Chandler Jones pode elevar a defesa dos Cardinals e gerar mais sacks?

O Arizona Cardinals é um dos principais favoritos ao título da Conferência Americana nesta temporada, como também o foi em 2015. A equipe manteve intacto seu grupo de recebedores, um dos melhores da liga.  Sua secundária sofreu o desfalque de Rashad Johnson, mas deve mais uma vez ser a força dominante que foi ano passado. Seu quarterback, Carson Palmer, vem da melhor temporada de sua carreira e está totalmente recuperado da lesão no dedo que fez com que seu desempenho despencasse nos playoffs. O jogo corrido também será uma poderosa arma em Arizona, agora que David Johnson terá uma temporada inteira para exibir sua impressionante eficiência.


Completando o ataque, Evan Mathis, guard vencedor do Super Bowl pelo Denver Broncos chega para reforçar uma linha ofensiva considerada uma das cinco melhores de 2015 pelo site Football Outsiders. E no lado defensivo, os Cardinals cederam apenas 3687 jardas aéreas, oitava melhor marca da NFL, e 1460 jardas corridas, ficando em quarto lugar nesta categoria.

É difícil imaginar como um time que foi dominante em tantos aspectos poderia se reforçar significativamente para buscar ser ainda melhor este ano, certo? Seria, se não fosse por um importante detalhe. A defesa de Arizona, ainda que tenha sido capaz de pressionar os quarterbacks adversários com uma boa regularidade, teve muita dificuldade em converter esta pressão em sacks. Seu líder nesta categoria foi o veterano Dwight Freeney, que assinou recentemente com o Atlanta Falcons. Levando em conta que Freeney atuou em apenas 11 partidas, obtendo 8 sacks, podemos ver que os outros jogadores dos Cardinals não se destacaram muito neste departamento. E foi por isto que a diretoria de Arizona não deixou passar a oportunidade de mandar uma escolha de segunda rodada do Draft e o guard Jonathan Cooper para New England em troca de Chandler Jones, o quinto jogador com mais sacks na temporada passada.

Blitz total

Para entendermos o impacto da aquisição de Chandler Jones, é preciso primeiro entendermos como a defesa do Arizona Cardinals atua. James Bettcher, que substituiu Todd Bowles como coordenador defensivo da equipe, manteve uma parte muito importante do estilo de jogo de seu predecessor  inalterada: o uso frequente da blitz – jogadas em que a defesa manda cinco ou mais pass rushers – como forma de pressionar o quarterback adversário. Em 2015, os Cardinals e os Jets, equipe que Todd Bowles agora comanda, foram os únicos dois times da NFL a usar apenas quatro pass rushers em menos de 50 porcento de suas jogadas defensivas. A filosofia de Bettcher apresentou algum resultado. Segundo o site Football Outsiders, o Arizona Cardinals foi a terceira equipe em termos de pressão aplicada ao quarterback.


Entretanto, como já dissemos, esta pressão não se transformava em sacksfazendo com que os Cardinals fossem apenas a 20ª melhor equipe nesta categoria. O problema causado por isto, é que com tantos jogadores indo atrás do quarterback, menos pessoas estavam disponíveis para fazer a cobertura. A excelente secundária dos Cardinals permitia que o time se safasse com esta abordagem na maioria das partidas, mas isto acabou não sendo suficiente no momento mais importante. No último jogo dos Cardinals em 2015, a disputa pelo título da Conferência Nacional e por uma vaga no Super Bowl, Cam Newton desvendou o esquema defensivo de Arizona, não sofrendo nenhum sack e lançando seus dois touchdowns em jogadas em que a blitz deixou a secundária vulnerável.

Chandler Jones chega para mudar esta história. O ex-jogador dos Patriots é um especialista em converter pressão em sacks. Titular desde sua primeira temporada, o defensive end – que provavelmente atuará como outside linebacker em Arizona – foi titular na equipe comandada por Bill Belichick, registrando 211 tackles e 36 sacks em 55 partidas e se mostrando um sólido defensor contra o jogo corrido, além de sua habilidade de chegar ao quarterback. Algumas pessoas acusam Jones de ser um jogador inconsistente, mas ele atingiu mais de 10 sacks em duas temporadas diferentes, e nas que não o fez ou estava lutando contra lesões ou era um calouro, ainda se ambientando à NFL. Além disto, conta a favor de Jones a motivação extra de precisar mostrar serviço, pois está em seu último ano de contrato e tem a chance de se tornar um dos jogadores mais bem pagos da posição caso consiga corresponder às expectativas.

Como a presença de Jones afeta a defesa dos Cardinals

Não se engane achando que a defesa dos Cardinals abandonará a mentalidade agressiva que lhe tem sido característica. James Bettcher continuará mandando cinco ou mais pass rushers com uma frequência acima da média da NFL, principalmente contra os ataques mais fracos, que não conseguem explorar as falhas criadas na cobertura. Mas o que Jones propicia é uma maior versatilidade à unidade defensiva, que passa a poder jogar de forma mais conservadora quando necessário. Quando Arizona enfrentar um ataque liderado por um quarterback capaz de correr bem com a bola, Bettcher pode abrir mão da blitz para deixar um spy focado em parar este tipo de jogada. E como os dois principais rivais de Arizona à conquista da conferência possuem um jogador com esta característica – Cam Newton em Carolina e Russell Wilson em Seattle – esta maleabilidade defensiva pode fazer toda a diferença para os Cardinals. Além disto, um pass rush que não depende tanto da blitz acabaria liberando ainda mais o destaque defensivo Tyrann Mathieu, que foi muito usado para pressionar o quarterback em 2015, para atuar ainda mais na cobertura, exercitando seu excelente faro para interceptações.

No final das contas, a defesa que já era uma das mais versáteis da NFL graças às presenças de Mathieu e Deone Buccanon, ganha agora uma nova gama de opções na busca em se adequar aos mais variados tipos de ataque que possa vir a enfrentar. E para o Arizona Cardinals, um time tão completo em todos os setores do campo, isto pode ser o impulso que faltava para conquistar finalmente o tão sonhado Super Bowl.

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