Será que draftar um quarterback mesmo já tendo um franchise quarterback é uma boa pedida? Muitos criticam quando isso é feito. Soaria como “desrespeito” ao titular absoluto e “em tese”, é uma escolha desperdiçada no meio do Draft. De toda forma, é uma técnica obscura que dá certo. Não é algo que salta aos olhos, até porque não é sempre que acontece.
Para que ela se verifique, há um pressuposto: você tem que possuir um franchise quarterback no elenco – ou seja, aquele cara que vai passar para 4000 jardas toda temporada. Enquanto isso, o calouro reserva aprende com esse cara e vai rendendo sempre que der em pré-temporada. A inflação natural de “ele aprendeu com Fulano Montana” é excelente para futuras trocas. Oi? Trocas?
Sim. Quando você tem um reserva bacana, pode não às vezes nem usá-lo. Mas na prática ele funciona como um investimento na bolsa de valores. Você compra baixo e “vende” alto. O exemplo mais notório é o Green Bay Packers nos últimos 20 anos – notoriamente com Ron Wolf e Brett Favre (foto acima), mas agora também com Ted Thompson e Aaron Rodgers.
Thompson aprendeu com o mestre da arte em escolher quarterbacks. O atual general manager dos Packers cresceu dentro da franquia acompanhando o desempenho fantástico de Ron Wolf com relação a achar talentos na posição no meio do Draft. Não havia necessidade escolher um após o outro com Favre sacramentado como o jogador da franquia. Mesmo assim Wolf escolhia um calouro quase todos os anos depois que fez a troca por Favre. Duvida? Veja só. Você vai reconhecer vários nomes.
1992 – Ty Detmer – sexta rodada
1993 – Mark Brunell – quinta rodada
1994 – Kurt Warner – undrafted free agent
1995 – Jay Barker – quinta rodada
1996 – Kyle Wachholtz – sétima rodada
1997 – Ron McAda – sétima rodada
1998 – Matt Hasselbeck – sexta rodada
1999 – Aaron Brooks – quarta rodada
Por que fazer isso? Simples: sempre há uma franquia desesperada que pagaria qualquer coisa por um mínimo de potencial. Quem não acreditaria na avaliação de Ron Wolf, o cara que ressuscitou a carreira de Brett Favre? Achar valor nem sempre se transforma em contribuições para a sua equipe – muitas vezes pode ser o valor conseguido depois em uma troca.
Mark Brunell rendeu, dois anos depois, uma escolha de terceira e uma escolha de quinta rodadas (ou seja, terceira rodada de saldo). Hasselbeck também ficou só dois anos em Green Bay e foi envolvido em uma troca com o Seattle Seahawks. Wolf mandou o signal caller, uma escolha de sétima e a sua escolha de primeira rodada no Draft de 2001 (a décima sétima) e recebeu a décima escolha geral e uma escolha de terceira rodada. Tudo bem que esta escolha virou Jamal Reynolds, um dos maiores busts da história da franquia, porém o valor arrancado foi incrível. Por fim, Aaron Brooks não chegou a lançar sequer um passe na temporada regular pela franquia que o draftou. Foi envolvido em uma troca junto com o tight end Lamont Hall com os Saints. O que os Packers receberam? O linebacker K. D. Williams e uma escolha de terceira rodada – basicamente foi Brooks por uma escolha de terceira rodada.
Como é possível ver, o general manager do Green Bay Packers não está de todo errado: existe muito valor em escolher um quarterback a cada ano. Só que você precisa mostrar que a franquia consegue desenvolver alguma coisa. Ninguém vai sair fazendo trocas absurdas com times que não evoluem os seus escolhidos – o risco é muito maior.
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