Análise dos Quarterbacks: Carson Wentz foi a grata surpresa da Semana 1

[dropcap size=small]N[/dropcap] este ano, durante toda a temporada, teremos uma coluna semanal dedicada à avaliação da performance dos quarterbacks. A ideia é discutir, baseado em achados extraídos da análise dos vídeos dos jogos, as características dos atletas que determinam seu sucesso (ou fracasso) na liga. Além de uma visão geral sobre os passadores na semana em questão, teremos alguns destaques individuais, tanto positivos quanto negativos.

Claro, como não pode deixar de ser, levaremos sempre em consideração o sistema ofensivo empregado pelas equipes, assim como a qualidade do elenco ofensivo. Estes fatores impactam de maneira fundamental o que os quarterbacks mostram em campo e, na medida do possível, iremos contextualizar as estatísticas (e resultados) dos jogadores dentro desta realidade.



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Semana 1: Visão Geral

Ao tentar analisar a performance dos quarterbacks nesta primeira semana da temporada 2017, chama a atenção um nível geral não muito elevado. Não necessariamente por conta dos quarterbacks propriamente ditos. A qualidade ofensiva das equipes, na média, deixou a desejar. Particularmente, as linhas ofensivas apresentaram bastante dificuldade. Vários quarterbacks tiveram dificuldades relacionadas à pressão da defesa em muito pouco tempo. É importante levar isto em consideração quando consideramos as atuações de quarterbacks como Russell Wilson, Eli Manning e a dupla dos Texans sem seus offensive tackles titulares, Tom Savage e Deshaun Watson.

Não é à toa, então, que alguns dos quarterbacks que mais se destacaram nesta semana foram aqueles cujas linhas ofensivas também foram bem. Jogadores como Sam Bradford, Alex Smith, Dak Prescott, Derek Carr, entre outros, souberam utilizar bem o tempo que receberam de suas linhas.

Outro detalhe que pudemos observar foi um crescimento do número de planos de jogo mais conservadores. Ainda que equipes como Eagles e Raiders, entre outras, tenham baseado seus ataques em passes intermediários e longos, com rotas verticais, vimos muitos sistemas baseados em passes curtos, com leituras rápidas e tentando ganhos de YAC (jardas após a recepção). Cardinals, Ravens, Lions, Jaguars… são só alguns desses exemplos. Isso ajuda a controlar o problema das linhas ofensivas, já que o quarterback solta a bola rapidamente – tal como no início dos anos 1990 os ataques se adaptaram para os ferozes pass rushers que apareceram anos antes. Além disso, em determinados casos, o ganho pode vir simplesmente do fato de que o quarterback em questão tem menos oportunidade para estragar tudo (oi, Blake!).

Vale o destaque para a boa atuação de Jared Goff, que liderou muito bem os Rams contra os Colts, além do começo interessante, ainda que irregular, do calouro DeShone Kizer em Cleveland.

Sob o microscópio: Carson Wentz

O quarterback do Philadelphia Eagles, em seu segundo ano na liga, é o primeiro do ano a ter seu desempenho analisado mais profundamente por aqui. Já no ano passado, Wentz causou uma certa polarização entre os que o consideravam como o próximo grande quarterback da liga e aqueles que o viam ainda como muito cru e irregular (me incluo neste último grupo). Como quase sempre, a verdade está no meio do caminho. Mas a ideia aqui é destrinchar o que aconteceu neste último jogo. Vamos a isso então.

“A movimentação e controle de Carson Wentz dentro do pocket melhoraram muito”

No jogo deste domingo, entre Philadelphia e Washington, vencido pelos Eagles por 30 a 17, Carson Wentz acertou 26 de 39 passes, para 307 jardas, com 2 touchdowns e 1 interceptação. Mais importante do que os números, no entanto, foi o desenvolvimento que Wentz já mostrou com relação à temporada passada. Sua movimentação e controle dentro do pocket melhoraram muito. Algumas das melhores jogadas do quarterback no jogo vieram diante de pressão da defesa. No longo passe para touchdown (58 jardas) para Nelson Agholor, Wentz foi capaz de escapar da pressão, mantendo os olhos em direção aos recebedores e, principalmente, reposicionando os pés antes do lançamento. O talento no braço sempre esteve lá, tanto em força quanto na mecânica de release (movimento de liberação da bola), mas a melhora do trabalho de pés dentro pocket pode levar Carson Wentz a outro patamar dentro da liga.

Para isso, no entanto, o quarterback dos Eagles ainda tem algumas “barreiras para saltar”. A primeira delas é a precisão oscilante. Particularmente em passes rápidos (screens e rotas swing), em que Wentz não retifica os ombros como deveria, a bola tende a flutuar. No jogo deste domingo, ainda no primeiro tempo, o quarterback lançou um passe lateral muito elevado, que o recebedor não conseguiu pegar, no que se tornou um fumble recuperado pela defesa. Ainda que precisão seja, possivelmente, o atributo mais difícil de se mudar em um quarterback, no caso de Carson Wentz é bastante alcançável. Isso porque o problema parece ser mais uma questão de mecânica e posicionamento, podendo ser eventualmente corrigido.

A outra questão que chamou a atenção com relação a Carson Wentz no jogo de domingo já aparecia na temporada passada: decisões questionáveis. Com um plano de jogo que inclui diversas rotas verticais, em profundidade, é fundamental que o quarterback, não importando quanta potência no braço tenha, saiba ler as coberturas, escolhendo quando “puxar o gatilho”. Contra Washington, Wentz lançou diversos passes extremamente arriscados, com pelo menos três “interceptações dropadas” pelos defensores. Correr riscos faz parte do jogo, mas arriscar perder a posse de bola tantas vezes em uma mesma partida é um pouco demais.

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Ainda assim, o saldo é positivo. A evolução de Wentz é perceptível, particularmente na presença dentro do pocket e movimentação fora dele. Juntando isso ao seu ótimo braço, certamente há motivos para acreditar que ele pode chegar ao escalão superior dos quarterbacks da NFL.



Troféu “parece Madden no nível amador” – Melhor da semana

Sam Bradford

Sam Bradford, no jogo contra o New Orleans Saints, foi extremamente preciso, particularmente nos passes mais longos, sobrando na turma na semana 1. O quarterback dos Vikings, que acertou 84% dos passes, para 346 jardas e 3 touchdowns, mostra um grande domínio do sistema ofensivo, além de ótima “química” com os recebedores Stefon Diggs e Adam Thielen. Bradford tem sido, durante muito tempo, um tanto injustiçado. Talvez em 2017 ele receba seu devido valor como um bom quarterback.

Menções honrosas: Alex Smith – Kansas City Chiefs / Derek Carr – Oakland Raiders

Troféu TEEEEBOOWWW!!!! – pior da semana

Carson Palmer

O veterano quarterback dos Cardinals, de 38 anos, jogou mal no jogo deste domingo, contra o Detroit Lions. Mesmo com um plano de jogo desenhado para “poupar” o quarterback, com passes curtos, Palmer foi muito inconstante. Muito impreciso nos passes longos e lento nos passes curtos, o quarterback de Arizona parecia, literalmente, com os braços cansados.

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Palmer terminou o jogo com 1 touchdown e 3 interceptações, com 56% de passes completos e um rating de 53. Sendo que ainda estamos na semana 1, talvez seja difícil imaginar Carson Palmer mantendo a titularidade por muito tempo.

Menções “desonrosas”: Andy Dalton – Cincinnati Bengals / Scott Tolzein – Indianapolis Colts



Olhando para a semana 2

Entre os vários matchups interessantes envolvendo os quarterbacks na semana 2, podemos destacar o encontro do calouro DeShone Kizer, que foi bem, ainda que irregular, na semana 1, contra a forte defesa dos Ravens. Depois de aterrorizar o veterano Andy Dalton, veremos o que o forte front 7 de Baltimore trará para o quarterback dos Browns.

Outro que deve ser muito interessante é o encontro de dois quarterbacks com pontos a provar em 2017. No jogo entre Bills e Panthers, os questionados Tyrod Taylor e Cam Newton poderão mostrar até onde podem levar suas equipes. Finalmente, poderemos ver se o que Jared Goff mostrou na semana 1 (de longe sua melhor atuação na NFL) pode se repetir no jogo contra Washington.

Semana que vem voltaremos com mais sobre os quarterbacks. No twitter, em @JoaoHMacedo, comentários, sugestões e, eventualmente, cornetas, são muito bem-vindos. Até lá.

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