Em meio a acusações de estupros cometidos por jogadores, técnico de Baylor é demitido

Art Briles não é mais o head coach dos Baylor Bears, um dos mais vitoriosos programas atléticos do futebol americano nos últimos cinco anos. Briles foi demitido nesta quinta-feira em meio a acusações de estupro, assédio sexual e outros problemas em relação a jogadores que ele trouxe para Baylor. Briles treinou os Bears por oito temporadas – compilando campanha de 65 vitórias e 37 derrotas no período.

Vindo de Houston, Art se tornou treinador de Baylor em 2008 e reviveu um programa que indiscutivelmente era um dos piores do College Football. Após duas temporadas com mais derrotas do que vitórias, o técnico conduziu Baylor a um bowl game. Em 2011, Robert Griffin III se tornou o primeiro jogador da universidade a vencer o Heisman Trophy – dado ao mais extraordinário jogador do College Football em cada temporada. Após a saída de Griffin para a NFL, a ascensão continuou: o programa foi campeão da Big 12 em 2013. A “virada” que Art Briles conduziu em Waco, Texas – onde fica o campus da universidade – pode ser considerada como uma das maiores do esporte.

Mas nem tudo é positivo. Foram inúmeros escândalos nos últimos cinco anos. O principal deles foi em relação a Shawn Oakman, defensive end. Oakman foi All-America e era cotado como escolha de 3ª ou 4ª rodada no Draft da NFL. Em abril de 2015, porém, foi preso pela polícia de Waco sob acusação de estuprar uma graduanda da universidade. Esta reportou à polícia que o jogador tirou suas roupas à força e lhe jogou na cama, consumando o ato sexual. Ele, porém, argumentou que tudo fora consensual. O problema para Briles na situação é que Oakman já tinha histórico negativo antes de chegar ao Texas: ele começou sua carreira em Penn State mas foi expulso do programa em 2012 por alegadamente ter roubado um sanduíche e machucado o punho de uma balconista no ato. Após, veio para os Bears.

Embora um ato de estupro ou “assalto sexual” como diz a legislação americana já fosse o suficiente para que a Universidade tomasse medidas mais drásticas, houve outros igualmente sérios. Também transferido, Sam Ukwuachu teria assediado uma jogadora de futebol da universidade. Em agosto de 2015, ele foi condenado a 6 meses de prisão e 10 anos de condicional. Sam tinha tido problemas em Boise State, mas Briles negou que tivesse conhecimento de quaisquer problemas anteriores.

Ainda, em 2014, Tevin Elliott – também defensive end do time e recrutado por Briles –  foi sentenciado a 20 anos de prisão por ter estuprado duas garotas em 2012. Uma delas, por meio dos pais, teria entrado em contato com o treinador – mas ele não retornou as ligações. A única resposta que receberam, por meio de uma secretária do técnico, foi que eles “iram dar uma olhada no ocorrido”. Nada foi feito.

As universidades, nos Estados Unidos, são obrigadas por lei a reportar crimes ocorridos no campus. Nenhum crime sexual foi reportado por Baylor ao Departamento de Educação dos Estados Unidos nos úlltimos quatro anos. “Sempre é estranho quando uma escola não reporta incidente algum”, disse Neena Chaudhry, conselheira do Centro Nacional de Defesa dos Direitos da Mulher. Baylor, vale lembrar, é uma universidade “confessional” – ou seja, possui afiliação a uma dada religião. No caso, com a Igreja Batista. Com efeito, pode ser que a reitoria não reportou nada justamente para esconder um escândalo que foi tomando proporções cada vez maiores.

Em meio a todos esses escândalos e nada sendo feito, cerca de 200 pessoas fizeram vigília na frente do reitor da universidade, Ken Starr, em fevereiro deste ano. Em março, Starr anunciou um plano para investigar o ocorrido – com orçamento de 5 milhões de dólares, a universidade contratou um escritório de advocacia de Philadelphia para apurar os fatos. Estes apurados, Briles foi demitido nesta quinta-feira.

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