou do New York Giants, classificando-se aos playoffs e eliminando os Packers.

E hoje? Seria possível alguma coisa parecida?

Sim seria possível, embora mais difícil. A NFL mudou seus critérios de desempate para classificação aos playoffs, e o saldo de pontos está agora atrás, além das categorias já citadas, dificuldade de vitórias (média das campanhas das equipes derrotadas) e dificuldade de tabela (média das campanhas de todas as equipes enfrentadas). É bem pouco provável que, dentro destes critérios, tenhamos um domingo insano com disputa de saldo de pontos como tivemos em 1999. Fica a lembrança deste dia inesquecível.

Quer uma oportunidade para assinar nosso site? Aproveita, R$ 9,90/mês no plano mensal, cancele quando quiser! Clique aqui para assinar!
“odds