Cam Newton ainda tem espaço na NFL?

Cercada de expectativa, a contratação de Cam Newton foi uma das maiores frustrações do torcedor dos Patriots em 2020. Depois de um decepcionante ano em New England, fica a pergunta: Newton ainda tem espaço na NFL?

Tinha tudo para ser uma linda história de volta por cima, com os personagens ideais. Cam Newton, MVP da temporada de 2015, tinha a chance da redenção, após duas temporadas muito ruins no Carolina Panthers, onde sofreu com lesões. A oportunidade de ser treinado por ninguém menos que Bill Belichick – que nunca escondeu ser fã do quarterback – e jogar no lugar de ninguém menos que Tom Brady no New England Patriots, formando o enredo clássico. Afinal de contas, Belichick tem uma grande fama de “recuperador de jogadores” e talento nunca foi um problema para Cam.

Deu tudo errado: a começar pela pandemia, que fez com que a pré-temporada fosse limitada, dando menos tempo para que ele se sentisse confortável no novo sistema – que, embora tivesse algumas semelhanças com coisas que ele já rodara em Carolina, ainda. seria um novo sistema. Depois, Newton teve COVID-19 e apesar de ter perdido apenas uma partida, demorou a entrar no ritmo novamente, passando quatro semanas sem anotar um touchdown lançando a bola. As peças ao seu redor também não se encaixaram e com um suporte pobre no corpo de recebedores, o quarterback terminou o ano com apenas 8 touchdowns (mais 12 correndo) e 10 interceptações. Os Patriots não foram aos playoffs pela primeira vez desde 2008 e a pergunta que fica: ainda tem espaço para Cam Newton na NFL?

O retrospecto recente é cruel

A verdade é que desde que venceu o prêmio de jogador mais valioso da temporada, Cam não conseguiu ter mais nenhuma temporada de alto impacto. Seu melhor ano desde lá foi em 2018, quando teve 24 touchdowns e 13 interceptações, números que se não são ruins, passam longe de serem animadores. Vale frisar que naquela temporada, ele jogou a metade final com uma lesão no ombro, o que diminuiu bastante seu rendimento. Aliás, lesões também são problemas para o carismático quarterback.

Apesar de ser provido de um biotipo físico privilegiado, as contusões vem assolando Newton desde sua chegada na NFL. Se nos primeiros anos na liga o impacto disso foi menos sentido, com o passar do tempo a conta foi chegando. Além da já citada lesão no ombro, que resultou em duas cirurgias, Cam teve uma lesão Lisfranc no pé, uma das mais complicadas na região. Depois disso, seus problemas plantando os pés e mantendo uma base correta para lançamento se agravaram, interferindo em toda mecânica de arremesso.

Aceitar uma nova realidade é vital

Hoje nenhum time na NFL deve ter Cam Newton como uma opção segura e mais desejada para a posição de quarterback. Apesar de ter apenas 32 anos no começo da próxima temporada, idade tranquila para um jogador de sua posição, Cam não traz nenhuma segurança de que pode ser uma resposta sequer a curto prazo. Afinal, são basicamente 3 anos sem jogar bem. Nesse tempo muita água passou debaixo da ponte, nomes surgiram e foram descartados. Não dá para acreditar que Newton pode voltar a ser o que era simplesmente pelo talento que mostrou um dia na liga.

O melhor cenário nesse momento é entender que competir será necessário. Ao contrário do que aconteceu durante toda sua carreira, quando sempre foi titular incontestável ao chegar para o training camp, a hora será de aceitar que buscar um espaço em pé de igualdade é o melhor caminho. Olhando para os elencos, Chicago Bears e New York Giants podem ser dois destinos viáveis: por mais que esteja numa fase ruim, seu talento pode prevalecer sobre Nick Foles ou Daniel Jones. 

Fora esses nomes, Cam teria que aceitar começar atrás na corrida e muito provavelmente sentado no banco ao início da temporada. Para quem não faz isso desde 2008, quando era reserva de Tim Tebow na universidade da Florida[foot]Antes de vencer o campeonato nacional universitário por Auburn, Newton foi jogador de Florida, sendo reserva no título de 2008[/foot], pode soar estranho. Esse é o espaço de Newton na liga, o que resta saber é se ele está disposto a se sujeitar a um diferente momento.

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