Conheça Tom Savage, o homem que roubou o emprego de Brock Osweiler

O inevitável finalmente aconteceu no último domingo: Brock Osweiler foi para o banco de reservas dos Texans. Após ser contratado a peso de ouro na Free Agency, mais precisamente por 72 milhões de dólares, o quarterback viu sua desastrosa primeira temporada como titular em Houston chegar ao fim no duelo diante dos Jaguars. As duas interceptações lançadas em passes consecutivos acabaram com a paciência do head coach Bill O’Brien, fazendo com que Brock fosse sacado do time no segundo quarto da partida.

A atuação sofrível contra uma das equipes mais fracas da NFL foi a “coroação” do tenebroso ano vivido pelo jogador. Osweiler foi discutivelmente o pior signal caller titular de 2016, disputando cabeça à cabeça com nomes como Colin Kaepernick, Case Keenum, Blake Bortles ou qualquer um dos quarterbacks dos Jets. Na verdade, parece claro que ele só durou tanto tempo no emprego porque não é fácil barrar um homem de 72 milhões. Brock caminha a passos largos para se tornar um dos maiores busts da história da Free Agency – odiamos dizer isso, mas nós tentamos avisar.

A bola da vez em Houston agora é Tom Savage. O terceiranista entrou na partida com Jacksonville, jogou bem e conduziu os Texans à uma importante vitória de virada por 21 a 20. Na última segunda-feira, O’Brien confirmou Savage como titular na semana 16 diante dos Bengals. Salvo uma contusão ou um desempenho absurdamente ruim, a expectativa é que ele permaneça nessa condição até o final da temporada regular e mesmo nos playoffs – caso Houston se classifique, claro.

Savage, entretanto, ainda é um imenso ponto de interrogação para muita gente. Ele não é exatamente um nome famoso e nem foi badalado na época do Draft – você sabia, por exemplo, que Tom saiu no mesmo recrutamento de Derek Carr, Bortles, Bridgewater e Manziel? Pensando nisso, acreditamos que um texto com uma breve apresentação seria uma boa ideia, sobretudo para os torcedores de Houston conhecerem um pouco mais sobre o seu novo quarterback. Porém, antes de mais nada, é importante explicarmos como Osweiler, às vésperas dos playoffs, perdeu o emprego para um signal caller com quase nenhuma experiência profissional.

Osweiler em (falta de) números

Brock conseguiu o que parecia impossível: fazer os fãs de Houston sentirem saudades de Brian Hoyer, o titular do time em 2015 e conhecido por ser um atleta bastante mediano. As deficiências de Osweiler ficaram evidentes a olho nu em todas as partidas: imprecisão nos passes, excesso de turnovers, falta de ritmo com os recebedores etc. Se você ainda não estiver convencido, podemos citar números.

Entre 31 signal callers com estatísticas elegíveis para análises mais completas, Brock é o 27º em porcentagem de passes certos (59,6%), o 28º na proporção (0,9) entre touchdowns (14) e interceptações (16) e o último em média de jardas por tentativa de passe (5,8). Além disso, ele possui o segundo pior rating entre todos os quarterbacks que lançaram pelo menos 200 vezes na temporada (71,4), à frente apenas de Ryan Fitzpatrick (69,1).

Tal média baixíssima de jardas por tentativa, a terceira pior dos últimos cinco anos, explica porque C. J. Fiedorowicz teve a temporada de sua vida. Osweiler só conseguiu ser minimamente consistente e ter algum ritmo lançando bolas de cinco jardas para seus tight ends.

O Brockador, apelido carinhoso dado pelo público brasileiro, também fez algo que poucos cornerbacks conseguiram: anular DeAndre Hopkins. Em 2015, o wide receiver brilhou tendo que receber passes de Hoyer, Ryan Mallett, T.J. Yates e Brandon Weeden. Em 2016, ele não sobreviveu à inconsistência de Osweiler. Hopkins foi o terceiro no quesito alvos (190) e recepções (111) no ano passado. Hoje, é respectivamente o 9º (133) e o 25º (68) – tal aproveitamento de 52,7% é o terceiro pior da NFL entre quem foi alvo de pelo menos 100 passes. Uma queda tão brusca no desempenho de um dos wide receivers mais talentosos da liga é sem dúvida sintoma da falta de qualidade under center.

Tudo isso culminou na perda de titularidade. Um quarterback não saia do time por deficiência técnica após começar os primeiros 14 jogos da temporada como titular desde 2005, quando os Bears trocaram Kyle Orton por Rex Grossman. Curiosamente, esta é a segunda vez consecutiva que Osweiler vai para a reserva na reta final do ano – em 2015, ainda nos Broncos, foi preterido por Peyton Manning.

A trajetória de Savage até Houston

Tom Savage teve uma carreira universitária bastante conturbada e fora do comum. Após ser recrutado por Rutgers, tornou-se o titular e um dos principais jogadores ofensivos do time logo em 2009, seu ano de calouro. Na temporada seguinte, contudo, sofreu uma lesão na mão, perdeu espaço e foi para a reserva. Insatisfeito com a situação, transferiu-se para Arizona.

Por conta das regras de transferência da NCAA, não pôde atuar durante todo o ano de 2011. Neste intervalo de tempo, o técnico de Arizona que o havia recrutado foi demitido e o novo treinador implantou um sistema ofensivo o qual não favorecia suas características. Savage, então, tentou voltar para Rutgers, mas foi impedido pela NCAA. No final das contas, o quarterback foi para a Universidade de Pittsburgh em 2012. Lá, as mesmas regras de transferência o deixaram fora dos gramados por um ano, até que em 2013 ele finalmente pôde retornar ao futebol americano universitário.


“RODAPE"

Em sua última temporada de elegibilidade no College Football, Tom foi titular e lançou 2,958 jardas, 21 touchdowns e nove interceptações. Na sequência, o jovem signal caller declarou-se para o Draft 2014. Seu resumo era basicamente o padrão de quarterbacks cotados para rodadas intermediárias e baixas: bons atributos físicos e braço forte, porém carente de mais aprimoramento técnico. Por exemplo, falta de precisão, presença de pocket ruim e dificuldade para fazer diferentes leituras. Em suma, ele era uma projeto para ser trabalhado pensando no futuro.

Houston decidiu apostar em Savage na quarta rodada daquele Draft, com a 135ª escolha geral. Em sua primeira temporada na NFL, o calouro participou de apenas duas partidas, sendo que na semana 15, diante dos Colts, tentou 19 passes (10 completos, nenhum touchdown e uma interceptação). No ano seguinte, porém, Tom não entrou em campo nenhuma vez e não participou do carrossel de quarterbacks dos Texans. Uma lesão no ombro sofrida durante a pré-temporada o deixou de molho por vários meses.

Em 2016, Savage venceu a batalha com Brandon Weeden pelo posto de reserva da equipe e o resto da história a gente já conhece. Contra os Jaguars, no último domingo, ele entrou em campo, incendiou o ataque de Houston e conduziu uma bela virada.

Ainda é cedo para avaliarmos a sua real evolução – o espaço amostral de 40 minutos jogados é muito pequeno -, embora obviamente Tom tenha parecido bem mais consistente do que nos tempos de calouros. Porém, antes do #empolgou é preciso pensar se isso não foi apenas “fogo de palha” causado pelo efeito surpresa, ou alguém imagina que Jacksonville não ficou em choque quando viu Savage entrando em campo?

Seja como for, habemus um novo quarterback titular em Houston. Savage será o oitavo starter diferente em Houston desde 2014, maior marca da NFL superando inclusive… (rufem os tambores) os Browns (7). A diferença é que os Texans possuem um record 26-20 de lá para cá, enquanto que Cleveland venceu 10 e perdeu 36 confrontos.

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