Blackboard: Singleback, Shotgun e etc: As formações ofensivas no futebol americano

4-4-2, 4-2-3-1, 3-5-2, 4-1-4-1. Formações futebolísticas são importantíssimas para entender o andamento de um jogo no esporte bretão, assim como a função de todos os jogadores em campo. No futebol da bola redonda também importa, e muito, a característica do jogador que está em campo: vai colocar um meio de campo mais rápido ou de mais posse de bola em um 4-1-4-1? Prefere jogar com laterais que marcam mais, volantes que sabem sair jogando ou não? Se no primo distante da bola oval, que é bem mais simples no quesito tático, é tão importante entender as formações, por que seria diferente no futebol americano?

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“Shotgun, 10 personnel, Double Stack set.” O leitor já pode ter se deparado com tal frase durante uma terceira para 10 decisiva e ficou se perguntando: o que ele está falando? Aprender o básico sobre as formações ofensivas é essencial não apenas para entender o 4-3 e o 3-4, mas também para entender o conceito do futebol americano – esta alegoria da guerra. O personnel, que será amplamente utilizado daqui para frente, já foi explicado neste texto aqui da série.

Novamente, cada formação ofensiva existe por um motivo. Formações perto da goal line possuem mais jogadores pesados pois a intenção é ganhar na força as poucas jardas que faltam para o touchdown. A West Coast Offense se baseia em formações equilibradas, que permita passes rápidos e drops de 3 a 5 passos dos quarterbacks. Já a Spread Offense, que tem o intuito de explorar o campo de maneira horizontal e vertical, gosta do Shotgun pois pode espalhar os seus recebedores de maneira mais efetiva. Além disso, colocar um personnel diferente em campo ou um set mais voltado ao passe ou à corrida pode denunciar a intenção da equipe no momento – e enfraquecer o passe ou a corrida. Além do mais, lembre-se que a defesa guia as suas formações pelo que o ataque está mostrando em campo – exceto em casos excepcionais. Logo, não dá para entender o porquê do nickel e do dime existir sem entender as vantagens e desvantagens de algumas formações – como a Shotgun e a Pistol.

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Hoje em dia as coisas são um pouco mais complicadas e misturadas. Jogadores são multifuncionais permitindo a utilização de diferentes formações, existem um número gigante de sets ofensivos para confundir a defesa e os playbooks são bem trabalhados e diversificados. Mesmo assim, aspectos básicos pouco mudam e entendê-los proporciona uma experiência muito melhor assistindo a partida.

Antes de abordar sobre as formações em si, vale abrir um espaço para comentar a posição mais versátil, criativa e flexível do futebol americano atual: o tight end. Afinal, a maioria dos playbooks de hoje em dia possuem o tight end como a peça fundamental do funcionamento ofensivo. A posição é ideal para demonstrar no que o jogo se transformou: versátil, flexível e imprevisível.

Tight ends

Na era da flexibilidade, versatilidade dos ataques e diversos sets e formações, o tight end é a peça que propicia esta abertura nos playbooks ao redor da liga. Por causa de tamanha importância nesta nova NFL (extremamente baseada no passe), a posição ganhou diferentes denominações para suas diferentes funções:

  •  In line tight end: o mais clássico de todos. Também conhecido como Y-tight end, o in line é o jogador que vai colocar as mãos no chão durante a corrida, efetuará bloqueios para o jogo terrestre e proteção do quarterback, se alinhará no slot algumas vezes e será a peça central das jogadas na red zone. É o famoso atleta de três downs e, normalmente, o titular entre os diversos tight ends do elenco. A preferência é por atletas que tenham 1,93 metro para cima (6’4”) e uma massa entre 115 e 125 quilogramas – sendo o maior entre os jogadores da posição. Algumas equipes gostam de contar só com esta posição – normalmente ataques com playbooks mais influenciados pela West Coast Offense.
  • Flex tight end: Também conhecido como F-tight end, ele é considerado um wide receiver mais forte. O F-tight end alinha-se constantemente no slot, algumas vezes como wide receiver e funciona como um bloqueador número dois para o ataque. A pretensão é que o jogador seja extremamente prolífico agarrando passes e atlético (principalmente com uma boa explosão), deixando a capacidade de executar bloqueios em um segundo plano. Prefere-se atletas que tenham até 1,91 metro de altura (6’3”) e uma massa entre 100 e 110 quilogramas – jogadores mais leves e ágeis, porém com a capacidade de bloqueios reduzida.

Por exemplo, no Philadelphia Eagles, sob a tutela de Chip Kelly, Brent Celek era o Y-tight end enquanto Zach Ertz fez o papel de F-tight end. Com Doug Pederson virando o técnico principal, a expectativa é que Ertz assuma o papel de ser o tight end clássico e Celek veja seu espaço diminuindo.

Existe também um outro tipo que tem uma função diferenciada dos dois acima:

  • H-back: Este nome confunde algumas pessoas por causa do halfback – que é um running back. O H-back é um tight end menor (prefere-se jogadores que tenham até 1,93), mais forte e que seja extremamente versátil. Com o fim dos fullbacks na maioria dos elencos, o H-back faz o papel de fullback em algumas jogadas, funciona como um terceiro bloqueador na linha (normalmente não se alinha ao lado dos tackles, mas sim uma jarda para trás) e também é requisitado no slot. Este tipo de jogador precisa ser o mais polivalente de todos: saber correr com a bola e ser um bloqueador que sai do backfield (quando faz o papel de fullback), receber passes, bloquear perto da linha e correr rotas. Obviamente eles não dominam nenhuma área, porém são a peça fundamental para a versatilidade ofensiva. Popularizada por Joe Gibbs quando treinador de Washington, a posição começou a tornar-se ainda mais importante com a recente flexibilização das formações ofensivas.Usando novamente os Eagles, Trey Burton foi o H-back da franquia no último ano.

Obviamente algumas equipes não tem os três tipos no plantel. Alguns técnicos preferem não ter um F-tight end (o H-back faz o seu papel), outros não possuem o H-back e, por fim, alguns esquemas mais tradicionais só contam com o Y-tight end. Entender esta diferenciação permite ter o primeiro contato com a complexidade do jogo e também o porquê de usar cada formação. Agora, antes de pularmos para as formações em si, vale a pena conhecer um pouco da história atrás delas.

Um pouco de história

Como vocês devem imaginar, a história das formações ofensivas está emaranhada com a história dos sistemas defensivos e do futebol americano em si. No início do jogo, apenas corridas eram permitidas e a pancadaria rolava solta. Por causa disso, formações em massa eram utilizadas e o jogo tático de hoje em dia era um pouco menor. Tudo mudou quando foi decidido que era preciso diminuir os índices de lesões graves e também tornar o jogo mais atraente.

Em 1906 o passe para frente foi tornado legal e as formações em massa foram extintas. Com isso, nos primeiros anos uma formação anterior a T-formation (que foi reformulada depois nos anos 30 e 40) ainda dominava os gramados, porém o princípio da revolução feita por Pop Warner, lendário personagem que ganhou quatro campeonatos nacionais durante a primeira metade do século XX, já começava em Carslile – uma universidade para nativos norte-americanos. Warner tinha a disposição, na época, um dos maiores atletas da história do esporte mundial: Jim Thorpe. Sua habilidade era incrível e era preciso criar um sistema que fizesse com que Thorpe pudesse ser a estrela correndo – e até ser um punter nas quartas descidas. Foi aí que começou a Single Wing formation.

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A ideia da formação é simples: muita corrida e força física. As counter (quando o tailback começa a correr em uma direção e corta para a outra) tinham como intenção deixar as defesas honestas e com Jim Thorpe no backfield era difícil ver alguma fraqueza em campo. Com o tempo, Warner viu que precisava de algumas variações (principalmente após Jim Thorpe deixar a universidade) e acabou criando a Double Wing formation, que buscava dar um equilíbrio maior no ataque.

Double-wing2Notou algo estranho? Sim, não tinha um quarterback em algumas variações. Para que, afinal? Era só o jogo terrestre que importava. Apesar disso, algumas variações da Double Wing (que se baseava bastante em corridas de power, principalmente por fora dos ends) incluíam quarterbacks, mas mesmo assim ela continuava bem desconfortável para desenvolver o passe.

Com a regra de 1918, que o passe podia ser agarrado em qualquer setor do campo, e logo após a chegada das regras de roughing the passer e o passe para frente que caísse no chão virar incompleto, a necessidade de desenvolver um jogo aéreo ficou nítida – só que a Single Wing e a Double Wing não possibilitavam isso. Foi a partir desta necessidade que a T-formation sofreu uma releitura no início dos anos 30 e ficou realmente popular na final da NFL de 1940, quando o Chicago Bears de George Halas humilhou Washington por 73-0 – e assim ela se difundiu na liga.

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A T-formation foi extremamente importante para o desenvolvimento do futebol americano. Existiu variações no backfield, como o fullback jogando no meio cercado de dois halfbacks (substituindo o tailback e o wingback), mas a formação tinha este princípio e foi muito popular. Com os dois tight ends podendo fazer rotas curtas, ela era ideal no início do passe. Com a alteração de Paul Brown, espaçando os tight ends, a formação podia atacar o meio com mais qualidade e foi o motivo do surgimento do 4-3.

A T-formation foi inspiração para muitas outras formações (principalmente após as ideias de Brown) como a Split Back e a I-formation – ambas surgindo entre os anos 40 e 50. As formações mais modernas que vamos ver aqui só foram surgindo mais para frente: a Singleback, por exemplo, ficou muito mais famosa na década de 80 com a Run and Shoot Offense e a Shotgun nos anos 60, como uma solução para melhorar o jogo aéreo.

As formações básicas

Singleback (ou formação Ace)

A formação Singleback é caracterizada quando o ataque está no 1x personnel, ou seja, quando eles contam com apenas um running back em campo, e o quarterback está under center – sendo x o número de tight ends, sendo variável de 0 para cima. Single = simples, back = running back. Ou seja: há apenas um running back em campo.

Singleback
A vantagem deste tipo de formação é o alinhamento do running back, que fica sozinho no backfield. O jogador fica a quatro, quatro jardas e meia da linha de scrimmage e possui uma visão muito mais ampla do que está acontecendo a sua frente. Além disso, a formação dá uma flexibilidade enorme nos estilos de bloqueios (zona ou não), bem como personnel e estilo ofensivo – seja mais uma West Coast ou uma Run and Shoot, por exemplo.

O principal motivo por esta formação ganhar todo o espaço da I-formation é devido as possibilidades no jogo terrestre. Enquanto nesta formação pode-se chamar diferentes tipos de corrida com mais facilidade (inside e outside zone run por exemplo) e efetividade (o sweep fica mais dinâmico), a I-formation conta com corridas mais tradicionais. Um exemplo clássico é na inside zone run (ou inside zone blocking): na I-formation haverá um bloqueador inútil (o fullback) que não vai seguir o mesmo que o running back – e vai ficar fora da jogada.

I-formation

A formação em I conta com o ataque estando em um 2x personnel, sendo que os dois running backs estão logo atrás do quarterback – que está under center. Normalmente os dois ficam alinhados como se formassem um I.

I-formation

A formação em I é a mais clássica do futebol americano. Ela é o símbolo do chamado smash mouth football: correr com a bola incansavelmente, doutrinando a defesa e controlando o jogo. Vale ressaltar que a formação era amplamente utilizada para qualquer tipo de corrida, mas com a popularização da Ace ela perdeu espaço.

Mesmo assim, até hoje a maneira mais eficiente de correr pelo A-gap é com a formação em I – eficiência provocada pelo bloqueador no backfield, o fullback. A maioria das equipes ainda mantém este tipo de formação no playbook, mesmo não contando com um fullback no elenco. Neste caso, o H-back vai para o backfield fazer o papel de bloqueador.

A própria I-formation é bem flexível com relação ao fullback: ele pode se alinhar logo atrás do quarterback, no strong side ou weak side do campo. Alinhá-lo em algum lugar lado preferencial do campo denuncia um pouco para onde vai a corrida, porém é muito bom para corridas de power e counter – assim como corridas que visam explorar a lateral do campo.

Vale ressaltar que existem diversas variações desta formação, como a Maryland I (um outro halfback fica atrás do halback da formação em I) e a Power I (dois fullbacks ficam lado a lado e um halfback fica atrás deles). Assim como a Flexbone, este tipo de formação raramente aparece na liga, sendo mais comuns no college.

Como a alteração na linha ofensiva diminuiu a importância da I-formation

Antes de continuarmos para as outras formações, vale parar um pouco para analisar esta transformação da Ace para a I-formation. A mudança não ficou apenas por conta de sair um fullback e entrar um tight end. Ela é mais profunda e passa para a linha ofensiva, que alterou-se drasticamente nos últimos anos com o desenvolvimento do jogo aéreo.

Com o passe sendo cada vez mais importante, as equipes começaram a focar em mais pass rushers de qualidade e o combate ao jogo terrestre não é tão importante quanto antes. Jogadores ágeis, explosivos e técnicos ganharam muito espaço e, naturalmente, vão ter muito mais facilidade quando enfrentam linhas ofensivas altos, fortes e pouco ágeis – que são o símbolo do smash mouth football. Com esta flexibilização dos pass rushers, era natural que alguns esquemas começassem a procurar linhas ofensivas mais ágeis, atléticos e isto alterou o modo de algumas equipes correrem com a bola.

Jogadores mais atléticos, explosivos e ágeis vão ter menos capacidade de mover os linhas defensivas a sua frente, porém serão mais efetivos em chegar no segundo nível defensivo – proporcionando um cenário mais ideal para sweep, outside zone blocking e inside zone blocking. Note que as corridas pelo meio ainda acontecem, porém de um jeito diferente – com a inside zone blocking. Some isso ao processo de aumentar a versatilidade e não fica difícil compreender a extinção dos fullbacks e a I-formation ser menos usada hoje em dia.

Formação Shotgun

Criada na década de 60 pelo então técnico do San Franscisco 49ers (Red Hickey), a formação Shotgun cresceu muito com o aumento do volume do jogo aéreo. Esta formação não possui um personnel característico: é a posição do quarterback que a define.

Shotgun
Neste tipo de formação o quarterback posiciona-se logo atrás do center, porém fica a quatro ou cinco jardas da linha de scrimmage. Com esta adaptação ele não precisa se movimentar tanto para trás quanto nas formações under center, aumentando o tempo para decisões e facilitando as leituras. Este é o motivo que ela cresceu na preferência dos técnicos. Alguns tipos de ataque utilizam somente (ou quase em sua totalidade) o shotgun.

Sem ter que se preocupar com o trabalho dos pés no drop, lembrando do pass rusher e de não sair do pocket, rotas ainda mais rápidas combinadas com rotas longas ficam mais fáceis de ser executadas. Além disso, o quarterback está de pé, o que facilita a sua leitura desde o momento do snap – seja para detectar a cobertura ou o pass rusher empregados. A desvantagem, teórica, fica por conta do jogo terrestre, visto que o running back não pega a bola em velocidade (como na Singleback) e ele já tem uma direção preferencial para onde ir – o que facilita a leitura defensiva.

Um ponto muito importante é que na formação Shotgun o running back (caso haja um em campo) fica ao lado quarterback, ao contrário da formação Pistol. Isto faz uma diferença grande para o jogo terrestre – e foi o incentivo para o surgimento da Pistol.

Formação pistol

Tirando as formações na goal line (que não serão abordadas neste texto), as formações Ace, I, Shotgun e Pistol são as mais usadas na liga – dificilmente você verá outro tipo de formação enquanto assiste à NFL. A Pistol surgiu apenas neste século e foi criada para aliviar um dos grandes defeitos da Shotgun.

A formação Pistol é muito parecida com sua inspiração (a Shotgun), conquanto possui diferenças sutis que aumentam a sua efetividade. O quarterback fica mais próximo do center (cerca de três, quatro jardas da linha de scrimmage), possibilitando o posicionamento de um running back as suas costas – umas duas a três jardas, dependendo das intenções no momento.

A Shotgun surgiu com o objetivo de melhorar o jogo aéreo, facilitando a locomoção do signal caller. O problema é que o running back, ficando ao lado do quarterback, não recebe a bola em velocidade, minando um pouco a efetividade das corridas. Outro detalhe é que o jogo terrestre torna-se mais previsível, visto que o running back fica limitado com relação ao caminho que poderia seguir. Já na Pistol, com o corredor ficando atrás do lançador, ele vai receber a bola em velocidade e pode ir para qualquer direção, dificultando a leitura da defesa.

Pistol

Uma das conclusões mais precipitadas que alguns usam é que a formação Pistol é exclusiva para a Read Option. Isto não é verdade. Jogadas de read podem ser realizadas tanto na Shotgun quanto na Pistol, a diferença é, novamente, a imprevisibilidade do running back. Este foi o motivo que as imagens utilizadas eram do ataque do Denver Broncos comandado por Peyton Manning, que não era baseado na read option. Uma discussão muito interessante seria sobre a diferença do jogo terrestre partindo do Shotgun com relação às formações under center, mas isto fica para um próximo Blackboard.

Comparação

Outras formações

O futebol americano e as formações são diretamente ligados em sua história. Novas fases resultam em novas formações e outras abandonadas. As quatro listadas acima dominam a liga nos dias atuais (pouquíssimas jogadas são feitas em formações diferentes), mas vale ressaltar que existiram (e existem) outras.

Pro set formation

Um exemplo de formação abandonada é a Pro Set – também conhecida como Split Backs, exibida acima. Nela o quarterback fica under center e os dois running backs (um halfback e um fullback) ficam lado a lado as suas costas. Uma variação desta formação é a Veer – o fullback é substituído por um outro halfback. A Pro Set era bastante popular no início da filosofia West Coast, dado que tal filosofia ofensiva tinha como um de seus pilares os passes para running i (e no caso eles podiam sair para um dos lados da linha).

A Split Backs é usada devido a imprevisibilidade do handoff ser feito para qualquer um dos running backs. Com a popularização da Singleback, esta formação foi esquecida pelas equipes no nível profissional. A Split Back acabou se juntando a Flexbone, formação em T, formação em V, Single (e Double) Wing e a Emory and Henry: pouquíssimas utilizadas na NFL e um pouco presentes no college football.

Mesmo existindo poucas formações utilizadas, os ataques confundem as defesas abusando de diferentes sets. Obviamente existe uma quantidade enorme de sets em cada formação.

Sets

Quatro formações (além daquelas utilizadas na Goal Line) formam a base da liga, porém cada playbook diferencia-se muito do outro devido aos sets utilizados pelos técnicos. Como existem inúmeros, aqui será relatado alguns mais básicos e que podem ser detectados pelos olhos mais atentos.

Spread Set

Presente tanto em formações Ace quanto na Shotgun (e na Pistol), o Spread é quando o ataque coloca quatro recebedores bem abertos, trabalhando bastante o campo tanto na vertical quanto na horizontal.

Spread
O Spread obriga as defesas adversárias a jogarem em subpackages (seja nickel ou dime) e facilita as leituras do quarterback no passe – mais espaço utilizado gera mais confusão defensiva. Alguns ataques são totalmente baseados neste conceito de aproveitar o campo tanto vertical quanto horizontalmente – que é a chamada Spread Offense.

3×1, 2×1 e outros parecidos

Uma maneira prática de descrever o posicionamento dos recebedores é utilizando este tipo de nomenclatura. O 3×1 set é quando existem três recebedores posicionados de um lado da linha ofensiva enquanto do outro existe apenas um.

3x1

O 3×1 é amplamente utilizado nas formações Shotgun. Ele é principalmente atrelado a combinações de rotas que criem triângulos em campo ou para jogadas de leitura hi-lo – o que facilita a leitura do quarterback, mas que pode ocasionar turnovers caso uma leitura errada seja feita. É um set extremamente comum para jogadas de passe.

Stack

Outro set muito popular nos dias de hoje é o Stack. Neste tipo de posicionamento dois recebedores ficam alinhados juntos, sendo que um fica atrás do outro.

Stack

Este posicionamento é utilizado devido a dois fatores. O primeiro é que o recebedor sai ileso da linha de scrimmage (sem contato), facilitando o desenvolvimento de sua rota – quanto menos contato mais eficiência. Outro fator é que a defesa pode se confundir na marcação devido ao cruzamento de rotas dos dois atletas alinhados, aumentando as chances de um erro defensivo – logo, fica evidente que rotas crossing são muito usadas quando o ataque se posiciona assim.

Linha desbalanceada

O último set aqui apresentado. A cada dia que passa a NFL incorpora conceitos utilizados pelo college e a linha desbalanceada vem tornando-se popular:

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A linha desbalanceada nada mais é que o deslocamento de um jogador de linha para outra posição. No caso acima, o left tackle saiu do lado do left guard e alinhou-se ao lado do right tackle – deixando um tight end em seu lugar. Note como esta mudança alterou completamente o front seven adversário: o nose tackle e o defensive end a esquerda estão na 2-tech (em frente ao guard, bem diferente do 3-4 original) e o defensive end da direita está na 5-tech – caso esteja confuso o que é tech, leia aqui.

A linha desbalanceada alterou até mesmo o posicionamento dos linebackers. Note que existem sete jogadores no strongside da formação (o lado com mais jogadores posicionados, o retângulo amarelo) e apenas dois na weakside – o lado com menos jogadores posicionados do ataque, circulados em vermelho. Este desbalanceio defensivo faz com que fique atraente para o ataque correr pelo weakside.

Os Colts chamam um sweep e é criado uma avenida do lado esquerdo de Trent Richardson. Esta jogada simboliza como a NFL tornou-se complexa e como é difícil passar todos os conceitos ofensivos que existem hoje em dia. Durante este texto, a intenção foi passar o básico do básico para o leitor não ficar perdido quando começarmos a falar dos ataques de hoje em dia ao longo da temporada regular.

Assim como no esporte bretão, as formações e os sets formam a base ofensiva e guiam o comportamento ofensivo ao longo da partida. A defesa muda com o ataque e o ritmo do jogo também, isto é óbvio. Até agora, apenas conseguimos pincelar o básico do básico, mas isto deve servir para entender melhor como os ataques hoje em dia funcionam. No processo de conhecer ainda mais o futebol americano, nos próximos textos vamos abordar como são as marcações dos passes e também falar um pouco de subpackages defensivos. Entender estes aspectos mais táticos aumenta mais a paixão pelo esporte.

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