Mais uma temporada de 5.000 jardas de Drew Brees: será que ele não merece mais amor?

Na história da NFL, apenas nove vezes um quarterback passou da marca de 5.000 jardas. Dessas nove vezes, Drew Brees foi responsável por cinco. Ou seja, ele tem mais temporadas de 5.000 jardas que todos os outros que atingiram a marca somados. Desde que chegou ao New Orleans Saints em 2006, Drew Brees nunca passou para menos de 4.418 jardas – sua pior marca na franquia da NFC South, justamente no seu primeiro ano sob a batuta de Sean Payton. São 385 touchdowns em onze temporadas, uma média de 35 por ano, e uma marca 67.8% dos passes completados como quarterback do New Orleans Saints.




Independentemente do seu elenco de apoio, Drew Brees manteve uma alta produtividade. Ao longo dessas onze temporadas, a equipe conquistou o Super Bowl e teve a pior defesa da história da liga no quesito de jardas cedidas; recebedores, running backs, defensores chegaram e partiram, mas o camisa 9 se manteve produtivo. O problema é que o time, nos últimos três anos, engrenou na mediocridade e simplesmente não consegue disputar a NFC South como em outros tempos. Três temporadas seguida com sete vitórias e nove derrotas, mesmo com Drew Brees suando sangue para manter o time no páreo pela pós-temporada.

O que acontece para o esforço de Brees ir por água abaixo?

Pois bem, o que acontece, basicamente, é uma incapacidade de montar uma defesa competitiva. Na verdade, montar uma defesa pouco próximo da média já seria uma baita ajuda. Em 2014, 2015 e 2016, o New Orleans Saints teve, respectivamente, a 28ª, 32ª e 31ª pior defesa em pontos cedidos. Em jardas, foi a 31ª em 2014 e 2015, e a 27ª em 2016. Os números defensivos são assustadores, e não há como sustentar uma produtividade ofensiva que compense pelo déficit contraído pela defesa. Se Brees tem um dia ruim ou uma pick six, por exemplo, um abraço, porque a defesa mais atrapalha do que ajuda.

Na verdade, as falhas da defesa são um problema já notório para quem acompanha o New Orleans Saints. Em 2014 e 2015, os esquemas complexos de Rob Ryan e a dificuldade em fazer os jogadores se adaptaram à sua filosofia defensiva produziram duas das piores temporadas defensivas da história. Em 2016, muitas lesões, como a de Delvin Breaux e do calouro Sheldon Rankins deixaram o elenco defensivo em uma condição desfavorável, sem os melhores do elenco jogarem juntos, e nem a temporada monstruosa de Cameron Jordan compensou isso.

O time vem ainda lidando com más decisões contratuais que deixaram a franquia com espaços reduzidos no teto salarial. A quantidade de dead money, isto é, dinheiro gasto em jogadores que já nem estão no time em 2016 era assustador. 45 milhões de dólares eram gastos em nomes como Junior Galette e Keenan Lewis. Esse dinheiro “parado” dificulta um pouco as manobras na free agency, pois há um número ínfimo de espaço no teto salarial. Todavia, quando os investimentos eram feitos, eram gastos rios de dinheiro em jogadores que atrapalhavam mais do que ajudavam (um abraço para meu amigo Brandon Browner).

Para 2017, o espaço ainda é pequeno (30 milhões de dólares), e o dead money foi de 45 para 9 milhões de dólares. Com um Draft inteligente e contratos que permitam que Drew Brees vença os jogos, a temporada que se aproxima é mais promissora neste aspecto para o New Orleans Saints. Aos 38 anos, completos no último dia 15, a janela vai se fechando para o segundo anel do jogador.

Onde está o amor por ele, afinal?

Para ser bem sincero, essa é uma pergunta difícil de responder. De maneira alguma minha impressão ou sensação é correta, embora eu fique com essa sensação toda vez que discuto a carreira do quarterback. Antes de falar dela, uma breve retrospectiva: ele foi uma escolha de segunda rodada no Draft de 2001, pelo então San Diego Chargers. Durante seus anos na Califórnia, o camisa 9 teve boas sequências, mas marcadas sempre por dúvidas na posição de quarterback. Em 2005, ele teve uma lesão séria no ombro, e seu futuro ficou comprometido aos olhos de muitos fãs e analistas. Depois de recusar a oferta dos Chargers, muito baseada em incentivos, Brees fechou com o New Orleans Saints em 14 de março de 2006.

Dali pra frente, Drew Brees mostrou que superara a lesão no ombro e que era um quarterback melhor do que jamais fora. Cinco aparições em pós-temporada, um Super Bowl contra ninguém menos que Peyton Manning, quebrando recordes atrás de recordes, sendo, até hoje, um dos mais precisos e inteligentes jogadores da NFL. Mesmo ele jogando em alto nível, parece que a expectativa em cima dele não é mais tão grande, no sentido de que “ele precisa ganhar mais um Super Bowl”. Com Peyton Manning, durante sua carreira, a pressão era sempre enorme. Tom Brady, idem. Parece que os fãs não esperam mais tanto de Brees, e talvez isso aconteça pois ele já superou – e muito – as expectativas quando rompeu o labrum do ombro direito.

Ao superar as adversidades, se tornar um quarterback de elite e levar o Super Bowl XLIV, parece que o caminho de grandiosidade de Drew Brees já se completou. É essa sensação esquisita que eu fico muitas vezes quando leio opiniões de fãs sobre o quarterback. Para Aaron Rodgers, um anel é pouco. Até 2015, também era pouco para Peyton Manning. É estranho pensar que Drew Brees não tenha a mesma cobrança. Normal, não há tantos torcedores da equipe quanto há dos Packers, Patriots e Broncos, mas ainda assim. É absolutamente natural esperar que um talento fora da curva, jogando em altíssimo nível, dispute sempre o Vince Lombardi. Independentemente da defesa, fica a sensação de que Brees já foi o herói que New Orleans precisava. Eu, particularmente, não entro nessa.


“RODAPE"

Drew Brees foi o motivo pelo qual eu me apaixonei por futebol americano. Eu comecei a acompanhar por causa de “um tal de” Peyton Manning lá nos idos de 2006, mas foi sua trajetória na equipe que me fez seguir a NFL e o New Orleans Saints com bastante intensidade. A frustração nos últimos anos causadas pelos sucessivos fiascos defensivos me tiraram da torcida cega pela equipe, pois é absolutamente desesperador ver um talento desse calibre perder anos de produção num poço fundo de mediocridade defensiva. Drew Brees merece, e muito, mais um Super Bowl na sua carreira. Nós temos a sorte de termos visto Tom Brady, Aaron Rodgers, Peyton Manning e Drew Brees em atividade, e todos esses quarterbacks não terminaram suas histórias, não até se aposentarem (com exceção de Manning, claro).

O amor por Drew Brees existe, com certeza. Ele pode ter tirado umas férias nesses três anos pela inépcia defensiva, e um time que não atinge retrospectos positivos não tem o mesmo frisson daqueles que conquistam. Uma guinada certa na inter-temporada pelo New Orleans Saints, um começo de temporada firme e o amor voltará com tudo. Drew Brees merece muitos anéis, e seu caminho de grandiosidade nunca estará completo enquanto ele vestir o branco e dourado.

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