Os 5 melhores safeties do Draft de 2016

O crescimento exponencial de ataques baseados na Spread Offense com elementos de No Huddle e Read Option mudou completamente o futebol americano universitário. Os coordenadores defensivos também foram se adaptando e, consequentemente, a preparação de algumas posições para a NFL mudou drasticamente. Em alguns casos para positivo e em outros para negativo. E a posição de safety é um bom exemplo do segundo caso.

Normalmente espera-se que a liga tenha exigências por caras mais unidimensionais e o college produza jogadores mais versáteis, o que é difícil de se encaixar – como produzir muitos quarterbacks que sabem correr e lançar, mas a liga só quer que ele lance muito bem. Para a posição de safety, o efeito é inverso. A NFL quer cada vez mais jogadores versáteis, que possam jogar na slot, como single high safety, no box e na marcação mano-a-mano até mesmo nos lados mais externos do campo. O futebol americano universitário vem produzindo muito mais jogadores unidimensionais e extremamente atléticos para a posição, o que está causando uma falta de safeties de qualidade no mercado.

Como é mais difícil ter o campo explorado tanto horizontalmente quanto verticalmente e, ainda assim, ter que ser atento a Read Option, muitos coordenadores defensivos optam por ter dois jogadores bem distintos: um que jogue bem no box e outro que seja bom marcador. Enquanto aqueles que jogam no box tornam-se meio duros, o que prejudica a sua capacidade de marcar mano-a-mano, safeties mais especializados na marcação acabam não desenvolvendo a sua técnica de tackles tão bem – e o efeito é a falta de qualidade no Draft.

Acompanhe mais da nossa cobertura do Draft de 2016.

Na era moderna da liga, um jogador que tenha capacidade de unir o jogo no box e na marcação é extremamente valorizado e sua posição de Draft é muito alta. Desta classe, o único cara que consegue unir todas estas qualidades é Jalen Ramsey, mas ele não vai entrar na nossa lista devido a, muito provavelmente, virar um cornerback na liga.

Para quem não conhece Ramsey, o jogador flutuou por todo o backfield de Florida State durante a sua estadia no futebol americano universitário. Slot, box, coberturas em zona, marcando wide receivers no lado mais externo do campo. O atleta fez de tudo e muito bem feito, mostrando o quão versátil e talentoso é – não é a toa que figura no top 3 dos maiores talentos da classe. Ramsey seria um safety espetacular, porém ele é muito bom na cobertura mano-a-mano, tem estatura e velocidade. Isto significa que ele deve ser um cornerback no nível profissional, o que seria mais valoroso para a sua carreira e para a maioria das equipes. Um shutdown cornerback anula o melhor recebedor do adversário e alivia os safeties, melhorando muito a defesa. Isto é refletido até mesmo na comparação de salários entre as posições: o décimo cornerback mais bem pago da liga ganha mais do que o safety mais bem pago.

Sem Jalen Ramsey na lista, o talento da classe cai muito. E me surpreenderia se um safety saísse na primeira rodada. Apesar da liga estar se adaptando ao quadro, com alguns times adotando a tática de ter jogadores híbridos (como o Arizona Cardinals com Deone Bucannon e Tyrann Mathieu), ainda existe muita projeção na classe. Mesmo supervalorizados, são muitos projetos e poucas certezas, o que desvaloriza demais a classe.

Karl Joseph – West Virginia

Como projeto, Karl Joseph e Keanu Neal são os dois que se destacam entre os seus pares. Depois deles, a ordem de preferência de time para time deve mudar muito – baseado em esquema e potencial. Obviamente eles são mais desenvolvidos que os outros e, sem dúvidas, são mais bem equilibrados. Entre os dois, eu vejo Karl Joseph um passo à frente. Vale salientar que Joseph tem um estilo diferente de Neal, logo algumas franquias podem ranquear o talento de Florida acima do de West Virginia – é completamente compreensível.

Com 1,80 metro, Joseph é um safety um pouco menor que os seus companheiros de classe – são muitos safeties com porte de linebacker este ano, parecidos com Landon Collins, por exemplo. Mesmo tendo um porte menor, não significa que ele não seja um bom tackleador. O prospecto tem sólido desempenho em tackles em espaço aberto e é um projeto de hard hitter. Ele em campo lembra um pouco outro safety um pouco undersized (que também tem 1,80 metro): Rodney McLeod. Assim como McLeod, que jogou muito bem em St. Louis e agora mudou-se para a Philadelphia, Joseph sabe jogar como single high safety e é agressivo (com boa técnica) em seus tackles.

O grande ponto negativo é saber como ele vai se comportar no nível profissional dentro do box e em coberturas mano-a-mano com tight ends, por exemplo – e, coincidentemente, estas são as fraquezas de McLeod. Joseph tem habilidades de ballhawker e deve estar bem ranqueado nos draft boards de equipes viciadas em jogar no cover 3 – como Atlanta e Jacksonville. Ele deve sair na segunda rodada e tem totais condições de ser titular desde sua temporada de calouro.

Keanu Neal – Florida

Muita gente se surpreendeu quando viu que Keanu Neal será o único safety presente na noite do Draft em Chicago. O safety não chamava tanto atenção da maioria dos analistas, mas mesmo assim não estava passando desapercebido pelos olheiros dos times.

Para quem não sabe, os jogadores convidados para acompanhar a noite do Draft, normalmente, são escolhas de rodadas altas – entre a primeira e a terceira. O processo de escolha dos convidados não é revelado pela liga, mas deve envolver muita pesquisa nos bastidores. Alguns não aceitam o convite, mas olhar a lista dá uma pista daqueles futuros calouros que podem estar bem classificados em alguns boards ao redor da liga.

Nesta nova onda de safeties que são quase linebackers, jogadores que apresentam habilidade de jogar em cobertura destacam-se muito dos outros companheiros. Keanu Neal aparenta ser o mais completo desse tipo de safety híbrido, principalmente por portar-se bem em coberturas de zona.

Meio duro, o jogador é muito bom tackleador e chama atenção devido ao seu instinto em campo. Neal é daqueles jogadores que não desistem das jogadas e vão até o final – o que é um ponto muito positivo. Joga bem no box e é sólido em campo aberto. Além disso, é explosivo e instintivo, o que o torna um bom projeto para o futuro. Lembra um pouco um “primo pobre” de Kam Chancellor. Deve ser escolhido entre a segunda e a terceira rodada.

Vonn Bell – Ohio State

Após Karl Joseph e Keanu Neal, os outros safeties vão alternar muito a ordem. É um nível cheio de talentos parecidos e que devem ser ranqueados de maneira diferente ao redor das war rooms. Embora Vonn Bell e T.J. Green (Clemson) estejam sendo idolatrados por alguns olheiros (Green até aparece na primeira rodada no Draft simulado do Daniel Jeremiah no NFL.com!), eu vejo dois jogadores que foram supervalorizados por estarem jogando em defesas talentosíssimas – o que mascarava os seus defeitos.

Bell é um pouco melhor que Green no quesito cobertura e por isso aparece nesta lista dos cinco melhores safeties. Da escola de safeties híbridos (pode encantar algum time que queira convertê-lo para linebacker), Bell não parece ser tão instintivo quanto Neal e hesita um pouco em agir. Predominantemente jogador de box, ele é muito forte e um bom tackleador, logo é difícil perder tackles em campo.

O prospecto tem bastante potencial, principalmente pelo seu range e por mostrar flashes de playmaker. Ele aparenta ter uma boa habilidade como recebedor e não é tão duro quanto Jeremy Cash, por exemplo. Mesmo assim, Bell precisa de um bom trabalho e deve sair na quarta rodada.

Jeremy Cash – Duke

Muitos se apaixonaram por Jeremy Cash no início do processo do Draft, mas com o passar do processo o hype em torno dele diminuiu. Cash parece um “primo pobre” de Landon Collins e, como o ex-Alabama mostrou na temporada de calouro, tem certa dificuldade em coberturas.

Enquanto Cash parece marcar bem tight ends, o jogador não atuou tanto como single high safety no futebol americano universitário e, consequentemente, tem pouco video tape que mostre a sua habilidade na função. O pouco que tem mostra um jogador muito agressivo, o que o trai em jogadas de play action. Além disso, como já dito, ele é meio duro e suscetível a rotas que apresentem double moves, por exemplo.

Um pouco menor que os safeties de 1,88 metro (ele tem 1,83, assim como Neal), Cash é muito mais fluido que seus pares e apresenta bons instintos. O problema é que o jogador, as vezes, joga de maneira muito agressiva, o que o tira das jogadas. São tackles perdidos, gaps abandonados e posições na cobertura abertas. Ele precisa aprender a ler melhor o jogo e jogar de maneira mais calma, caso contrário será difícil tornar-se um titular na NFL. É um jogador para ser escolhido na quarta rodada.

Darian Thompson – Boise State

Pouca gente conhece Darian Thompson, talvez por ele jogar em Boise State. Fica difícil acompanhar uma equipe jogando de azul em um campo azul, mas com o tempo se acostuma. Thompson, junto com Jalen Mills (LSU), destaca-se nesse segundo pelotão da classe no quesito cobertura.

Apesar de ter 1,88 metro, Thompson não lembra em nada um linebacker adaptado na posição de safety. Em Boise State ele jogou muitas vezes como single high safety, o que lhe deu uma experiência valorosa e deve o catapultar para cima nos draft boards de equipes que adoram utilizar a cover 3. De maneira surpreendente, o jogador não tem uma boa técnica de tackle e acaba errando bastante – você esperaria que um safety grande pudesse ser um bom tackleador.

Com relação as coberturas mano-a-mano, ele teve pouca experiência na slot ou marcando tight ends. Mesmo apresentando uma fluidez sólida (uma das melhores deste segundo nível, atrás de Mills), esta falta de snaps em marcações individuais deve o afetar na transição para o profissional. Ballhawker e com instintos bons, ele tem flashes de playmaker, porém não é o tipo de jogador que joga de maneira intensa a todo momento – não lembra em nada Neal neste ponto. Um bom projeto e extremamente intrigante, o que pode fazer com que seja supervalorizado por algumas equipes. Deve sair entre a terceira e a quarta rodada.

Existe mais talento na classe?

Como já dito, o segundo pelotão da classe é rico e pode agradar mais uns do que outros. Justin Simmons (Boston College), T.J. Green, Jalen Mills e alguns cornerbacks que devem ser convertidos para safety como KeiVarae Russell (Notre Dame) são bons jogadores, mas possuem falhas que os deixaram fora deste top five. Mesmo assim, não se surpreenda com as franquias os preferindo a frente de alguns de nossa lista.

Entre eles, o mais talento é Jalen Mills. O produto de LSU jogou como nickelback e safety e tem uma habilidade única da classe em marcações individuais. Bom na cobertura e instintivo, Mills é um pouco undersized (apesar de ter 1,83 metro, falta força física) e sofre muito com tackles – o que o torna bem abaixo das expectativas jogando no box. Precisa melhorar muito a sua técnica, porém não é daqueles atletas que parecem fugir do contato – um ponto positivo.

Mills é um safety híbrido um pouco diferente: ele tem talento o suficiente para ter uma função em campo como a de Tyrann Mathieu. Mathieu era muito mais talentoso e tinha uma técnica melhor em seus tackles, porém era mais baixo que Mills. Só que a grande questão do ex-LSU não é apenas o seu desempenho em campo, mas sim seus problemas fora de campo. O jogador foi preso por ter batido em uma mulher e isso deve afetar o seu valor. Um jogador para sair na quarta rodada.

São muitos projetos e apenas dois jogadores que estão mais preparados para serem titulares como calouros. Atuar como safety na liga vem tornando-se cada vez mais difícil, principalmente pelo nível de exigência e e responsabilidade muito maiores do que as do futebol americano universitário. Apesar disso, há bons projetos que podem tornar-se bons jogadores.

Lembre-se: Kam Chancellor foi uma escolha de quinta rodada. Visivelmente há material disponível para trabalhar em rodadas mais do meio deste Draft. O talento está lá, mas ele precisará ser lapidado e isso vai depender do talento das comissões técnicas ao redor da NFL.

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