Audiência volta a crescer, mas Comissário da NFL quer testar intervalos menores na Semana 16

Os jogos da NFL tiveram queda de audiência, nos Estados Unidos, de 4% para a FOX e de 7% no Monday Night Football. Poderíamos estar falando de 2016, mas isto foi em 2000 – talvez o último ano de eleição presidencial americana que fora tão “tumultuada” e sequestradora de audiência quanto a deste ano. Roger Goodell, comissário da NFL, enviou esses dados em memorando às franquias da NFL (isto em outubro).

Basicamente, como o povo americano adora em suas argumentações – vide seu sistema jurídico – o memorando era um alerta de “calma, já aconteceu antes e deu tudo certo”. 1984, também ano de eleição, foi outro ano de queda nesse sentido, com a aposentadoria recente de grandes ídolos (Staubach, Bradshaw) e a chegada de novos numa entressafra (Marino, Dickerson, Elway). E, tal qual 2000, deu tudo certo depois.

Assim como em outros anos eleitorais, os números de audiência da NFL caíram e se recuperaram após a primeira terça-feira de novembro, quando ocorrem as eleições presidenciais. Pelas primeiras nove semanas, a média de audiência nos Estados Unidos foi de 15,5 milhões de pessoas para as partidas da NFL (de um modo global). Após a eleição, ocorrida no dia 8 de novembro, a audiência voltou a crescer. Da Semana 10 até a 14, a média foi de 18,1 milhões de pessoas. Se compararmos a Semana 10-14 com ano passado, a queda foi de apenas 2%. Comparando essas semanas às nove primeiras arrebatadas pelo turbilhão Trump-Hillary, a audiência está 16% maior.

Roger Goodell, comissário da NFL, ainda acha que essa audiência pode melhorar. Escândalos de relações públicas a parte, o que mantém Goodell no poder da da liga mais rentável do mundo é justamente este fator: a capacidade incrível que ela vem tendo de fazer dinheiro. E o fluxo de dólares vem, principalmente, dos contratos com as redes de televisão. É por isso que a audiência dos jogos sempre será sempre motivo de atenção para o escritório da liga. Goodell disse à ESPN americana que não coloca a culpa na queda de audiência totalmente à eleição americana. Segundo ele, os executivos da liga estão procurando formas de fazer o jogo ser mais digerível para o público. “Sou um grande crente de que a questão é sobre o ritmo do jogo, não sua duração”, disse o comissário. “Se você tem um grande jogo, ninguém vai reclamar sobre quanto tempo ele durou. Mas o ritmo é algo em que estamos trabalhando”.

Pensando nisso, a liga, em cooperação com seus parceiros de transmissões (ESPN, CBS, FOX e NBC nos Estados Unidos) pretende começar a testar algo que pode agradar a muitos fãs na Semana 16. “Queremos reavaliar como os intervalos comerciais devem ser”, elaborou Roger. “Intervalos são de 2 minutos e 20 segundos por toda nossa história. Bom, vamos ver o que acontece se diminuirmos os breaks e colocarmos eles em lugares diferentes. Pode ser melhor para nós, para nossos fãs, para nosso parceiros na televisão e mesmo para os anunciantes. Não é algo apenas para a mídia, é sobre fazer isso ser correto para os fãs no estádio também”, completou.

Goodell também aproveitou a oportunidade para pontuar sua opinião sobre a competitividade da NFL e também sobre o Thursday Night Football. “Estamos tendo nossa temporada mais competitiva desde o início dos anos 1930”, disse o comissário em referência à margem média de vitória ser de menos de 10 pontos por jogo e praticamente 70% dos jogos entrarem o último quarto de partida com vantagem média de um touchdown. Especificamente sobre o TNF, que vem sendo constantemente criticado pelo fato dos jogos tecnicamente serem pior do que os demais (até pelo fato dos times terem menos tempo para se preparar e descansar), o comissário diz não ver problema sobre a quantidade de jogos transmitidos pelos parceiros televisivos da NFL. “Não acredito que tenhamos visto alguém que queira menos futebol americano”, falou o comissário.

Como Darren Rovell, senior writer do ESPN.com apontou, o aumento na audiência dos jogos de quinta-feira desde a semana 10 colaboraram decisivamente para um aumento global na média de audiência. A partida entre Dallas e Minnesota foi o jogo mais assistido numa quinta, em todos os tempos (nos EUA). Kansas City e Oakland também teve bons números, inclusive aqui no Brasil. Como os números mostram, o problema pode não ser necessariamente  o fato dos times terem menos tempo de descanso e preparação – mas o fato de que muitas vezes os duelos de quinta são entre times fracos ou entre um time forte e outro capengando na temporada. Como Richard Sherman, cornerback do Seattle Seahawks e formado em comunicação na Universidade de Stanford, apontou em seu texto Por que odeio o Thursday Night Football, uma eventual saída – considerando que todos os times tenham que jogar na quinta como acontece atualmente – seria eliminar a quarta semana de pré-temporada, colocar uma semana a mais de temporada regular e por consequência uma semana de folga a mais por time: esta, bônus, imediatamente antes do Thursday Night Football.


“RODAPE"

Não é por acaso que Dallas e Minnesota pareceu ser um jogo melhor, conforme Sherman aponta em seu texto. Cowboys e Vikings tinham jogado no Thanksgiving, também uma quinta – e tiveram 7 dias para se preparar para o Thursday Night Football, tal qual ocorreria numa semana normal. Sabendo que a pré-temporada é um sonífero mais potente que assistir o Video Show depois que comer uma feijoada, não é, em absoluto, uma má ideia. Uma semana a mais de descanso certamente elevaria o nível técnico da liga como um todo. Seja em mais tempo para se preparar, seja em mais tempo para se recuperar da fisicamente desgastante atividade chamada jogar futebol americano.

A experiência de 18 semanas de temporada e duas semanas de folga por time aconteceu uma única vez em 1993, na 74ª temporada da NFL. Depois do sucesso de expandir a temporada regular para 17 semanas em 1990, a liga acreditava que essa semana extra geraria ainda mais dinheiro. Especialmente naquele ano, a NFL também pensou em evitar de marcar jogos de playoff no dia 1º de janeiro (tradicional data dos Bowls de ano novo do College Football). O experimento, de qualquer forma, durou apenas um ano. Muitos times criticaram a liga citando que duas semanas de folga “atrapalhavam” a rotina semanal. Em 1994 a liga voltou ao calendário com 17 semanas. Mas, vale lembrar, em 1993 não havia o Thursday Night Football para detonar (ainda mais) a preparação semanal dos times. Como já existe o precedente, não se assuste se ele acontecer novamente.

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