
Não é novidade para ninguém que Bortles teve uma regressão abissal na sua mecânica em 2016. O camisa 5 levava a bola abaixo da linha da cintura antes de fazer o release, fazendo um círculo completo antes de soltá-la. Todo esse movimento dá um tempo gigantesco para a defesa agir; sejam os pass rushers ganhando tempo para alcançá-lo no backfield, sejam os defensive backs olhando o passe e tendo tempo de reagir.
Para exemplificar, um passe escolhido aleatoriamente da temporada de 2016:
Sobre Bortles, olha esse passe (escolhido aleatoriamente) em 2016: https://t.co/GEP5HsnS4V via @GIPHY pic.twitter.com/O2OakmZiOH
— Eduardo Miceli (@MiceliFF) 18 de agosto de 2017
Tudo bem, isso foi em 2016. Na noite de ontem, o que mudou? O que Blake Bortles fez de diferente, depois de tantos relatos de que ele estava “trabalhando na sua mecânica”?
Bom, vamos ao primeiro lançamento:
Primeiro passe ontem. Movimento mais encurtado, mas release duro e longo – https://t.co/N2agawXHw5 via @GIPHY pic.twitter.com/Hp0niyDmYc
— Eduardo Miceli (@MiceliFF) 18 de agosto de 2017
Reparem como o movimento pré-release está encurtado. Ao invés de levar a bola lá embaixo, forçando o cotovelo e potencialmente causando problemas físicos, Bortles segura a bola mais na altura do peito e faz um movimento mais rápido. Ponto para o camisa 5.
Ainda assim, o release é duro. Como o passe é rápido, o ideal é que a bola chegue muito rápido ao recebedor, sem dar uma janela para o defensive back interferir na conexão. Assim, Bortles imprime força de forma que prejudica o release. A bola chega em Allen Robinson, mas reparem como ela chega até o camisa 15.
Vamos para o meu passe favorito da noite da terceira escolha geral de 2014:
Melhor passe de Bortles ontem. Step up no pocket, release bom e rápido https://t.co/ahIcCQQTOg via @GIPHY pic.twitter.com/o7D5m9023y
— Eduardo Miceli (@MiceliFF) 18 de agosto de 2017
Boa movimentação no pocket, quando vê a pressão do lado direito faz o step up e solta o passe sem o esforço que lhe é peculiar. O braço vai mais baixo – normal, o passe é longo – mas o timing do release é certo, a bola sai com a espiral correta. O trabalho do defensive back na marcação de Allen Robinson é excelente e a não vemos uma big play, mas esse passe é o tipo de jogada que mantém as esperanças no quarterback.
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Claro, nem tudo são rosas. Em outro passe longo, Bortles reincide nos mesmos erros de sempre:
E aí Bortles vai lá e faz esse lançamento fenomenal. Vejam como a bola desiste – https://t.co/et1NepIC4q via @GIPHY pic.twitter.com/bdjlaKmpJT
— Eduardo Miceli (@MiceliFF) 18 de agosto de 2017
O trabalho corporal é péssimo. Blake Bortles tenta dar aquele toque na bola, fazendo um balão para Allen Robinson – completamente livre. O movimento do braço não é fluido, o corpo não gira da forma que deveria girar e o passe sai uma tremenda porcaria. Ao tentar dar o toque na bola, Bortles simplesmente esquece as virtudes da mecânica que renderam um passe tão bem colocado algumas descidas antes.
Há quem pergunte se falta força no braço, ou se a mecânica é simplesmente errática. Pois bem, um contribui para o outro. Se a mecânica não é fluida, se o movimento corporal não está em sincronia com o release, se o pé de apoio e os quadris não estão apontados para a direção do passe, não adianta: o passe será impreciso, ou faltará jardas para encontrar o alvo – para mais ou para menos.
Tantos quarterbacks confiam na força do braço que esquecem que há fatores que levam a um passe perfeitamente colocado – e elas não são necessariamente ter um bíceps gigantesco. Volta e meia vemos Cam Newton lançando do backfoot; Deshaun Watson, para citar outro, tem um trabalho de pés bastante porco, se me permitem a palavra.
No final das contas, a mecânica de Blake Bortles é o fiel da balança.
No final da contas, a mecânica de Blake Bortles é o fiel da balança. Ela é errática, e ao mesmo tempo que vemos sinais de correção, vemos erros básicos e antigos reincidindo. A imprecisão vem dessa rigidez no lançamento da bola, uma bandeira gigantesca para uma NFL que exige tanto que seus quarterbacks passem a bola 20, 30, 40 vezes por partida. Se Bortles não acha consistência nessa atividade, como há condições dele ser o franchise quarterback que a franquia tanto sonha desde os tempos de Blaine Gabbert?
Bortles entra na sua quarta temporada como quarterback do Jacksonville Jaguars, e infelizmente não há qualquer confiança na sua consistência, na sua capacidade de, descida após descida, entregar a bola de uma forma regular, sem picos de erros que fazem qualquer fã ou analista se questionarem sobre como ele ainda está na liga.
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A corda está no pescoço de Blake Bortles – e isso certamente não ajuda o jogador. As dificuldades mentais certamente contribuem para a inconsistência descida após descida, mas não adianta. A NFL é para poucos, e você precisa viver pelo mantra de Bill Belichick: do your job. Caso contrário, outros farão por você. E é justamente esse o destino para o qual Blake Bortles parece caminhar.





