Dropback, janeiro de 2005: Patriots e Steelers decidem a Conferência Americana

O confronto entre Patriots e Steelers no próximo domingo, às 21:40, no Gillette Stadium, definirá o campeão da Conferência Americana em 2016. Ele será o quinto duelo de pós-temporada na história envolvendo esses dois times. O auge dessa rivalidade em mata-mata ocorreu entre 1996 e 2004, quando ambas as equipes encontram-se duas vezes no Divisional Round e mais duas na Final de Conferência – New England venceu em 1996, 2001 e 2004, enquanto que Pittsburgh triunfou em 1997.

Curiosamente, embora sejam duas das franquias mais vitoriosas do século XXI, podemos notar que seus caminhos não se cruzam com tanta frequência assim nos playoffs. Em temporada regular, por outro lado, o número de partidas é bem maior: de 2002 para cá, foram 10.

Nosso foco hoje, entretanto, não é falar sobre o histórico geral de Patriots e Steelers, mas sim de um jogo específico: o famoso AFC Championship Game de 2004. Além de ter sido o mais recente confronto entre os times nos playoffs, a partida de 12 anos atrás é até hoje com certeza a mais importante da história dessa rivalidade: New England buscava a consolidação definitiva da sua dinastia. Já Pittsburgh, liderado por um quarterback calouro, queria encerrar um incômodo jejum de 25 anos.

Contexto e o caminho das equipes até a Final da AFC

Record de 15-1 na temporada regular (melhor retrospecto na história da franquia), 15 vitórias consecutivas, principal defesa da liga em pontos (15,7) e jardas (258,4) por partida e segundo melhor ataque terrestre (média de 154 jardas por jogo). Sim, podemos dizer que os Steelers chegaram no Championship Game pegando fogo. O time da Pensilvânia não sabia o que era perder desde a semana 2, quando caiu diante dos Ravens.

A forma básica de Pittsburgh jogar era bastante simples: confiar na sua forte defesa e correr com a bola sempre que possível, entregando-a para Jerome Bettis finalizar as campanhas – o running back terminou a temporada regular com 13 touchdowns. Esse viés ofensivo terrestre era fundamental para não colocar muita pressão sobre os ombros de Ben Roethlisberger, naquela época apenas um calouro. Em seus primeiros anos como profissional, Big Ben funcionava mais como um gerenciador do ataque, por isso não colecionava estatísticas tão grandiosas – e foi muito bem no papel, diga-se de passagem.

New England, por sua vez, não ficou muito atrás de Pittsburgh. Os patriotas terminaram com 14 vitórias e duas derrotas. Além disso, também contavam com uma defesa bastante competente, afinal foram a segunda que menos permitiram pontos por partida (16,2). Do outro lado da bola, a equipe estava no começo da sua lua de mel com Tom Brady, o qual vivia apenas sua quarta temporada como titular. Em suma, seria um duelo entre os legítimos dois melhores times da conferência – na verdade, não é exagero dizer que entre os dois melhores times da NFL.

Contudo, se dentro de campo as realidades eram parecidas, fora dele as coisas eram muito diferentes. Os Steelers viviam uma seca de 25 anos sem um título de Super Bowl e estavam desesperados para voltar a vencê-lo. A obsessão era grande e a pressão sobre o head coach Bill Cowher maior ainda, principalmente após a derrota para Dallas em 1995, no Super Bowl XXX.  Já os Patriots viviam em estado de graça. Após conquistar seus primeiros anéis em 2001 e 2003, a franquia lutava por mais um Troféu Vince Lombardi e pelo direito de poder gabar-se de ter conseguido montar sua própria dinastia, assim como Pittsburgh fez nos anos 1970.

O jogo

Embora tivesse tudo para ser um confronto equilibrado entre duas ótimas equipes, a partida, disputada no dia 23 de janeiro de 2005, acabou se transformando em uma vitória tranquila dos Patriots, mesmo com eles jogando fora de casa. Pedimos desculpas aos torcedores dos Steelers se as lembranças abaixo não são exatamente agradáveis, mas não é nossa culpa.

A bem da verdade, o duelo já estava praticamente decidido no intervalo, sobretudo devido aos turnovers cometidos por Pittsburgh. Os mandantes entregaram a bola logo nas suas duas posses iniciais. Em sua primeira tentativa de passe, o calouro Big Ben foi interceptado por Eugene Wilson. Na sequência, conseguiram marchar pelo campo, porém, ao arriscarem uma quarta descida na linha de 39 de New England, Jerome Bettis sofreu um fumble. Os dois erros custaram caro, rendendo 10 pontos ao adversário em oito minutos de jogo.

No final do segundo quarto, a menos de três minutos do intervalo, mais um punhal no peito dos Steelers: Roethlisberger foi interceptado por Rodney Harrison na red zone. Então, o safety pegou a bola e a retornou 87 jardas para o outro lado do campo, anotando o touchdown que deixou o jogo 24 a 3 – ou seja, 17 desses 24 pontos aconteceram após turnovers de Pittsburgh. Ben ainda acabaria sendo interceptado mais uma vez no último quarto, mas naquela altura as coisas já estavam definitivamente perdidas. Esta foi sua primeira partida como profissional com três picks.

No terceiro quarto, Pittsburgh ameaçou uma reação com touchdowns de Bettis e Hines Ward, chagando inclusive a diminuir a diferença no marcador para 31 a 20 no início do quarto período. New England, entretanto, voltou a pontuar na sequência, de modo que o placar final terminou 41 a 27. O prejuízo poderia ter sido ainda maior para os donos da casa não fosse o touchdown de Plaxico Burress no garbage time.

Brady teve uma atuação discreta, embora super eficiente: 14 de 21 passes completos, 207 jardas, dois touchdowns e nenhuma interceptação. O grande destaque acabou ficando para Deion Branch, futuro MVP do Super Bowl XXXIX. O wide receiver totalizou 116 jardas aéreas, 37 terrestres e dois touchdowns (um correndo e outro recebendo um passe de 60 jardas).

Pós-jogo e a rivalidade Brady vs. Roethlisberger

A frustração obviamente foi imensa no lado dos Steelers, até porque eles haviam vencido New England durante a temporada regular, mas a tristeza durou bem pouco. No ano seguinte, a franquia voltou à Final de Conferência, venceu os Broncos, foi ao Super Bowl e sagrou-se campeão, acabando com o jejum de títulos. O time de 2004, na verdade, foi apenas o primeiro capítulo de uma longa trajetória de sucessos, a qual resultou em mais duas visitas ao Super Bowl: 2008 (vitória sobre os Cardinals) e 2010 (derrota diante dos Packers).

Já os Patriots bateram os Eagles e conquistaram seu terceiro anel no intervalo de quatro anos. Depois, a equipe continuou acumulando títulos de divisão (11) e idas ao AFC Championship Game (8). New England voltou outras três vezes ao Super Bowl, perdendo duas (2007 e 2011) e ganhando uma (2014).

Ademais, este duelo de 2004 foi principal entre Brady e Roethlisberger, dois dos principais quarterbacks da década e prováveis futuros membros do Hall da Fama. Ambos enfrentaram-se nos playoffs em apenas uma ocasião, porém mediram forças sete vezes durante a temporada regular. Brady tem uma boa vantagem de cinco vitórias contra apenas duas de Big Ben. Deixando claro que não consideramos aqui jogos em que um dos dois estivessem ausentes.

Depois de 12 anos, chegou a hora de Patriots e Steelers decidirem de novo um título de conferência. Chance para Roethlisberger conseguir sua vingança, ou então Brady aumentar a freguesia do rival. Independente de quem vença, tem tudo para ser uma partida excepcional.

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