Os temores de que Leonard Fournette seja um novo Trent Richardson faz com que coloquemos ele nesta lista.

Qual a chance de Leonard Fournette fracassar e virar “o novo Trent Richardson”?

Precisamos falar sobre Leonard Fournette. Indubitavelmente, um dos prospectos mais quentes vindo para o Draft 2017. O running back de LSU foi o recruit número um saindo do high school, e teve nos seus dois primeiros anos de faculdade, 2014 e 2015, números que já o credenciavam como melhor prospecto da posição quando sua hora no Draft chegasse. Em 2016, por causa de uma lesão no tornozelo, Fournette perdeu várias partidas e não teve o mesmo desempenho de 2015 – mas não pergunte isso para um fã de Ole Miss, que viu o camisa 7 anotar 287 jardas e três touchdowns na alma mater de Archie e Eli Manning.

Feita essa breve introdução, podemos falar um pouco do que coloca Leonard Fournette num patamar tão elevado. Em primeiro lugar, o running back é um misto ideal de força e agilidade. Com pouco mais de 1,80m, Fournette tem o ímpeto de lutar pelas jardas duras logo no primeiro contato – em 2015, foi o segundo no futebol americano universitário em jardas conquistadas após o contato, atrás apenas de Derrick Henry. Combine essa força a uma boa aceleração e agilidade e temos um corredor capaz de bater defensive backs nas coberturas e uma ameaça de touchdown se encontra campo aberto.

Parece ser um prospecto ideal, não? Entretanto, temos uma discussão bastante pertinente quanto à adaptabilidade de Fournette: será que ele consegue correr em todos os esquemas?

O ovo e a galinha: ele não encontra os buracos ou a linha ofensiva não ajuda?

Eu aposto um ovo de Páscoa que todos nós já ouvimos alguém proferir a frase:  “me coloca atrás da linha do Dallas Cowboys que eu corro 1.000 jardas”. E embora eu concorde parcialmente com essa declaração, não dá para desconsiderar o talento de um running back – e isso pode ser muito medido na forma que ele ataca os buracos, se ele cria espaços para si e se sobrevive aos contatos. Bom, sobre os contatos sabemos que Leonard Fournette é o tipo de jogador que tem a força bruta para manter o motor girando mesmo quando juntam três linebackers em cima dele. Ele entra com muito vigor e ímpeto no ponto de ataque da corrida designada – e é justamente aí que começam os debates: ele consegue ter a paciência e a visão para ser um jogador completo?

Vou me aprofundar, naturalmente. Há uma enorme discussão entre fãs e analistas sobre a capacidade de Leonard Fournette em encontrar os buracos em determinada jogada ou criar espaço para conquistar jardas significativas. Em especial, há uma dúvida pairando sobre a aptidão do camisa 7 de LSU correr a partir do shotgun. Com menos tempo para criar momento nas corridas a partir do gun, o fator paciência entra com força na equação. É o que Le’Veon Bell faz como ninguém – espera os bloqueios se desenvolverem e ataca o menor espaço possível, transformando uma aparente perda de duas jardas em um ganho de oito. Há quem acredite que, pelo misto de força e explosão física que imprime em suas corridas, Fournette não demonstrou a capacidade de leitura que o faria uma peça valiosa em qualquer esquema.

Considerando a tendência da NFL em priorizar o jogo aéreo, ter um running back como ameaça partindo do shotgun é quase essencial. Para não deixar óbvia a jogada de passe, a ameaça do half back ao lado do quarterback tem que deixar a defesa “honesta”, acreditando que a corrida é de fato uma possibilidade. E é essa ameaça que Fournette parece não “trazer para a mesa”, na tradução literal da expressão inglesa.

Claro, a linha ofensiva de LSU não é uma de alto nível – ainda mais se compararmos ao nível de NFL. Só que a eventual falta de paciência de Fournette em abandonar o ponto de ataque designado da corrida acaba matando jogadas que teriam uma sobrevida caso o running back esperasse um pouco mais. Esse, ao meu ver, é a preocupação número um para qualquer franquia que queira um corredor neste Draft que se aproxima. Pode ser, claro, que essa dificuldade em criar os espaços tenha sido apenas por causa da lesão, mas não deixa de ser uma luz amarela nos termômetros das franquias.

A força nos bloqueios compensa a baixa eficiência com as mãos? 

De acordo com o site americano Pro Football Focus, a eficiência de Leonard Fournette nos bloqueios é de 96.8%. Esse número pode ser enganoso, até porque ele só bloqueou em 132 jogadas na sua carreira universitária, um número menos do que 30% das jogadas aéreas. Essa impressionante estatística pode ser facilmente atribuída à excelência física do jogador; Fournette não tem medo do contato e é um baita armário, diga-se de passagem. Ele consegue manter o ponto de equilíbrio não só nas corridas, mas também nos bloqueios.

Será que esse potencial físico compensa a (aparente) falta de eficiência no jogo aéreo? Das 48 bolas consideradas recepcionáveis lançadas na sua direção durante os três anos em LSU, Fournette deixou 8 delas caírem – um percentual de 16.6%, que o coloca em 42º entre os prospectos de todas as posições nesse Draft. Mesmo assim, são apenas 40 recepções na carreira, um número que não é bastante estimulante para uma NFL que precisa cada vez mais de dual threat running backs, aqueles que resolvem tanto entre as trincheiras quanto recebendo passes – um abraço para meu caro David Johnson.

O que quer dizer ser um novo Trent Richardson?

Justiça seja feita: de todas as recentes escolhas de primeira rodada do Cleveland Browns, escolher Trent Richardson com a terceira geral em 2012 foi provavelmente a mais acertada. Considerado o melhor prospecto de running back em muitos anos, o produto de Alabama chegava com um estardalhaço na NFL. Nas minhas próprias palavras:

“Na última temporada como jogador universitário, foram 1.679 jardas – recorde da universidade – e 21 touchdowns, recorde da conferência sudeste (SEC). Não à toa, o jogador foi finalista do troféu Heisman, ficando atrás de Andrew Luck e Robert Griffin III.

Apesar de ter passado por uma cirurgia em março de 2012, era inabalável a reputação do jogador. Tido como uma escolha certa entre as seis primeiras, o jogador fez as malas para Ohio logo na terceira. Outra intervenção cirúrgica acometeu o jovem running back em agosto do mesmo ano, fazendo com que Trent Richardson perdesse toda a pré-temporada.

Recuperado para temporada, os números da sua temporada de calouro foram razoáveis, mas Richardson não foi tão impactante quanto seus jogos em Alabama fizeram analistas e fãs imaginarem. Sua dificuldade em encontrar os espaços criados pela linha ofensiva começaram a aparecer, e já no ano seguinte, após apenas duas semanas da temporada regular, Trent Richardson foi trocado para o Indianapolis Colts.”

Pois bem, o final já sabemos. O talento físico não se traduziu nos aspectos mentais do jogo, e Trent Richardson não demonstrou no nível profissional a visão e a paciência para se tornar a estrela que todos acreditavam que ele seria. E o medo com Fournette é justamente o mesmo: um baita talento físico que não se adapta mentalmente à NFL.

Dossiê Fournette: conclusões

A questão gigantesca que paira no ar é se a queda de produtividade de Leonard Fournette em 2016 foi o resultado apenas das lesões ou de uma tendência do jogador em abandonar rapidamente o ponto de ataque de uma corrida quandos os bloqueios não aparecem de cara. Afinal, Derrius Guice, seu companheiro de posição, correu atrás da mesma linha ofensiva e foi mais produtivo. Quando encontrava o campo aberto, Fournette ainda levava a bola até a end zone. Ele é sim um baita jogador físico, um bom bloqueador e um talento que pode ser moldado em um titular mais que eficiente na NFL.

Particularmente, acredito que os problemas vistos em Fournette tem um tempo para serem corrigidos na NFL. Não podemos esperar, de imediato, que ele tenha o impacto que Ezekiel Elliott teve no Dallas Cowboys; e o torcedor que vir Fournette como a solução imediata pode se frustrar. Ele não é o prospecto cravado de Top 5 de outrora, embora tenha o ferramental para ser grande no nível profissional, basta ter a paciência para se desenvolver mentalmente – dentro e fora de campo.

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