Análise de Quarterbacks: A boa estreia de Jimmy Garoppolo

Neste ano, durante toda a temporada, teremos uma coluna semanal dedicada à avaliação da performance dos quarterbacks. A ideia é discutir, baseado em achados extraídos da análise dos vídeos dos jogos, as características dos atletas que determinam seu sucesso (ou fracasso) na liga. Além de uma visão geral sobre os passadores na semana em questão, teremos alguns destaques individuais, tanto positivos quanto negativos.

Claro, como não pode deixar de ser, levaremos sempre em consideração o sistema ofensivo empregado pelas equipes, assim como a qualidade do elenco ofensivo. Estes fatores impactam de maneira fundamental o que os quarterbacks mostram em campo e, na medida do possível, iremos contextualizar as estatísticas (e resultados) dos jogadores dentro desta realidade.

Semana 13: Visão Geral




Estamos chegando ao momento decisivo do ano. Faltando quatro semanas para o término da temporada regular, já sabemos mais ou menos o que esperar do desempenho dos quarterbacks. É claro que surpresas sempre podem acontecer (ainda bem!), mas está claro quem são os melhores quarterbacks da temporada e, consequentemente, favoritos para levarem suas equipes longe na pós-temporada.

Assim, quarterbacks como Tom Brady, Drew Brees e Carson Wentz, que vêm muito bem desde o início do ano, ou outros que “engrenaram” ao longo da temporada, como Russell Wilson e Ben Roethlisberger, seguem entre os melhores a cada semana. Aliás, o grande jogo da semana, sem dúvida, foi o confronto direto entre os Seahawks de Wilson e os Eagles de Wentz. Russell Wilson, inclusive, com a grande atuação na partida do domingo à noite, se credencia na disputa pelo prêmio de MVP. Mais sobre isso lá pra baixo.

Apesar disso, na NFL, toda semana tem novidade. E a novidade deste último domingo foi a boa estreia de Jimmy Garoppolo, em sua primeira partida como titular do San Francisco 49ers. Garoppolo está “sob o microscópio” hoje.

Calouros, prêmios e afins vêm por aí.

Sob o microscópio: Jimmy Garoppolo

Depois de muita expectativa, finalmente Jimmy Garoppolo fez sua estreia com titular no San Francisco 49ers. Desde a troca com os Patriots que levou o quarterback para a equipe da California, todos se perguntavam quando Garoppolo assumiria a posição. Depois de alguns jogos como reserva de C.J. Beathard, chegou o dia. No último domingo, contra o Chicago Bears, Jimmy Garoppolo começou a mostrar o que pode ser o futuro dos Niners.

No jogo de domingo, Jimmy Garoppolo liderou sua equipe à vitória contra os Bears, no Soldier Field, em Chicago, por 15 a 14, em um field goal de Robbie Gould nos últimos segundos da partida. Apesar do placar ter sido muito apertado, e da produção ofensiva dos 49ers não ter sido exatamente exuberante, Jimmy Garoppolo teve ótima atuação. Vamos analisar o que as imagens do jogo nos dizem, para tentar entender o impacto de Garoppolo pode trazer para seu time.

Ao observar o desempenho de Jimmy Garoppolo contra os Bears, alguns detalhes chamam muito a atenção. Primeiramente, a mecânica de passe do quarterback é excelente. Com um arco de lançamento justo, próximo ao corpo, e um release rápido, Garoppolo consegue se livrar rapidamente da bola. Juntando isso a um bom trabalho de pernas, sem movimentos exagerados dentro do pocket, já temos um jogador que tem “cara” de um bom quarterback. Esse termo é meio perigoso, pois às vezes é utilizado para confirmar estereótipos que nada tem a ver com a real qualidade do jogador (oi, Blake!). Ainda assim, o movimento de passe de Garoppolo, por si só, o credencia ao sucesso na NFL.




Em termos práticos, as características de Jimmy Garoppolo resultam em boa precisão intermediária, tanto em passes de velocidade quanto nos que requerem mais toque. Garoppolo é rápido nas progressões, embora, como veremos a seguir, isso não tenha sido tão importante no jogo contra Chicago. Em passes mais longos, Jimmy Garoppolo perde um pouco em precisão, mas não é nada realmente preocupante.

Para avaliar a performance de Jimmy Garoppolo é importante, como sempre, entender o contexto do plano de jogo da equipe. Kyle Shanahan, técnico dos Niners, manteve as coisas relativamente simples para Garoppolo. Quase sempre o quarterback lançou para sua primeira opção de recebedor. Desta forma, Garoppolo não precisou fazer muita coisa no pocket, rapidamente se livrando da bola. Com combinações de rotas que permitiram que os recebedores conseguissem abertura, particularmente no espaço entre os linebackers e a secundária (underneath), Shanahan facilitou a vida do seu novo quarterback. Claro que Garoppolo fez por onde, acertando com precisão e timing os passes, particularmente para os recebedores Trent Taylor e Marquise Goodwin.

Este primeiro jogo mostrou que o “casamento” entre Kyle Shanahan e Jimmy Garoppolo pode dar muito certo, e que a precisão e consistência do quarterback devem encaixar como uma luva no sistema ofensivo baseado em ritmo do treinador.

Mas… podemos perguntar: se o jogo de Garoppolo foi tão bom assim, como é que o time só marcou 15 pontos? O questionamento é justo, mas é possível perceber que a pequena produção ofensiva (ao menos em número de pontos marcados) é fruto da boa defesa dos Bears na redzone e, claro, do conservadorismo de Kyle Shanahan no primeiro jogo de Jimmy Garoppolo. A equipe dos Niners avançou de maneira consistente no campo, com cinco campanhas longas, que terminaram em field goals. É claro que se espera ver evolução deste desempenho ofensivo nos próximos jogos, mas este é um bom exemplo de como temos que olhar além dos números ao avaliar a performance de um quarterback.

Jimmy Garoppolo terminou o jogo com 293 jardas e 70% de passes completos. O quarterback lançou uma interceptação, mas em um lançamento preciso. Pois é, Garoppolo lançou a bola nas mãos do recebedor. Em uma ótima jogada, o cornerback dos Bears Kyle Fuller “roubou” a bola do wide receiver. Mais um exemplo do problema em considerar as estatísticas como verdade absoluta.

Agora, é ver o que Garoppolo pode fazer nos próximos jogos. Temos que lembrar que o quarterback, a princípio, será free agent na próxima intertemporada. Em termos práticos, no entanto, acho muito pouco provável que o quarterback não continue em San Francisco, seja via contrato longo ou com o uso da franchise tag. Fato é que as perspectivas parecem boas pra o futuro próximo da equipe.

De olho nos calouros

Fato 1: O Chicago Bears é uma bagunça. John Fox está perdido. Fato 2: A equipe tem o seu quarterback. Mitchell Trubisky segue limitado pelo pouco talento na posição de recebedor (e por sua própria inexperiência), mas não há dúvida sobre o seu futuro. No jogo contra San Francisco, Trubisky mostrou sua precisão, completando 12 de 15 passes. Vai ser interessante se o quarterback dos Bears puder contar, a partir do ano que vem, com técnicos ofensivos que possam extrair seu potencial.

Já com DeShone Kizer… nem sei mais o que dizer. O quarterback mostra evolução, perdendo menos tempo no pocket, com decisões um pouco melhores… exceto na red zone. Mais uma vez muitos erros na zona mais crítica do campo. Ele ainda está longe de ser um quarterback viável.

Troféu “Parece Madden no nível amador” – melhor da semana

Russell Wilson

Ao longo de toda a temporada, Russell Wilson vem tentando fazer milagre. Jogando atrás de uma linha ofensiva fraca, sempre fugindo da pressão, o quarterback dos Seahawks vem em uma ótima temporada. No jogo deste domingo, contra o Philadelphia Eagles, no entanto, Wilson foi ainda mais além. Como sempre fugindo da pressão, e diante da agressiva secundária dos Eagles, Russell Wilson encontrou seus recebedores seguidamente.

Utilizando sua mobilidade para correr e também para lançamentos de fora do pocket, Wilson terminou o jogo com 227 jardas aéreas e 3 touchdowns, além de 31 jardas corridas. O jogo deste domingo colocou Russell Wilson de vez dentro da disputa pelo prêmio de MVP da temporada 2017.

Menções honrosas: Philip Rivers – Los Angeles Chargers / Josh McCown – New York Jets

Troféu “TEEEEBOOWWW!!!!” – pior da semana

Trevor Siemian

Estou pensando dar esse troféu, em definitivo, para John Elway. A confusão na posição de quarterback do Denver Broncos é responsabilidade de Elway. Mais uma troca de quarterback, mais uma péssima atuação.

Contra o Miami Dolphins, Trevor Siemian foi muito mal. O quarterback terminou o jogo com 19 passes completos em 41 tentativas, para 200 jardas e 3 interceptações. A situação dos Broncos é realmente impressionante.

Menções “desonrosas”: Jacoby Brissett – Indianapolis Colts / Blaine Gabbert – Arizona Cardinals.



Olhando para a semana 14

Expectativa de grandes jogos na semana 14. Já na quinta-feira, mais um duelo da NFC South. Saints e Falcons. Drew Brees, um dos melhores em 2017, contra Matt Ryan, o melhor de 2016. Jogão.

No domingo, destaque para dois confrontos. Primeiramente, os Panthers enfrentam o fortíssimo Minnesota Vikings, precisando da vitória. Cam Newton vai precisar fazer muita coisa para superar a forte defesa adversária. Finalmente, ressalto ainda um confronto de dois quarterbacks cujas carreiras tendem a caminhar em paralelo: Carson Wentz e Jared Goff. As duas primeiras escolhas do draft 2016, Wentz e Goff lideram suas equipes (Eagles e Rams) em ótimas temporadas.

Semana que vem analisaremos aqui as performances dos quarterbacks nestas partidas. Até lá! 

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