Um guia para você se divertir com a AAF, a nova liga de futebol americano

Times, jogadores e as regras da nova liga

Depois de praticamente 18 anos, a NFL tem uma concorrência. Ou tipo isso. Confesso que ainda não sei como e se vamos cobrir isso aqui no ProFootball – depende da demanda de vocês. Mas como nosso site cobre o futebol americano profissional como nome, ao menos algo precisamos falar.

No último final de semana, tivemos os primeiros jogos da AAF – a Alliance of American Football, algo que pode ser traduzido como Aliança do Futebol Americano e que poderia facilmente ser nome de uma facção no universo Star Wars. Mas, voltando à pauta, a liga é a primeira tentativa com mais impacto de termos futebol americano após o apito derradeiro do Super Bowl. Sim, eu sei que houve outras ligas entre a finada XFL (2001) e a AAF de 2019, mas vamos tratar apenas das que tiveram mais espaço na televisão americana.



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Falando justamente nisso, o apetite das pessoas pelo futebol americano está maior do que nunca. Depois de um 2017 com queda de audiência na NFL, 2018 viu números subirem e a AAF teve jogos com mais telespectadores nos EUA do que partidas da NBA – o que, por si só, é inacreditável.

Ok, mas o que é esse negócio?

A AAF não chega a ser diretamente uma competidora da NFL. É meio que uma liga de desenvolvimento que possui benção da liga-mãe o suficiente para que algumas partidas sejam transmitidas na NFL Network – que você consegue assinar pelo GamePass, vale lembrar. Vou me utilizar de uma alegoria que o The Ringer fez para explicar do que o negócio se trata: fast food. Não é um nível absurdamente maravilhoso de futebol americano – leia-se, comida nutritiva – mas nos sacia num momento de solidão após o Vince Lombardi ser levantado no Tom Brady’s Invitational vs National Football Conference. 

Ou, se a metáfora não foi boa o suficiente, entenda o momento como balada às 5 horas da manhã. Seja como for, é futebol americano e há quase uma década não tínhamos uma liga organizada em fevereiro.

Quais são os times?

Ao contrário do que a versão 2.0 da XFL fará a partir do ano que vem, a AAF focou seus times em cidades que não possuem equipes de futebol americano da NFL. O objetivo, como você já deve ter entendido pela introdução, é de ser uma liga de desenvolvimento e não uma competidora aos moldes da AFL dos anos 1960 ou da USFL dos anos 1980. É um desenvolvimento cada vez mais importante. No atual acordo coletivo trabalhista entre a associação de jogadores da NFL e a liga, o número de treinos com pads foi reduzido na intertemporada. Mas certas posições, como quarterback e linha ofensiva precisam de repetições em jogo real para se desenvolver. Daí a necessidade. De toda forma, algumas equipes da NFL estão receosas de liberar seus atletas de practice squad, então vamos ver como isso se desenvolve.



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São oito times divididos em duas conferências:

  1. Arizona Hotshots
  2. Memphis Express
  3. Orlando Apollos
  4. San Diego Fleet
  5. San Antonio Commanders
  6. Atlanta Legends
  7. Salt Lake Stallions
  8. Birmingham Iron

Como você pode ver, apenas duas equipes competem diretamente com a NFL – Arizona e Atlanta. Todas as outras estão em lugares onde não há times da “liga-mãe”. Ainda, as equipes foram alocadas com preferência para o sul dos Estados Unidos, onde naturalmente o futebol americano dá de lavada em outros esportes quando o assunto é popularidade. Cidades com equipes próximas do College Football foram priorizadas, como é o caso de Birmingham, no Alabama – com a Crimson Tide e Auburn Tigers ali pertinho. Além disso, a órfã dos Chargers, San Diego, também tem um time para preencher a lacuna deixada na patifaria que o Sr. Dean Spanos fez com a cidade.

Os jogadores e técnicos

Você certamente vai reconhecer alguns nomes. Christian Hackenberg, outrora (desperdiçada e caótica) escolha de segunda rodada pelo New York Jets, é um deles na posição de quarterback. Capa do último NCAA Football lançado para os videogames (a edição 2014), Denard Robinson é o quarterback de Atlanta. Falando na equipe, o coordenador ofensivo é… Michael Vick.

Birmingham Iron é a equipe do Mistão do Iron Bowl. Trent Richardson, ex-running back de Alabama e monumental bust na NFL, é um dos nomes da equipe. Ex-Auburn, Chris Davis, responsável pelo retorno épico no kick-six no Iron Bowl de 2013, é outro nome da equipe. Quanto às comissões técnicas, mais nomes famosos. Mike Martz, Mike Singletary e Steve Spurrier, todos ex-head coaches na NFL, são alguns dos nomes que você verá nas side lines da AAF.

Bacana, Curti, mas tem regra diferente?

Tem sim, caro leitor. Vamos colocar em tópicos as principais diferenças para facilitar sua vida.

a) Kickers são quase inúteis: Embora tenhamos a triunfal volta de Younghoe Koo aos campos – ele fez os primeiros pontos anotados na liga, ele não terá tanto trabalho como teria na NFL. Isso porque não há ponto extra via chute. É conversão de dois pontos na cabeça. Ainda, nada de kickoffs – times começam com a bola na linha de 25 jardas. Como não há kickoffs, não temos onside kick. Para remediar isso, na AAF um time pode tentar uma “4th and 12” e se converter terá a bola na linha de 28 jardas. Na prorrogação, os field goals são proibidos.

Por que é legal? Com tudo isso, menos intervalos e mais ação. Depois que a NFL proibiu a movimentação dos jogadores no time chutador antes do kickoff, os onside kicks viraram inúteis e ainda mais difíceis de darem certo – então bacana que haja uma alternativa prática.



b) Play Clock de 35 segundos em vez de 40: Posicionada a bola pelo umpire, a unidade ofensiva tem 35 segundos para fazer o snap em vez dos 40 habituais da NFL.

Por que é legal? Força um jogo mais rápido, por óbvio. Ainda, além de mais ação, temos a maior possibilidade de viradas ao final dos jogos, dado que há menos tempo do play clock para se queimar no cronômetro de jogo.

c) Poder Moderador Rule: Agora vou te fazer lembrar das aulas de História do colégio. Na primeira constituição do Império, Dom Pedro I fez Montesquieu revirar no túmulo e criou o Poder Moderador, que estava acima dos outros três (Executivo, Legislativo e Judiciário). Como o nome diz, era o chefe do rolê para dirimir tretas entre os três. Na AAF, há um árbitro assim – mas não sei se ele será interpretado por Marcos Pasquim em eventual adaptação da Globo.

Bom, voltando; Se uma falta não é marcada no campo, o “nono árbitro” que está numa cabine do estádio pode usar o “Poder Absoluto” digno de Marcelo Dourado no BBB. E, aí, arrumar a lambança. Neste momento, Sean Payton está sorrindo em algum lugar da Louisiana. Provavelmente comendo Popeye’s, um frango frito bem bacana que tem lá.

Por que é legal? Ver tweet abaixo.

 

d) Quarterbacks, protejam-se

Saudades disso?

Basicamente, na AAF não há todas aquelas regras que impedem a defesa de fazer o quarterback de uma pinhata que ganha milhões de dólares. Cair com o corpo em cima do Quarterback? Bah, isso não é problema. Arrebentar o quarterback e potencialmente engajar o tackle no pescoço dele? Menos ainda! Na NFL a jogada acima teria rendido multa. Na AAF não foi nem falta. Sério.



Mas espere, tem mais. Quarterbacks têm que se proteger da própria boca também, dado que há jogadores microfonados.

Eis um sonoro FUCK! de Christian Hackenberg após tomar uma pancada. Ah, a câmera na transmissão era a do Madden, o que torna tudo mais maravilhoso ainda.

O veredito

Sei lá. Vi um pouco dos jogos de domingo e foi interessante e um sentimento “novo”. O nível técnico, naturalmente pela evolução ofensiva que houve nos últimos 20 anos, é superior aos jogos que vi da XFL de 2001. De toda forma, ainda lembra partidas de pré-temporada da NFL – que vocês tanto reclamam em agosto.

O interesse das pessoas vai continuar? Provável. É futebol americano. Vamos cobrir de alguma forma aqui no site? Talvez. Se o fizermos, com histórias interessantes – como a de Hackenberg, por exemplo.

Leia mais: Liga rival da NFL com toque de WWE, XFL voltará em 2020

Claro, a própria XFL teve bastante atenção na semana de abertura mas isso foi minguando ao passar do tempo. Esperamos que não seja o caso da AAF e que jogadores sem espaço possam mostrar seu talento novamente ao mundo. O grande exemplo da XFL é de seu quarterback campeão. Tommy Maddox teve uma segunda chance na liga e se provou. Ganhou uma oportunidade na NFL e chegou a ser titular dos Steelers. Quem sabe nomes assim não apareçam graças a esse futebol americano novo que estamos vendo em fevereiro.

Ainda, as novidades introduzidas pela AAF podem ser adotadas pela NFL no futuro. Não a questão dos jogadores microfonados, porque aí vira bagunça. Mas a proibição de field goals na prorrogação, por exemplo. E, dadas as regras de kickoff e sua evolução que inevitavelmente culminarão na extinção da jogada, uma alternativa para o onside kick parece interessante. Competidora da NBA em seus primórdios, a ABA criou os três pontos e até hoje ele está ali – sendo um pilar de vários ataques da NBA na atualidade. Quem sabe algo assim não apareça também.

Estaremos de olho. E lembra que você tá com microfone, Christian.

Onde assistir? Links na internet e, caso você tenha o GamePass, alguns jogos estão na NFL Network.
Temporada: 10 semanas, com semifinais e a final no sábado, dia 27 de abril (o terceiro dia do NFL Draft 2019)


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