Quais times com campanha negativa ainda podem sonhar com playoff em 2016?

Enquanto há bambu, há flecha. Se já passamos da metade da temporada e o copo parece “meio vazio”, alguns torcedores podem achar que ele está “meio cheio”. Mas, afinal de contas: quem não gosta de histórias de superação? A maior parte dos roteiros de cinema que dão certo – Harry Potter, Matrix, Star Wars, Titanic – sempre tem um protagonista “normal” que vai ganhando força na história e ao final se supera de alguma forma. É a chamada “Jornada do Herói” e esse arquétipo está mais presente do que você pensa.

As pessoas gostam de boas histórias e de “zebras”. Por isso, nesta semana vamos tentar enumerar – não ranquear, porque na prática é tudo especulativo – algumas equipes que podem “arrancar” no final da temporada e conseguir uma vaguinha nos playoffs. A determinante é, antes da Semana 9 (ou seja, passada metade da temporada) o time em questão ter mais derrotas do que vitórias. Se o time não tiver aproveitamento abaixo de 50%, não estará aqui. É por isso que o Tennessee Titans, por exemplo, não figura na lista – embora o time de Nashville seja potencial campeão da AFC South. Os Bills também não entram na conta, porque têm exatamente 50% de aproveitamento.

Isso quer dizer que todos os times com campanha negativa estão aqui? Não. Até porque o Cleveland Browns, que tem 8 derrotas e nenhuma vitória, já nem chance matemática tem mais de se classificar. Colocamos aqui os mais prováveis de nos mostrar uma reviravolta na segunda metade da temporada 2016 da NFL. Estamos inventando e isso é impossível?

Pelo contrário. Desde que os playoffs começaram a ter 12 equipes em 1990, tivemos várias Cinderellas na reta final de cada temporada. Você deve se lembrar do Kansas City Chiefs no ano passado. O time de Cairo Santos e Alex Smith começou a temporada com uma vitória e cinco derrotas. Venceu todos os jogos restantes da temporada regular e ainda derrubou o Houston Texans, campeão de divisão, no Wild Card Round. Os Chiefs de 2015 não são os únicos nessa história. Outro exemplo bastante lembrado, também da AFC West, é o Denver Broncos de 2011. Comandados por Tim Tebow por uma defesa em ascensão, os Broncos começaram o ano com 4-5 e terminaram vencendo a divisão com 8-8.

Em 2009, um New York Jets de uma defesa fora de série e com Mark Sanchez ainda calouro também arrancou uma vaguinha na pós-temporada depois de começar com 4 vitórias e 5 derrotas. Além de arrancar a vaguinha com 9-7, os Jets tiraram Peyton Manning dos playoffs e ainda chegaram à final da Conferência Americana. Por fim, se você quiser voltar um pouco no tempo, temos os Packers de 2003; O time começou com 4-5 e terminou 10-6 – Green Bay venceu todas as partidas de dezembro, incluindo o Monday Night Football em Oakland no dia seguinte ao falecimento do pai de Brett Favre.

Ainda há um exemplo interessante: o Jacksonville Jaguars de 1996. Era o segundo ano de existência da franquia e o time começou aquele ano com 3-6 de campanha. Terminou 9-7 e nos playoffs propiciou ao favoritaço Denver Broncos uma das vitórias mais amargas da história da equipe. Jacksonville chegaria, tal qual os Jets de 2009, à final de conferência. Dali não passou, perdeu para os Patriots de Drew Bledsoe – mas o estrago tinha sido feito.

Feita toda essa contextualização – até para provar que, sim, é possível uma equipe com campanha negativa arrancar no final do ano – vamos voltar para o ano de 2016. Listemos, antes, as equipes com campanhas negativas – isto é, aproveitamento abaixo dos 50%; Na AFC temos Dolphins, Jets, Bengals, Ravens, Browns, Colts, Jaguars, Chargers. Na NFC, temos Bears, Saints, Buccaneers, Panthers, Cardinals, Rams e 49ers. 15 times, portanto – praticamente metade da liga. Ao lado da campanha, colocamos a chance matemática que o Football Outsiders dá para cada time.

1- Cincinnati Bengals (3-4-1) (26,1%) 

Porque pode acontecer: Com a lesão de Ben Roethlisberger e a incerteza de como ele volta, o Pittsburgh Steelers não é tão favorito na divisão do que outrora. Ao mesmo tempo, os Browns já estão eliminados matematicamente e os Ravens estão em queda livre após início com 3-0. Sim, os Bengals empataram com Washington – mas poderia muito bem ter sido uma derrota terrível se não fosse a #CollegeKickers de Dustin Hopkins na prorrogação.

Mas, mais importante do que o placar ou do que o empate, foi o desempenho. Sim, Washington fez 27 pontos – mas a defesa de Cincinnati só cedeu mais de 30 pontos para os Patriots neste ano. Ademais, o início do calendário foi anos luz mais complicado do que normalmente seria: partidas contra Broncos, Patriots, Steelers fora de casa, jogo em Londres e Cowboys fora de casa não ajudam. Ainda mais sem um Tyler Eifert 100% saudável – não era de se espantar que os Bengals tinham uma das piores unidades da liga em aproveitamento na red zone.

Bom, Eifert voltou e os Bengals foram 100% na red zone no último domingo. Agora vem a bye week, que costuma ajudar PACAS os times que estão mal ou com alguns jogadores lesionados. Depois, o calendário é bem mais tranquilo do que no início da temporada. Giants, Bills, Ravens, Eagles e Browns podem gerar uma campanha de 4-1 sem muito espanto. Aí vem o Sunday Night Football contra os Steelers na Semana 15, a qual deve ser a partida paradigmática dos Bengals de 2016. Nela, a equipe pode estar com campanha de 7-5-1 e ainda brigar por pós-temporada.

Porque pode não acontecer: Para muitos, Cincinnati não deve chegar à pós-temporada por conta da AFC West levar duas vagas pelo Wild Card e o time ter perdido o primeiro confronto direto contra os Steelers. O empate contra Washington pode ter sido o fiel da balança para os rumos da temporada.

2- Arizona Cardinals (3-4-1) (20,1%)

Porque pode acontecer: Mais uma equipe de folga na Semana 9 – as semanas de folga no meio da temporada são mais frequentes, mas de modo curioso muitas desta lista a tem. Os Cardinals, aliás, quase não estão aqui: a campanha de 3-4-1 faz com que o time tenha aproveitamento de 43% na temporada, só um pouco abaixo do “limite” de 50% que colocamos.

A franquia está apenas um jogo atrás do Seattle Seahawks depois da derrota destes para os Saints no último domingo. Então, por incrível que possa parecer, o título de divisão ainda é possível. Até porque na reta final da temporada, na véspera de natal, os Cardinals jogam contra os Seahawks. Embora as coisas não estejam engrenando como deveriam, há talento no papel. Quem sabe usar mais David Johnson possa ser uma boa saída rumo aos playoffs?

Porque pode não acontecer: O problema é o calendário. Das três próximas partidas, duas são contra times que vem bem na temporada – Vikings e Falcons. A partida contra os Seahawks que mencionamos acima será em Seattle. E a temporada termina fora de casa contra a forte linha defensiva dos Rams. É possível? Sim. Mas derrotas para Rams e Panthers – mais o empate com oferecimento #CollegeKickers – certamente deixaram as coisas mais difíceis. Tyrann Mathieu deve perder de três a seis semanas com lesão no ombro. E Arizona também não contará com seu left tackle, Jared Veldheer, por um longo período – ele foi colocado na injury reserve.

3- San Diego Chargers (3-5) (14,7%)

Porque pode acontecer: Para muitas pessoas, o melhor dos times com campanha negativa. O problema é que já são 5 derrotas, o que limitaria o potencial dos Chargers numa campanha 11-5. A divisão, portanto, já parece fora de alcance – dado que Raiders e Broncos já postam campanhas de 6-2. O confronto direto com o resto da divisão já está prejudicado também: contra os Broncos temos uma vitória e uma derrota – contra Chiefs e Raiders, uma derrota para cada.

De toda sorte, precisamos entender o que aconteceu. As derrotas para Chiefs, Colts, Saints e Raiders (4, portanto) vieram num momento em que San Diego não tinha pass rush. Alex Smith, Andrew Luck, Drew Brees e Derek Carr fizeram a festa no último quarto em um pocket limpo e sem pressão. Aí não deu outra.

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Joey Bosa finalmente estreou e já é franco-favorito para o prêmio de calouro defensivo do ano. Bosa ajudou essa questão do pass rush e na questão do jogo terrestre dinamitando cronômetro para o adversário ao final das partidas. Contra os Falcons ele ajudou bastante, por exemplo. Enfim, feita essa contextualização, lembremos que o calendário de San Diego pode lhes ajudar: o time joga contra Titans, Dolphins, folga, depois Texans, Buccaneers e Panthers. Não é nenhum absurdo pensar em campanha de 4-1 nesse período – o que faria com que os Chargers tivessem campanha de 7-6 faltando três partidas. Duas dessas são contra adversários da divisão (Chiefs e Raiders). A outra é contra os Browns. Assim, se reprisarem o que mostraram contra Denver (uma vitória e uma derrota) os Chargers podem bater 10-6 ao final do ano e quem sabe sonhar com wild card. É otimista, mas quem sabe?

Porque pode não acontecer: Cinco derrotas complicam demais a vida de um time, como dissemos acima. Ainda mais quando a defesa não ajuda. Os Chargers cedem uma média de 26 pontos por jogo, é muita coisa. Se o ataque cometer erros por si mesmo, como na semana passada contra Denver, o time não consegue vencer. Por mais que o calendário ajude, os próprios Chargers terão que ajudar a si mesmos.

4- Miami Dolphins (3-4) (15,9%)

Porque pode acontecer: Se falamos que o calendário de Cincinnati não ajudou, que tal o calendário dos Dolphins? Foi absurdo na primeira metade da temporada. Claro: quem quer ser campeão tem que passar por todas as pedras, mas o caso de Miami foi de outro mundo. A equipe abriu a temporada fora de casa naquele que talvez deve ser o território mais inóspito para um visitante: o CenturyLink Field dos Seahawks. Depois cruzou o país para enfrentar os Patriots, também fora de casa. Aí veio uma partida em casa contra os Browns e uma semana curta até Cincinnati para o Thursday Night Football. Não surpreende o início 1-3.

Em casa, os Dolphins tem campanha de 3-1. Fora de casa, 0-4. Não que seja aquela maravilha, mas mostra com clareza como o calendário não ajudou. Ao que tudo indica, agora as coisas melhoram: Miami terá sete partidas seguidas contra times que têm mais derrotas do que vitórias no momento. Aparte do calendário, a boa notícia é que, mesmo que a experiência com Arian Foster não tenha dado certo, Jay Ajayi está en fuego. O time tem dois jogos seguidos com mais de 200 jardas terrestres e a defesa (algo que falo há tempos) não é ruim: cede 22 pontos por jogo.

Lembra que eu escrevia em todo Power Ranking que os Dolphins não conseguiam ficar tempo o suficiente com o ataque em campo e que com isso a defesa sempre estava cansada no final? Isso mudou, dado o jogo terrestre eficiente.

Porque pode não acontecer: Ryan Tannehill. É otimista demais pensar que o time terá 200 jardas terrestres em toda partida e que Ajayi seja o novo Jim Brown. Em algum momento a vitória pode cair nas mãos de Tannehill e ele pode colocar tudo a perder. Com quatro derrotas no currículo de Miami, derrotas a mais não ajudam nada.


E os outros?

Já é muito difícil que times com campanhas negativas cheguem à pós-temporada, então limitamos o escopo deste texto para os que listamos acima. Ainda há outros que podem até aprontar – Saints, por exemplo, embora a defesa seja um problema. Outros começaram bem o ano mas têm problemas demais no momento. Os Ravens e um mar de lesões numa maré de quatro derrotas seguidas, por exemplo. Os Rams têm um calendário teoricamente tranquilo mas não é como se Todd Gurley estivesse conseguindo carregar Case Keenum nas costas. Os Panthers, por melhor elenco que tenham no papel, começaram a temporada com 2-5 e também estão num buraco.

Ademais, não podemos esquecer que acima das campanhas negativas ainda temos vários sólidos times com campanha positiva – exemplo? A AFC West com Broncos/Raiders/Chiefs – e alguns times com 4-4 que não listamos aqui (Titans, Bills, Lions). A vida de um time com campanha de mais derrotas do que vitórias é difícil na segunda metade da temporada. Superação há de ser a palavra de ordem. Sempre temos um exemplo ou outro.

Mas a regra costuma ser: é difícil, mas tudo o que é mais difícil é mais gostoso, não?

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