É claro que não se pode afirmar com toda a certeza quais times tiveram boas ou más classes de Draft sem termos consciência da produção dos jogadores em campo – ou seja, só poderemos ter tal certeza em alguns anos. No entanto, avaliações pré-Draft são feitas ao longo de vários meses e, quando chega a hora de realmente selecionar jogadores, elas podem diferir de pessoa para pessoa.
Ao mesmo tempo, também é verdade que, enquanto tais análises podem diferir, o talento de alguns jogadores é inegável, e quando se pode pegar um jogador de talento maior do que sua escolha pode sugerir, é o que denominamos steal – ou barganha, em português. Todo Draft tem as suas, assim como todo Draft tem o que chamamos de reach – quando uma equipe seleciona um jogador com talento menor do que sua posição no Draft sugere.
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Agora que o Draft de 2019 está finalizado, separamos 20 barganhas da classe atual, das quais o talento é maior do que sua escolha sugere. É possível adquirir uma barganha até mesmo na primeira rodada – como foi um dos casos desse texto -, porém, a barganha se torna ainda maior caso a diferença entre talento e seleção seja de algumas rodadas. Essas são as maiores do Draft 2019:
#20 Denver Broncos – Noah Fant, TE, Iowa
Big Board do On The Clock: #6
A maioria dos analistas tinha em Fant a expectativa de melhor tight end da classe, mas ele nem mesmo foi o primeiro jogador da posição saído de sua universidade. Ok, essa introdução foi um pouco dura, mas Fant só ficou atrás de TJ Hockenson dentre os selecionados da posição – os dois foram os únicos tight ends selecionados na primeira rodada do Draft de 2019.
Se em termos de talento Fant se localizava no topo da classe, adquiri-lo mesmo após trocarem para fora do top 10 foi uma grande vitória para os Broncos na primeira noite do Draft – além disso, descer na primeira noite permitiu que Denver tivesse munição suficiente para subir na segunda rodada e escolher Drew Lock, que há muito vinha sendo ligado à franquia do Colorado. Fant será o principal jogador de sua posição desde o primeiro dia e certamente estará dentre os alvos preferidos de Joe Flacco.
#33 Arizona Cardinals – Byron Murphy, CB, Washington
Big Board do On The Clock: #5
Por muito tempo cotado como o melhor cornerback da classe, a expectativa era de que Murphy não passasse da primeira noite de forma alguma. Para a sorte dos Cardinals, o time contou com a inesperada queda do jogador, que agora se junta ao grupo de defensive backs e que deve ser titular junto de Patrick Peterson desde seu primeiro dia na liga. Murphy é um jogador que chama atenção por sua rápida recognição de jogadas e por seus ball skills, exemplificado por 6 interceptações em 19 jogos somando as duas últimas temporadas.
#35 Jacksonville Jaguars – Jawaan Taylor, OT, Florida
Big Board do On The Clock: #21
Existia uma grande expectativa sobre o fato de que Taylor pudesse ser a escolha dos Jaguars na primeira rodada e, dada a forma com a qual se imaginava o board se desenhando e a necessidade da equipe alinhada ao talento do jogador em questão, não teria sido uma escolha de todo ruim. Melhor ainda para a organização foi a escolha de Taylor na segunda rodada, após Josh Allen ter sido adicionado ao elenco na primeira noite: os boatos eram de que, caso os Giants tivessem selecionado Allen na sexta escolha geral, os Jaguars teriam escolhido Taylor; entretanto, New York preferiu escolher Daniel Jones.
#38 Buffalo Bills – Cody Ford, OL, Oklahoma
Big Board do On The Clock: #15
Embora sua queda não tenha sido acentuada, Ford ainda se qualifica como uma das maiores barganhas da classe, já que sua qualidade lhe qualificava como uma escolha digna da metade da primeira rodada. A tendência é de que ele atue protegendo o extremo na liga – embora sua versatilidade também lhe permita ser um guard -, e ele definitivamente devia ter sido escolhido antes: ele foi apenas o sétimo tackle a ser selecionado na classe, atrás de alguns nomes de talento bastante questionável se comparados ao produto de Oklahoma.
#41 Denver Broncos – Dalton Risner, OT, Kansas State
Big Board do On The Clock: #32
Risner foi uma das melhores escolhas do Draft e um grande acerto dos Broncos: mais um dos que se esperavam que tivesse lugar na primeira rodada, ele foi apenas o oitavo tackle da classe a ser selecionado, justamente num time que precisa muito de ajuda na linha ofensiva e aonde deve ser titular desde o primeiro dia. Ainda que possua algumas limitações físicas, é certamente uma evolução ao material humano que Denver possuía, e comenta-se que ele possa iniciar sua carreira no Colorado atuando como right guard já que o time assinou contrato com Ja’Wuan James na free agency e ainda tenta salvar o projeto Garrett Bolles.
#46 Cleveland Browns – Greedy Williams, CB, LSU
Big Board do On The Clock: #19
Se você faz parte da minoria que não acreditava em Byron Murphy como o melhor cornerback, as chances são grandes de que você tinha Greedy Williams como sua primeira opção – no fim das contas, ele também pode se tornar um grande steal. Por apresentar problemas com relação à tackles e ter uma mentalidade não muito agradável nos olhos de quem toma decisões na liga, nem mesmo seu incrível atleticismo foi suficiente para mantê-lo na primeira rodada; caso ele consiga desenvolver inteiramente seu potencial, a escolha 46 terá sido um grande achado de Cleveland.
#50 Minnesota Vikings – Irv Smith Jr., TE, Alabama
Big Board do On The Clock: #17
A diferença de qualidade entre os três principais tight ends da classe (Fant, Hockenson, Smith Jr.) e o restante da mesma era imensa: se os três primeiros possuíam qualidade digna de primeira rodada, a partir dali os prospectos eram dignos de seleção apenas no terceiro dia. Para a sorte dos Vikings, que terão em 2019 a última temporada de Kyle Rudolph no contrato atual, a disponibilidade de Irv Smith Jr. na metade da segunda rodada não apenas fornece ao time maiores opções em personnel 12 como dá ao ataque uma ótima opção tanto bloqueando quanto recebendo passes: Smith Jr. deve ser o principal tight end dos Vikings por vários anos e um grande achado no segundo dia.
#60 Los Angeles Chargers – Nasir Adderley, S, Delaware
Big Board do On The Clock: #9
Adderley começou a chamar a atenção dos scouts após o fim da temporada da NCAA, já que, vindo de uma universidade pequena, não recebeu tanta atenção ao longo das partidas em 2018. Ele foi apenas o quarto safety escolhido na classe atual, todavia, é um caso justo avaliar se ele não é o melhor em termos de talento, especialmente por sua capacidade de cobrir o fundo do campo. Mesmo vindo de Delaware, que atua no segundo nível do futebol americano universitário, o jogador esteve presente no top 10 do On The Clock.
#63 Kansas City Chiefs – Juan Thornhill, S, Virginia
Big Board do On The Clock: #30
Thornhill é um safety diferente do supracitado Adderley: enquanto o jogador de Delaware é mais útil cobrindo o fundo do campo e defendendo o jogo aéreo, Thornhill tem mais presença atuando perto do box para limitar o jogo terrestre. O antigo jogador da Universidade da Virginia subiu muito sua cotação no Combine, depois de alcançar números incríveis que chamaram bastante a atenção dos scouts no evento em questão, e foi uma surpresa vê-lo sair apenas no final da segunda rodada – algo que os outros times da liga irão se arrepender no futuro.
#64 Seattle Seahawks – D.K. Metcalf, WR, Ole Miss
Big Board do On The Clock: #16
Metcalf chamou muito a atenção ao longo do processo por conta de sua forma física, seja por fotos em treinamentos ou por seus números incríveis nos testes físicos do Combine. Para azar dele, a NFL não parecia ter tanta confiança em sua capacidade de correr rotas variadas, o que ocasionou sua queda até a última escolha da terceira rodada. Ele tem potencial para assumir a condição de principal recebedor dos Seahawks e é um talento digno de primeira rodada – considerando seu choro e a declaração de “por que vocês demoraram tanto?” no telefone para Pete Carroll após ser escolhido, o recebedor pensa o mesmo.
#68 New York Jets – Jachai Polite, EDGE, Florida
Big Board do On The Clock: #26
Não parecia haver dúvidas sobre o nome de Polite ser chamado na primeira rodada até o Combine, quando se tornaram públicos seus problemas de imaturidade: ele reclamou de times apontarem suas falhas nas entrevistas e teve um desempenho bastante decepcionante nos testes físicos. Isso foi apenas o início de um processo desastroso de preparação para o Draft do jogador, de quem agora se sabe que possui imensos problemas de imaturidade e que pode ter dificuldades de lidar com o profissionalismo exigido na NFL. O que não se pode negar é seu talento: Polite possui uma excelente explosão e um ótimo primeiro passo – a mais importante capacidade de um pass rusher. Os Jets terão de lidar com algumas questões no vestiário ao selecionar o jogador, mas o custo benefício pode ser muito grande aqui.

#101 New England Patriots – Yodny Cajuste, OT, West Virginia
Big Board do On The Clock: #12
Como diabos Cajuste não foi escolhido dentre as 100 primeiras escolhas é um grande mistério. Melhor para os Patriots, que terão tempo de desenvolver um jogador de extrema qualidade ao passo em que tiveram de investir apenas uma escolha compensatória de terceira rodada. Apesar de seus problemas com lesões, que certamente tiveram a ver com sua queda até o final do segundo dia, Cajuste é bastante refinado tecnicamente e possui qualidade para adentrar a linha titular desde o primeiro dia; a maior probabilidade, entretanto, é que ele inicie sua carreira na liga na reserva de Isaiah Wynn e Marcus Cannon, os dois tackles titulares – existem algumas pessoas que acreditam que Wynn possa se transformar num left guard, mas nada além de especulação a esse ponto.
#105 New Orleans Saints – Chauncey Gardner-Johnson, S, Florida
Big Board do On The Clock: #63
O único jogador dessa lista que não figura dentro do top 50 da Big Board feita pelo On The Clock, a queda de Gardner-Johnson para a quarta rodada ainda precisa de motivos: embora a posição de safety esteja sendo desvalorizada pela liga nos últimos tempos – as free agencies de 2018 e 2019 mostram isso bem -, ele possui versatilidade e atleticismo suficientes para merecer ao menos uma escolha de segundo dia. Ótimo valor dos Saints nessa escolha.
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#126 Chicago Bears – Riley Ridley, WR, Georgia
Big Board do On The Clock: #40
Ridley não teve grande produção na Universidade da Geórgia ao longo de sua carreira, motivo que pode ser explicado pelo fato dos Bulldogs utilizarem um ataque primário, secundário e também terciário focado no jogo terrestre – e se sobrasse tempo, ainda corriam com a bola. Piadas a parte, ele demonstrou bastante potencial nas poucas vezes em que seu time utilizou o jogo aéreo, e apesar de não possuir grande habilidade atlética, Riley possui ótima qualidade em suas rotas, semelhante à seu irmão Calvin – escolha de primeira rodada em 2018 – e se tornará num alvo bastante confiável de Trubisky ao longo do tempo.
#139 Arizona Cardinals – Deionte Thompson, S, Alabama
Big Board do On The Clock: #45
Thompson começou o processo sendo cogitado até mesmo como uma das cinco primeiras escolhas do Draft. Depois, dentro do top 10. Caiu para a segunda rodada, e mesmo numa espiral negativa, foi chocante vê-lo despencar até a quinta rodada do Draft mesmo com tanto talento – os boatos são fortes de que Thompson possui uma doença degenerativa em seu joelho, o que explicaria tal queda. Se levarmos apenas o talento em consideração ele será um grande achado no último dia, mas questões permanecem sobre sua saúde.
#146 Detroit Lions – Amani Oruwariye, CB, Penn State
Big Board do On The Clock: #39
Um jogador da versatilidade e da qualidade de Oruwariye não deveria cair até o terceiro dia, mas assim como os Lions fizeram uma das piores escolhas do Draft na segunda rodada, eles também estavam do lado das melhores seleções ao adquirir o cornerback de Penn State. Por mais deficitária que seja sua defesa contra a corrida, ele pode atuar tanto em sistemas em zona quanto em cobertura homem-a-homem. Com bom atleticismo, é difícil de entender a queda do jogador até a metade do último dia.
#155 Cleveland Browns – Mack Wilson, LB, Alabama
Big Board do On The Clock: #13
Extremamente bem cotado por conta de suas excelentes performances na última temporada, Wilson teve uma queda vertiginosa e, até o momento, ainda sem explicação concreta – existem boatos de que o linebacker de Alabama teria problemas de atitude que fizeram-no despencar até a quinta rodada. Se essas informações não se provarem verídicas, os Browns conseguiram o segundo steal de sua classe, adicionando um jogador extremamente inteligente e com ótima capacidade de defender corridas por fora.
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#161 Houston Texans – Charles Omenihu, EDGE, Texas
Big Board do On The Clock: #28
Mais um exemplo de jogador que cresceu ao fim do processo do Draft, Omenihu chama a atenção por dois fatores: sua habilidade atlética, com ótimas medidas para atuar na linha defensiva, e sua versatilidade, que lhe permite atuar tanto por dentro como pelos extremos – é mais provável que ele atue como EDGE na NFL. Um jogador de incrível explosão e que não seria surpresa alguma se tivesse sido escolhido no final da primeira rodada e que, de alguma forma, foi parar na quinta rodada. Melhor para os Texans.
#206 Washington – Kelvin Harmon, WR, NC State
Big Board do On The Clock: #42
Em minha opinião, o Draft de Washington foi o melhor da classe de 2019 – obviamente, é uma impressão inicial -, e dentre ótimas escolhas, o achado de Kelvin Harmon com uma escolha compensatória na sexta rodada é uma das que mais se destaca: Harmon era cotado como um talento de segunda rodada que poderia até mesmo ser escolhido no primeiro dia por alguns analistas. Ainda que tenha esperado muito para ouvir seu nome anunciado, não deve levar muito tempo até que o jogador se torne um dos principais alvos da equipe.
#217 Minnesota Vikings – Kris Boyd, CB, Texas
Big Board do On The Clock: #49
Se Amani Oruwariye não deveria ter caído até a quinta rodada, foi ainda mais chocante ver Boyd despencar até a última rodada – e os Vikings estarão mais do que felizes em alguns anos após perceberem a qualidade do jogador. Estrela na Big XII na última temporada com 15 passes defendidos e com um teto altíssimo, o ex-jogador de Texas era um dos melhores numa classe com um bom número de cornerbacks sólidos, porém, de 32 cornerbacks selecionados, ele foi apenas o 26º – outras equipes se arrependerão amargamente disso.
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