Andrew Luck: a estrela solitária de Indianapolis

Para iniciar o texto, façamos uma curta viagem no tempo até o ano de 2011. Peyton Manning estava fora da temporada, vendo o Indianapolis Colts ser o saco de pancadas da NFL. Na época, um quarterback brilhava no college jogando por Stanford Cardinal; seu nome, Andrew Luck. Até mesmo a torcida da equipe de Indiana lançou a campanha “Suck for Luck”, basicamente clamando para o time perder seus jogos e ter a primeira escolha geral do draft do ano seguinte, sendo esta usada para selecionar o produto de Stanford.

Por fim, o quarterback acabou mesmo sendo escolhido pelos Colts no Draft de 2012 e chegou para ser o futuro da franquia. As primeiras três temporadas certamente empolgaram bastante os torcedores, considerando que a equipe chegou aos Playoffs em todas elas com 11 vitórias e 5 derrotas e Luck foi selecionado para o Pro Bowl nos três anos. Para 2015 a previsão era dos Colts serem candidatos a chegarem ao Super Bowl, depois de bater na trave em 2014 após uma derrota para os Patriots na Final de Conferência. Alguns apontariam que Luck seria MVP.

Entretanto, a lesão do quarterback na semana 9 dinamitou de vez as já diminutas chances da equipe ir longe na temporada.

Apesar das excelentes atuações e números do ex-jogador de Stanford, pode ser dito que os Colts exibem problemas crônicos, os quais vem sendo escancarados ao longo dessa temporada de 2016. Apesar da vitória sobre os Packers no último domingo, a campanha de 4 vitórias em 9 jogos preocupa em relação às ambições da franquia em chegar aos Playoffs, já que os Texans aparecem com 5 vitórias e um jogo a menos – além de triunfo em confronto direto ante os Colts.

Nesse meio tempo, em um texto postado no site da NFL, o analista Dan Hanzus comparou Andrew Luck à Dan Marino – o questionamento original seria sobre uma semelhança entre Derek Carr e Marino. Basicamente, um quarterback genial que nunca teve ao seu redor um elenco à altura de seu talento. Marino nunca venceu um Super Bowl – mas sempre ficou a dúvida: se ele tivesse um jogo terrestre melhor, teria ido mais longe? Parece familiar? De fato, ao analisarmos o time de Indianapolis é difícil imaginar que Luck consiga levar o time longe.

Começando pelo lado ofensivo, os Colts nunca ofereceram um jogo terrestre em nível sequer próximo ao ataque aéreo. Em 2015 a franquia contratou Frank Gore; um grande running back, mas que dificilmente produzirá grandes coisas aos 32 anos – neste são modestas 592 jardas em 9 partidas. Os Colts aparecem como o 22º time em termos de jardas terrestres – ainda que o próprio Luck tenha uma considerável contribuição na conquista dessas jardas. Enquanto isso, Gore conseguiu apenas uma corrida de mais de 20 jardas, o que força a unidade a tentar passes em 63.7% das jogadas, sétima maior marca da NFL.

Ainda assim, digamos que a chegada do ex-jogador do 49ers representou uma considerável melhora, já que em 2013 e 2014 nenhum corredor da equipe atingiu a marca de 600 jardas terrestres. Nesse ponto vale lembrar o investimento de uma escolha de primeira rodada na troca por Trent Richardson em 2013 – a qual se mostrou um péssimo negócio. Desde então, pouco investimento foi feito para tentar buscar um “franchise running back” e ajudar o ataque.

Parte do insucesso do jogo terrestre pode ser justificado por meio da incapacidade da linha ofensiva em abrir espaços nas trincheiras e proteger Luck. Nos primeiros 9 jogos foram incríveis 33 sacks cedidos, disparada pior marca da NFL; nesse ritmo, serão 59 ao final dos 16 jogos. Entramos aqui em um loop, pois o jogo terrestre não funciona, o time precisa passar muito a bola e muitos sacks são permitidos; ainda assim, os Colts também aparecem disparados como os piores em termos de sack por jogada de passe (8.7% das tentativas de passe resultam em sack).

Mesmo com tanta pressão no pocketsignal-caller  tem uma performance extremamente digna: os Colts hoje são o quinto ataque com mais jardas aéreas, sétimo em passes para touchdown e o quarto melhor quarterback rating dentro da red zone adversária. Ainda que não tenha uma porcentagem de passes completos tão alta (63.7%), uma estatística mostra que a culpa não é tanto assim de Andrew Luck: a equipe tem a quinta maior porcentagem de passes em que os recebedores não conseguem agarrar a bola (drop). Falando neles, o grupo de Indianapolis tem também a sexta pior marca de jardas após a recepção. Apesar de possuir alguns bons nome no corpo de recebedores, é evidente que falta algum talento também nesta unidade.


Pensando do outro lado da bola a falta de talento também é bastante evidente. Em termos gerais, sexto time que mais cede pontos, quarto cedendo jardas totais e terceiro em jardas aéreas. Para mostrar o que Luck tem que enfrentar, nas 5 derrotas dos Colts na temporada foram uma média de 31.8 pontos cedidos! A unidade defensiva é a que tem menor porcentagem de passes interceptados (única abaixo de 1%), quinta pior defendendo passes e a que menos forçou punts em campanhas dos adversários. Não contente, ainda é a nona que mais cede first-downs em jogadas de terceira descida e que mais permite jardas após recepção dos adversários – incríveis 156 por jogo (o Broncos permite 84, como comparação).

Enfim, fica claro que o Indianapolis Colts tem um dos elencos menos qualificados de toda NFL. Chega a ser triste ver um talento como Andrew Luck não poder expressar seu melhor por ter que lidar com dificuldades em todos os setores. A comparação com Dan Marino é extremamente válida, ainda que acredite que Marino teve elencos mais qualificados ao seu redor. Pensar em uma reformulação é até difícil, haja vista que os buracos estão por toda parte. De qualquer maneira, vale salientar que Luck ainda é novo é deve ter ao menos 6-9 anos jogando em alta performance, o que dá bastante esperança para o torcedor de Indianapolis. Para isso, é urgente a necessidade de buscar bons talentos no draft e contratos durante a free agency, já que em 2016 o time não demonstra evolução, sendo até mais dependente do quarterback. Outro ponto importante é que os adversários de divisão tem passado por reformulações e mostram mais forças do que no período de 2012 a 2015. O Titans, por exemplo, não é mais o saco de pancadas que conseguiu apenas 18 vitórias no período de 4 anos. Ou seja, é bom Luck continuar brilhando e ter ajuda de outras estrelas em um futuro próximo.

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