Murray tem tudo para se tornar o primeiro da história a ser escolhido na primeira rodada do Draft da NFL e da MLB

Vencedor do Heisman, Kyler Murray vai jogar beisebol na MLB ou vai pra NFL?

[dropcap size=big]N[/dropcap]ão há dúvidas de que Kyler Murray é um dos maiores talentos do college. Atual vencedor do Heisman Trophy, ele poderia ser presença no draft da NFL caso não fosse a indecisão do quarterback de Oklahoma sobre qual esporte escolher para sua carreira profissional: futebol americano ou beisebol.

Em junho deste ano, Murray, que além de ser um bom quarterback é um ótimo outfielder, participou do draft da MLB e foi uma escolha alta de primeira rodada do Oakland Athletics. A equipe californiana colocou nos bolsos do garoto o bônus de US$ 4,6 milhões e Murray já indiciou que deve participar da próxima pré-temporada (Spring Training) em março com o time.

As casas de aposta já fizeram as projeções sobre o futuro de Murray. Segundo Oddsshark.com, a cotação mostra que muito provavelmente o quarterback não vai ser escolhido no próximo draft da NFL (cotação de apenas R$ 1,17 para 1).

Caso Murray opte pela MLB, ele será apenas o terceiro vencedor do Heisman Trophy a não ser escolhido no draft da NFL — os outros dois foram Brian Dawkins (1958) e Charlie Ward (1993). Ward, inclusive, foi jogar basquete em vez de futebol americano. Um caso parecido, portanto.

Murray comandou o mais explosivo ataque do College Football em 2018. Assim como aconteceu com Baker Mayfield no ano passado, os Sooners constantemente marcavam mais de 30 pontos. A única partida em que isso não aconteceu foi contra Army, a academia militar, ainda em setembro.

O quarterback/outfielder de Oklahoma terminou o ano com 4053 jardas, 40 touchdowns e 7 interceptações – em apenas 13 jogos.

Qual a possibilidade de Murray jogar os dois esportes profissionalmente?

Bo Jackson e Deion Sanders fizeram história como atletas capazes de jogar beisebol e futebol americano em alto nível. No entanto, isso foi em outros tempos e nos dias atuais conciliar as duas modalidades parece uma tarefa quase impossível.

É o que diz Jackson, que marcou época na década de 1980 jogando no Kansas City Royals e Oakland Raiders. “O mundo esportivo é um pouco diferente agora do que quando eu joguei”, afirma Jackson. “Agora há mais talento, muito mais talento. Não posso dizer ao jovem o que fazer, mas, seja qual for o esporte que ele escolha, meu conselho é que ele concentre em uma coisa só.”

Em termos de calendário, ainda é possível jogar na MLB e na NFL. A temporada regular do futebol americano começa em setembro, quando o beisebol está entrando na fase derradeira. Já o início do ano na MLB é no fim de março, quando a NFL está de férias.



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Murray, porém, parece que não vai ser o jogador que dará continuidade ao que Sanders e Jackson fizeram e as cotações também inclinam isso. Para o jogador se dedicar a apenas um dos esportes, o Oddsshark.com mostra que a odd é praticamente inexistente, a R$ 1,08 para 1.

A favor do beisebol: influência do empresário de Murray pode ser um fator decisivo

Scott Boras é tido como uma verdadeira lenda entre os empresários da MLB. Ele já negociou vários contratos exorbitantes acima de US$ 150 milhões, é conhecido por representar apenas a elite do beisebol e é a personalidade que ajudou muito a estabelecer o altíssimo padrão salarial das estrelas da MLB.

Além de toda essa moral, Boras também é o empresário de Murray no beisebol. “Em boa fé, os Athletics fizeram uma coisa bem única que nunca foi realizada antes (em assinar com Murray na primeira rodada do último draft)”, disse Boras. “Então, Murray vai gratificar os Athletics, seu dono, os torcedores e a todos da organização cumprindo a parte de seu acordo”, completou o empresário.

Uma vez considerado pela revista Fortune como “empresário esportivo mais poderoso do mundo”, a influência de Boras certamente não passará despercebida nesse caso.

Tudo indica que o futuro de Murray será no beisebol

Em entrevista recente, Murray disse que sente que poderia jogar pela NFL, mas que o plano ainda é desistir do futebol americano e praticar o beisebol de maneira profissional.

A decisão oficial, porém, só acontecerá após o término dos playoffs do college. “Eu acho que é algo que eu e minha família vamos falar no final da temporada e pesar as opções do que a NFL pensa de mim. Agora, meu futuro já está planejado”, afirmou o atleta. Murray comanda o Oklahoma Sooners contra Alabama, numa das semifinais do College Football Playoff – dia 29, com transmissão da ESPN 2 no Brasil. 

As palavras de Murray, apontando que o futuro já está planejado dá a entender que ele realmente deve se comprometer com os Athletics. Como ele próprio disse, a ideia é esperar para ver quais são as projeções em relação ao draft da NFL e assim confirmar oficialmente a decisão.



O viés financeiro também pode pesar. Murray já tem US$ 4,6 milhões garantidos e ele terá que desistir desse bônus caso opte pela NFL. Em um cenário hipotético em que ele se dedicasse ao futebol americano profissional, ele teria que obrigatoriamente ser escolhido na primeira rodada para superar essa marca que os Athletics lhe ofereceram.

Independente da decisão que Murray tomar, ele já entrou para a história do esporte universitário mesmo sem ainda ter jogado uma partida em nível profissional. Afinal, poucos atletas versáteis assim conseguiram ter carreira tão condecorada no college.



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