Como explicar o 5-0 do Minnesota Vikings?

A epopeia dos Vikings em 2016 está sendo tão improvável, louca e cheia de reviravoltas até agora que poderia até mesmo ser o roteiro de um filme de M. Night Shyamalan. Apontada como uma das melhores equipes da NFL ao longo de toda a intertemporada, Minnesota perdeu Teddy Bridgewater por lesão a uma semana do início da temporada regular. “E agora, o que vai ser dos Vikings sem seu quarterback titular?”, todo mundo pensou. Alguns dias depois, o time trouxe Sam Bradford em uma troca ousada com os Eagles. Na semana 2, o running back Adrian Peterson machucou o joelho diante dos Packers, uma contusão que o deixará fora de combate por três ou quatro meses. “E agora, o que vai ser dos Vikings sem sua maior estrela ofensiva?”, todo mundo pensou. No último domingo, Minnesota entrou em campo sem seu leff tackle titular (Matt Kalil não volta mais nesta temporada) e seu melhor wide receiver (Stefon Diggs), mas mesmo assim triunfou com autoridade sobre Houston.

Esta tem sido a história da franquia em 2016. O atual líder e campeão da NFC North parece aqueles vilões quase invencíveis dos filmes do 007, que recebem todos os tipos possíveis de pancadas e ainda assim levantam e voltam para a briga. Os Vikings são o único time invicto da liga e somam cinco vitórias convincentes contra adversários respeitáveis como Packers, Panthers (fora de casa), Texans etc.

Hoje, vamos discutir um pouco as razões do surpreendente sucesso da equipe – no caso, surpreendente devido aos obstáculos encontrados pelo caminho. É claro que o desempenho da defesa vem chamando mais a atenção de todo mundo, porém o alto nível mostrado por Bradford também tem sido fundamental. Em suma, o Minnesota Vikings atualmente é uma máquina quase perfeita. Confira o que a faz funcionar.

Um protagonista improvável

Quando a troca com os Eagles foi anunciada, vários analistas criticaram Minnesota, considerando que a franquia pagou caro demais trazendo o contestado Sam Bradford para substituir Bridgewater. Pouco mais de um mês depois, a percepção sobre o negócio sofreu mudanças significativas. O veterano apresentou uma adaptação relâmpago ao esquema ofensivo da equipe e vem conduzindo o ataque muito bem.

Resumindo, o ataque dos Vikings não é nem de longe o mais explosivo da liga (média de 302,6 jardas por partida, terceira pior), porém ele é eficiente (23,8 pontos de média. O jogo terrestre na prática é inexistente com suas 70,6 jardas por partida (pior marca da NFL em 2016). E a lesão de Peterson não é uma desculpa para esse número ruim, pois ele mesmo estava correndo muito mal antes de se machucar. Ademais, a linha ofensiva não vem fazendo um grande trabalho na proteção ao passe (de acordo com o site Pro Football Focus, o grupo é o segundo pior da NFL no quesito), um problema que pode se agravar em longo prazo sem Matt Kalil.

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Bradford, entretanto, está conseguindo se virar bem apesar dessas dificuldades. Se a linha não o protege, ele solta a bola rápido (2,3 segundos em média para passar a bola, o quarto release mais veloz da liga). Se os defensores adversários chegam nele (35,6% dos dropbacks, oitava maior marca de 2016), o signal caller mesmo assim mantém a precisão: 26 passes completos em 40 tentados (65% de aproveitamento), 263 jardas, três touchdowns e um rating de 108,6 nos lançamentos feitos sob pressão. É digno de nota também que Sam, quando possui tempo para lançar em profundidade, é bastante preciso, completando 58,3% dos seus passes que viajaram mais de 20 jardas pelo ar (sexta melhor porcentagem da NFL).

O mais importante talvez seja o fato de Bradford estar transmitindo muita confiança e, sobretudo, não ter cometido nenhum turnover até agora – assim como o ataque inteiro da franquia. Ele não se transformou em um quarterback de elite após míseras quatro partidas como titular e sofrerá para manter este nível ao longo de toda a temporada, mas está se mostrando capaz de comandar o pragmático sistema ofensivo de Minnesota, possivelmente até melhor do que Bridgewater faria. Como resultado, a desconfiança em relação ao ataque diminuiu consideravelmente.

Defesa que ninguém passa

Certo, Sam Bradford está voando e o ataque está funcionando, porém o diferencial dos Vikings até agora sem sombra de dúvida vem sendo sua defesa. A unidade está lá no alto em praticamente todos os rankings relevantes: quarta melhor em jardas totais cedidas por jogo (287,6), primeira em média de pontos cedidos (12,6), segunda em sacks (19) e primeira em turnovers forçados (12). Este desempenho a coloca como a mais dominante de todo o primeiro quarto da temporada.

O mais impressionante é quando pensamos no que essa defesa vem fazendo contra os quarterbacks adversário – eles completaram apenas 55,5% dos passes, lançando quatro touchdowns e sete interceptações. Minnesota já enfrentou jogadores consagrados como Aaron Rodgers, Cam Newton e Eli Manning e nenhum deles chegou perto de ter sucesso. Ora, o pass rush é um dos mais prolíficos da liga, atormentando a partida inteira com Everson Griffen, Danielle Hunter etc., e a secundária é formidável fazendo coberturas com Xavier Rhodes, Terence Newman, Harrison Smith e companhia. Esta combinação pressão + boa cobertura torna quase impossível a vida dos signal callers.

O bom rendimento defensivo é importante também para o próprio ataque do time, pois tira a pressão por pontos. Bradford sabe que não precisa lançar touchdowns em todas as campanhas, afinal a defesa é capaz de segurar a barra quando necessário, fazendo com que os oponentes deem a vida para marchar pelo campo. É por isso que falamos aí em cima que os Vikings são uma máquina funcionando de maneira quase perfeita. As engrenagens da equipe no momento se encontram em perfeita sincronia e fazem tudo andar de um jeito invejável.

Não existe segredo. Tudo começa pelo Draft

Além de falarmos sobre os aspectos de dentro do campo, julgamos importante destacar também a fórmula mágica para a montagem desse grande time: ótimos Drafts. A maioria absoluta dos principais jogadores dos Vikings chegou via recrutamento. Bridgewater, Stefon Diggs, Jerick McKinnon, Kyle Rudolph, Everson Griffen, Danielle Hunter, Anthony Barr, Eric Kendricks, Harrison Smith e Xavier Rhodes foram draftados recentemente – sem contar Adrian Peterson, que é da velha guarda (2007). Entre os contratados na Free Agency, os principais nomes são apenas Linval Joseph, Terence Newman e Andrew Sendejo – Bradford é um caso especial. O excelente trabalho feito pelo general manager Rick Spielman começou a florescer em 2015 com o título divisional, está dando seus primeiros frutos agora e promete continuar enchendo o pomar da franquia no futuro.

Bem, a explicação para o 5-0 de Minnesota é basicamente essa. Um ótimo elenco montado ao longo dos últimos anos, Sam Bradford fazendo tudo o que é preciso no ataque e uma defesa absurdamente dominante. Repare que é uma receita parecida com a que levou os Broncos à conquista do Super Bowl na temporada passada – Denver só não tinha um quarterback confiável. Os Vikings são uma realidade e a cada semana fica mais claro que uma visita ao Texas no próximo mês de fevereiro é um objetivo muito viável.

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