Na NFL do jogo aéreo, o “Petersoncentrismo” pode prejudicar os Vikings?

Após a boa temporada em 2015, que culminou com o título da Divisão Norte da Conferência Nacional, muitos consideram o Minnesota Vikings como uma equipe em ascensão. Não há dúvida que, neste momento, o vetor da equipe parece apontar para cima.


Afinal, os Vikings contam com o melhor running back da década na liga (Adrian Peterson), um jovem e promissor quarterback (Teddy Bridgewater), além de ter como técnico principal uma das melhores mentes defensivas da liga (Mike Zimmer). Há vários bons talentos na defesa, também. Outrossim, o Green Bay Packers – perene campeão do norte da Conferência Nacional – vem de uma temporada ruim.

Entretanto, mesmo com o sucesso recente da equipe, ainda há alguns motivos para pensar que os Vikings possam ter dificuldades nesta próxima temporada. Teddy Bridgewater entra em sua terceira temporada, um ano decisivo para seu desenvolvimento como quarterback. Em um momento em que a liga se direciona mais em mais para o jogo aéreo, com o domínio das formações abertas, cabe ainda fazer do jogo terrestre o ponto focal de um ataque? Mesmo com um running back como Adrian Peterson, esta resposta não é simples.

Para tentar responder esta pergunta, hoje vamos discutir os possíveis caminhos para o ataque do Minnesota Vikings na temporada 2016, com o foco em suas duas figuras centrais: Adrian Peterson e Teddy Bridgewater.

Adrian Peterson e a seleção natural

O running back dos Vikings é um fenômeno. Em toda sua carreira, o corredor já acumulou mais de 11000 jardas terrestres, além de 97 touchdowns. Mais do que os números, impressiona a habilidade de Peterson em unir a alta velocidade em linha reta e nas mudanças de direção, com a explosão e força que o permitem quebrar tackles, frequentemente carregando a defesa para dentro da endzone.

Mesmo tendo ficado um ano suspenso pela NFL, não atuando em 2014, Adrian Peterson retornou muito bem em 2015 – o que até faz sentido, porque ele ficou um ano sem tomar tackles. Na última temporada, o running back liderou todos os corredores da liga, obtendo 1485 jardas e 11 touchdowns. Peterson retomou seu lugar como melhor running back da NFL, um jogador que certamente, no futuro, estará no Hall da Fama.

Ainda assim, o tempo passa para todos. A história recente da NFL mostra que, para os running backs, tende a passar ainda mais rápido. Adrian Peterson têm 31 anos e, ainda que não seja um jogador comum, está mais próximo da decadência do que do auge – é uma questão matemática, não achismo nosso. É razoável imaginar que o desempenho de Peterson seja inferior ao de temporadas anteriores. Na NFL em constante evolução, o running back veterano talvez seja a “espécie” que mas sofre. Se você não acredita, é só lembrar dos anos finais de LaDainian Tomlinson – talvez o “rei” antes de Peterson assumir o posto de running back mais estelar da liga.

Teddy Bridgewater e o desenvolvimento de um quarterback


Desde o processo que antecedeu o draft de 2014, Teddy Bridgewater sempre gerou controvérsias e discussões.  Considerado por muitos o melhor quarterback da classe, devido à sua inteligência e precisão nos passes, Bridgewater acumulou também muitos críticos, que afirmavam que seu braço pouco potente não teria lugar na NFL. Considerado como possível primeira escolha geral naquele ano, o quarterback acabou caindo até o final da primeira rodada, quando foi selecionado pelos Vikings.

Em suas duas temporadas na NFL, Teddy apresentou bom desempenho, mostrando bom comando do sistema ofensivo dos Vikings, com acurácia adequada e boa tomada de decisões. Em 2015, entretanto, o ataque da equipe sofreu os efeitos da grande limitação de Bridgewater: o passe longo. Com um corpo de recebedores limitado, apesar do sucesso do calouro Stefon Diggs, a vida do quarterback não foi exatamente facilitada. Teddy Bridgewater terminou a temporada com 3231 jardas aéreas, além de 14 touchdowns e nove interceptações.

Quando uma equipe conta com um quarterback jovem e com grande potencial, é fundamental montar uma estrutura adequada em torno do jogador. Além de uma linha ofensiva competente (outro ponto fraco do ataque dos Vikings em 2015), recebedores capazes de conseguir gerar separação com os defensores são importantes para esta estrutura. Além disso, o próprio sistema ofensivo da equipe pode contribuir (ou não) com o desenvolvimento do quarterback. Neste ponto, talvez os caminhos de Teddy Bridgewater e Adrian Peterson batam de frente um com o outro.

Peterson X Bridgewater

Certamente, um jogo corrido bem estabelecido pode fazer maravilhas para um quarterback pouco experiente. Assim como ter um jogo aéreo eficiente pode abrir caminhos para o jogo terrestre. Entretanto, algumas características específicas de Adrian Peterson podem contribuir para um certo “conflito” entre o running back e Bridgewater.

Leia também: Teddy Bridgewater está maduro para ser “o cara” do Minnesota Vikings?

Peterson é um running back que obtém suas melhores corridas estando atrás do quarterback, partindo de uma formação under center, o que facilita seu estilo “vertical” de corrida. Seu desempenho em corridas a partir da formação shotgun é muito inferior, ate pelo fato de que, nestas corridas, o fator explosão torna-se menos importante para o running back, sendo necessário mais paciência e visão do segundo nível da defesa.

De maneira oposta, para um quarterback como Teddy Bridgewater, capaz de dominar todo o campo horizontalmente, mas com limitações em passes mais longos, o uso de formações spread pode ser um grande facilitador. Bridgewater pode usar sua inteligência para lidar com a pressão da defesa e sua precisão para achar seus recebedores mesmo em janelas pequenas. Ainda que seja necessário para seu desenvolvimento como quarterback que Bridgewater melhore nos passes longos, o ajuste do sistema ofensivo dos Vikings pode ser um passo fundamental.

Desta forma, talvez a comissão técnica dos Vikings tenha que tomar uma decisão. Vão seguir apostando em Adrian Peterson como tábua de salvação da equipe? Ou tentarão ampliar as condições para que Teddy Bridgewater se torne um grande quarterback? As duas opções trazem possibilidade de fracasso. De um lado, com o tempo de Peterson se esgotando e, em contrapartida, com a possibilidade de que o “teto” de Bridgewater seja mais baixo do que se pensa. A escolha, de fato, não é fácil.

O ataque dos Vikings em 2016


Qualquer que seja a decisão estratégica da comissão técnica do Minnesota Vikings quanto à direção futura do se ataque, é possível dizer que a equipe não ficou parada na intertemporada. Os Vikings se reforçaram na linha ofensiva, com a chegada do tackle Andre Smith e do guard Alex Boone, obtendo ainda,  durante o draft, um importante reforço para seu corpo de recebedores, o wide receiver Laquon Treadwell. Ainda que Treadwell provavelmente não seja o recebedor em profundidade que tanto beneficiaria a equipe e, principalmente, o quarterback Teddy Bridgewater, sua chegada pode acrescentar poder de fogo ao ataque aéreo.

No fim das contas, logo saberemos de que maneira o Minnesota Vikings montará seu ataque em 2016. Fica claro, contudo, que uma insistência excessiva na utilização de um running back, ainda que este seja alguém como Adrian Peterson, pode impedir a progressão do ataque como um todo. Isto se torna particularmente importante para uma equipe que conta com um bom quarterback jovem, que ainda tem potencial para se tornar um grande jogador. Será que vale a pena arriscar o desenvolvimento de Teddy Bridgewater para extrair mais um pouco de Adrian Peterson? A tendência é responder que não. Peterson ainda pode ser muito útil à equipe, mas talvez não mais como peça chave do ataque, assumindo agora uma função complementar ao ataque aéreo.

Caso o Minnesota Vikings faça esta aposta em Bridgewater, a dúvida que permanecerá é se o quarterback responderá às expectativas. Certamente a temporada 2016 trará essa e outras respostas.

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