Domingo, 23 de setembro de 2018.
Clemson, ainda invicta na temporada, venceu Georgia Tech por 49 a 21 no dia anterior, e a grande história daquela partida tinha sido a excelente atuação do calouro Trevor Lawrence. Nas primeiras partidas daquele ano, Kelly Bryant era o titular da equipe, mas o tempo de jogo na posição de quarterback era dividido com o primeiranista. Durante a vitória contra Georgia Tech, depois de Bryant liderar os dois drives iniciais e Clemson não marcar pontos, foi a vez de Lawrence entrar em campo.
Ele passou para 4 touchdowns naquele sábado. No dia seguinte, Dabo Swinney anunciou oficialmente que ele era o novo titular da equipe.
O tempo foi injusto com Bryant. Ele teve de esperar pacientemente enquanto Deshaun Watson dominava as manchetes em Clemson. Quando assumiu a titularidade, em 2017, levou a equipe até o Playoff, onde os Tigers sucumbiram frente à Alabama. Ele esperava consolidar sua posição em 2018, porém, a chegada de Lawrence acabou com essas expectativas. Quando perdeu a titularidade, pediu transferência e encerrou sua carreira universitária no Missouri.
E o calouro? Continuou sendo a grande sensação da temporada universitária em 2018. Clemson também chegou ao Playoff naquela temporada e reencontrou Alabama na grande final. No que foi a maior derrota do Crimson Tide da era Nick Saban, Lawrence lidou sua equipe a uma vitória por 44 a 16, encerrando seu primeiro ano no College Football de forma perfeita – e invicta.
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A esse ponto, você conhece a história de Trevor Lawrence. Depois de liderar Clemson ao título ainda como calouro, ele passou os dois últimos anos sendo reconhecido como a grande estrela do College Football e todo mundo esperava que ele fosse a primeira escolha geral do Draft de 2021 – não precisa de bola de cristal pra saber que isso vai acontecer. Só que essa expectativa nacional já vinha ganhando muita força no estado da Georgia desde o ano de 2014, quando o jogador tinha 15 anos e estava no primeiro ano de high school.
A mesma controvérsia de quarterbacks que se passou em Clemson parecia na verdade um flashback daquele 2014 em Cartersville, uma pequena cidade de menos de 20 mil habitantes no estado da Geórgia. Miller Forristall era o titular da Cartersville High School e vinha inclusive sendo recrutado por universidades. Assim que Lawrence chegou, ele roubou a titularidade de Forristall depois de 4 jogos. “Todo mundo falava dele, mas eu só pensava ‘só acredito vendo’. Então, um dia aparece um cara de 1,95m no treino e você acredita vendo no primeiro passe”, declarou o antigo quarterback numa entrevista ao Bleacher Report em janeiro de 2020.
“Eu merecia ser titular. Eu me esforcei muito pra isso. Mas não tinha como ficar bravo com o Trevor, ele é um cara sensacional.” A relação entre os dois continuou forte, já que Forristall mudou de posição e se tornou tight end, virando um dos principais alvos de Lawrence e posteriormente jogando por Alabama em sua carreira universitária. “Olhando em retrospecto, essa foi a melhor coisa que poderia me acontecer”.
Aqueles que conviveram com o jogador desde seus tempos de ensino médio reforçam que, antes da superestrela em campo, Lawrence é uma pessoa de caráter ímpar. Darrell Givens é o dono de uma cafeteria em Cartersville, e ele reforçou a personalidade do jogador antes de falar sobre seus feitos numa entrevista ao NFL.com. “Quando ele fala com crianças, ele faz questão de se abaixar para olhar nos olhos deles”. A presença dele na cidade é sentida até hoje: todo mundo usa jerseys com o número #16 nos jogos da Cartersville.
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Não é como se a carreira universitária do jogador tivesse sido perfeita. Em 2019, seu nível individual regrediu em relação à temporada de calouro, e Clemson foi derrotada na final do Playoff por LSU, com um dos melhores ataques da história comandado pela sensação Joe Burrow. Em 2020, mais uma derrota, agora na semifinal para Ohio State. Nenhuma dessas partidas, entretanto, afetou sua condição de principal estrela do Draft de 2021, um tipo de prospecto que só aparece uma vez a cada geração com um talento histórico.
É fácil compará-lo com Andrew Luck, a primeira escolha geral do Draft de 2012 que era uma certeza tão grande quanto Lawrence saindo do College. Só que o produto de Clemson é um prospecto ainda melhor do que o ex-jogador de Stanford, já que, embora ambos sejam muito inteligentes e possuam todas as ferramentas físicas, o atleticismo de Trevor é mais desenvolvido. Assim como Luck foi um quarterback fantástico desde seus primeiros anos na liga, Lawrence parece estar no mesmo caminho.
O Jacksonville Jaguars ainda está distante de ser um competidor no topo da AFC. Mas quando Lawrence for escolhido na quinta-feira, eles terão a peça principal na reconstrução da franquia.
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