Quem ganhou e quem perdeu na troca entre Eagles e Browns?

Novos sistemas exigem novos quarterbacks. Estamos cansados de escutar isso, no entanto é a realidade da NFL. É preciso implantar o seu sistema, colocar a sua filosofia em campo e disseminar a sua cultura. Um técnico novato, comumente, procura o seu quarterback de todas as maneiras. Muitos bons técnicos falharam por não achar o cara para guiar o seu sistema.

Só que é preciso cuidado: vender a alma por um jogador, normalmente, não dá certo. A quantidade de escolhas trocadas acabam enfraquecendo o elenco, coloca-se uma pressão desnecessária em um jogador para ser o salvador da pátria e, por fim, o emprego do general manager e do técnico ficam em risco e mais decisões precipitadas são tomadas até as demissões em massa. É um risco muito grande, ainda mais quando estamos falando de dois quarterbacks que precisam evoluir muito para entrar em campo.

Temos que ter uma coisa em mente: o Philadelphia Eagles (e o Los Angeles Rams) conhece Jared Goff e Carson Wentz muito mais do que nós todos. Todos os envolvidos na decisão da troca com Cleveland (Tennessee) tiveram contato com os prospectos, estudaram horas e horas de videotape e acessaram inúmeras fontes que nós não temos. Só que, assim como ocorre com projetos, a ilusão e o desespero podem acabar levando as equipes a tomar uma decisão ruim. A troca ainda é muito recente, porém não dá para ficar alheio ao impacto inicial e o valor envolvido. Assim como a troca de Los Angeles, este negócio entre Cleveland e Philadelphia ficará para a história.

Acompanhe mais da nossa cobertura do Draft de 2016.

De primeira impressão, quem perdeu e quem ganhou na troca? Visivelmente o Cleveland Browns valorizou demais a sua posição e ganhou muito mais valor do que merecia. Os Eagles se encantaram pelos dois prospectos e estavam dispostos a conseguir, de qualquer maneira, pegar o cara dos próximos anos – uma escolha arriscadíssima. Só que antes de explicar mais detalhadamente porque os Browns saíram por cima, é importante entender o quanto os donos podem ter influenciado na troca.

Antes de tudo, o papel dos donos

Os melhores donos da liga são aqueles que não se envolvem, de maneira nenhuma, com as franquias que são deles. Os donos não são preparados para tomar decisões drásticas sobre a operação do futebol americano. Eles não entendem de tática, valor e jogadores tão bem quanto aqueles que foram contratados para essas funções. Logo, times que sofrem com interferências diretas de seus donos acabam tomando decisões precipitadas e pouco pensadas. Se quem paga o salário acha que é uma boa, vai existir alguém para discordar?

E nesta troca pode ter tido uma boa interferência dos donos. Desde a demissão de Chip Kelly, a impressão que passa é que Jeffrey Lurie começou a se envolver ainda mais com o dia-a-dia dos Eagles. O dono passou a dar mais entrevistas, falar mais sobre decisões e se envolveu ainda mais neste processo de Draft desde a escolha de Donovan McNabb em 1999. Isto indica que ele teve influencia direta na troca, o que pode ter supervalorizado Wentz ou Goff aos olhos da franquia e colocou a equipe em uma situação complicada.

Já Jimmy Haslam pode ter influenciado muito na ideia de abrir mão de garantir um jogador para o futuro e ir com Robert Griffin III como o cara. Desde a escolha de Johnny Manziel, sabe-se que Haslam é um cara que gosta de se envolver bastante – e normalmente isto dá errado. Alguns rumores apontam que o dono sempre foi muito fã de Griffin e isto aumentou depois do “Go get him“. Claramente Griffin está em alta nos Browns e Hue Jackson deve realmente pensar que pode mudar a sua carreira. O produto de Baylor era melhor prospecto que o top 2 deste ano, conquanto ele vai precisar trabalhar bastante para voltar a forma de calouro – e ainda mais para tornar-se um signal caller de elite.

Os vencedores

  • Cleveland Browns

Claramente Cleveland conseguiu o máximo valor pela troca. Descer no Draft foi a melhor decisão tomada, ainda mais devido a quantidade de escolhas acumuladas. O Philadelphia Eagles perdeu em muito no valor e vai enfraquecer demais o seu elenco, principalmente quando lembramos que eles estão tendo claras dificuldades em desenvolver prospectos do fim do Draft. De 2010 a 2014 os Eagles tiveram 32 escolhas no terceiro dia – da quarta a sétima rodadas. Destes 32, apenas 1 ainda é titular: Jason Kelce, o center. Visivelmente existe uma dificuldade tremenda em desenvolver projetos e serão três anos com poucas escolhas.

O Cleveland Browns ganhou muito no valor, conquanto o front office vai saber aproveitar? O antigo St. Louis Rams ganhou muito na troca com Washington, no entanto não conseguiu tirar o máximo proveito das escolhas conquistadas. O próprio Cleveland Browns também ganhou diversas escolhas na troca que resultou em Julio Jones no Atlanta Falcons, porém não tirou muita coisa de proveito.

Em 2011, a franquia conquistou 5 escolhas na troca com o Atlanta Falcons: escolhas de primeira, segunda e quarta rodadas em 2011 e primeira e quarta rodadas em 2012. Elas resultaram em Phil Taylor, Greg Little, Owen Marecic, Brandon Weeden e a última foi usada no trade up para pegar Trent Richardson. Uma coleção de busts. De nada adiantará Cleveland arrancar tanto valor e fazer tantas escolhas ruins na noite do Draft. Eles ganharam em valor, porém precisam ganhar também em qualidade em campo.

  • Carson Wentz ou Jared Goff

Chegar como o salvador da pátria é péssimo, porém um destes dois quarterbacks vão chegar na melhor situação possível: os Eagles possuem diversos ex-quarterbacks em sua comissão técnica e um titular mediano que vai tapar buraco em 2016. Além disso, Chase Daniel vai servir como um mentor no banco de reservas. Este é o melhor clima possível para um deles sobreviver na liga. Além do mais, fugir do Cleveland Browns (que possui um ataque sem talentos, com uma linha ofensiva porosa) é ainda melhor, visto que a franquia é um cemitério de signal callers.

Os perdedores

  • Philadelphia Eagles

O valor claramente está acima do desejado. Claro que para subir para a segunda escolha geral ia custar muito, mas pense bem. Foi a oitava escolha geral (que custou a décima terceira, Kiko Alonso e Byron Maxwell), escolhas de terceira e quarta (aqui está incluído a troca de DeMarco Murray) rodadas, a primeira de 2017 e a segunda em 2018. São muitos jogadores por um signal caller e isto vai afetar a equipe diretamente na montagem de seu elenco.

Além disso, todo esse valor será incluído em uma troca por um signal caller que realmente precisa evoluir bastante para tornar-se um grande prospecto. Nenhum deles seria escolhido na frente de Jameis Winston e Marcus Mariota ano passado, por exemplo. Wentz (que é o mais provável de não ser escolhido por Los Angeles) precisa evoluir muito em sua leitura de jogo. Já Goff precisa melhorar a sua mecânica e aprender a jogar under center. Visivelmente o desespero de procurar um salvador da pátria atrapalhou e os colocou em uma situação perigosa: se não der certo, a franquia vai regredir alguns anos.

  • Sam Bradford

A primeira notícia de Adam Schefter sobre Sam Bradford foi que ele estava furioso e esperava jogar muito em 2015 para provar seu valor. Oras, bons quarterbacks não se preocupam com as escolhas das franquias. Brett Favre pouco ligava se o Green Bay Packers escolhia um signal caller ou não.

Mais do que nunca ficou claro que Bradford nunca se desenvolveu em um jogador do calibre que se esperava. Seja por suas lesões ou não, o produto de Oklahoma foi mais uma eterna promessa que virou alguém mediano, que não evoluiu. Ele sabe que ano que vem será, novamente, um free agent (ou será trocado) e trocará de sistema. Será seu sétimo ano na NFL e o sétimo sistema diferente.

E no final, quem foi o vencedor?

No momento o Cleveland Browns roubou o Philadelphia Eagles no valor e saiu extremamente feliz. Além do mais, os Eagles vão estar pegando um grande projeto que precisará ser lapidado por um técnico principal calouro – e que nunca teve a liberdade de comandar um ataque sozinho, imagine toda uma equipe. Jimmy Haslam e todos os seus contratados possuem toda a munição necessária para alavancar a franquia de vez e saírem do limbo.

Além disso, um dos dois quarterbacks cairá em uma situação melhor do que no Cleveland Browns. Mais tempo para aprender e trabalhar e muito mais talentos ofensivos ao seu redor. O principal ponto será como ele suportará a pressão por resultados: ninguém gasta cinco escolhas em um jogador que demore a retribuir em campo.

Os Browns foram muito bem e não deixaram passar um negócio excelente para o futuro. Resta agora saber valorizar todas essas escolhas. Embora o retrospecto seja desfavorável, a esperança é que esta nova estrutura com Paul DePodesta consiga tomar decisões melhores no Draft. O torcedor de Cleveland merece uma franquia melhor e que volte a ter condições necessárias para ameaçar na AFC.

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