Debate: Algum time pode destronar os Patriots na AFC East em 2016?

A coluna “Debate” desta semana está focada na AFC East. À luz da eventual volta de Dion Jordan, da suspensão de Tom Brady pelos quatro primeiros jogos da temporada e do impasse com Ryan Fitzpatrick nos Jets – e também lesões em Buffalo – será que algum time tem poder de fogo para destronar os Patriots na divisão?

Foi o que perguntamos para os leitores de ProFootball. Nesta coluna, semanal, fazemos um debate com dois pontos de vista diferentes: um a favor de uma dada afirmação e um contra. Nesta semana o tema é: Algum time pode destronar o New England Patriots na AFC East em 2016?

É, não parece ser uma pergunta fácil. Os Patriots venceram todos os títulos da AFC nesta década e a última vez que alguma outra franquia venceu a divisão foi em 2008 – ano no qual Tom Brady se machucou na primeira semana contra o Kansas City Chiefs (ficando fora do restante da temporada). Desde então só deu Patriots.

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Mas a NFL é cíclica, como todos sabem. Às vezes uma equipe surge de modo arrebatador e destrona outra que era campeã de divisão e favorita ao título. Exemplos não faltam dessas equipes que “vem do nada”. Só no ano passado, por exemplo, o Carolina Panthers era apenas a 23ª equipe favorita (em Las Vegas) ao Super Bowl no ano passado e, além de vencer sua divisão acabou vencendo a conferência também.

Feita essa contextualização, vamos ao debate então?

O New England Patriots não vence a AFC East em 2016

por Lucas Ziderich, leitor do ProFootball

Com Fitzpatrick assinando o contrato, os Jets teriam chances razoáveis. Mesmo com o ótimo desempenho ano passado, era o primeiro ano com a dupla dele com Brandon Marshall. A tendência natural seria uma evolução devido ao maior “costume” com o playbook. A defesa melhorou seu pass rush no draft e já tem Leonard Williams (3 sacks em 2015) e Lorenzo Mauldin (4 sacks no ano passado) estão indo para seu segundo ano, podendo melhorar ainda mais.

Talvez a secundária tenha piorado com a saída de Antonio Cromartie e a idade de Darrelle Revis, mas a adição de linebackers atléticos como Jenkins e Darren Lee (biotipo preferido de Todd Bowles) mais o incrível aumento de produção de Calvin Pryor quando saudável devem igualar a perda. E como cereja no bolo, Brady não jogará quatro jogos, e a idade – PELO AMOR DE DEUS NÃO AGUENTO MAIS PERDER PRA ELE – pode pesar neste ano.

por Murillo Vale, sócio do ProFootball –  veja aqui como se tornar um e ter lugar cativo nesta coluna

Todos esperam a assinatura de contrato com Fitzpatrick, mas quando? Presumindo que tal acordo seja assinado e/ou que seja definido quem Todd Bowles usará como general em campo, creio que os fãs dos Jets pode ser otimistas.

Os Jets assinaram com Ryan Clady para substituir D’Brickashaw Ferguson, acertaram com Matt Forte e Khiry Robinson para compensar a perda de Chris Ivory e reforçaram o front seven de maneira significativa.

O time conseguiu um verdadeiro steal com Darron Lee, um outside linebacker explosivo de Ohio State com a 20ª escolha geral do Draft. Deve ajudar bastante ajudando na cobertura dos tight ends adversários.

Todd Bowles teve uma campanha de 10-6 em sua primeira temporada como Head Coach. Resolvendo a questão do QB titular, tem as peças corretas pra disputar a divisão.

por Victor Carneiro, leitor do ProFootball

O Buffalo Bills é um time de muito potencial!

Quem não acompanha os Bills de perto, pode ver seu recorde de apenas 8 vitórias em 16 jogos, aproveitamento de apenas 50%, e pensar: “Esse time é mediano e não tem a menor chance de desbancar os Patriots de Tom Brady!”

Quem pensa assim, entretanto, está enganado. O Buffalo Bills é um time recheado de bons jogadores que podem elevar muito seu nível de jogo em relação ao do ano passado.

O ataque é liderado pelo quarterback Tyrod Taylor, apenas em seu segundo ano como titular, que chegou ao time dos Bills na temporada passada depois de 4 temporadas como reserva de Joe Flacco nos Ravens. A tendência é de melhora no jogo dele, pois ele agora já está a mais tempo treinando com o playbook do time de Buffalo e tem mais sintonia com seus recebedores, devido ao fato de ter mais tempo de treino com eles. Apesar da perda de Chris Hogan para o rival New England Patriots, o jogo aéreo ainda deve melhorar bastante devido aos motivos já citados e ao fato de Sammy Watkins, wide receiver número 1 da equipe, estar entrando em sua terceira temporada, normalmente é nela em que ocorre a maior taxa de evolução por parte dos recebedores da NFL.

Com a melhora do jogo aéreo, a tendência é que o ataque do Buffalo Bills deixe de ser unidimensional, fazendo as defesas jogarem de forma honesta. Isso pode abrir ainda mais espaços para o espetacular jogo terrestre da franquia, que já se destacou ano passado por ter sido o melhor da liga, e deve-se manter nesse nível, já que os jogadores de linha ofensiva e os running backs se mantém praticamente os mesmos.

Na defesa, ano passado, os torcedores dos Bills se irritaram ao assistirem uma defesa extremamente indisciplinada, cometendo uma falta atrás da outra. As defesas de Rex Ryan, técnico de Buffalo, são conhecidas por seu aspecto físico e por estarem sempre entre as melhores da NFL, no entanto isso não ocorreu na temporada passada. Em algumas partidas, como contra o Washington Redskins, o que se viu foi uma defesa completamente dominada pelo ataque adversário.

Acredito, porém, que o mesmo não deve se repetir na temporada que está por vir. A defesa da equipe apresenta diversos nomes de qualidade, como Kyle Williams, Marcell Dareus, Jerry Hughes e Stephon Gillmore. Além deles, as adições dos calouros Shaq Lawson e Reggie Ragland também podem dar grande ajuda para a defesa em 2016. O pass rush da equipe é sensacional e, com a ajuda de uma boa secundária, que deve melhorar com a evolução do segundanista Ronald Darby, a defesa do time do Estado de Nova York pode se tornar uma das melhores da NFL na temporada vindoura!

Além do grande potencial de melhora da equipe tetra-vice do Super Bowl, outro fator pode ser essencial na decisão da divisão Leste da Conferência Americana e pesar para o lado dos Búfalos. Tom Brady está suspenso pelos 4 primeiros jogos da temporada! A suspensão do quarterback patriota pode fazer com que o time de Massachussets perca alguns jogos importantes, e que podem fazer falta no final da temporada. E adivinha só quem os Patriots vão enfrentar na semana 3, sem seu principal jogador? O Buffalo Bills, que pode se aproveitar do fato dos Patriots estarem jogando com seu quarterback reserva, Jimmy Garoppolo, super inexperiente, colocá-lo sob muita pressão e, sair de Foxborough com a vitória no confronto direto e fora de casa. No segundo jogo, os Patriots contarão com Tom Brady, entretanto, jogando em Buffalo, podem ser surpreendidos e perder novamente. Sendo assim, o Buffalo Bills tem ótimas chances de ganhar pelo menos 1 confronto direto contra os Patriots ou, até mesmo ganhar os 2 jogos e obter enorme vantagem!

Olho nos Bills, porque a equipe comandada por Rex Ryan pode surpreender o mundo e, tirar a coroa da AFC Leste de Brady e companhia pela primeira vez desde 2008!

O New England Patriots vence a AFC East em 2016

por Guilherme Freixes, sócio do ProFootball –  veja aqui como se tornar um e ter lugar cativo nesta coluna

Gostaria de dizer que sim, mas não acho que vai acontecer. Ainda com a suspensão de Brady sendo mantida, acho que depende mais de um outro quarterback para dizer se os Patriots caem do topo da AFC East. Se Jets e Ryan Fitzpatrick entrarem em acordo e ele voltar em 2016, talvez tenhamos um time que pode derrubar New England.

Ainda assim, acho difícil. Apesar de ter uma agenda bem difícil esse ano, não vejo outro time da divisão com condições de bater o time de Belichick a não ser que eles percam alguns jogadores importantes por lesão.

por Gustavo Bauer, leitor do ProFootball

Mesmo que Jimmy Garopollo tenha campanha de 0-4 e os Patriots percam 2 jogos com o Brady, eles ainda ficariam 10-6. Apesar de ter uma tabela difícil, os outros times da AFC East teriam que fazer a mesma campanha com uma tabela tão difícil quanto.

O que eu acho improvável já que os Jets foram 10-6 na temporada passada e tem uma tabela muito mais difícil que ano passado (AFC South e NFC East no ano passado e, neste ano, esse ano AFC North e NFC West).

por Antony Curti, editor-chefe do ProFootball

O New England Patriots tem um dos maiores reinados divisionais da história. E ele não se deve a uma ou outra peça do elenco. Muito se deve a dois caras que lá estão desde o início desse reinado + inépcia na posição de quarterback dos dois outros times.

Veja, mesmo após o Apocalipse no Arrowhead em 2014, eu disse de modo infame que os Patriots dificilmente venceriam outro título na NFL. Mas mesmo naquele desastre em que a equipe se encontrava, lembrei que ao menos a AFC East eles venceriam. Foi assim desde 2003, aliás.

Desde que Tom Brady e Bill Belichick se juntaram – tendo aquele como titular em 2001 – a equipe só não venceu a divisão em duas oportunidades. A primeira, em 2002, uma ressaca do título de 2001. A segunda, em 2008, num ano em que o Miami Dolphins inovou com a wildcat e Brady estava fora por lesão desde a semana 1.

Isso, ao menos, é o que as pessoas querem acreditar. Não creio que a wildcat tenha sido o único motivo. Claro: ajudou a vencer os Patriots, mas e nos outros 14 confrontos de Miami naquela temporada? Sabe quem ajudou bastante? Chad Pennington, quarterback dos Dolphins naquele ano e um dos mais subestimados jogadores da posição. Os Jets, que duelaram com os Dolphins pelo título da AFC East até a última semana, tinham em Brett Favre um signal caller acima da média.

Entendeu onde quero chegar? Não é coincidência o declínio de Buffalo após a aposentadoria de Jim Kelly, declínio de Miami após a aposentadoria de Dan Marino e a ascensão de Brady/Patriots nos anos 2000. A falta de estabilidade na posição de quarterback nas outras equipes da divisão explica muito o domínio patriota.

Ao mesmo tempo, se você quer parar os Patriots – como evidenciado múltiplas vezes nesses anos todos, a ver Super Bowl XLII e final da Conferência Americana ano passado – você tem que pressionar Tom Brady. E preferencialmente sem mandar muita blitz – porque se faz isso, a Teoria do Cobertor Curto entra em ação. Ao mandar linebacker para cima de Brady, Rob Gronkowski terá menos homens em cobertura no meio do campo. É a receita do desastre.

Para destronar New England é necessário um pass rush extremamente prolífico e um quarterback acima da média – pelo menos na parte mental. Não por coincidência, foi o que John Elway montou para ganhar a Conferência Americana justamente em cima de New England. E, neste momento, não vejo esses elementos nas outras equipes, ao menos não para 2016.

O Miami Dolphins tem um signal caller na média quando muito em Ryan Tannehill. E o pass rush, mesmo com Ndamkukong Suh, não foi eficiente no ano passado. A franquia acumulou apenas 31 sacks no ano passado (25ª da liga).

Buffalo se encontra em situação parecida. Por melhor ano que Tyrod Taylor tenha tido, não confio 100% nele (ainda) para comandar um título de divisão. No lado defensivo, o pass rush é uma incógnita. Foi o melhor da liga em 2014 com 54 sacks – mas no primeiro ano de Rex Ryan como head coach esse número caiu para 21, segunda pior marca da liga. A tendência é que haja melhora, claro – mas é difícil sonhar com uma melhora que signifique ser top 5 da liga no quesito. A escolha de primeira rodada, Shaq Lawson, é uma potência no setor – mas está machucado. E o resto da unidade está um ano mais velho.

Por fim, temos o New York Jets. Fitzpatrick é o que chamo de “quarterback na média”. Não vejo ele na lista dos dez melhores – coisa que considero necessária para bater os Patriots. Do outro lado, o pass rush dos Jets é muito focado em blitz e talvez isso não seja o ideal para conter New England e um quarterback tão inteligente como Brady – e que tem uma válvula de escape como Edelman/Gronkowski/passes para running backs. Justamente por isso a equipe foi atrás de Darron Lee (outside linebacker de Ohio State) – talvez a ideia seja cobrir Gronkowski como strongside linebacker em situações que Bowles mande blitz. De qualquer sorte, ainda não vejo como um calouro possa fazer isso ainda em 2016. Daqui alguns anos a fórmula pode funcionar, em 2016 acho que não.

Em resumo, existe fórmula para bater o New England Patriots e ela já foi executada múltiplas vezes com perfeição: quarterback sem errar, jogo terrestre comendo cronômetro e Brady sofrendo pressão – sobretudo pelo meio da linha. Voltando ao fatídico 29 de setembro de 2014, Alex Smith teve 144 de rating e Brady foi pressionado múltiplas vezes. Na final da Conferência Americana, Manning teve dois touchdowns e nenhuma interceptação. Brady teve duas e viveu um inferno a tarde toda com o pass rush de Denver.

O que pode pesar contra o New England Patriots são os 4 jogos de suspensão para Brady. Mas como já disse em Primeira Leitura, os Colts em 2008 começaram a temporada com 3-4 (Manning estava machucado) e terminaram o ano com 9-0 para se classificar com 12-4. O desastre só começaria a acontecer se New England começar 1-3 – ou seja, perdendo para Cardinals na semana 1, Dolphins na semana 2 e Bills na 3. Para o azar das franquias da AFC East, esses dois jogos com Brady hipoteticamente suspenso são no Gillette Stadium – onde nenhuma das duas venceu nesta década.

Isso porque eu sequer mencionei que, caso a suspensão de Brady seja mantida, ele volta cuspindo fogo na Semana 5. E quatro jogos a menos sem tomar pancada na temporada.

Neste momento, eu ainda não vejo nenhum time da AFC East que seja capaz de executar essa fórmula. E acima eu contei apenas os outros times – sequer falei dos méritos próprios dos Patriots, que são uma equipe forte dos dois lados da bola. Poucos mencionam que há vida além de Brady. New England foi a segunda equipe com mais sacks produzidos no ano passado (49) – só perdeu para Denver.

A menos que haja um gigantesco salto de produtividade nos quesitos acima ilustrados – e eventual queda de rendimento de Brady por conta da idade – a divisão ainda será vencida pelo New England Patriots.

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