Nosso leitor esteve no Mineirão e te conta como foi o Minas Bowl

Mineirão, o gigante da Pampulha. Mais de oito mil pessoas. Duas torcidas adversárias ensandecidas. Final do Campeonato Mineiro. Eu poderia estar falando muito bem de Cruzeiro e Atlético, mas não: é o Minas Bowl, disputado entre Minas Locomotiva e GET Eagles (lê-se jéti e não guéti). 

Vim como fanático pelo esporte, pra ficar na arquibancada com a torcida dos dois times. O Minas Locomotiva já havia vencido o GET Eagles no primeiro jogo do campeonato, disputado no Estádio Independência e vinha a campo buscar seu terceiro título de campeão mineiro consecutivo. O GET Eagles, equipe formada recentemente, vinha pra mostrar que apesar de nova, não é boba, buscando se firmar no cenário atual do futebol americano no Brasil. E que baita rivalidade belorizontina foi criada entre os times. 

Antes de falar do próprio jogo, vamos aos destaques que não foram sobre a bola voando. Confesso que tanto eu quanto meus amigos vacilamos ao deixar pra comprar o ingresso na bilheteria. Havia vários pontos de venda físicos na cidade, além da venda pelo site do Mineirão. Mesmo assim, fica como destaque negativo, a confusão que foi a compra, e sobretudo, a retirada de ingressos (a fila pra comprar o ingresso andava mais rápido que a fila pra retirar o ingresso, o que causou reclamações). Mas quem ficou e não desistiu, viu um grande espetáculo, com direito a food trucks (de todo tipo e cada um melhor que o outro), cheerleaders dos dois times e até mesmo show de duas bandas de rock no intervalo do jogo. Os 8.720 pagantes encheram a parte central do estádio, batendo o terceiro maior recorde de público de futebol americano no país – perdendo para o Gigante Bowl, em Porto Alegre, e a final do último campeonato brasileiro, em Cuiabá. A minha impressão era de que se o jogo fosse no Independência, o estádio pareceria mais lotado. Mas quem é de Belo Horizonte sabe que o Mineirão tem um certo glamour, e a final tinha que ser no maior estádio possível, até porque foi um jogo monumental. 

Com toda a confusão das filas, cheguei atrasado, mas por sorte só havia perdido um Field goal executado com sucesso pelo GET Eagles. Logo quando cheguei, grande jogada de ataque dos Eagles, que lançam a bola na endzone mas sofrem a interceptação próxima à linha de 1 jarda. No lance seguinte, safety: vendo a pressão do defensor adversário, o quarterback do Minas lança a bola para um região sem recebedores, configurando intentional grounding. E intentional grounding dentro da endzone é safety. Com pouco tempo no relógio para o fim do primeiro tempo, o GET Eagles aumentaram sua vantagem com um belíssimo passe no canto da endzone, fechando o segundo quarto com 12×0. 

Já no terceiro quarto, muito trabalho do jogo terrestre do Minas, que resultou em um touchdown, diminuindo a diferença para 6 pontos, já que o chute extra não foi convertido. Após isso, o GET Eagles conseguiu chegar na linha de 1 jarda, mas sofreu um fumble, perdendo a bola. E duas jogadas depois, outro safety, com o corredor do Minas sendo derrubado na end zone – eu não lembro de ter visto dois safeties em um mesmo jogo, e sendo um safety já difícil de se ver, dois deve ser mais raro ainda. Ainda no terceiro quarto, o GET Eagles através de bons passes, sobretudo pelo meio do campo, aumentou a vantagem para duas posses de bola, com outro field goal convertido. 

No último quarto, o Minas precisava se recuperar, e começou mal, lançando uma interceptação. Com menos de 7 minutos para o fim do jogo, o GET Eagles ainda liderava por 17×6, mas o Minas foi buscar a diferença do placar. Primeiro com um touchdown terrestre, que foi seguido pela conversão de dois pontos, após de boa campanha do jogo corrido. Na posse de bola seguinte, punt da equipe do GET Eagles, e agora o Minas tinha cerca de quatro minutos para chutar um Field Goal e empatar a partida. Mas eis que, com menos de 2 minutos e meio no relógio, bola posicionada no meio do campo, screen pass pra esquerda, e com os bloqueios certos, o recebedor só correu pra decretar a virada do time vermelho. E como tinha que ser, o jogo continuou com o GET Eagles lutando com menos de 2 minutos pra fazer o touchdown. O time lutou, mas acabou sucumbindo à derrota, após o defensive tackle do Minas interceptar o quarterback dos Eagles até a red zone, e logo após isso, a ajoelhada pro tricampeonato do Locomotiva.

Parabéns ao Minas pelo título. Parabéns também ao GET Eagles pela bravura e pela grande partida, mostraram que em menos de um ano de formação já construíram um time forte. Parabéns às duas torcidas que fizeram um show na arquibancada sempre com muito respeito. Teve touchdown aéreo, terrestre, field goal, conversão de dois pontos, DOIS safeties, big guy interceptando e correndo com a bola. Enfim, teve tudo que um jogo de futebol americano poderia ter. Porque tinha que ser gigante. E vocês não viram nada ainda, o futebol americano no Brasil vai ser cada vez maior!

Por Mateus Silva Morais, estudante de Relações Internacionais da PUC Minas e insano por esportes

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