FILE - In this Aug. 29, 2013, file photo, St. Louis Rams head coach Jeff Fisher looks on before the start of a preseason NFL football game between the Rams and the Baltimore Ravens in St. Louis. The Rams have squandered nice cushions their last two home games, the latest against the 49ers on Monday night, Oct. 13, 2014. Year 3 under coach Fisher thus far has been a bust. (AP Photo/Bill Boyce, File) ORG XMIT: NY158

Como os técnicos da NFL decidem quais jogadores cortar na pré-temporada?

Ontem, finalmente, tivemos o início das partidas de pré-temporada da NFL. Para os jogadores titulares e reservas que ja têm vaga garantida na equipe, estes jogos são apenas uma oportunidade de “tirar a ferrugem” e readquirir um certo ritmo de jogo para a temporada que se aproxima. Para o restante dos jogadores de um elenco, no entanto, estas podem ser suas últimas oportunidades de pisar em um gramado da NFL. Várias histórias de sucesso foram escritas no mês de agosto, com jogadores inesperadamente conquistando lugares de destaque em seu time. Mas, em termos de quantidade, estas histórias não chegam aos pés do número de sonhos destruídos durante pré-temporadas.

Ao começo dos training camps, cada equipe da NFL conta com 90 jogadores. Este número precisa ser reduzido para 75 no dia 30 de agosto, e 53 no dia 3 de setembro. Desta forma, aproximadamente 40% dos jogadores que hoje integram o plantel de um time estarão desempregados em menos de um mês – sem contar o practice team, claro.

A dura decisão dos treinadores

A decisão de um treinador a respeito dos 53 jogadores que formarão o plantel final de sua equipe vai muito além do seu desempenho nas partidas de pré-temporada. Não que ele não seja fundamental, mas muitas vezes um jogador que fez tudo que lhe foi pedido pelos seus treinadores ainda assim se vê chamado à sala do head coach para entregar seu playbook e fornecer o endereço para o qual o conteúdo de seu armário deve ser enviado.


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Um destes fatores é como a comissão técnica e a diretoria vêem o potencial do elenco como um todo: é um time que já está pronto para competir ou o elenco ainda está em processo de reconstrução? Se uma equipe se considera pronta a disputar uma vaga nos playoffs, ela priorizará jogadores que possam ajudá-la a atingir este objetivo já nesta temporada, como um veterano confiável, mas com potencial limitado. Caso decidam que ainda falta um ou dois anos para que isto aconteça, não faz sentido manter tal veterano. É melhor usar a vaga com um jogador jovem e talentoso, ainda que inexperiente. Estes anos a mais compondo o elenco da equipe podem fornecer o aprendizado de que ele necessita para se tornar um titular.

Além disto, os esquemas táticos utilizados pelos treinadores também influenciam a decisão. Se um time utiliza uma defesa 3-4, ele precisará de mais linebackers e menos jogadores de linha defensiva do que um time que utiliza uma defesa 4-3.  Head Coaches com uma inclinação ofensiva tendem a destinar um maior número de vagas para jogadores de ataque, enquanto técnicos de vocação defensiva tendem a priorizar os jogadores de defesa.

O talento dos outros jogadores da mesma posição também é um fator importante. Por mais talentoso que um jogador seja, muitas vezes o time que detém seus direitos já possui jogadores suficientes para sua posição, e ele acaba nem mesmo tendo uma real chance de brigar por uma vaga. Um exemplo clássico é o de Kurt Warner. Em 1994, após  não ter sido selecionado no draft, Warner assinou um contrato com o Green Bay Packers. O problema é que o time já contava com Brett Favre e Mark Brunell na posição, não havendo a necessidade de gastar uma vaga no plantel com um terceiro quarterback. Warner acabou sendo dispensado e, anos depois, levaria dois times diferentes ao Super Bowl, vencendo um com os Rams.

Um outro ponto determinante é a capacidade do jogador em atuar nos times especiais. Nem só de ataque e defesa vive uma franquia da NFL. Os special teams são formados majoritariamente por jogadores capazes de atuar também no ataque ou na defesa, mas sua capacidade de tacklear um retornador ou bloquear um chute é muito mais importante do que a segurança com que recebe um passe ou quão bem ele lê a rota de um recebedor. Desta forma, muitos jogadores de ataque e defesa perdem vagas para atletas menos talentosos em sua posição, mas mais competentes no desempenho das funções dos times especiais.

Muitos outros fatores, como  comportamento extra-campo, capacidade de anular um jogador-chave de um rival de divisão, adequação às condições climáticas mais comumente enfrentadas pelo time também entram nesta equação, variando de acordo com o head coach. Mas no final das contas, os fatores mais importante são realmente as atuações do jogador em treinamentos e partidas da pré-temporada, planejamento do general manager, necessidades táticas, talento do plantel e qualidade das atuações nos times especiais.

Após todas estas considerações, a configuração mais comum para o elenco de uma equipe da NFL não foge muito do seguinte molde:

quarterbacks

running backs

wide receivers

tight ends

9 jogadores de linha ofensiva

9 jogadores de linha defensiva (no 3-4 este número é menor)

linebackers (mais, caso seja no 3-4)

10 defensive backs

kicker

punter

long snapper

Novamente, esta fórmula varia de equipe para equipe, mas pode ajudar a dar uma orientação a respeito de quais jogadores seu time está pensando em manter no elenco.

Existe vida após o corte?


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Quando um jogador recebe a notícia de que não fará mais parte do plantel de uma franquia, uma nova batalha começa. Muitos deles decidem encerrar por ali mesmo suas carreiras esportivas e buscam novas opções de trabalho. Os que escolhem continuar têm uma nova esperança no processo de waivers. Quando um atleta é cortado por um time, todos os outros 31 têm um período de 24 horas para solicitar a incorporação de tal jogador ao seu elenco. Se mais de um time se interessar, o que teve a pior campanha na temporada anterior tem a prioridade. Ou seja: exatamente como ocorre nos waivers do Fantasy (e é daí que veio a ideia para o fantasy football, inclusive).

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Caso um jogador não seja solicitado por nenhum outro time, ele fica livre para assinar um contrato para atuar no practice squad de qualquer franquia. Estes “times de treino” (practice squad, como dissemos ao início do artigo) são formados por 10 jogadores, que podem treinar com os integrantes da equipe principal, mas não podem disputar partidas. Os times podem promover um jogador de seu próprio practice squad ou contratar um atleta do practice squad de outras equipes, desde que dispense um dos 53 jogadores de seu plantel principal para abrir uma vaga para ele.

Devido a regras que limitam a aquisição de jogadores experientes para o practice squad, estas vagas costumam ser reservadas a jogadores jovens, que ainda não tiveram uma oportunidade de disputar uma partida profissional, e cujos talentos os técnicos se julgam capazes de desenvolver para o futuro.

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E para os jogadores que não encontraram um lar atrvés do processo de waivers e dos practice squads, mas ainda querem continuar jogando futebol americano, a solução é buscar ligas alternativas, como a Canadian Football League ou a Arena Football League. 

No fim das contas, a tarefa de cortar um jogador é uma das piores que um head coach enfrenta em sua rotina. Ninguém que ser o responsável por destruir os sonhos e aspirações de um jovem atleta. Mas, como é dito, o futebol americano é um jogo de números. E no dia 3 de setembro, o número em questão será 53.

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