Quando o Cincinnati Bengals demitiu Marvin Lewis ao fim da temporada de 2018, muita expectativa se criou. Afinal, a franquia vinha num atraso enorme com o treinador, que parecia gozar de estabilidade invejável com o dono e general manager Mike Brown. Mesmo sem nunca ter vencido sequer uma partida de playoffs, Lewis foi mantido no cargo de head coach por longínquos 16 anos. Por mais que a NFL não seja parecida com o futebol brasileiro, onde treinadores são substituídos aos montes, resultados são cobrados a médio prazo e ele não entregava.
Para o seu lugar foi contratado Zac Taylor, na época com 35 anos. Uma jovem mente, que tinha como missão mudar um ambiente considerado obsoleto na NFL. Investir mais em analíticos e qualificar o time para o futuro eram suas missões. Porém, o que preocupava era o currículo frágil para se tornar head coach: Taylor não tinha nenhuma passagem por coordenador, exceto 5 jogos como interino no ataque dos Dolphins em 2015, sem qualquer brilho. Seu maior destaque foi como treinador de quarterbacks do Los Angeles Rams, cargo que ocupava até ser tornar comandante dos Bengals. A desconfiança é que a corrida por um novo Sean McVay pudesse ter feito Taylor ganhar prestígio e pular degraus.
Taylor não conseguiu dar uma cara para o time até agora
O que o torcedor dos Bengals imaginava ver era um ataque parecido com o dos Rams: funcional e com capacidade de ser produtivo, mesmo quando não tivesse as melhores peças. O desenho idealizado era de um jogo corrido forte, com muitas corridas em zona e um play-action efetivo, que colocasse o ataque aéreo em boas situações e facilitasse a vida de seu quarterback. Entretanto, a realidade é bem diferente e nada disso saiu do papel.
Cincinnati usa o play-action em pouco mais de 18% das suas jogadas de passe, sendo uma das 10 equipes que menos se utiliza do artifício tão importante na NFL atual. A efetividade segue a linha de volume, fazendo com que menos de 20% das jardas aéreas tenham vindo dessa forma. O jogo corrido também não engrenou em momento algum: com média de 3,9 jardas por tentativa, é apenas o 25° na liga. No lado defensivo da bola, nada que de alguma animação: a unidade não está sequer no top-20 nos quesitos mais importantes, como jardas e pontos sofridos. São apenas 4 vitórias em 27 jogos, um aproveitamento risível de 16%.
As decisões na formação de elenco também não foram boas
A formação do plantel também é questionável. Após selecionar Joe Burrow, se esperava um forte reforço na linha ofensiva no restante do Draft, em especial com algum nome que ocupasse a vaga de Bobby Hart na posição de right tackle, mas nenhum movimento para posição foi feito até a sexta rodada. Segundo a ESPN americana, os Bengals são o quarto pior time no ano bloqueando para o passe. Não por acaso Burrow acabou sofrendo uma lesão gravíssima no joelho, que pode colocar em xeque inclusive o seu começo da próxima temporada. Se descuidar da proteção de seu maior ativo é um erro gravíssimo.
