Não é qualquer jogo. Existe uma chance real deste ser “o jogo do ano” para o College Football. Dois times entre os 10 melhores no ranking da Associated Press. Ou melhor: entre os cinco melhores. As 21h, horário de Brasília, #3 Louisville vai ao Death Valley enfrentar #5 Clemson, num duelo que pode definir os rumos do College Football Playoff e da própria conferência ACC.
Especificamente na ACC, faz todo sentido. As duas equipes ainda estão invictas (Florida State já tem derrota para Louisville num massacre de duas semanas atrás) e o primeiro critério de desempate intradivisão do College é o confronto direto (Florida State, Louisville e Clemson são todas da divisão Atlantic). Para Clemson, o cenário assusta por conta do retrospecto. Em outubro de 2013, a então #3 Florida State foi ao estádio dos Tigers e massacrou a #5 Clemson por 51-14 no que seria a primeira pedra fundamental dos Seminoles de Jameis Winston rumo ao título nacional.
O interessante é que os dois times nunca se enfrentaram antes de 2014, quando Louisville se juntou à Conferência ACC. Desde então, Clemson tem a vantagem com duas vitórias e nenhuma derrota (uma em 2014, outra em 2015). As duas vitórias, porém, vieram por um total combinado de… Nove pontos. E não é como se os times de Louisville fossem tão fortes quanto hoje.
Here´s Lamar
Os 51 pontos marcados por Florida State e o mesmo cenário fazem o torcedor de Clemson não dormir direito porque a pirotecnia e a capacidade de colocar pontos no placar está lá de novo. Os Cardinals de Louisville lideram a “primeira divisão” do College (FBS) em pontos por jogo, 63,5. É bem verdade que pontos por jogo costuma ser uma estatística burra na primeira metade do calendário universitário por conta dos adversários pedestres enfrentados pelos programas maiores. Aqui, porém, faz todo sentido – porque a máquina de fazer pontos tem nome: Lamar Jackson.
O quarterback dos Cardinals é o líder na corrida pelo Heisman (troféu dado ao “mais extraordinário jogador do College Football”, grosso modo o equivalente na percepção do público ao MVP da NFL). Não por acaso, visto que isso acontece pelo fato dele ser responsável direto ou indireto por 25 touchdowns até agora (13 passados, 12 corridos) – e isso tudo em apenas quatro jogos. Se você não entendeu o quão absurda e pirotécnica é esta estatística, Jackson tem mais touchdowns que 123 dos 128 times da FBS (96%), incluindo 22 dos 25 melhores times do ranking da Associated Press. Jackson começou a Semana 1 do College como o 30º favorito em Las Vegas para o Heisman. Na Semana 2, era o 15º. Após a 4, era o líder na disputa. Nenhum jogador de Louisville jamais recebeu sequer convite para ir à cerimônia do Heisman em Nova York como um dos mais votados – e menos ainda, por óbvio, o mais desejado prêmio individual do College.
É o duelo que salta aos olhos, claro. As defesas de Brent Venables, coordenador defensivo de Clemson, vem saltando aos olhos nos últimos anos. Em termos de prospectos produzidos para a NFL nas duas primeiras rodadas, já conta com nomes como Mackensie Alexander (cornerback) e os pass rushers/linebackers Shaq Lawson, Vic Beasley e Stephone Anthony. Neste ano, a unidade é a quinta em menos pontos cedidos por partida, a terceira em menos jardas cedidas por jogo, a segunda em menos jardas por jogada, a terceira em menor quantidade de big plays cedidas e a terceira em eficiência total. Louisville é a primeira, em termos de ataque, em todos esses quesitos.
Here’s DeShaun
Enquanto Lamar Jackson é segundanista e não está elegível para o Draft da NFL, o quarterback de Clemson, DeShaun Watson, está. E antes da temporada começar era o principal favorito a ser eleito vencedor do Heisman Trophy. Depois deste início de temporada, ele é o quarto na briga. Watson tem o mesmo número de touchdowns e interceptações que teve nos quatro primeiros jogos da temporada passada (9/4, respectivamente), mas – talvez buscando uma maior aproximação ao estilo da NFL – vem correndo menos: ele tem 16 jardas a menos por jogo pelo chão e ainda não tem touchdown terrestre nesta temporada.
Para alguns, DeShaun e Clemson como um todo tiveram um início aquém do desejado. Mas talvez os adversários estejam mais fortes, não os Tigers mais fracos. A equipe da Carolina do Sul tem exatamente o mesmo número de pontos marcados que tinha após a semana 4 da temporada passada. Coincidência ou não, também tem o mesmo número de jardas por jogada (estatística importante no College) após 4 jogos se compararmos com 2015.
É tudo uma questão de contextualização. Lamar colocou uma sombra em Watson, é impossível negar isso. Mas tal fato não quer dizer que DeShaun vem jogando mal. Agora temos o tira-teima entre esses dois titãs under center da temporada 2016 do College Football. Clemson tem um tabu de 18 jogos e 18 vitórias quando em casa. A última derrota? Justamente para aquele time #3, Florida State. Resta saber como será hoje.
Outros jogadores para ficar de olho
Nem só de quarterbacks é feito o esporte. No lado de Louisville, um atleta que pode ajudar bastante a desenvoltura do ataque dos Cardinals é o running back Brandon Radcliffe. Ultimanista, Brandon junto de Lamar fazem um monstro terrestre de duas cabeças tal qual Clemson tinha ano passado com DeShaun e Wayne Gallman. Nesta temporada, o corredor de Louisville tem 427 jardas em quatro partidas e a faraônica média de 9,3 jardas por carregada.
Do outro lado, o melhor amigo de DeShaun Watson pode ser Ray-Ray McCloud. Segundanista, o recebedor lidera o time com 21 recepções para 255 jardas e dois touchcdowns até aqui. Além disso, McCloud é retornador de punts e pode desequilibrar no quesito, liderando a conferência em jardas retornadas após punts.
Duelo importante para os rumos do College Football na temporada, #3 Louisville @ #5 Clemson tem transmissão da ESPN no Brasil a partir das 21h.
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