[dropcap size=big]L[/dropcap]amar Jackson participou do Pro Day de Louisville, onde fez tudo o que lhe foi pedido com exceção ao tiro de 40 jardas. Ele lançou bolas em under center e pareceu fluído no seu trabalho de pés e lançamentos. Mas o mais importante não é saber como Jackson lançou ou deixou de lançar, até porque o Pro Day importa muito pouco na análise de um prospecto. O mais importante é o tape visto nos jogos.
O objetivo deste artigo é mostrar como há dois pesos e duas medidas quando se trata de Lamar Jackson. Ele preferiu não correr o tiro de 40 jardas no Combine e no Pro Day e justificou-se na entrevista coletiva feita no Combine dizendo que “não queria aumentar os burburinhos para ele se tornar um Wide Receiver”.
A mídia geral criticou muito a decisão de Lamar sobre não correr as 40 jardas. Ao compararmos essas críticas com aquelas feitas a Sam Darnold (ele não lançou no Combine), estas foram bem menores. Também, ao vermos o Pro Day de Darnold, a entrevista de Mike Mayock foi algo banal e inútil com perguntas sobre a chuva que estava caindo no dia e quase sem questionamentos sobre tática de futebol americano. Ao entrevistar Jackson, Mayock fez perguntas muito específicas sobre proteções da OL, coberturas e conceitos de passe. Lamar se saiu muito bem em todas.
Mayock é um analista honesto e talvez fez essas perguntas sabendo que Lamar se sairia bem e até o ajudar a passar uma impressão melhor, mas existem muitos analistas conhecidos que não se pode dizer o mesmo. Tomamos Mel Kiper como exemplo, Kiper é um dos gurus do Draft e analista da ESPN. Talvez tenha sido o primeiro grande analista exclusivo de Draft e é um dos responsáveis por termos famosos que usamos até hoje, como “teto”, “piso” e etc.
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Mais cedo no processo de Draft, Kiper chegou a dizer que Lamar Jackson precisava ser convertido para wide receiver. Uma de suas justificativas é de que sua precisão não é das melhores – de fato precisa melhorar e é um problema ao analisar Lamar. Mel disse abertamente que a porcentagem de passes completos dele é muito baixa.
Mel Kiper Jr. is having another conference call. On why Lamar Jackson isn’t a first-rounder: “It’s the accuracy throwing the football. Finished career around 57 percent.”
— Matthew Fairburn (@MatthewFairburn) February 21, 2018
“Mel Kiper Jr está tendo outra audioconferência. Está falando sobre como Lamar Jackson não é escolha de primeira rodada: ”É sua precisão lançando a bola. Terminou a carreira próximo dos 57%.”
Ele exemplifica colocando a porcentagem da carreira de 57% de Lamar Jackson como ruim – mas em nenhum momento ele acha que a precisão de Josh Allen também é preocupante, muito pelo contrário, ele ignora essa estatística.
Mel Kiper, just now, on a conference call talking about Josh Allen: “Completion percentage doesn’t matter anymore.”
— Jordan Zirm (@clevezirm) March 28, 2018
Mel Kiper, agora em uma conferência falando sobre Josh Allen: “Porcentagem de passes completos não importam mais.”
Mel Kiper Jr. asked about Josh Allen’s completion percentage: “Stats are for losers in my opinion. The guy won.”
— Matthew Fairburn (@MatthewFairburn) January 18, 2018
“Mel Kiper quando perguntado sobre a porcentagem de passes completos de Josh Allen: Estatísticas são para perdedores. O cara é vencedor.”
Estatísticas de Lamar Jackson. Há uma clara evolução na sua porcentagem de passes completos ano após ano.
Estatísticas de Josh Allen. Sua porcentagem de passes completos é praticamente a mesma coisa de 2016 para 2017.
Para Lamar Jackson o impede de ser primeira rodada, para Josh Allen não tem importância e estatísticas são para perdedores. E ao compararmos as estatísticas dos dois, vemos que o defendido por Kiper tem uma porcentagem ainda menor que Lamar.
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Recentemente, Mel Kiper foi perguntado sobre sua contradição e respondeu assim:
Mel Kiper Jr: on Josh Allen completion percentage/accuracy criticism : “That’s history now … He didn’t show any (accuracy issues) during the combine or the pro day. Didn’t show it in the bowl game … He’s made dramatic improvement and silenced a lot of critics.”
— Matthew Fairburn (@MatthewFairburn) 28 de março de 2018
“Essa história agora… Ele não mostrou nenhum (problema com precisão) durante o combine ou o Pro Day. Não mostrou no bowl… Ele tem tido uma melhora grande e silenciou muitos dos críticos”
Matthew Fairburn, repórter que cobre o Buffalo Bills, lembrou de mais uma contradição de Kiper quando este falou que o Pro Day não importava.
Found this interesting because earlier Kiper was asked if either Darnold or Allen separated because of the pro days. He said pro days don’t matter.
— Matthew Fairburn (@MatthewFairburn) 28 de março de 2018
Eu não me importo se ele acha que Josh Allen é melhor que Lamar Jackson, mas a forma como ele avalia é tendenciosa. Escolhe o que é relevante para o seu argumento e fala justamente o contrário quando não é relevante para o mesmo argumento.
Não sabemos se isso é um caso de racismo velado ao tratar de Lamar Jackson mas não é correto. Aliás, há poucos dias, tivemos o aniversário de 8 anos de uma cena um tanto curiosa. Mel Kiper disse que “se Jimmy Clausen não fosse um ótimo quarterback ele iria se aposentar como analista do Draft”. Kiper inegavelmente colocou o Draft no mapa em termos de entretenimento e todo o mais. Parece, contudo, que ele não se atualizou – talvez seja a hora dele cumprir com a sua promessa.
Felipe Vieira é um dos fundadores do On The Clock, site voltado para a cobertura do Draft da NFL. Em março e abril, ele será colunista do ProFootball. Você pode conferir mais de seu trabalho em seu twitter.
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