Sai Jimmy Graham, entra Coby Fleener: vai dar pro gasto nos Saints?

Depois de uma temporada sem Jimmy Graham, o New Orleans Saints trouxe o ex-tight end do Indianapolis Colts para a posição. Coby Fleener assinou um contrato de cinco anos com 18 milhões de dólares garantidos com a franquia da NFC South.

Fleener chega numa equipe que gosta de acionar seu tight end na chamada Gulf Coast Offense: em cada uma das últimas cinco temporadas, o grupo de tight ends do New Orleans Saints conquistaram pelo menos 1.000 jardas e pelo menos 10 touchdowns, melhor sequência neste quesito.  Além disso, a equipe é a segunda colocada em targets para o tight end (819), recepções (536), jardas (6.122) e recepções para touchdown (72) desde 2011, ficando atrás apenas do New England Patriots, que conta com o brilhante duo Rob Gronkowski e Tom Brady.

Dessa forma, fica a pergunta: será que Coby Fleener terá o mesmo impacto que Jimmy Graham teve durante seus anos na Louisiana? Como isso afeta a produtividade ofensiva do New Orleans Saints? Confira na análise.

Drew Brees: sinônimo de produtividade ofensiva

Quando Jimmy Graham foi trocado para o Seattle Seahawks na última intertemporada, muitos se questionaram: o que justifica trocar um dos destaques da equipe? Quão grande será o baque nos números aéreos da equipe sem o então camisa 80?


A resposta é, na verdade, bastante simples: a crença de que o sistema e o esquema ofensivo compensará a saída de um jogador de tão grande talento. A lógica é muito similar a de uma outra troca badalada que ocorreu na intertemporada do ano passado, na qual o Philadelphia Eagles cedeu o running back LeSean McCoy pelo linebacker Kiko Alonso, então jogador do Buffalo Bills. Para Chip Kelly, ceder um dos melhores corredores da NFL não teria um impacto tão grande na equipe, e seu sistema ofensivo compensaria essa ausência; Rex Ryan, por sua vez, acreditava que a saída de um dos principais jogadores do seu front seven seria compensada pelo seu sistema defensivo.

Independentemente de quem saiu ganhando com a troca, o fato é que tanto Kelly quanto Ryan acreditavam que seus sistemas engrenariam mesmo perdendo peças de enorme talento. Sem querer entrar no mérito da questão do que é mais importante, sistema ou talento, o New Orleans Saints apenas trocou Jimmy Graham porque contava com ninguém menos que Drew Brees.

Desde que chegou ao New Orleans Saints em 2006, Brees nunca passou para menos de 4.418 jardas – sua pior marca na franquia da NFC South, justamente no seu primeiro ano sob a batuta de Sean Payton. São 348 touchdowns em dez temporadas, uma média de 34.8 por ano, e uma média de 67.8% dos passes completados como quarterback do New Orleans Saints.

O que deve ser observado nestes dados é: independentemente do seu elenco de apoio, Drew Brees manteve uma alta produtividade. Nessas dez temporadas, a equipe conquistou um Super Bowl e teve a pior defesa da história da liga no quesito de jardas cedidas; recebedores, running backs, defensores chegaram e partiram, mas o camisa 9 se manteve produtivo. Não importa o que cerca o quarterback: ele mantém um alto nível.

Drew Brees é sinônimo de produção aérea. Seja quem for recebendo passes do quarterback, os números estarão lá. Para ilustrar, na temporada passada, aos 35 anos e na sua 12ª temporada na NFL, o tight end Benjamin Watson tinha que suprir a ausência de Graham, e assim o fez: o jogador teve a melhor temporada da sua carreira no quesito jardas, targets, recepções e touchdowns. Apesar de muitos fãs do Indianapolis Colts se queixarem dos drops de Coby Fleener em lances nos quais a recepção era fácil, acredito que a discussão sobre a capacidade do jogador acaba caindo para o segundo plano. Com Drew Brees em campo, Coby Fleener estará numa situação na qual receberá muito volume, pois é assim que o sistema do New Orleans Saints opera.

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Na filosofia ofensiva de Sean Payton, com motions dos wide receivers e a ameaça dos running backs no jogo aéreo, muitas vezes o tight end encontra espaço em rotas curtas e médias para receber o passe e mover as correntes do ataque. Isso permite também que Fleener encontre os melhores matchups para isolar seu recebedor fisicamente e fazer as recepções.

Há alguma mudança significativa com a saída de Marques Colston e a chegada de Michael Thomas?

Naturalmente, o fato de utilizar o tight end de maneira eficiente não significa que o ataque será afunilado no recém-chegado Coby Fleener. Drew Brees gosta de explorar os duelos favoráveis aos seus recebedores e distribui a bola para quem estiver livre, seja ele Brandin Cooks, Willie Snead, Brandon Coleman… para 2016, o ataque deve manter essa filosofia, mesmo sem Marques Colston.


O recebedor mais prolífico da história da franquia não está mais na equipe, e um espaço para ser o recebedor número um se abre. Importante frisar que seria “número um” no aspecto de posição, o também denominado X. O calouro Michael Thomas é um jogador com físico mais avantajado, com boas rotas e controle de corpo para fazer um contraponto aos mais leves Brandin Cooks e Willie Snead. É razoável esperar que ele, ao lado do Brandon Coleman (que tem quase o tamanho de um tight end), assumam parte dos alvos na red zone, utilizando seu porte físico e alcance para alcançar passes no alto e passes afastados do alcance dos defensores menores.

Outro novidade é a chegada de Hakeem Nicks. Depois de passagens frustradas por Indianapolis Colts, Tennessee Titans e a sua volta para o New York Giants, o veterano recém-contratado busca retomar os melhores dias da sua carreira, na sua primeira passagem pelo New York Giants, na qual venceu o Super Bowl XLVI. O jogador traz versatilidade pela sua experiência, podendo ser utilizado em screens, usando sua capacidade de se desvencilhar de defensores para conquistar jardas após a recepção. Nicks pode também ser utilizado na função de número um, correndo as rotas mais abertas; ou, ainda, correr rotas mais curtas para usar suas sete temporadas de experiência para assegurar a primeira descida, no melhor estilo de possession receiver. É uma grande oportunidade de se reestabelecer para o jogador de 28 anos, que pode se tornar uma peça importante neste ataque. Como já exaustivamente dito, difícil você ter um quarterback mais hábil lançando a bola na sua direção.

Assim, Brandin Cooks deve permanecer como a opção mais versátil deste ataque, utilizando sua grande aceleração para correr rotas curtas, fazer motions antes do snap ou até mesmo receber hand-offs. Willie Snead deve continuar explorando sua capacidade de criar separação entre ele e o defensor para criar ameaças em bolas fundas, enquanto Thomas e Coleman assumem o papel de receber aqueles passes disputados com os defensive backslinebackers, utilizando o porte físico para sair com a bola da jogada. Coby Fleener entra nessa equação quase como um curinga: ele pode deslanchar em rotas curtas, médias e longas, de acordo com desenho da jogada e do matchup com o defensor. No backfield, sem mistério: Mark Ingram continuará a ser o responsável pela carga do jogo terrestre, além de ter se mostrado útil no jogo aéreo.

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O New Orleans Saints tem tudo para manter uma alta produtividade no jogo aéreo; Coby Fleener terá volume para mostrar seu valor neste ataque, tal como todos os outros recebedores. Enquanto Sean Payton treinar a equipe e Drew Brees vestir a camisa nove, o ataque do New Orleans Saints estará no caminho certo. Só resta saber o que esperar da defesa e de seu pass rush.

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