Por mais que Tom Brady seja interminável e pareça estar melhor a cada ano que passa, daqui a não muito tempo ele precisará se aposentar. Por si só, isso traz doses altas de drama a cada vez que New England pega um quarterback no Draft, pois é chegada a hora de pensar na sucessão do trono. Foi assim quando a franquia escolheu Danny Etling na 7ª rodada do recrutamento de 2018, obviamente foi assim em 2019 após a seleção de Jarrett Stidham na 4ª rodada.
O ex-prospecto de Auburn, agora, é a bola da vez para ser o príncipe herdeiro de Brady, que completará 42 anos de idade em agosto. Ele se tornou o 10º signal caller selecionado pelos Patriots desde 2000, ano em que um certo jovem de Michigan foi draftado na 199ª posição geral. Jarrett, contudo, é o nome dessa lista com maiores chances de realmente substituir Brady em algum momento do futuro – não por ser um talento excepcional, mas porque, se fizer tudo certo, pode ser o próximo da fila quando o veterano pendurar as chuteiras.
Stidham é um quarterback que voou abaixo do radar durante todo o processo pré-Draft, raramente chegando a ser considerado no top 5 dos jogadores disponíveis na sua posição. Então, fica a pergunta: o que Bill Belichick viu de especial nele? Para tentar entender como o jovem pode se encaixar nos planos de New England, é fundamental conhecer seus pontos fortes, fracos e principais características.
Embora fisicamente perfeito, Stidham deixa a desejar na parte mental do jogo
Com 1,88m e 98kg, Stidham é o protótipo do que as franquias costumam buscar na posição. O fato de ser bastante atlético, capaz de sair do pocket para estender as jogadas e correr com a bola também pesa à seu favor. Ao deixar o ensino médio, Jarrett foi visto como um dos principais dual-threat quarterbacks da sua classe – ou seja, alguém capaz de ser perigoso lançando ou correndo -, o que diz muito sobre sua habilidade atlética.
Ele também possui uma boa mecânica de passe, força no braço e um trabalho de pés consistente no dropback, o que lhe rendeu elogios no Combine e a fama de ser um passador preciso e com bom toque – quem gosta de espirais perfeitas com certeza ficará satisfeito. Tais atributos também o credenciam a se destacar under center como um signal caller mais tradicional, ao contrário de muitos quarterbacks que saem do College Football especializados na formação shotgun.
Por outro lado, a falta de processamento mental joga contra Stidham. O ataque de Auburn era bem mais simples em relação a um ataque da NFL, algo que atrapalhou seu desenvolvimento fazendo a leitura da defesa e a progressão dos lances. Jarrett não parece ser o tipo de jogador capaz de escanear o campo todo e buscar sempre a melhor opção.
Ele também não tem uma presença de pocket tão boa, ora se afobando e saindo do bolsão de proteção antes do tempo, ora deixando que a pressão atrapalhe seus fundamentos – o resultado são passes incompletos e turnovers. Jarrett, por sinal, tende a cometer muitos erros quando pressionado, o que também tem a ver com processamento mental pouco desenvolvido.
Regressão de 2017 para 2018 também preocupa
Uma das coisas que os olheiros costumam valorizar muito em quarterbacks universitários é a evolução ano após ano. No caso de Stidham, porém, isso não aconteceu. Ao contrário: ele até regrediu de uma temporada para a outra – se tivesse se declarado para o Draft de 2018, é provável que saísse mais cedo do que na 4ª rodada.
A bem da verdade, o time inteiro de Auburn piorou de 2017 para 2018, o que ajudou a puxar o quarterback para baixo. Em todo o caso, Jarrett não ter demonstrado evolução é um sinal ruim pensando na sua futura transição para o nível profissional. A falta de talento ao seu redor e um sistema ofensivo não tão favorável ao seu desenvolvimento em Auburn são fatores atenuantes, mas não podem ser uma desculpa.
Patriots não têm muito a perder, mas é difícil imaginar Stidham como franchise quarterback
À parte uma crença muito forte no “toque de Midas” de Bill Belichik, não há tantos motivos para acreditar que Stidham será um grande sucessor para Tom Brady. Ele não foge em nada do estereótipo dos quarterbacks escolhidos no terceiro dia de Draft, ou seja, um jovem com potencial, mas que precisará de tempo para ser lapidado – quantos desses jovens, entretanto, realmente viram alguma coisa na NFL?
O ataque de Josh McDaniels costuma exigir demais mentalmente dos seus signal callers, justo o ponto em que Jarrett deixa mais a desejar. Tom Brady lendo as defesas, identificando e explorando os duelos favoráveis é uma marca registrada do ataque dos Patriots. Belichick deve ter acreditado que o calouro será capaz de evoluir nesse quesito, caso contrário não o teria escolhido, mas se ele realmente evoluirá ou não é outra história. Por mais que Stidham tenha a fama de ser inteligente e trabalhar duro, não é simples ensinar um quarterback a fazer boas leituras, tomar decisões corretas e ter boa presença de pocket. Isso é algo mais instintivo e que os jovens signal callers costumam trazer do College Football, ao invés de aprender na NFL.
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Em um Draft no qual possuía um caminhão de picks, New England não tem muito a perder gastando a 133ª escolha geral em Jarrett Stidham, até porque existe tempo de sobra para lapidá-lo – Tom Brady não parece que irá se aposentar tão cedo. Em todo o caso, o melhor é que os torcedores moderem as expectativas em cima do suposto novo príncipe herdeiro. Stidham, hoje, precisa provar que não é um novo Ryan Mallett. Aliás, nada garante nem mesmo que ele estará no elenco final da temporada regular, afinal a franquia conta também com Brian Hoyer e Danny Etling em seu plantel – o último no practice squad.
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