Problemas e potencial: como a classe de wide receivers se apresenta no Draft 2018

[dropcap size=big]A[/dropcap]s últimas classes de wide receivers não têm sido favoráveis para os times. No Draft passado,três jogadores saíram na primeira rodada: Corey Davis (5a escolha), Mike Williams (7a escolha) e John Ross (9a escolha). Nenhum dos três viveu às expectativas de ser uma escolha de primeira temporada.

No Draft de 2016, mesma história. Mais três wide receivers saíram na primeira rodada: Will Fuller, Josh Doctson e Laquon Treadwell. Por enquanto, o melhor dos três foi Will Fuller  – que também não dá para considerar um grande sucesso.

Por isso, temos um debate: compensa draftar um wide receiver na primeira rodada tendo uma classe na qual não há um talento top-10? Em contrapartida, pelo valor da posição – facilmente observado aos vermos os contratos que os wide receivers receberam na free agency – não podemos deixar de esperar que haja recebedores na primeira rodada, mesmo em um ano fraco.

Ante esse panorama, o objeto deste texto é falar dos três principais candidatos a serem escolhas de primeira rodada: Calvin Ridley, Courtland Sutton e Christian Kirk. Vamos a eles.

Calvin Ridley, Alabama Crimson Tide

[dropcap size=big]O[/dropcap] recebedor que possuía mais hype, inclusive sendo colocado em vários drafts simulados para o Chicago Bears na #8, é Calvin Ridley de Alabama. Embora apareça como uma escolha top 10, há dúvidas e bandeiras amarelas sobre seu valor. Uma preocupação com Ridley é a sua idade, visto que ele já possui 23 anos e entrará na NFL com 24 anos, uma idade avançada para novatos. Para se ter ideia, a recém contratação dos Bears – Allen Robinson – tem 24 anos nesta temporada. Se pensarmos em quando seu contrato de calouro terminar Ridley já terá 29 anos. Como efeito, uma preocupação para um potencial segundo contrato.

Outra preocupação grave acerca de Ridley foi seu desempenho no Combine. O recebedor ficou bem abaixo do esperado nos exercícios físicos e seu SPARQ foi de decepcionantes 7.3% (caso queira entender mais sobre SPARQ, escrevi uma matéria aqui.). E, para fechar, a produção de Ridley foi um pouco abaixo durante seus anos de Crimson Tide – o que é entendível, dado o viés terrestre do plano de jogo de Alabama e a penca de quarterbacks marromenos que Nick Saban escala por lá.

Mas, deixando de lado os pontos negativos de Ridley, vamos ver o que ele pode oferecer como arma para o time que o draftar.

Calvin Ridley, no topo da tela, se aproveita da marcação homem-a-homem sem ajuda do safety para marcar o touchdown

Agora na parte inferior da tela, Ridley ameaça fazer uma rota longa, inclinando a cabeça e de repente faz um movimento súbito parando a rota – criando separação ante o cornerback para fazer a recepção.

Com um ótimo release, Ridley consegue criar separação e novamente demonstra a sua habilidade de corte súbito na rota comeback. Aqui, ele se ajusta bem à bola em um lançamento ruim do quarterback.

Apesar do Combine ter sido ruim, Ridley mostra atleticismo dentro de campo.

Courtland Sutton, SMU Mustangs

[dropcap size=big]O[/dropcap] outro wide receiver que certamente tem alcance de primeira rodada Courtland Sutton, de SMU. Sutton, assim como Ridley, levanta preocupaçõe – mas diferentes. Ele jogou em uma universidade menor, que participa da conferência AAC, da Group of Five (cinco conferências mais fracas do College, em oposto às Power 5 – as cinco mais fortes). Por participar de um mercado menos conhecido, o nível de competição sempre será colocado em jogo ao analisar prospectos assim.

Em abril, teremos um curso/workshop que tratará sobre tudo o que você precisa saber sobre o Draft da NFL. Veja mais detalhes aqui.

Diferente de Ridley, Sutton possui altura e estrutura física para ser o tão cobiçado “WR1”. Junto a isso, o Mustang foi bem no Combine e seu valor vem subindo muito nos tabelões desde então. Ao vermos os números que Courtland Sutton conseguiu no Combine, temos uma comparação muito próxima a Michael Thomas, hoje wide receiver do New Orleans Saints, antes de seu Draft.


Courtland Sutton demonstrando a sua força de jogo, abaixando os seus ombros enfrentando o defensor em vez de sair de campo.

Apesar da sua altura e do seu peso, Sutton consegue ganhar jardas após recepção com o seu atleticismo.

Um dos problemas de Sutton são as suas mãos. Mesmo conseguindo o touchdown nesta jogada, repare como a sua técnica de recepção é equivocada pelo fato de suas mãos estarem muito distantes uma da outra e, no final, ele acaba fazendo a recepção com o seu corpo.

Christian Kirk, Texas A&M Aggies

[dropcap size=big]D[/dropcap]epois de Ridley e Sutton, não há nenhuma unanimidade. De toda forma, um nome que pode aparecer ao final da primeira rodada ou no início do segundo dia de Draft é Christian Kirk, de Texas A&M. Kirk é um jogador de 5’10 (1,77m) que deve trabalhar primariamente no slot e que sua maior qualidade reside em ganhar boas jardas após a recepção.

Christian Kirk, alinhado no slot, não consegue fazer um impacto no jogo dentro da red zone. Dificilmente o time que o draftar confiará nele esse tipo de responsabilidade.

Kirk faz uma rota curl, mas, ao perceber que seu quarterback está em apuros saindo do pocket, ele demonstra uma boa inteligência de jogo ao procurar espaço vazio na zona e consegue fazer um touchdown fácil graças ao seu processamento mental.

Novamente no slot, Kirk demonstra a sua habilidade de correr bem as rotas. Em uma slant, ele vende muito bem a rota para fora com o seu ombro de dentro indo para fora e, em seguida, corta pra dentro conseguindo a separação suficiente para converter o first down.

Como se vê, há recebedores para todos os gostos – por assim dizer. Não há unanimidades e a classe não apresenta o mesmo potencial da classe de 2014 – Odell Beckham Jr, Sammy Watkins, Mike Evans & cia. Contudo, Draft não é uma ciência exata. Juju Smith-Schuster foi um dos mais prolíficos recebedores na temporada passada e não foi escolha de primeira rodada. O mesmo pode ser dito de Cooper Kupp. O desenvolvimento dos talentos acima e a situação na qual eles forem inseridos conta muito.



Há incertezas, mas também há potencial. É uma classe forte? Não. Mas pode render frutos para quem apostar e, principalmente, desenvolver esses jogadores.

Felipe Vieira é um dos fundadores do On The Clock, site voltado para a cobertura do Draft da NFL. Em março e abril, ele será colunista do ProFootball. Você pode conferir mais de seu trabalho em seu twitter – e, em abril, ele será um dos palestrantes em nosso 1º Workshop sobre o Draft da NFL clique aqui para mais infos sobre o curso.

Comentários? Feedback? Siga-nos no twitter em @profootballbr e curta-nos no Facebook.

Posts Exclusivos de Nossos Sócios, assine para mais conteúdo!
Andrew Norwell nos Jaguars: segurança para Bortles e espaços para Fournette
Análise Tática: Como a adição de Dion Lewis é essencial na evolução de Mariota
Quarterback: Como está a situação dos 32 times da NFL após a Free Agency
Podcast Sócios: O que acontece no Seattle Seahawks?

Quer uma oportunidade para assinar nosso site? Aproveita, R$ 9,90/mês no plano mensal, cancele quando quiser! Clique aqui para assinar!
“odds