Os Patriots “parecem” não ter sentido falta de Rob Gronkowski – mas como?

Se observarmos as estatísticas do New England Patriots no jogo aéreo com Tom Brady, foram 3.554 jardas em 291 passes completos, para 28 touchdowns. Nessas doze partidas de temporada regular, o camisa 12 teve 67.4% dos passes completos e meras duas interceptações, terminando o ano com a melhor razão entre touchdowns e interceptação da história da NFL.

Desse rendimento todo, o tight end Rob Gronkowski teve apenas 25 recepções para 540 jardas e três touchdowns. Em 2015, por exemplo, das 4.770 jardas que Tom Brady anotou, 1.176 delas foram para o camisa 87. Dos 36 touchdowns, 11 para Gronkowski. Claro, o tight end jogou apenas oito partidas em 2016, lidando com problemas físicos durante toda a temporada. Ainda assim, não dá para descartar a relevância do tight end no ataque do New England Patriots. A dominância física e técnica do jogador dentro de campo fazem da vida dos coordenadores um inferno de matchups.

De imediato, parece que o ataque do New England Patriots não sentiu tanta falta de Rob Gronkowski. Só que isso não quer dizer que ele tenha sido superado por algum companheiro de posição, ou que o time encontrou alternativas e o camisa 87 terá sua participação reduzida quando saudável. O que aconteceu foi que a dupla Tom Brady e Bill Belichick fez o que faz tão bem há mais de 15 anos: se planejaram e exploraram todas as qualidades do seu sistema ofensivo.

Armas de todos os tamanhos

Acredito que a grande virtude do ataque do New England Patriots em 2016 tenha sido a diversidade de peças ofensivas à disposição. Entre os running backs, temos LeGarrette Blount, o típico power runner que conquista as jardas difíceis com sua força física e é um monstro na red zone. Não à toa, anotou 18 touchdowns. Temos James White, um típico receiving back que corre rotas curtas e médias partindo do backfield, como a wheel route pelo lado direito no Divisional Round contra o Houston Texans que resultou no touchdown. Por fim, o coringa Dion Lewis, que consegue ameaçar tanto no jogo aéreo quando terrestre, além de ser um exímio retornador.

São três jogadores da mesma posição que conseguem fazer tudo que pode ser exigido de um running back. No corpo de recebedores, temos Chris Hogan e seu potencial de esticar o campo verticalmente com rotas longas; Julian Edelman e seu talento para ser a válvula de segurança de Brady, capaz de conquistas muitas jardas depois da recepção e tivemos também o calouro Malcolm Mitchell bastante envolvido na segunda metade da temporada, fazendo um híbrido das funções de Edelman e Hogan. Mais um trio de jogadores que consegue cumprir todas as funções que o ataque precisa.

Por fim (ufa), temos o tight end Martellus Bennett. Quando veio do Chicago Bears, imaginei que o New England Patriots poderia retomar o estilo ofensivo com dois tight ends dinâmicos, aumentando as possibilidades de formação num ataque no huddle. Pois bem, com a lesão de Rob Gronkowski, Bennett assumiu o papel de titular, e foi bastante acionado – lembro dos três touchdowns que ele teve contra o Cleveland Browns. Embora não demonstrasse a mesma qualidade e fisicalidade de Rob Gronkowski (e alguém demonstra?), Bennett foi bastante útil para o ataque do New England Patriots desde a lesão de Gronk.




Uma perda de um talento brilhante, não do sistema

A ausência de Gronkowski não representa uma ruptura TÃO GRANDE do sistema ofensivo da equipe. É ruim? Claro. Mas não foi e não será o fim do mundo. O time, até pelas armas acima mencionadas, manteve um fator de imprevisibilidade aliado à qualidade de execução que poucas defesas fariam frente a esse pesadelo de matchups. Perder Rob Gronkowski é uma perda de um exímio jogador, mas não é um jogador que consegue levar consigo a eficiência do sistema ofensivo no qual está inserido.

A bem da verdade, são poucos os jogadores (tirando quarterbacks) cuja ausência não pode ser compensada por um planejamento ofensivo bem feito. Eu não quero nem entrar no mérito dessa discussão, que exige uma outra reflexão acerca da efemeridade da carreira dos jogadores de futebol americano, a visão cada vez mais “descartável” dos running backs e outros tantos materiais que dariam uma série de textos.

Acontece que temos Bill Belichick e Tom Brady comandando o New England Patriots dentro e fora de campo. E como já rasguei elogios em outra oportunidade, serei mais contido aqui. Os dois foram os rostos que sobreviveram aos 17 anos de uma dinastia, e, entre hall of famers, bons jogadores e jogadores nem tão bons assim, foram esses dois a espinha dorsal do time. O que aconteceu em 2016 foi uma coisa à la “A felicidade não se compra”, filme de 1946 onde James Stewart interpreta George Bailey, que vê o dia a dia da cidade onde mora como se ele nunca tivesse nascido. Vimos um New England Patriots sem Rob Gronkowski, e o resultado foi excelente para uma equipe que perdeu um fenômeno da sua posição.

Enquanto o New England Patriots tiver Bill Belichick e Tom Brady, dificilmente qualquer ausência será significativa a ponto de descarrilhar esse gigante da NFL.

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