O Draft do Pittsburgh Steelers não seria um dos mais impactantes de qualquer forma, afinal, as escolhas de primeira, terceira e quinta rodada já haviam sido trocadas em 2019 para permitir a seleção de Devin Bush e a adição de Minkah Fitzpatrick. O desempenho da equipe na última temporada mesmo sem Ben Roethlisberger under center trouxe à organização a impressão de que o time ainda podia brigar no topo da AFC, e é nisso que os Steelers estão apostando.
A realidade para a intertemporada de Pittsburgh de modo geral era de que o time não teria muito o que fazer de modo geral: apenas uma escolha no top 100 e quase nada de espaço na folha salarial. Por outro lado, não haviam muitas necessidades a serem sanadas, então a estratégia no Draft foi de adicionar reforços que ajudem o time a vencer em curto prazo.
Escolhas no Draft 2020 pelo Pittsburgh Steelers:
2/49: Chase Claypool, WR, Notre Dame
3/102: Alex Highsmith, EDGE, Charlotte
4/124: Anthony McFarland Jr., RB, Maryland
4/135: Kevin Dotson, G, Louisiana-Lafayette
6/198: Antoine Brooks, S, Maryland
7/232: Carlos Davis, iDL, Nebraska
Gosto e consigo entender a ideia por trás da escolha de Chase Claypool: coloque-o atuando como o recebedor X, deixe JuJu Smith-Schuster como o Z, Diontae Johnson no slot e James Washington como o terceiro recebedor – não o vejo como titular da equipe nesse momento mesmo sabendo que ele liderou os Steelers em jardas recebidas em 2019; é um grupo que fica bastante divertido e que, com Roethlisberger de volta (presumidamente, saudável), pode fazer desse ataque uma fundação sólida.
O que eu não gosto é a escolha de Claypool sobre outros nomes que estavam disponíveis na board daquele momento. Em termos de valor, por exemplo, a escolha de um jogador como A. J. Epenesa me agradaria bem mais, além de fornecer uma alternativa barata no caso da provável saída de Bud Dupree no próximo ano; se os Steelers estavam assim tão interessados em pegar um recebedor, gostaria que o time tivesse ido então com a opção de Denzel Mims, um jogador bastante atlético e rápido que me agrada mais do que o escolhido Claypool.
Isso não é pra dizer que a escolha do produto de Notre Dame foi ruim, mas a análise é que podia ser melhor. Claypool pode também atuar por dentro em alguns snaps, afinal seu porte físico se assemelha ao de um tight end; como as expectativas iniciais é de que ele seja o titular como X, vamos trabalhar dentro dessa possibilidade.
As escolhas seguintes foram exatamente o que se espera do meio do Draft: jogadores que possam servir para profundidade de elenco ou que precisam de um tempo para se desenvolverem em titulares com contribuição notável. Com a aposentadoria de Ramon Foster, é bem possível que vejamos Kevin Dotson assumindo a condição de left guard titular dada sua experiência em Louisiana-Lafayette, mas para isso ele terá de bater Stefan Wisniewski.
A outra escolha de último dia que gostaria de notar é a de Anthony McFarland Jr. porque pode sinalizar que os Steelers estão, de fato, dispostos a aderir ao conceito de comitê de running backs, especialmente considerando a saúde de James Conner. Pittsburgh também selecionou Benny Snell Jr., no Draft de 2019, e mesmo que Conner se mantenha saudável, a chance de vermos carregadas divididas entre os três é relativamente alta.
Melhor escolha: Chase Claypool, WR. Acho que Claypool é melhor do que alguns dos recebedores que foram selecionados antes dele – KJ Hamler é o melhor exemplo disso, e como ele foi o único escolhido pela franquia dentro do top 50, ele entra aqui, mas mais por falta de opção.
Pior escolha: Nenhuma. Não dá pra dizer que alguma escolha foi realmente ruim porque analisar o último dia (e as escolhas compensatórias de terceira rodada também, na verdade) é analisar jogadores cuja função é reforçar a profundidade no elenco. Foi o que Pittsburgh fez.
Nota: Ok.
Vez ou outra, ouvimos que ‘não se pode julgar uma classe de Draft antes dos jogadores entrarem em campo’ e, bem, se isso fosse verdade, então todo o processo de estudo pré-Draft seria inútil. Dito isso, o caso do Pittsburgh Steelers é um dos que mais se encaixam nessa afirmação, justamente pela ausência de acontecimentos relevantes durante o recrutamento – natural quando se têm apenas uma escolha dentro das 100 primeiras.
O time não possuía qualquer chance ou capital para iniciar algum processo de reconstrução de elenco pós-Roethlisberger e tampouco buscar um substituto que pudessem preparar para o posto de franchise quarterback. Já que a expectativa da organização é de que ele volte saudável na primeira semana de 2020, e sabendo da idade avançada, a lógica seria buscar jogadores que pudessem contribuir instantaneamente. A escolha de primeira rodada virou o ótimo Minkah Fitzpatrick; Devin Bush foi um calouro de impacto imediato em 2019. Claypool e Dotson podem contribuir num número significativo de snaps já em seu primeiro ano, e se Big Ben de fato voltar em boa forma, então o Pittsburgh Steelers vira um dos contenders na Conferência Americana.
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