All 22: Os Raiders podem ter uma defesa top 10 em 2016?

22º em pontos cedidos por partida (24,9), 8º em média de jardas aéreas por passe (6,8), 14º  em sacks (38), 16º em jardas terrestres por tentativa (4,1), 14 interceptações e 14 fumbles forçados. Nenhum desses números é impressionante, porém esta defesa tem tudo para evoluir em produção e entrar no top 10 da liga.


14 anos se passaram desde o Tuck Rule Game. Muita coisa mudou após esse jogo: os Raiders sumiram no cenário da AFC após o ano seguinte, New England tornou-se a força da conferência e até mesmo um dos atores principais da jogada (Charles Woodson) se aposentou.

Mesmo assim, quem acompanha Oakland lembra que este período (2002 e 2003) foi o último com uma unidade defensiva realmente forte e sem uma defesa forte não há como voltar ao cenário principal da AFC, dominada por sólidos quarterbacks.

Desde que chegou, Jack Del Rio mostrou-se extremamente criativo e criou um sistema defensivo diferente, mas que ao mesmo tempo possui muito potencial. Infelizmente, por ser um mercado pequeno e faltar “estrelas” defensivas além de Khalil Mack, a mídia pouco deu atenção e passou despercebido por boa parte dos fãs o que está acontecendo em Oakland. Em 2016, vale ressaltar, que o talento aumentou, o sistema está mais sólido e a expectativa é que a unidade cresça de produção. A grande pergunta é: crescerá quanto?

Antes de tudo, vale entender o esquema defensivo

Antes de entrar no motivo de esperar que esta defesa cresça de produção, vale a pena tentar entender o que significa este esquema híbrido montado por Del Rio. A sua ideia era poder alternar do 4-3 para o 3-4 (e do 4-2-5 para o 3-3-5) de uma jogada para outra, sem grandes prejuízos. Para entender melhor o que isso significa, nada melhor do que ver um pouco da ideia na prática:

3-3-5

No primeiro drive (clique para ver o gif completo) contra o Green Bay Packers ano passado, Oakland já mostrou um pouco de como adora explorar a versatilidade defensiva para confundir os adversários. Neste exemplo, note como a equipe está em um  3-3-5 na nickel, com Justin Ellis na 0-tech e os dois ends na 3-tech (um Bear front) – #90 Dan Williams e #96 Denico Autry. Note que Khalil Mack e Mario Edwards Jr. estão de pé e formam o trio de linebackers com Ben Heeney – um calouro na época. Nesta jogada a intenção é colocar pressão no pocket e evitar a corrida pelo único caminho possível. Por isso, a linha inteira ataca o centro do pocket e Heeney se desloca para o único gap sem cobertura – visto que o nose guard está em 2-gap.

Uma jogada comum no futebol americano, mas o que mais chama atenção é a sequência.

3-3-5 4-2-5

Na terceira para cinco, a equipe continua no nickel, só que o nickelback sai do box e dá espaço para o outro safety descer – Taylor Mays. A linha defensiva fica em uma forma parecida com o wide nine e agora Mario Edwards Jr. está jogando como defensive tackle do lado direito, com Benson Mayowa entrando na posição de end. Note que Ellis deu lugar a Malcolm Smith (#53) e o 4-2-5 está formado de volta.

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Nesta jogada, Green Bay chama um bubble screen para Randall Cobb, mas Smith fecha na marcação e faz rapidamente o tackle. Esta sequência mostra a essência do esquema: poder explorar diversas formações, confundindo o signal caller e possibilitando blitzes mais complexos. Sentiu a necessidade de um front mais reforçado? 3-3-5. Mais pass rushers? 4-2-5. E a mesma lógica se aplicou para a formação base defensiva – como fica fácil presumir.

E por que os números não eram bons? O cenário vai mudar em 2016?

A ideia era muito boa, mas Del Rio não tinha material humano suficiente para continuar melhorando a sua unidade defensiva. O MIKE era um calouro, Taylor Mays (que precisa ser o safety mais flexível devido a idade de Charles Woodson) oscilava muito e faltava banco para a linha defensiva – principalmente após a suspensão de Aldon Smith. Mesmo assim, grandes surpresas apareceram, como Mario Edwards Jr. – que foi excepcionalmente bem como calouro.

Para 2016, Oakland fez adições defensivas pontuais que devem contribuir de imediato, principalmente na secundária. Infelizmente o talento de Louisville, Sheldon Rankins, foi escolhido antes e não deu para saber se ele iria para Oakland – devido a ser um jogador extremamente flexível e que é “grande” o suficiente para jogar na 0-tech – porém a franquia fez uma boa escolha em Karl Joseph.

Foi um pequeno reach, é bem verdade, porém com a aposentadoria de Woodson era preciso achar alguém para a posição e Joseph não duraria até a segunda rodada. Ele traz uma dimensão nova para a posição, visto que pode descer mais para o box e terá um apoio maior ao jogo terrestre. Com a adição de Reggie Nelson, a dupla tem tudo para ser bem melhor do que no ano passado – lembre-se, esquemas híbridos são extremamente dependentes de safeties híbridos.


Outra melhora significativa foi realizada no pass rush. Agora haverá dois novos nomes para entrar na rotação (Jihad Ward que vai poder jogar na posição de Autry e Shilique Calhoun que deve entrar mais como um pass rusher situacional em terceira descida), o que deve aumentar ainda mais a qualidade do setor. No ano passado, Oakland dependia muito de Mack e Edwards (ao final do ano) para gerar pressão, visto que o banco ainda não tinha uma qualidade muito grande. Sem sombras de dúvidas, a unidade defensiva melhorou significantemente. Além disso, o esquema de Jack Del Rio está mais solidificado ainda e os jogadores contratados (apenas Calhoun que levanta alguma suspeita) foram pensados para um esquema híbrido – e se encaixam de maneira satisfatória.

Infelizmente talvez ainda falte um pouco mais para chegar ao top 10 defensivo da temporada, visto que são muitos nomes novos na mesma unidade – principalmente na secundária, com três novos titulares. Isso, porém, não é uma análise negativa. Muito pelo contrário: a expectativa é que esta defesa cresça muito de produção e fique pelo menos dentro do top 15. Com uma defesa talentosa e um ataque jovem que deve evitar turnovers (assim como foi no ano passado), Oakland parece ter saído do buraco e deve brigar pela AFC West – ainda mais por causa da confusão na posição de quarterback em Denver. Este é um time talentoso, bem trabalhado e que tem tudo para virar uma força na AFC em um futuro próximo.

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