Cardiac Cats: como os Lions venceram 7 jogos no 4º período?

O termo “teste pra cardíaco” já foi usado múltiplas vezes nos últimos anos por Galvão Bueno e você provavelmente deve estar de saco cheio desse termo. Mas, não, não foi o narrador mais ufanista da história da civilização ocidental que inventou isso. Na NFL o termo “cardíaco” para apelidar times já é um tanto quanto antigo. Em 1980 tivemos as Cardiac Kids dos Browns. Em 2003, os Cardiac Cats do Carolina Panthers brigaram múltiplas vezes no final de jogos e só perderam… No último lance do Super Bowl XXXVIII contra os Patriots.

O termo Cardiac Cats pode e merece ser revisto para esta temporada. O que o Detroit Lions está fazendo neste ano – bom, pantera e leão é felino, não? – faz toda justiça ao apelido também. De acordo com o ELIAS Sports Bureau, os Lions de 2016 são o segundo time na história da NFL com 7 vitórias enquanto estavam perdendo anteriormente no 4º período. Sete. SETE.

A última vez que isso aconteceu foi em 2009, quando Peyton Manning ainda era o quarterback do Indianapolis Colts. Naquele ano, os Colts terminaram com campanha de 14-2 e venceram a divisão – chegando até o Super Bowl, onde perderam para os Saints. Coincidência ou não, o técnico de Indianapolis naquela temporada é o mesmo de Detroit neste ano: Jim Caldwell.

Neste momento, os Lions estão em primeiro na NFC North e caso terminem a temporada assim, será o primeiro título da franquia na divisão. Não, os Lions nunca venceram a NFC North: o último título da franquia foi em 1993, quando ela ainda contava com os Buccaneers era NFC Central. Em termos de títulos divisionais, é a maior seca da NFL – só os Browns, vencedores da AFC Central de 1989, têm seca mais longa.

Mas… Como eles chegaram aqui? Como essas 7 vitórias aconteceram quando a corda apertou?

Tudo começou na Semana 1. Com 28 segundos restando no último período e atrás por um ponto, Eric Ebron foi conectado por Matt Stafford para uma primeira descida crucial. Depois, Stafford achou Marvin Jones para mais 22 jardas, o que colocou os Lions em alcance de field goal. Matt Prater, um dos melhores chutadores da liga, matou o jogo com um chute de 43 jardas.

Na sequência, a Semana 5 contra os Eagles propiciou mais uma vitória emocionante e crucial para a arrancada de Detroit. Contra seu ex-técnico, agora coordenador defensivo de Philadelphia (Jim Schwartz), Carson Wentz e o ataque dos Eagles tinham 2:14 restantes, atrás por 2 pontos após virada de Detroit. Um field goal facilmente resolveria a vida para Philadelphia. Não deu; Ryan Mathews sofreu fumble e os Lions recuperaram. Na sequência, Stafford matou o jogo com um passe de 27 jardas para Golden Tate. Foi o suficiente para outro chute de Prater, para 29 jardas. Ainda eram 5 pontos de vantagem, os Eagles poderiam acabar por derrubar os Cardiac Cats. Eis que Darius Slay interceptou Wentz e sepultou as chances de vitória da equipe da NFC East.

Na semana seguinte, a sexta da temporada, novamente partida decidida por até 7 pontos e no último quarto. Em realidade, todos os jogos de Detroit foram assim neste ano. Atrás por justamente 7 pontos no placar, Stafford comandou campanha sensacional de 84 jardas e empatou em conexão com Golden Tate. Na sequência, mais uma campanha longa e com Prater um chute de 34 jardas matou a partida.

Não perca a conta, chegamos na metade da trajetória incrível dos Lions neste ano. Faltam quatro.

A semana 7 contra Washington reservou, como você já percebeu, mais uma sequência empolgante ao final da partida. Stafford liderou campanha de 75 jardas em menos de um minuto, culminando com passe de 18 jardas para Anquan Boldin numa terceira para dez. Duas semanas depois, foi a vez dos Vikings sofrerem o veneno cardíaco pela primeira vez neste ano. Desta vez, na prorrogação: Detroit estava 3 pontos atrás no placar com a bola na linha de 25 jardas. Segundo a ESPN americana, a probabilidade de vitória de Detroit era de menos de 1%.

Não para Stafford. Uma sequência de passes fez com que Prater estivesse no limite de seu alcance. Um chute de 58 jardas jogou a partida para a prorrogação, onde os Lions venceriam com um touchdown.


“RODAPE"

Mesmo com os Jaguars mal na temporada, obviamente teríamos mais uma história assim aqui. Ao início do último quarto, a equipe de Jim Caldwell trilhava por 3 pontos. Eric Ebron foi usado de forma terrestre e teve o primeiro touchdown do gênero em sua carreira. Depois, Prater sacramentou a vitória com chute de 43 jardas, selando a sexta virada dos Lions neste ano.

Por fim, ontem. Semana 12. Thanksgiving. Audiência nacional. 48 jardas de Prater para empatar – mas 1:49 no cronômetro para Sam Bradford passar a frente de novo. O quarterback do Minnesota Vikings, porém, espalhou a farofa. Darius Slay lhe interceptou e com a bola em posição de field goal, Prater matou mais uma partida. Sete.

Detroit é apenas o oitavo time na história a estar atrás no placar em todos seus 11 primeiros jogos da temporada. Estão com 7 vitórias, bem mais do que 50% de aproveitamento – o esperado nessas situações quase que de cara ou coroa. Acho que era isso né?

Não. A estatística é bem pior para esses outros times. Os outros 7 times que tiveram as 11 primeiras partidas perdendo no último quarto têm campanha combinada de 4-73. É um esforço conjunto. Stafford, seus recebedores, a defesa, o time de especialistas. Liderando a NFC North, Detroit pode terminar o ano assim. Haja coração.

Comentários? Feedback? Siga-me no twitter em @CurtiAntony, ou nosso site em @profootballbr e curta-nos no Facebook.


“RODAPE"

Quer uma oportunidade para assinar nosso site? Aproveita, R$ 9,90/mês no plano mensal, cancele quando quiser! Clique aqui para assinar!
“odds