40 anos em 4: como tudo mudou para Seahawks e Falcons desde os Playoffs de 2012

No dia 13 de janeiro de 2013, Seattle Seahawks e Atlanta Falcons mediram forças em um jogo de vida ou morte. O duelo, válido pelo Divisional Round da temporada de 2012, definiu quem iria enfrentar o San Francisco 49ers na Final da Conferência Nacional.

A partida foi bastante emocionante e disputada. Atlanta abriu 20 a 0 no primeiro tempo, mas Seattle buscou uma reação impressionante na segunda etapa. Após anotar 21 pontos no último quarto, os Seahawks assumiram a liderança no placar a 31 segundos do fim. Então, os Falcons recuperaram a bola, marcharam pelo campo e entraram na área de field goal. O kicker Matt Bryant desperdiçou seu primeiro chute, porém a tentativa foi anulada por um pedido de tempo de Pete Carroll – o treinador queria “congelar” o adversário. Na segunda vez, Bryant converteu o disparo e Atlanta venceu por 30 a 28.

Em 2017, quis o destino que as duas equipes se reencontrassem nos playoffs e, ainda por cima, na mesma fase – o Divisional Round. No próximo sábado, dia 14 de janeiro, às 19:30, Seahawks e Falcons voltam ao mesmo gramado do Georgia Dome de quatro anos atrás para decidirem novamente quem irá à Final da NFC.

Esta interessante coincidência à primeira vista não tem nada de muito extraordinário, porém ela serve para ilustrar como o mundo da NFL é dinâmico e como a vida de uma franquia pode virar de cabeça para baixo em um curto espaço de tempo. Tanta coisa mudou para os dois times de 2012-2013 para cá que aquele duelo parece ter ocorrido há 40 anos – e não quatro.

O surgimento de uma das melhores defesas da história, Russell Wilson, conquista de Super Bowl, Atlanta saindo do céu e indo ao inferno, Matt Ryan deixando de ser “amarelão” para virar provável MVP da temporada. Tudo isso aconteceu durante este ciclo de quatro anos. Confira uma breve retrospectiva das transformações vividas por ambos os times e entenda como eles chegaram até aqui, seja com seus defeitos ou virtudes.

Seattle é o maior exemplo de que bons Draft mudam o destino de uma franquia

Quem começou a acompanhar a NFL há pouco tempo pode se surpreender, mas Seattle foi uma equipe bem mais ou menos no final da década passada. Entre 2008 e 2011, os Seahawks não tiveram nenhum record positivo e só foram à pós-temporada uma vez, quando venceram a NFC West em 2010 somando sete vitórias. Entretanto, a chegada de Pete Carroll e alguns ótimos recrutamentos mudaram o rumo de tudo. Durante os Draft de 2010 e 2011, a franquia selecionou a maioria dos atletas que formam a espinha dorsal da sua atual defesa: Bobby Wagner, K.J. Wright, Kam Chancellor, Richard Sherman e Earl Thomas.

Passado o tempo de adaptação dos jovens ao nível profissional, Seattle virou uma máquina. O ano de 2012 marcou o nascimento de uma das melhores defesas da história, sendo inclusive a data de surgimento do apelido “Legion of Boom”, dado a secundária do time. Desde então, os Seahawks lideraram a liga no quesito menos pontos cedidos por partida durante quatro anos seguidos, só perdendo sua coroa na atual temporada – em 2016, terminaram na terceira posição. Essa é a principal razão para a franquia ter conquistado o Super Bowl em 2013 e estar com cinco participações consecutivas nos playoffs.

Ademais, a aquisição de um outro atleta no Draft ajudou a transformar Seattle em um dos times mais respeitados da NFL. Ao escolherem Russell Wilson na terceira rodada do Draft 2012, os Seahawks com certeza não imaginavam que ele em tão pouco tempo se transformaria em um dos melhores quarterbacks da liga. E pensar que Matt Flynn havia assinado um belo contrato de três anos e 20 milhões de dólares para ser o titular naquela temporada.

Junto com Marshawn Lynch, Wilson, eleito o melhor calouro de 2012, aproveitou-se de sua mobilidade e formou um ataque terrestre infernal. Não bastasse a combinação ataque produtivo e defesa espetacular, Seattle também transformou o CenturyLink Field no estádio mais hostil da NFL, sobretudo graças ao apoio massivo e barulhento de seus torcedores.

Em suma, a inesperada visita aos playoffs de 2012 foi o primeiro capítulo da atual saga de sucessos acumulados pela franquia. A guinada dada por Seattle e seus jovens talentos a partir daquele ano não foi algo previsto por muita gente, mas acabou tornando-se uma das melhores histórias esportivas dos últimos tempos.

Atlanta, por outro lado, precisou descer até o fundo do poço para se reerguer

Já os Falcons fizeram exatamente o caminho oposto. Após draftar Matt Ryan no recrutamento de 2008, a franquia deixou o período de instabilidade para trás. Entre 2008 e 2012, Atlanta sempre conseguiu somar records positivos e classificou-se aos playoffs quatro vezes. Entretanto, ao contrário de Seattle, o que ocorreu depois da visita à pós-temporada de 2012 foi uma sucessão de frustrações.

Logo em 2013, a equipe viu Julio Jones se machucar e ficar de molho durante a maior parte da temporada, o que atrapalhou muito o funcionamento do ataque. O maior problema, contudo, acabou sendo a defesa. De um ano para o outro, a unidade pulou de quinta no ranking de menos pontos cedidos para 27ª. Essa foi a maior razão para o record de 13-3 ter virado um 4-12.

Na verdade, em todos os últimos anos Atlanta sofreu com péssimas defesas, principalmente por isso colecionou retrospectos negativos e ficou fora dos playoffs entre 2013 e 2015. A equipe tinha uma dificuldade crônica no pass rush, sendo sempre uma das piores da NFL em termos de sacks. A ascensão de Vic Beasley em 2016 parece ter resolvido o problema. Para efeitos de comparação, os Falcons totalizaram 19 sacks no ano passado. Beasley, sozinho, terminou a última temporada regular com 15,5.

Bastou uma pequena melhora defensiva para ajudar o time a voltar aos playoffs – pequena mesmo, pois Atlanta continua sendo um dos que mais cedem jardas e pontos por jogo. Quer dizer, obviamente o desempenho espetacular do ataque e a temporada digna de MVP vivida por Matt Ryan tem influência maior nessa conquista.

Por falar em Ryan, vale mencionar a montanha-russa que tem sido sua carreira. Em 2012, ele ainda sofria por ser considerado um “amarelão” na pós-temporada – antes de vencer os Seahawks, somava três derrotas e nenhuma vitória. Pelo menos com esse peso ele não precisará conviver em 2016. Em temporada regular, Ryan continuou sendo a habitual máquina de jardas aéreas que sempre foi, embora seu time continuasse sem ter sucesso. Entretanto, sobretudo em 2015, o signal caller teve vários problemas com turnovers, o que o levou a ser bastante questionado – pelo menos até o seu atual ano de MVP.


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De 2013 para cá, os Falcons tiveram respectivamente os records 4-12, 6-10, 8-8 e 11-5, ou seja, o time foi até o fundo do poço, mas começou a subir gradativamente. O movimento decisivo para isso parece ter sido a contratação de Dan Quinn na temporada passada. O head coach melhorou a defesa com boas aquisições no Draft (por exemplo, Beasley, Keanu Neal e Deion Jones), trouxe o coordenador ofensivo Kyle Shanahan dos Browns, colocou Atlanta de novo no caminho das vitórias e ajudou a elevar a franquia de patamar, fazendo com que ela voltasse a ser o que era em 2012.

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