Análise Tática: Tight ends, Play Actions e etc: Como LaFleur pode fazer Rodgers voltar ao topo

Não há como negar que Aaron Rodgers bem e motivado aumenta demais as chances da franquia voltar a vencer. Se o clima de lua de mel seguir, não se espante se vermos o time indo a um Super Bowl novamente.

É notório que a relação entre o head coach e seu quarterback reflete em campo. Um exemplo bem atual é Sean Payton e Drew Brees, que colocaram o New Orleans Saints no mapa das conquistas. Pelo lado contrário, relações ruins como as de Josh Freeman e Greg Schiano no Tampa Bay Buccaneers do começo da década também azedam qualquer ambiente. Era notório que Schiano não gostava de Freeman (draftado pelo treinador anterior). A relação entre os dois sempre foi cheia de farpas, até Freeman ser mandado embora após a segunda temporada com Schiano.

Uma dessas relações mais desgastadas dos últimos tempos foi a de um duo que teve grandes dias de glória: Aaron Rodgers teve suas maiores conquistas sob o comando de Mike McCarthy no Green Bay Packers, ganhando um Super Bowl e sendo MVP sob a batuta do treinador. Porém, nos últimos dois anos havia um claro desgaste entre ambos. Rodgers não concordava com o sistema ofensivo, mudava chamadas em grandes quantidades e parecia desmotivado. Fora isso, boatos que ele não é uma pessoa fácil de se lidar e que trabalhou para derrubar McCarthy foram veiculados na imprensa e deixaram em dúvida de como será sua relação com Matt LaFleur, o novo treinador dos Packers.

Segundo as primeiras notícias vindas de Green Bay, a dupla parece estar se entrosando com facilidade. Rodgers sempre pediu mais liberdade na escolha das jogadas e LaFleur parece entender que quando você tem um dos melhor quarterbacks da NFL, você pode deixá-lo fazer algumas escolhas. Segundo Peter King, da NBC Sports,  Rodgers teria dito em uma conversa a LaFleur que ele era o chefe e prontamente recebeu a resposta do treinador: “Não, isso é uma parceria”. Deste modo, tudo parece caminhar bem no início dos trabalhos do time neste ano.

Uma das maiores preocupações é como Rodgers se adaptaria ao sistema ofensivo de LaFleur. O treinador vem da árvore de Kyle Shanahan, atual head coach do San Francisco 49ers, com quem trabalhou no Atlanta Falcons. Sua raiz é um ataque em que o quarterback trabalha a maior parte do tempo under center – coisa que foi ainda mais acentuada após seu período no Los Angeles Rams, com Sean McVay – e com dois jogadores no backfield. O uso do tight end e o play action também são características deste ataque. Ou seja, tudo destoa completamente do que Rodgers executava nos últimos anos.

Porém, isso não significa que Rodgers não possa executar bem as mudanças e já não tenha feito algumas coisas semelhantes durante a carreira. Jogando under center por exemplo, Rodgers tem ótimos números: 65% de passes completos, 91 touchdowns (com apenas 22 interceptações) e um rating de 106. Este último inclusive é levemente maior do que ele tem jogando em shotgun. Claro que Rodgers passou mais tempo em shotgun – 75% a 25% -, mas dizer que para Rodgers jogar atrás do center é um problema soa exagerado.

Outro ponto é como Rodgers se sairá num sistema que majoritariamente alinha com dois running backs e utiliza muito o play action. Jogando under center, o play action tem uma uma mudança de característica: o quarterback passa mais tempo de costas para defesa enquanto faz o fake. Com isso, a identificação antes do snap precisa ser certeira, evitando ficar com a bola por muito tempo na leitura pós snap. É um ajuste que precisa ser feito, mas que não chega a ser algo novo. Rodgers não é necessariamente um quarterback da nova geração, que foi criado já na base do spread offense. Ele tem formação no trabalho de dropback normal e tão utilizado nos esquemas chamados “pro offense”, que dominavam a liga até 5,6 anos atrás.

Durante um bom tempo os Packers se utilizaram de um esquema que contemplava o uso de ambos. Inclusive o fullback John Kuhn era bastante aproveitado por Rodgers em situações de passe, tendo 4 temporadas seguidas com pelo menos 15 recepções. Vale também ressaltar dois fatores importantes para que isso funcione: o primeiro é Rodgers é um dos quarterbacks que tem o release mais rápido da NFL, o que faz com que compense o tempo de costas para defesa. O segundo ponto é sua capacidade de lançar em movimento e contra o movimento natural do corpo, o que deve ser muito explorado em rollouts.

A maior utilização dos tight ends no plano de jogo é mais uma das novidades e que pode facilitar o trabalho de Rodgers, em especial no meio do campo. Com Jimmy Graham  tentando provar que ainda tem gasolina no tanque e a chegada do novato Jace Sternberger (draftado esse ano), os Packers podem resgatar esse elemento no seu jogo. Entre 2009 e 2012, Jermichael Finley sempre esteve entre os principais alvos do quarterback do time de Wisconsin, mas após a sua saída as performances com seus substitutos não se mantiveram no mesmo patamar. Com o personnel 12 (dois tight ends e dois wide receivers), o time cria problemas tanto no jogo aéreo quanto no corrido contra defesas que usem muito nickel.

A verdade é que o otimismo está em alta entre os fãs dos Packers. Claro que na pré-temporada normalmente tudo são flores, todos se entendem  e “estão na melhor forma de sua carreira”. São os velhos clichês de todo ano que criam esperanças no coração do torcedor. Quando a temporada começa e que as turbulências aparecem de verdade. Porém, vindo de um ambiente tão atribulado como o dos Packers das últimas temporadas isso soa animador. Não há como negar que Aaron Rodgers bem e motivado aumenta demais as chances da franquia voltar a vencer. Se o clima de lua de mel seguir, não se espante se vermos o time indo a um Super Bowl novamente.

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