Análise dos Quarterbacks, Semana 2: temos um novo Cam Newton?

Neste ano, durante toda a temporada, teremos uma coluna semanal dedicada à avaliação da performance dos quarterbacks. A ideia é discutir, baseado em achados extraídos da análise dos vídeos dos jogos, as características dos atletas que determinam seu sucesso (ou fracasso) na liga. Além de uma visão geral sobre os passadores na semana em questão, teremos alguns destaques individuais, tanto positivos quanto negativos.

Claro, como não pode deixar de ser, levaremos sempre em consideração o sistema ofensivo empregado pelas equipes, assim como a qualidade do elenco ofensivo. Estes fatores impactam de maneira fundamental o que os quarterbacks mostram em campo e, na medida do possível, iremos contextualizar as estatísticas (e resultados) dos jogadores dentro desta realidade.


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Visão Geral: Semana 2

Na segunda semana de jogos, já podemos começar a identificar algumas tendências ofensivas que parecem predominar em 2017. No que diz respeito ao jogo aéreo, chama a atenção o grande número de equipes que têm buscado passes curtos, baseados em ritmo, leituras rápidas e jardas após a recepção. Claro que podemos associar esta questão com o baixo nível das linhas ofensivas, mas outros fatores também influenciam este processo.Teremos mais sobre o tema em um artigo específico no final de semana.

Focando nos quarterbacks, nesta semana houve boas performances de alguns dos melhores quarterbacks da liga, que não tinham ido tão bem na semana 1. Destaque neste aspecto para Tom Brady e Matt Ryan. Por outro lado, continuam sofrendo as duas principais “vítimas” do problemas da linhas ofensivas: Eli Manning e Russell Wilson, que têm, até o momento, suas performances na temporada muito prejudicadas pelo pouco tempo disponível para o movimento de passe.

Sob o microscópio: Cam Newton

Hoje o nosso olhar mais profundo sobre um quarterback terá como foco Cam Newton. O quarterback do Carolina Panthers que, no domingo, ajudou a sua equipe a conquistar a vitória sobre o Buffalo Bills, por 9 a 3.

É, os Panthers ganharam o jogo sem marcar nenhum touchdown. Apesar disso, a ideia aqui não é “cair em cima” de Cam Newton. O quarterback mostrou algumas coisas interessantes (erros também, é claro), que nos ajudam a reinterpretar o próprio estilo de Newton e, consequentemente, do sistema ofensivo de Carolina.

Ao avaliar o desempenho de Cam Newton, é importante lembrar que o quarterback pouco participou dos treinamentos de intertemporada, por conta da recuperação após a cirurgia no ombro. Desta forma, não é inesperado observar um Cam Newton um tanto “enferrujado”. Contra os Bills, vimos um quarterback que parecia desconfortável. Buffalo conseguiu muita pressão, e Newton muitas vezes hesitou na hora de se decidir entre correr ou lançar a bola.

Em situações de passe, particularmente passes para a lateral e/ou mais longos, Cam Newton esteve bastante errático, alternando passes que caíram muito longe dos seus alvos com acertos em janelas bem estreitas. Foi possível perceber que, quando precisa gerar velocidade em passes retos, o braço de Cam segue respondendo bem. No entanto, em passes que necessitam de menos força e mais toque, para passar pelos defensores e “pousar” nas mão dos recebedores, Newton falhou bastante.

Outro aspecto importante de se observar na atuação de Cam Newton é a sua adaptação à nova cara do ataque do Carolina Panthers. Com a aparente ideia de poupar seu quarterback de levar tantas “pancadas”, o técnico Ron Rivera e seus assistentes mudaram bastante o sistema ofensivo. Com a chegada de jogadores como Christian McCaffrey e Curtis Samuel, os Panthers optaram por empregar um ataque (mais um pra lista) baseado em passes curtos e em ritmo, com leituras rápidas. Basicamente, diminuindo a pressão sobre a linha ofensiva e colocando rapidamente a bola na mão dos playmakers.

O que vimos até agora nesta temporada, particularmente no jogo da semana 2 contra os Bills, sugere que Cam Newton ainda não está totalmente adaptado a este novo estilo ofensivo. Seu movimento de passe, com um release algo demorado, além da tendência de manter a mão bem acima do ombro na hora do passe, diminui a precisão nos passes curtos.

Mais do que isso, é importante questionar se vale a pena, como parece ser a intenção de Rivera, mudar o sistema ofensivo a ponto de diminuir a importância daquilo que o seu quarterback faz de melhor, que são os passes longos lançados de fora do pocket, em jogadas de desenvolvimento longo. É claro que, conforme passam os anos, tende a ficar mais difícil para Newton seguir se submetendo a tanto contato físico sem acumular contusões. Mas, até o momento, parece que essa adaptação pode ser um tanto demorada.



Ainda assim, vejo com bastante curiosidade este processo. Com jogadores versáteis como McCaffrey e Samuel, além da manutenção dos recebedores altos, destinados a receber passes mais longos, como Kelvin Benjamin e Devin Funchess, o novo ataque dos Panthers pode vir a funcionar. Claro que a ausência do tight end Greg Olsen, que quebrou o pé durante o jogo do último domingo, vai dificultar a vida de Newton. Mas imagino Cam sendo capaz de seguir se adaptando a um padrão ofensivo diferente. Ao conseguir “encaixar” o jogo de passes baseados em timing, mas sem perder a potência no braço nem o potencial atlético, Newton pode elevar seu nível de performance (e de todo o ataque dos Panthers), quem sabe até retomando o patamar de 2015, quando conquistou o prêmio de MVP.

Troféu “parece Madden no nível amador” – Melhor da semana

Tom Brady

Talvez vocês já tenham ouvido falar do quarterback dos Patriots. Dizem que ele é bom…

Agora sério. Depois de um primeiro jogo bem ruim na semana 1, contra os Chiefs, voltamos a ver Tom Brady em sua performance habitual. Contra o New Orleans Saints, Brady esteve muito bem. Utilizando todos os seus recebedores, abusando de passes precisos de timing e back shoulder, o quarterback esteve imparável.

Aparentemente, os Patriots já encontraram a receita para substituir o contundido Julian Edelman. Os running backs James White e Rex Burkhead se alternaram nas rotas curtas a partir do slot, minando todas as alternativas da defesa dos Saints. Ninguém vai confundir a defesa de New Orleans com a dos Bears de 1985. Ainda assim, a performance de Tom Brady merece destaque. O quarterback terminou o jogo com 30 passes completos em 39 tentativas, para 447 jardas e 3 touchdowns. Nesta semana, ninguém vai sugerir que a idade está pesando para Brady.

Menções honrosas: Alex Smith – Kansas City Chiefs / Trevor Siemian – Denver Broncos

Troféu TEEEEBOOWWW!!!! – Pior da semana

Mike Glennon

A mecânica irregular do quarterback do Chicago Bears salta aos olhos rapidamente. Neste jogo, em que os Bucs conseguiram gerar pressão no pocket, este processo ficou ainda mais claro. Glennon tem um braço razoavelmente potente, mas erra passes simples. Mesmo quando o passe vai em direção ao recebedor, a localização errônea prejudica a jogada (por exemplo, fazendo o recebedor diminuir a velocidade para conseguir completar a recepção). E esse é o melhor dos casos: em muitas vezes, a bola parece ter sido lançada diretamente para o defensor.

Mike Glennon terminou o jogo em Tampa com 3 turnovers (2 interceptações e um fumble). As 301 jardas e o touchdown lançados por Glennon vieram, em grande parte, no final do jogo, quando o resultado já estava definido.

A atuação de Glennon faz aumentar ainda mais a cobrança pela estreia do calouro Mitchell Trubisky. Será que a troca já vai acontecer na semana 3.



Menções “desonrosas”: Andy Dalton – Cincinnati Bengals / Blake Bortles – Jacksonville Jaguars

Olhando para a semana 3

Destaco dois matchups envolvendo quarterbacks na próxima semana. No jogo entre Houston Texans e New England Patriots, teremos o confronto de Tom Brady contra a forte defesa dos Texans, liderada por JJ Watt. Do outro lado, o calouro Deshaun Watson se depara com a defesa de Bill Belichick.

Além deste, podemos ressaltar o jogo entre Tampa Bay Buccaneers e Minnesota Vikings. Ainda não sabemos se Sam Bradford voltará a campo mas, do lado oposto, teremos o confronto de Jameis Winston contra a formidável defesa dos Vikings. O quarterback dos Bucs foi muito bem na sua estreia na temporada, mas agora enfrenta um adversário bem mais forte.

Semana que vem voltaremos com mais sobre os quarterbacks. No twitter, em @JoaoHMacedo, comentários, sugestões e, eventualmente, cornetas, são muito bem-vindos. Até lá.

 

 

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