O que será de Andy Dalton sem Hue Jackson, seu coordenador ofensivo de 2015?

Os quarterbacks são as grandes estrelas do futebol americano, recebendo a maior parte da atenção da torcida e da imprensa. Frequentemente, ainda, caem sobre eles as glórias da vitória e o peso das derrotas. Entretanto, o futebol americano traz a essência do coletivo, de uma máquina de alta complexidade que depende de todas as suas peças. Mais especificamente, podemos perceber a influência grande do trabalho dos técnicos (particularmente dos coordenadores ofensivos) na qualidade da performance dos quarterbacks. Entre os exemplos importantes de duplas muito bem-sucedidas são, podemos citar Joe Montana-Bill Walsh e Brett Favre-Mike Holmgren. Os dois quarterbacks, ainda que tenham tido carreiras espetaculares, não conseguiram repetir suas atuações quando comandados por outros treinadores.

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Hoje falaremos sobre um quarterback que ainda está longe de Montana e Favre, mas que teve um ótima temporada regular até se machucar em 2015: Andy Dalton, do Cincinnati Bengals. Dalton teve as suas melhores temporadas com Hue Jackson como seu coordenador ofensivo. A saída de Jackson (novo técnico principal do Cleveland Browns),  assim como outras mudanças ofensivas na equipe dos Bengals, podem trazer certas dificuldades para o quarterback.

Tentaremos prever a capacidade de Andy Dalton em manter seu nível de atuação em 2016, o que pode colocá-lo definitivamente entre os melhores quarterbacks da liga. Além disso, falaremos especificamente sobre o impacto do trabalho de Hue Jackson em Dalton, para entender exatamente a falta que o treinador fará para a equipe.

Andy Dalton antes de Hue Jackson

Andy Dalton foi selecionado pelos Bengals na segunda rodada do draft em 2011. Logo em seu primeiro training camp, Dalton conquistou a posição de titular, que mantém até hoje. A partir daí, iniciou sua trajetória na NFL com sucesso, alcançando bons números e contribuindo para levar sua equipe à uma sequência de classificações aos playoffs. Já daqui, precisamos fazer uma observação importante: pior pior que tenha sido o desempenho dos Bengals em pós-temporada, o sucesso de Dalton como um quarterback draftado em segunda rodada (e eles não costumam corresponder assim) é notório e acima da curva.


Apesar dos bons números de Dalton, a bem da verdade, o quarterback ficou marcado pela dificuldade nos chamados “jogos grandes”. Contra as melhores defesas da liga, em partidas que valiam títulos de divisão ou avanço nos playoffs, Andy Dalton mostrou algumas de suas limitações. Entre elas, podemos citar a hesitação ao lançar passes longos, buscando frequentemente o chamado check down (passe curto e rápido, como uma “válvula de escape”) e a dificuldade de lidar com a pressão a defesa, levando a passes incompletos e interceptações.

Observando as estatísticas das três primeiras temporadas de Andy Dalton na NFL, vemos um quarterback que acertou aproximadamente 60% dos passes, com uma média de jardas por passes tentados de 7 jardas e que lançou, em média, 16 interceptações por temporada. Números praticamente definidores de um quarterback mediano (medíocre, sob um olhar mais rígido). É claro que os números nunca dizem a história toda, mas mesmo de maneira mais subjetiva, a percepção sobre Dalton era a de um quarterback capaz de ser titular, mas com limitações que poderiam impedí-lo de se tornar um grande quarterback. A partir de 2014, com a chegada de Hue Jackson à posição de coordenador ofensivo dos Bengals, esta percepção começaria a mudar.

Hue Jackson como coordenador e o impacto em Andy Dalton

O atual técnico do Cleveland Browns teve um longo caminho até chegar a essa posição. Tendo jogado como quarterback na universidade (Pacific), Jackson logo assumiu posições nas comissões técnicas, primeiro na sua universidade, posteriormente migrando para universidades maiores no Estado da Califórnia. Sempre como assistente ofensivo, Jackson desenvolveu uma reputação como um ótimo tutor para quarterbacks, wide receivers e running backs. Um de seus trabalhos mais lembrados é o de técnico de quarterbacks de USC, quando foi creditado com o desenvolvimento de Carson Palmer, entre outros.


A qualidade do trabalho de Jackson logo o levaria à NFL, ainda na posição de assistente ofensivo. Sua primeira oportunidade como técnico principal viria em Oakland, em 2011, tendo durado apenas uma temporada. Em 2012, Jackson retorna ao Cincinnati Bengals, onde já havia passado um período como assistente ofensivo. Mas, desta vez, a função de Hue Jackson era a de coordenador do time de especialistas, pois a coordenação ofensiva estava a cargo de Jay Gruden. Quando Gruden saiu dos Bengals para assumir a posição de técnico principal em Washington, Jackson teve mais uma vez a chance de comandar um sistema ofensivo.

Ao assumir a coordenação ofensiva nos Bengals, Hue Jackson quis tirar um pouco da pressão sobre o quarterback Andy Dalton. Utilizando princípios do jogo corrido de força, melhorou muito os números dos running backs de Cincinnati, Giovani Bernard e Jeremy Hill. Com isso, já nesta temporada de 2014, Dalton melhorou sua porcentagem de passes certos, embora ainda apresentasse número elevado de interceptações.

Já em 2015, o impacto do trabalho de Hue Jackson se mostraria de maneira mais decisiva sobre a performance do quarterback. Na última temporada, Andy Dalton elevou todas as suas estatísticas, alcançando uma ótima porcentagem de acerto nos passes (66%), além de diminuir o número de interceptações (7). Mas talvez o número mais marcante tenha sido a média de jardas por tentativa de passe (8,4). Isto mostra que Dalton conseguir melhorar sua precisão mesmo tentando passes mais longos.

De maneira mais subjetiva, o quarterback se mostrou muito mais confiante e capaz de lidar com a pressão do que em anos anteriores. Isto se relaciona muito ao impacto de Jackson, conhecidamente um grande motivador, capaz de “tirar” muito de seus comandados. Mas é claro outros fatores devem ser levados em consideração. Dalton contou em 2015 com um ótimo elenco ofensivo. Além dos running backs já citados, os Bengals  tiveram grandes performances dos recebedores Marvin Jones e Mohamed Sanu, sem contar as “estrelas” Tyler Eifert e A.J. Green. As mudanças no elenco, além da saída de Hue Jackson, podem ter impacto na atuação de Andy Dalton, assim como em toda a performance ofensiva do Cincinnati Bengals.

Dalton e os Bengals em 2016

Com a saída de Hue Jackson para comandar o rival de divisão Cleveland Browns, muitas dúvidas pairam sobre o Cincinnati Bengals, particularmente sobre o sistema ofensivo e sobre o quarterback Andy Dalton. É difícil prever o quanto fará falta a experiência ofensiva e o poder motivador de Jackson, provavelmente muito.


Mas esse não seja nem o maior problema para Dalton e o ataque dos Bengals. Das quatro principais ferramentas ofensivas da equipe em 2015, possivelmente o quarterback iniciará a temporada contando apenas com uma. Com as saídas de Mohamed Sanu (para o Atlanta Falcons) e Marvin Jones (para o Detroit Lions), além da cirurgia no tornozelo do tight end Tyler Eifert, apenas o wide receiver A.J. Green estará disponível na semana 1.

Certamente a perda dessas armas dificultará a vida e a performance de Andy Dalton. E aí, mais do que nunca, surge a pergunta: o que será do quarterback sem a atuação do técnico Hue Jackson? Além disso, perguntamo-nos sobre o quanto do crescimento da Dalton nos últimos dois anos se deveu ao técnico e o quanto foi fruto da evolução do quarterback dentro do seu próprio potencial. Provavelmente, neste caso, ficaremos com o meio termo.

Não há dúvida do impacto de Hue Jackson na carreira de Andy Dalton. Sua postura, sua confiança, sua precisão nos passes, muito se deve às medidas adotadas pelo treinador. Entretanto, o talento está lá. Seria um exagero esperar que Dalton evoluísse a ponto de se tornar um dos melhores da liga, mas é possível imaginar que o quarterback seja capaz de manter seu nível de performance, jogando com agressividade e eficiência, liderando sua equipe a bons resultados.

Conforme citamos, talvez o maior desafio de Andy Dalton seja lidar com a perda de alguns jogadores, além de sustentar um bom desempenho ofensivo até o retorno do tight end Tyler Eifert. Assim, logo no início da temporada poderemos ter uma boa ideia do que Andy Dalton fará “por conta própria”. Certamente, a temporada do Cincinnati Bengals dependerá muito da resposta do seu quarterback.

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