Primeira Leitura: Os 5 favoritos para o Super Bowl em 2016

Nesta terça feira, em reunião durante os Spring Meetings, os donos de franquias da NFL escolheram a sede de mais três Super Bowls. O LIII será em Atlanta, o LIV em Miami e LV em Los Angeles. Com isso, já temos a sede dos próximo cinco – o LII será em Minneapolis e o LI, referente à próxima temporada da NFL, em Houston.

E quem são os favoritos para estar no NRG Stadium em fevereiro? Bom, fui verificar em alguns sites de apostas para ter uma visão mais “objetiva”. Na SportingBet, os três favoritos são New England Patriots, Carolina Panthers e Seattle Seahawks. Mas a gente sabe que esse tipo de visão de Vegas não é 100%. Para mim, o Carolina Panthers corre um pouco por fora. Não que a equipe seja fraca – mas porque as outras se reforçaram bem e tem poder de fogo nos dois lados da bola. Ademais, a defesa dos Panthers é um pouco uma incógnita para mim – quando Bene Benwilkere e Charles Tillman se machucaram ano passado, o rendimento caiu. Não obstante, defesas são reflexos dos ataques – com efeito, é difícil que um MVP (Cam Newton) repita o título quando os coordenadores defensivos estão de olho. O último bicampeão, para se ter ideia, foi Peyton Manning no biênio 2008-2009.

Feita essa menção honrosa aos Panthers (e talvez aos Vikings também, embora eu queira ver mais de Teddy Bridgewater como terceiranista), vamos à lista.

1- Seattle Seahawks

Se não fosse o início catastrófico no Divisional Round contra Carolina, Seattle poderia muito bem ter ido longe na temporada passada. Não nos esqueçamos que os Seahawks se recuperaram a ponto de perder apenas por 7 pontos (e o jogo estava perdido no intervalo, 31-0).

Mesmo com a saída de Marshawn Lynch, Seattle ainda tem um dos melhores elencos da liga. Indiscutivelmente um dos mais equilibrados. Com a saída de Lynch, veio C.J Prosise no Draft – o back de Notre Dame pode ser uma verdadeira barganha como escolha de terceira rodada. Além dele o elenco já contava com Thomas Rawls, que fez um ótimo trabalho como alívio de Lynch no ano passado. Isso tudo sem se esquecer da sólida defesa e de Russell Wilson, um dos meus quarterbacks preferidos. Jimmy Graham saudável conta na equação também.

2- New England Patriots

Antes que falem “sem Brady esse time não vai a lugar nenhum”, gostaria de usar outro exemplo. Na temporada 2008, Peyton Manning estava meio “baleado” e Jeff Saturday, idem. Os Colts começaram o ano 3-4 e mesmo assim chegaram aos playoffs após vencer os nove jogos restantes. Mesmo sem Brady, é um tanto quanto inimaginável que os Patriots comecem 3-4.

E do outro lado, quando ele voltar, um 9-0 como o de Peyton não é nada impossível. Bill Belichick é um dos melhores técnicos da história do jogo, você gostando dos seus métodos ou não. A última vez que os Patriots perderam a AFC East foi em 2008, aliás, quando Brady perdeu toda a temporada por lesão. Brady saudável, Belichick no comando e Patriots fora da pós-temporada? Faz tempo, só em 2002. Assim, com um dos maiores – o maior para mim, como vocês sabem – quarterbacks da história under center num esporte que é cada vez mais aéreo… Fica difícil não colocar os Patriots como favoritos.

3- Arizona Cardinals

Esqueça um pouco daquele Carson Palmer terrível que você viu na final da Conferência Nacional. Ele nitidamente jogou com o polegar machucado e a maior arma de Arizona no ano passado – o jogo aéreo vertical – foi por terra.

Palmer volta neste ano com o mesmo corpo de recebedores e com mais sangue nos olhos – porque ele sabe que a janela está se fechando. E motivação num esporte tão disputado como o futebol americano profissional, bem, conta bastante. Só resta saber se o signal caller, de 36 anos, terá atuações como de Brady nessa idade ou se o declínio será aparente. No final das contas a temporada dos Cardinals estará em função disso.

Vale lembrar, também, que os Cardinals voltam com o elenco quase intacto e reforços via free agency e Draft. A equipe adquiriu duas peças que podem ser importantes para melhorar o pass rush: Chandler Jones, via troca, e Robert Nkemdiche, na primeira rodada do Draft.

4- Pittsburgh Steelers

Contexto é tudo. Numa análise superficial daqui 40 anos ao olhar para o chaveamento dos playoffs de 2015, muitos podem pensar que os Steelers caíram na hora certa. Contextualizando, a gente não pode esquecer que o time viajou para a altitude de Denver para jogar contra os Broncos estando com um elenco destruído por lesões.

Agora, com Ben Roethlisberger, Le’Veon Bell e Antonio Brown saudáveis, são outros 500. É um time extremamente perigoso e Roethlisberger é um quarterback mais competente do que muitos pensam. Nesse sentido, ele está bastante empenhado neste ano: reports indicam que ele perdeu 7 quilos nos últimos meses, com o objetivo de se lesionar menos.

Lembrando, também, que o maior buraco no elenco – a secundária – foi endereçada no Draft com Artie Burns (cornerback) e Sean Davis (safety). Partindo do princípio de que pior que está não fica e que o setor era uma bagunça no ano passado, as coisas podem melhorar ainda mais.

5- Green Bay Packers

É uma liga de quarterbacks, não tem como. Com Jordy Nelson de volta – ou seja, mais um time “atrapalhado” por lesões no ano passado – o Green Bay Packers tende a ser favorito e brigar até a última semana pelo título da divisão com Minnesota.

Os Packers fizeram (mais um) sólido Draft e endereçaram necessidades específicas na linha ofensiva (profundidade de talento para evitar os problemas do ano passado), defensiva e no corpo de linebackers. Vai ser difícil tirar de Robb Stark Aaron Rodgers o posto de Rei do Norte neste ano.

Menções honrosas: Carolina (6), Minnesota (7), Kansas City (8), Cincinnati (9), Baltimore (10), Denver (11), Houston (12), Indianapolis (13)

E quem será a primeira escolha geral do Draft de 2017?

Se você é iniciante na NFL, lembro que a primeira escolha do Draft é a pior campanha da temporada anterior. No ano passado, errei por algumas milhas na previsão. Acreditava que haveria uma bagunça no vestiário de Washington por conta de Robert Griffin III, mas ele foi bastante profissional e Jay Gruden soube lidar bem com a situação. Em segundo lugar colocava Cleveland e Tennessee, então, bem, não errei por tanto.

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Neste ano a tendência é que as duas equipes – Titans e Browns – estejam na parte de baixo da tabela. Não por maldade minha nem nada, mas porque são duas franquias em reconstrução.

Em Cleveland o Experimento Manziel acabou (aleluia) e a equipe tem buracos em vários setores do plantel. Talvez seja o pior elenco da liga por alguns pontos. Como a franquia fez diversos trade downs no Draft, a tendência sem sombra de dúvidas é de reconstrução e é preciso paciência.

A expectativa em Tennessee é um pouco maior, dado que é o segundo ano de Marcus Mariota na liga e as trincheiras foram reforçadas. Linha ofensiva e defensiva é algo cada vez mais importante e é sempre importante reforçar isso. Na AFC South, porém, vejo os Titans ainda como última força.

Por fim temos San Francisco, time que coloco aqui pelos mesmos motivos que coloquei Washington ano passado. É muito em função da bagunça eventual no vestiário. Havia múltiplas reportagens sobre o elenco estar rachado no ano passado acerca de Colin Kaepernick. Aí neste ano ele pediu para ser trocado e isso não deu em nada. Enfim, é uma situação delicada.

Afinal, como se escolhe a sede de um Super Bowl?

Como chamada da notícia de que a NFL iria escolher as cidades-sede dos Super Bowls LIII, LIV e LV, coloquei “E aí, quais cidades você acha que serão escolhidas?”.

Choveu gente falando Green Bay e outros tantos perguntando sobre Pittsburgh, New England e demais cidades no norte dos Estados Unidos. Então percebi que esse era um tema que precisava ser endereçado aqui.

Para começar, lembro que o Super Bowl pode ser a final da NFL, mas ainda sim é um Bowl. E por bowl lembramos dos amistosos de pós-temporada do College Football: aqueles que são jogados em cidades turísticas do sul dos Estados Unidos por conta do clima (bem mais) ameno.

O Super Bowl é, tanto quanto o Rose Bowl era ao início do século passado, um evento turístico de proporções importantíssimas para a economia. Você quer maximizar o lucro e não ter o clima atrapalhando nessa história. Você quer que o calor seja um fator a mais para o cara que vive no tempo frio frio em janeiro pensar em ir para o jogo e gastar dinheiro.

Por isso, a maior parte das sedes do Super Bowl serão no sul dos Estados Unidos. Porque a NFL não quer o clima atrapalhando, via de regra. Se você pegar as últimas 20 sedes, verá que apenas Detroit, Indianapolis e Nova York estão no norte. As três foram em estádios recém-construídos e apenas Nova York contava com estádio descoberto. E Nova York é exceção porque… É Nova York, é o maior mercado consumidor dos Estados Unidos.

A fórmula é simples. A NFL tende a “presentear” cidades com o Super Bowl caso estádios novos sejam construídos. Foi assim com Detroit em 2005 – mas, de toda sorte, só foi sede porque o Ford Field é coberto. A exceção descoberta foi apenas com o MetLife Stadium por conta do tamanho do mercado consumidor.

E é por isso que você nunca viu Super Bowl em Chicago, Pittsburgh, Boston, Green Bay, Cincinnati e outras cidades. Porque todas construíram novos estádios ou renovaram seus clássicos – mas são estádios descobertos e em mercados não tão gigantescos como o potencial de Nova York.

Aliás, eu não sei porque os torcedores iriam querer um Super Bowl em sua cidade, Esqueceu que um time nunca jogou um Super Bowl em casa?

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Mas tem duas quase-exceções

O Los Angeles Rams jogou “em casa” no Super Bowl XIV. O problema é que a equipe não mandava jogos no Rose Bowl (foto acima), por mais que Pasadena faça parte da região de Los Angeles. De toda forma, a zica “veio” ao perder para o Pittsburgh Steelers, quarto título da franquia em janeiro de 1980.

O mesmo pode ser dito do San Francisco 49ers no Super Bowl XIX. Mas o final foi mais feliz. A franquia venceu seu segundo título da história contra o Miami Dolphins de Dan Marino em Palo Alto, no estádio do Stanford Cardinal. Fica perto de San Francisco (bastante), mas de toda forma não é o estádio onde a equipe manda jogos. Curiosamente, aliás, os dois estádios acima sediaram jogos do Brasil na Copa do Mundo de 1994.

A zica é tão grande que tem ano no qual a franquia que “sedia” o Super Bowl sequer vai para os playoffs. Em 2012, com dois times “sediando”, Jets e Giants passaram longe da pós-temporada. No ano passado o San Francisco 49ers teve uma das piores temporadas dos últimos anos depois de ter sido campeão da Conferência Nacional em 2012.

Nosso podcast desta semana

O Melhor da Semana

Gostei bastante da escolha para o Super Bowl LIV. Como você viu acima, a “fórmula” da NFL é a de “presentear” cidades e donos de franquias que se engajam em novos estádios. No caso de Miami, a NFL acabou dando seu voto de confiança por conta de uma renovação no New Miami Stadium. Stephen Ross, dono dos Dolphins, comprometeu cerca de 450 milhões de dólares no processo de renovação.

Isso é bom porque, além de ser ecologica e economicamente melhor renovar algo ao invés de implodir tudo e construir um novo, haverá estádios precisando de renovação daqui uns 15 anos. Saber que a NFL “premia” isso e estimula é algo bacana.

O Pior da Semana

Com o Super Bowl LIV, eu descobri que o estádio dos Dolphins mudou DE NOVO de nome. E vai mudar daqui um tempo quando houver um novo parceiro de naming right. Cacete, assina por um prazo bacana, toda hora muda isso. Deve ser o estádio com mais nomes na história da NFL. Assim complica nossa vida cobrindo o esporte – definitivamente, como você bem percebeu, eu não quero colocar o Deflategate de novo nesta parte da coluna e não tenho o que reclamar, então estou causando com coisas aleatórias.

O estádio foi batizado em 1987 como Joe Robbie Stadium – nome do primeiro dono dos Dolphins. Aí em 1996 virou “Pro Player Park”. Não satisfeitos, mudaram para “Pro Player Stadium” no mesmo ano – na época começou o ano como “park” porque é o nome mais típico para estádios de beisebol e o prédio ainda era dividido entre Dolphins e Marlins.

Em 2005 virou Dolphins Stadium. Durou pouco, porque em 2006 já era Dolphin Stadium. Sei lá se faz tanta diferença. Em 2009 novo naming right para Land Shark Stadium – e em 2010 finalmente Sun Life Stadium. Eu já estava me acostumando com esse, poxa.

Duas afirmações e uma pergunta

O Deflategate não vai acabar nunca. Sim, os recursos de Tom Brady podem eventualmente acabar – porque tem este e mais um eventual na Suprema Corte, creio eu. Mas digo que não vai acabar porque sempre vai ser comentado pelas pessoas. Por isso eu sempre achei que era melhor Brady cumprir a suspensão de uma vez. Não aguento mais esse assunto.

Vou continuar evitando o máximo que conseguir a palavra “Redskins”. Como muitos de vocês me mandaram no Twitter, o Washington Post fez uma pesquisa cujo resultado foi de 90% de nativos ou descendentes de nativos americanos dizendo que o nome “Washington Redskins” não lhes ofende. Ok. Vamos contextualizar então. Primeiro que esses 90% não dizem que apoiam. Segundo que, se você entrasse numa reserva indígena para dar uma palestra – como Peter King explicitou aqui – você iria começar ela com “E ae seus pele-vermelha?” sabendo que correria o risco de ofender alguém, mesmo que sejam 10 pessoas nas 100 da plateia? Não né. Então. O meu grande ponto sobre isso – e sobre muitas coisas da vida – é: se você tem a chance de não atrapalhar a vida de alguém ou de magoar alguém “porque sim” – ou, em resumo, de ser escroto – não seja.

Quer saber o estado da decadência do estádio dos Raiders? O estádio agora volta a se chamar Oakland-Alameda County Coliseum. A O.co não tem mais os naming rights e não deve querer saber de renovar porque não dá para saber se isso vai ser minimamente rentável com os Raiders podendo ir para Las Vegas. Falamos mais sobre no podcast.

Sobre o feedback…

Puxa, foram poucas (mesmo) perguntas via e-mail. Quando criei esta parte da coluna – citando Peter King de novo – foi muito por conta dele e outros colunistas americanos que fazem mailbag.

Mas aí eu me dei conta que as redes sociais estão mudando esse cenário cada vez mais rápido. Não se faz necessária uma mailbag quando a gente tem uma parada chamada Twitter. Então é bem melhor que nos foquemos lá, dado que é a plataforma mais fácil para esse tipo de interação. Para quem não me segue ainda, segue o link: @CurtiAntony

Hello, Goodbye

Escrever esta coluna nesta semana foi mais difícil do que costume. Primeiro porque não é uma coluna que “sai fácil”, por conta do número de coisas que são faladas aqui – várias sobre times diferentes, assuntos diferentes. Então requer uma certa pesquisa.

Segundo porque estou com tendinite no braço esquerdo. Antes que algum engraçadinho queira zoar, eu sou destro! ahahhha Mas mesmo assim, foi por conta de digitar para caramba. Infelizmente não posso dar uma pausa nos textos, porque é meu ofício. C’est la vie.

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