Quem foi o comeback player da temporada de 2016?

O ser humano é movido a histórias de superação, de um indivíduo enfrentando uma situação desfavorável esmagadora e triunfando ao final. Não à toa, milhares e milhares de filmes foram feitos em cima dessa ideia, como “Rocky”, “Pequeno Grande Time” (mais conhecido como Little Giants), “Star Wars”, “Um Sonho de Liberdade”, e até mesmo “Kung Fu Panda”. Está incrustado na psiquê do ser humano se relacionar com essas histórias quase de imediato.

Na NFL, temos um prêmio que é, basicamente, um reconhecimento da superação de um jogador. Seja um nome que era amplamente criticado num ano e que despontou no outro, ou um jogador que se recuperou de uma lesão gravíssima apenas para ser crucial para seu time. Para quem acompanha a cobertura do ProFootball, a coluna com as “Premiações da Semana” se tornou uma forma de homenagear os melhores e piores de cada rodada. Desde a Semana 9, elegemos em diversas categorias os atletas merecedores de tais honras (ou desonras). Com o final da temporada regular, nada mais justo que extrapolarmos a coluna semanal e darmos os prêmios pelo conjunto da obra em 2016. Ao contrário das menções honrosas normalmente atribuídas aos jogadores que quase venceram o prêmio, vamos citar os cinco melhores, uma maneira de apontarmos diversos merecedores.

Quinto lugar – Cameron Wake, edge rusher do Miami Dolphins

Na temporada de 2015, Cameron Wake sofreu uma ruptura no tendão de aquiles, uma lesão especialmente difícil de se recuperar e manter a mesma força de antes da ruptura. Pairava no ar uma preocupação especial com as condições do camisa 91, até pela idade de 34 anos. A ideia era lentamente colocar Wake em campo, poupando o veterano para partidas mais importantes.

Entretanto, o pass rusher se recuperou com a mesma força da ruptura, jogou a temporada inteira e em altíssimo nível, liderando a equipe em sacks (11.5) e carimbando o passaporte para o seu quinto Pro Bowl. O jogador não só não perdeu seu impacto, mas teve uma das melhores temporadas da carreira, sendo fundamental para a primeira pós-temporada do Miami Dolphins desde 2008.

Quarto lugar – Jimmy Graham, tight end do Seattle Seahawks

Outrora considerado um tight end de elite quando recebia passes de Drew Brees no New Orleans Saints, a troca de Jimmy Graham para o Seattle Seahawks o colocou novamente como um “mero mortal”, por assim dizer. Inserido num sistema ofensivo que priorizava muito mais o jogo terrestre do que aquele implementado por Sean Payton, muitos fãs e analistas duvidavam da capacidade de Graham em se tornar um bloqueador competente para os campeões do Super Bowl XLVIII. Depois de um começo lento e com pouco impacto, Jimmy Graham rompeu seu tendão patelar em novembro de 2015, uma ruptura considerada pelos médicos uma das mais difíceis de se recuperar para o exercício do futebol americano.

Pois bem, o camisa 88 dos Seahawks trabalhou para que pudesse estrear logo na Semana 1 da temporada regular, e assim o fez. Ao final das 16 partidas, Jimmy Graham teve 61 recepções, 859 jardas e seis touchdowns, com uma média de 14.1 jardas por recepção. Fica, então, a menção honrosa ao tight end que tem tudo para ajudar o Seattle Seahawks ainda na pós-temporada que acompanhamos.

Terceiro lugar – Le’Veon Bell, running back do Pittsburgh Steelers

Quem vê Le’Veon Bell correndo de um lado por outro como se as defesas fossem de papel até esquece que ele teve uma séria lesão em 2015. Recuperado de dois ligamentos rompidos, as 1.884 jardas em 12 partidas apagaram quaisquer dúvidas que todos poderiam ter em relação ao running back.

A ética profissional de Bell, de acordo com seus companheiros de time, foi o que manteve a fé do Pittsburgh Steelers no jogador, mesmo com a suspensão de três jogos no início da temporada. Detentor dos recordes de mais jardas terrestres em uma partida da franquia (contra o Buffalo Bills na Semana 14) e mais jardas terrestres dos Steelers em jogo de pós-temporada (justamente na sua estreia em playoffs, contra o Miami Dolphins), Le’Veon Bell é um dos nomes que deu a volta por cima em 2016.

Segundo lugar –  DeMarco Murray, running back do Tennessee Titans

Confesso que tive minhas dúvidas sobre a possibilidade de DeMarco Murray retomar a forma de 2014, quando jogava pelo Dallas Cowboys, no Tennessee Titans. A temporada de 2015 do jogador, lá no Philadelphia Eagles, foi tão esquisita que eu fiquei receoso de ser um problema maior do que oportunidade e sistema ofensivo. Sob o comando de Chip Kelly, DeMarco Murray parecia ter dificuldades em encontrar os espaços, buscando sempre corridas pela lateral e falhando em conquistar primeiras descidas importantes pro seu time.

Pois bem, em 2016, o Tennessee Titans chegou perto da pós-temporada e muito disso foi por causa de Murray. Atrás de uma linha ofensiva de elite e com um plano de jogo com ênfase no jogo terrestre, DeMarco Murray terminou a temporada como terceiro em jardas terrestres (1.287), terceiro em tentativas (293), oitavo em touchdowns (9), além da sexta melhor marca de jardas por jogo (80.4), sem mencionar ainda seu excelente trabalho como bloqueador nas jogadas aéreas. Apesar de não ter se lesionado, a temporada de 2015 de Murray foi tão atípica que o credenciou à comeback player of the year. E sua recuperação foi tão magnífica que valeu o segundo lugar da lista.

Primeiro lugar – Jordy Nelson, wide receiver do Green Bay Packers

A ausência de Jordy Nelson, quando ele se lesionou na pré-temporada de 2015, foi subestimada. A crença de que Aaron Rodgers resolveria por ser o Aaron Rodgers acabou não se concretizando com a mesma eficiência; Randall Cobb jogou com um problema no ombro por toda a temporada e Davante Adams não conseguiu criar separação. Criou-se para 2016, então, que a volta de Nelson seria uma ajuda, mas uma ajuda apenas para “tirar o foco da defesa”, pois aos 31 anos e se recuperando de um rompimento de ligamento cruzado anterior, o wide receiver não conseguiria ter o mesmo impacto.

18 semanas depois, Jordy Nelson segue firme e forte, obrigado. Líder em touchdowns na temporada regular (14) e sexto em jardas aéreas (1.247), o camisa 87 pode até não ter a mesma explosão, mas a técnica e inteligência permanecem lá. A capacidade de fazer recepções difíceis grudadas na lateral do campo, a visão para entender as marcações por zona e encontrar os espaços (Minnesota Vikings que o diga), fizeram a diferença para o time na temporada. Aaron Rodgers não só teve seu alvo predileto de volta, mas as defesas tiveram que se preocupar (e muito) em anular Nelson. Não é à toa, também, que Davante Adams teve 12 touchdowns anotados (segunda marca da liga, empatado com Mike Evans e Antonio Brown). Jordy Nelson estica o campo verticalmente, força a defesa a se planejar para enfrentá-lo e dá espaços para seu time construir campanhas bem-sucedidas. É o camisa 87 o nosso comeback player de 2016. Esperamos que ele consiga jogar no domingo contra Dallas.

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