Se saudáveis, os Cowboys são os grandes favoritos da NFC East?

Quando a recepção de Dez Bryant foi anulada, os Packers ganharam e Dallas foi eliminado, o sentimento da maioria dos fãs era que a equipe seria favorita na temporada seguinte. Afinal, a linha ofensiva estava sendo pintada como uma das melhores da década, Tony Romo estava jogando muito bem e havia uma expectativa de melhora significativa na defesa.

Leia também: A NFC East é a divisão mais fraca da NFL em 2016?

Não foi o que aconteceu. Romo se machucou, a defesa não conseguia parar nem o jogo terrestre e tampouco o aéreo e o resultado final foi um 4-12 e com direito à quarta escolha geral no Draft. Mesmo com um 2015 horrível, boa parte da comunidade torcedora da franquia continua afirmando que os Cowboys são os grande favoritos na NFC East. Será?

Este sentimento aumentou ainda mais após uma intertemporada que trouxe Ezekiel Elliot para explorar uma linha ofensiva extremamente prolífica e com as notícias que o quarterback estava recuperado da lesão na clavícula. As expectativas estão no céu, mesmo com a recente suspensão de Rolando McClain – que se juntou a Randy Gregory e Demarcus Lawrence no hall dos punidos.

Antes de falarmos sobre o que pode acontecer com Dallas realmente saudável, vale a pena abordar um ponto importante: o histórico realmente mostra que a equipe vai ficar saudável?

O argumento “saudável” ainda é válido?

Se tem uma coisa que pode se ter certeza na NFL são as lesões – e as prisões nas horas vagas para alguns jogadores. Todo ano elas ocorrem, principalmente nas trincheiras. Isto é esperado, obviamente. O contato ali ocorre em todas as jogadas e as chances de alguém se machucar em lances inusitados são altas. No esporte, infelizmente, não possuir lesões na linha ofensiva é mais questão de sorte do que preparação.


Em 2015, quatro dos cinco titulares (Tyron Smith, Travis Frederick, Zack Martin e Doug Free) jogaram todos os 1051 snaps – La’el Collins jogou todos os 734 snaps depois de se tornar titular. Isso é uma anomalia tremenda e será difícil se repetir em 2016. Enquanto a linha titular é uma das melhores da liga, o mesmo não pode ser dito sobre os reservas imediatos. Chaz Green quase não tem experiência e Ronald Leary perdeu a vaga de titular para Collins no meio do ano passado. Além deles, pouco se possui de depth. Vale lembrar também que uma das coisas que mais faz diferença no desempenho da linha ofensiva é continuidade e química. Com um banco no mínimo questionável,  é complicado afirmar que esta linha terá o mesmo desempenho dos dois anos anteriores.

Com relação a Tony Romo, ele é o quarto quarterback mais velho da liga e teve problemas com lesões constantemente nos últimos anos – seja na clavícula ou nas costas. Enquanto a linha ofensiva é a melhor da liga no jogo terrestre, vale lembrar que ela tem um desempenho um pouco pior na proteção do passe: cedeu um sack em 5,87% das jogadas de passe em 2015 (17ª marca da liga) e 7,07% em 2014 (21ª marca da liga). O que esses números mostram? Que Romo vai sofrer com pressão e que sua saúde vai ser posta a prova. Lembre-se que seus reservas são Kellen Moore e o calouro Dak Prescott, logo a situação ficará novamente insustentável sem ele em campo.

Para finalizar o problema das lesões, vale lembrar que Sean Lee, infelizmente, também possui sérios problemas com contusões. Com a escolha de segunda rodada do Draft, Jaylon Smith, provavelmente não jogando em 2016 (e até mesmo tendo problemas para ficar 100%) e Rolando McClain suspenso por 10 jogos, fica claro o gigante problema na posição de linebacker – a franquia até mesmo foi atrás do outrora dispensado Justin Durant para ser reserva. Claramente falar de Dallas sem citar as lesões é meio impossível, principalmente porque elas devem estar presentes ao longo do ano.

Mas a manchete fala de um time saudável: e nesta situação?

Mesmo com uma equipe totalmente saudável ao longo do ano (o que não é tão fácil de prever), Dallas também possui problemas que não os colocam como claros favoritos na divisão.

Mesmo que Romo tivesse saudável ao longo do ano passado, fica difícil afirmar que ele teria um desempenho parecido com o de 2014 – ano em que merecia votos para MVP. Nas suas quatro partidas disputadas, apenas na estreia ele teve um bom desempenho. Contra os Eagles, o ataque de Dallas havia marcado somente seis pontos antes de sua lesão. Nos outros dois, apenas com Miami seu desempenho foi regular (dois touchdowns e duas interceptações). Afirmar que ele, dois anos mais velho, apresentará o mesmo nível que 2014 é uma previsão extremamente otimista.

Com relação ao jogo terrestre, a expectativa é que ele continue dominante, visto que Elliot é um grande prospecto. Só que devemos lembrar que ele é calouro e pode oscilar bastante ao longo do ano – ao contrário de DeMarco Murray em 2014, que estava no auge da sua forma. Mesmo com esses dois pontos (e com um Jason Witten aparentemente sentido a idade, visto que obteve a porcentagem de recepções para primeira descida mais baixa da carreira), este ataque deve figurar no top 10 da liga. Só que o problema não está lá, mas, sim, na unidade defensiva.

Front seven destruído e secundária questionável

Em 2014, a tática adotada para dominar a NFC East e terminar com um recorde 12-4 foi simples: controlar o relógio correndo e manter a fraca defesa fora do campo. Só que para essa tática dar certo, a defesa conseguia sair do campo nas terceiras descidas e o principal responsável por isso foi um bom combate ao jogo terrestre.


Com um Rolando McClain inspirado, a unidade cedeu apenas 86 corridas para primeira descida e uma média de 103,1 jardas terrestres conquistadas por jogo (oitava melhor marca da liga). Em 2015, o desempenho foi muito pior. Apesar da média de 4,2 jardas por corrida ter sido mantida, os ataques adversários começaram a correr muito mais e a média de jardas cedidas foi para 120,9 (22ª marca da NFL). O motivo? Além do ataque inepto, o combate ao jogo terrestre nas terceiras descidas ficou pior. A equipe cedeu 113 first downs (pulando da décima para a penúltima posição) e não conseguia tirar a unidade de campo. E ceder tanto first down para corrida não é por conta de Romo fora.

Para o ano que vem Cedric Thornton (que é um bom jogador no combate ao jogo terrestre, mas quase nulo no pass rush) foi contratado, mas ainda é pouco – principalmente após os problemas já citados na posição de linebacker e com as suspensões dos defensive ends titulares. Com relação ao pass rusher, não há muitos indicativos que ele deve melhorar muito com relação ao ano passado. O jogador com mais sacks do elenco é… Orlando Scandrick com 9,5 na carreira – McClain também possui 9,5. Com a saída de Greg Hardy e dois jovens jogadores que precisam provar muito ainda (e estão suspensos pelos quatro primeiro jogos da temporada), parece muito improvável que a marca 31 sacks no ano passado seja ultrapassada.

Leia também: Para alguns, Washington possui um dos grupos de recebedores mais completos da NFL. Será?

Sem pressão na frente e com um combate ao jogo terrestre meio questionável, a pressão sobre uma secundária que não inspira tanta confiança assim deve aumentar ainda mais. Para a tática de deixar a defesa fora de campo dar certo é preciso parar terceira descidas – e, claramente, não há muita expectativa que isto melhore em 2016.

Então os Cowboys não estão perto de serem favoritos?

Em uma NFC East cheia de dúvidas (com os Eagles de treinador novo e com um ataque pouco talentoso, Giants com uma defesa cheia de dúvidas e peças pagas além do que vale e Washington com uma grande dúvida na posição de quarterback), não há como negar que Dallas vai brigar pelo título da divisão e pela vaga para jogar em janeiro. Mas dizer que são favoritos pensando que o time e as coisas são iguais a 2014 é um pouco extremista. É ser otimista demais. A divisão está completamente aberta para 2016. Em realidade, qualquer um dos quatro times pode ser campeão. Ou vai dizer que você previa Washington no ano passado?

Enquanto os Eagles, em reestruturação pós-Kelly, pintam como a quarta força e os Giants são uma grande incógnita, Washington tem uma defesa melhor e um ataque talentoso, com totais condições de fazer frente ao Cowboys e qualquer outro – a não ser que Kirk Cousins tenha uma retração enorme em seu jogo. Dallas possui problemas demais para pintar como o favorito da NFC East, imagine com relação à conferência. A equipe (principalmente a defesa e sobretudo o pass rush) precisa provar bastante para ser considerada como tal.

Comentários? Feedback? Siga-nos no twitter em @profootballbr.

Quer uma oportunidade para assinar nosso site? Aproveita, R$ 9,90/mês no plano mensal, cancele quando quiser! Clique aqui para assinar!
“odds