Os 5 melhores quarterbacks da NFL na década de 1980

Os anos 1980 provavelmente foram um dos momentos mais divertidos da história para se viver – ou como diz aquela expressão em inglês, “what a time to be alive“. Entre as coisas que fizeram esta época tão especial temos: a trilogia “De Volta para o Futuro”, a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1982, mullets, “MacGyver” (também pode ser incluso na categoria mullets), Rick Astley e vários quarterbacks espetaculares jogando na NFL – vários mesmo.

Não é nenhum exagero falar que a década de 1980 foi a principal do século XX no quesito signal callers. A concentração de grandes nomes por jarda quadra daquele tempo talvez só tenha sido superada atualmente, no século XXI, mas mesmo isso é matéria para discussão. Por exemplo, a primeira rodada do polêmico Draft de 1983 levou para a NFL nada menos que três quarterbacks membros do Hall da Fama: John Elway, Jim Kelly e Dan Marino – e o número de quarterbacks escolhidos na primeira rodada (6) ainda é recorde.

Nos anos 1980, seja com a West Coast Offense de Bill Walsh e Joe Montana, seja com as bombas de Dan Fouts e Dan Marino em profundidade, houve ótimos quarterbacks para todos os gostos e estilos.

Sem mais delongas, vamos à lista dos melhores de 1980. Você pode conferir os textos das décadas passadas nos seguintes links: pré-1958, 1960 e 1970.

Menções honrosas: Joe Theismann, Ken Anderson, Phil Simms e Jim Kelly (Jim entrará na lista dos anos 1990, aguardem)

#5 Boomer Esiason – Cincinnati Bengals, New York Jets e Arizona Cardinals
Anos em atividade: 1984 -1997

Esiason foi draftado em 1984 por Cincinnati com a difícil missão de substituir Ken Anderson, um dos principais quarterbacks da história da franquia. Em sua temporada de calouro, dividiu snaps com o veterano e só foi assumir a titularidade definitiva no ano seguinte. No final das contas, ele foi capaz de substituir o ídolo à altura e até mesmo superá-lo.

O canhoto Boomer foi um atleta bastante prolífico e teve ótimas temporadas com os Bengals. A melhor delas ocorreu em 1988, quando venceu o prêmio de MVP da liga lançando 3,572 jardas, 28 touchdowns, 14 interceptações e terminou com um rating de 97,4. Ademais, ajudou a levar seu time ao Super Bowl XXIII, porém perdeu para os 49ers por 20 a 16. Depois disso, só voltou aos Playoffs mais uma vez, sendo derrotado pelos Raiders no Divisional Round de 1990.

Indiscutivelmente, o grande trunfo de Esiason foi a inteligência. Antes da K-Gun Offense de Jim Kelly nos Bills e antes de Peyton Manning ser um maestro na linha de scrimmage, o ataque dos Bengals ao final dos anos 80 foi o primeiro da história da NFL a constantemente utilizar a no-huddle offense (ataque sem reunião).

Após sua boa primeira passagem por Cincinnati, Esiason jogou pelos Jets (1993-1995) e Cardinals (1996), mas não conseguiu ter os mesmos números expressivos. Em 1997, retornou aos Bengals para a última temporada antes de se aposentar. Escolhido para quatro Pro Bowls, encerrou a carreira com 37,920 jardas aéreas, 247 touchdowns e 184 interceptações.

#4 Dan Fouts – San Diego Chargers
Anos em atividade: 1973-1987

Discutivelmente o maior jogador da história da franquia, Fouts só ficou em quarto nesta lista porque a concorrência na sua época era muito forte. Dan foi uma verdadeira máquina estatística de jardas e touchdowns no final dos anos 1970/começo dos 1980. Se houvesse fantasy football pela internet como há hoje (ou melhor, se houvesse internet, né), ele seria bem mais conhecido.

Atuando no esquema ofensivo conhecido como Air Coryell, em referência ao treinador Don Coryell, ele liderou a NFL em jardas aéreas por quatro temporadas seguidas (1979 a 1982). Tal sistema ofensivo, considerado por alguns como o precursor dos ataques atuais, utilizava-se de muitos passes em profundidade, daí vem uma das razões para suas estatísticas gigantes.

Fouts também estabeleceu o recorde de mais jardas lançadas em um único ano (4,802 em 1981) e, além disso, foi o primeiro de todos os tempos a ultrapassar a casa das 4,000 jardas em três temporadas consecutivas (1979 a 1981). Sua consagração individual veio em 1982, data em que recebeu os prêmio de jogador ofensivo e MVP do ano. Ele nunca conseguiu levar San Diego ao Super Bowl, contudo chegou em duas Finais de Conferência seguidas. Na segunda vez, em 1981, perdeu para os Bengals no jogo mais frio da história da NFL, o chamado “Freezer Bowl”.

Após ter comandado um dos ataques mais explosivos do futebol americano, Dan se aposentou com 58,8% de passes completos, 43,040 jardas, 254 touchdowns e 242 interceptações. Foi selecionado para seis Pro Bowls, entrou no Hall da Fama em 1993 e teve sua camisa #14 aposentada pelos Chargers.

#3 John Elway – Denver Broncos
Anos em atividade: 1983 – 1998

Os primeiros momentos de Elway na NFL não foram nada tranquilos. Resumindo bastante os acontecimentos: após ser draftado pelo Baltimore Colts com a primeira escolha geral do Draft de 1983, John bateu o pé, brigou com a franquia porque não queria ficar lá e ameaçou virar jogador de beisebol pelos Yankees se não fosse trocado. No final, a pressão surtiu efeito e ele foi negociado com os Broncos. Esta história é contada com muito mais detalhes no sensacional documentário “Elway To Marino”, da ESPN norte-americana – tem no Watch ESPN ou mesmo no Youtube.

Superado o polêmico início de carreira, Elway tornou-se um dos quarterbacks mais impressionantes da NFL, tanto que é até difícil falar de tudo o que ele fez em Denver. Seus 148 triunfos o fazem até hoje o quarto melhor signal caller de todos os tempos em número de vitórias. John guiou os Broncos à seis Finais de Conferência e cinco Super Bowls. Nos anos 1980, entretanto, ele perdeu as três finais de campeonato disputadas (1986,1987 e 1989), inclusive levando uma surra de Joe Montana no Super Bowl XXIV por 55 a 10. O primeiro anel só foi conquistado no Super Bowl XXXII, sobre Brett Favre, em 1997 – partida da famosa “jogada helicóptero“. No ano seguinte, venceu seu segundo troféu e pendurou as chuteiras.

Elway detém diversos recordes da franquia e estatísticas que estão entre as melhores já conseguidas na história: 51,475 jardas aéreas (6ª melhor), 300 passes para touchdown (8ª), 46 game-winning drives (4ª) e 4,123 passes completos (6ª). Extremamente atlético, ele também era uma ameaça com as pernas, tendo somado 3,407 jardas e 33 touchdowns terrestres. Entre 1983 e 1998, John esteve diretamente envolvido em 82,2% dos pontos obtidos por Denver (4,771 de 5,806), lançando ou correndo ele mesmo com a bola.

Entre suas principais honras individuais, podemos citar as noves eleições ao Pro Bowl, os prêmios de MVP da liga (1987) e MVP do Super Bowl XXIII (conseguido aos 38 anos de idade), a escolha para o Hall da Fama em 2004 e a aposentadoria da sua camisa #7. Não bastasse tudo isso, hoje ele é um general manager extremamente competente e um dos principais responsáveis pelo sucesso recente dos Broncos, incluindo o vice-campeonato no Super Bowl XLVIII e a conquista do Super Bowl 50.

#2 Dan Marino – Miami Dolphins
Anos em atividade: 1983-1999

Depois de ser preterido por 26 jogadores, cinco deles quarterbacks, Dan Marino foi selecionado pelos Dolphins com a 27ª escolha geral de Draft de 1983. A partir daí, ele se dedicou única e exclusivamente à uma tarefa: empilhar vitórias, jardas, touchdowns e recordes. Ao se aposentar após a temporada 1999, Marino simplesmente possuía todos os principais recordes aéreos da NFL: passes tentados (8,358), passes completos (4,967), touchdowns (420) e jardas aéreas (61,361). Por fim, seu rating total de 86,4 era acima da média e suas 147 vitórias são até hoje a quinta melhor marca da história por um quarterback.

Dan foi um signal caller tão espetacular que logo em seu segundo ano como profissional conseguiu discutivelmente o melhor desempenho de todos os tempos. Em 1984, ele tornou-se o primeiro a ultrapassar a barreira das 5,000 jardas aéreas em uma mesma temporada (5,084). Além disso, estabeleceu o recorde de surreais 48 passes para touchdown, pulverizando a marca anterior de 36 pertencente à George Blanda e Y.A. Tittle. Aproveitando a velocidade dos chamados “Marks Brothers”, no caso, Mark Duper e Mark Clayton, Marino rasgava as defesas adversárias com passes em profundidade e era quase imparável. Obviamente ele foi nomeado o MVP do ano.

Por uma daquelas injustiças da vida, Marino nunca conseguiu vencer um Super Bowl – Drew Brees e Andrew Luck vivem algo semelhante hoje: ausência de defesa e/ou jogo terrestre para lhe ajudar. O mais perto que chegou foi o vice-campeonato de 1984, quando perdeu o Super Bowl XIX para San Francisco. Fora isso, ele tem apenas outras duas participações em Finais de Conferências, nas quais caiu para os Patriots (1985) e Bills (1992). Entretanto, novamente frisamos e verdade seja dita: ao longo de grande parte da carreira, Dan não contou com muita ajuda de Miami, sobretudo nos anos 1990. A franquia era incapaz de montar times fortes o suficiente para brigar pelo título e toda a responsabilidade pelo sucesso recaia no quarterback.

Mesmo sem conquistar um anel, sua genialidade é inquestionável – lances como o fake spike contra os Jets, por exemplo, estão aí para comprovar. Marino liderou a liga em jardas aéreas e touchdowns respectivamente por cinco e três oportunidades, foi eleito para nove Pro Bowls, venceu os prêmios de calouro do ano e Comeback Player of the Year (1994). É membro do Hall da Fama desde 2005 e também teve sua camisa #13 imortalizada pelos Dolphins.

#1 Joe Montana – San Francisco 49ers e Kansas City Chiefs
Anos em atividade: 1979-1994

Talvez você não tenha percebido, mas três nomes citados acima têm uma coisa em comum. Esiason, Elway e Marino perderam Super Bowls para os 49ers, ou melhor, Esiason, Elway e Marino perderam Super Bowls para Joe Montana. Vindo de Notre Dame e selecionado na terceira rodada do Draft de 1979, o jovem de pernas finas (canelas de sabiá) chegou na NFL para se tornar o líder da maior dinastia dos anos 1980 e um dos melhores de todos os tempos.

Operando na West Coast Offense do treinador Bill Walsh, sistema baseado em passes curtos, rápidos e precisos, Montana virou uma lenda. Como titular em San Francisco, venceu nove títulos de divisão, chegou em seis Finais de Conferência e ganhou quatro Super Bowls (XVI, XIX, XXIII, XXIV) – os quatro que disputou. Destes, foi eleito MVP em três oportunidades. Apelidado de “Joe Cool” por conta da sua tranquilidade e capacidade de brilhar em momentos decisivos, também ficou famoso pelas suas jogadas milagrosas e viradas espetaculares. Por exemplo, podemos citar o lance conhecido como “The Catch“, ocorrido no final do NFC Championship Game de 1981 diante de Dallas, ou a campanha da virada no Super Bowl XXIII, quando Joe marchou 92 jardas nos últimos três minutos de partida para derrotar os Bengals.

Visto como extremamente inteligente e capaz de enxergar todos e tudo o que acontecia no campo, Montana recebeu o prêmio de MVP da liga duas vezes seguidas (1989 e 1990). Embora seu rating (92,3) e percentual de passes completos (63,2%) sejam bem maiores, suas estatísticas em temporada regular não são tão exuberantes como as de Elway ou Marino: 40,551 jardas aéreas, 273 touchdowns e 139 interceptações. Contudo, Joe Cool gostava mesmo de brilhar na pós-temporada. Em quatro participações no Super Bowl, totalizou 1,142 jardas aéreas, 11 touchdowns aéreos e 2 terrestres, nenhuma interceptação e um rating absurdo de 127,8.

Em 1993, após algumas lesões sérias e a ascensão de Steve Young nos 49ers, Montana foi trocado com os Chiefs. Logo no seu primeiro ano em Kansas City ajudou a levar o time à Final de Conferência, mas perdeu para os Bills. Em 1994, voltou aos Playoffs, foi derrotado pelos Dolphins no Wild Card e se aposentou. Seu legado inclui um record de 16 vitórias e sete derrotas em pós-temporada, oito idas ao Pro Bowl, a eleição ao Hall da Fama em 2000 e o número #16 imortalizado por San Francisco.

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